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0 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)


Biogeografia... desde a América Latina - 1

Organizadores
Leonice Seolin Dias
José Manuel Mateo Rodríguez
Jorge Luis Fontenla Rizo

BIOGEOGRAFIA
...desde a América Latina

1a Edição

TUPÃ/SP
ANAP
2016
2 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)

Editora

ANAP - Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista


Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos
Fundada em 14 de setembro de 2003
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América,
Cidade de Tupã, Estado de São Paulo.
CEP 17.605-31

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Vice-Presidente: Allan Leon Casemiro da Silva
1ª Tesoureira: Maria Aparecida Alves Harada
2ª Tesoureiro: Jefferson Moreira da Silva
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2ª Secretária: Elisângela Medina Benini

Diretoria Executiva da Editora


Sandra Medina Benini
Allan Leon Casemiro da Silva
Leonice Seolin Dias

Suporte Jurídico
Adv. Elisângela Medina Benini
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Revisão Ortográfica
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Contato: (14) 3441-4945


www.editoraanap.org.br
www.amigosdanatureza.org.br
editora@amigosdanatureza.org.br

Capa: Sierra Madre Occidental (Chepe ,àpe toàdasà Ba a asàdelàCo e à u aàzo aà o àu aàtopografia cheia
de rios encaixados com gargantas que chegam até os 1800 m de profundidade, habitada por um pequeno
g upoà deà i díge asà ha adosà ‘a a i i à ouà Ta ahu a a". A egetaç oà do i a teà à aà sel aà ai aà
adu if lia à u àtipoàdeà egetaç oà ueàpe deàquase todas as folhas no período anual das secas). Como outubro
é o final do período chuvoso, na fotografia aparecem as árvores com muitas folhas. Apesar das declividades
íngremes de toda essa região, os Raramuris conseguem praticar agricultura de sobrevivencia, principalmente a
cultura do milho. Os habitantes dessa região vivem em condições de pobreza, contrastando com a importante
ati idadeà tu ísti aà dasà Ba a asà delà Co e à eà aà i po t iaà ueà t m as atividades de mineração em locais
relativamente próximos Foto: Huerta (2009).
Biogeografia... desde a América Latina - 3

Organizadores

Leonice Seolin Dias

Possui graduação em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Tupã-SP; graduação
em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de Araraquara-SP; Habilitação em Biologia pelas
Faculdades Adamantinenses Integrada de Adamantina-S; Especialização em Ciências Biológicas e
Mestrados em Ciências Biológicas e em Ciência Animal pela Universidade do Oeste Paulista de
Presidente Prudente-SP; Doutorado em Geografia pela Faculdade de Ciencias e
Tecnologia/Universidade Estadual Paulista – Campus de Presidente Prudente-SP (2016).

José Manuel Mateo Rodríguez


Possui licenciatura em Ciências Geográficas pela Universidade de Havana em 1970; Doutor em
Ciências Geográficas pela Universidade Estadual de Moscou, em 1979; Doutor em Ciências pela
Universidade de Havana em 2007; Professor titular consultor da Universidade de Havana, membro
titular da Academia de Ciências de Cuba desde 2002; Presidente da Sociedade Cubana de Geografia
desde 2010; Prêmio Nacional de Geografia de Cuba, em 2015.

Jorge Luis Fontenla Rizo

Possui graduação em Ciências Biológicas pela Faculdade de Biologia da Universidade de Havana;


Doutorado em Biologia pela Universidade de Havana, em 1998. Especialista em Ecologia e
Biogeografia de insetos.
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Conselho Editorial Interdisciplinar

Profª Drª Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE


Profª Drª Angélica Góis Morales – UNESP – Campus de Tupã
Prof. Dr. Antônio Cezar Leal – FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente
Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá Guimarães Vieira – UFAM
Prof. Dr. Antonio Fluminhan Jr. – UNOESTE
Prof. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto – UFMS
Prof. Dr. Daniel Dantas Moreira Gomes – UPE – Campus de Garanhuns
Profª Drª Daniela de Souza Onça – UDESC
Prof. Dr. Edson Luís Piroli – UNESP – Campus de Ourinhos
Prof. Dr. Eraldo Medeiros Costa Neto – UEFS
Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCAR
Profª Drª Flávia Akemi Ikuta – UFMS
Profª Drª Isabel Cristina Moroz Caccia Gouveia– FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente
Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA / CEST
Prof. Dr. Joao Osvaldo Rodrigues Nunes– FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente
Prof. Dr. Jorge Amancio Pickenhayn – Universidade de San Juan – Argentina
Prof. Dr. José Carlos Ugeda Júnior – UFMS
Prof. Dr. José Manuel Mateo Rodriguez – Universidade de Havana – Cuba
Prof. Dr. José Mariano Caccia Gouveia – FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente
Prof. Dr. Junior Ruiz Garcia – UFPR
Profª Drª Jureth Couto Lemos – UFU
Profª Drª Kênia Rezende – UFU
Prof. Dr. Luciano da Fonseca Lins – UPE – Campus de Garanhuns
Profª Drª Maira Celeiro Caple – Universidade de Havana – Cuba
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Prof. Dr. Marcos Reigota – Universidade de Sorocaba
Profª Drª Maria Betânia Moreira Amador – UPE – Campus de Garanhuns
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Profª Drª Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG
Profª Drª Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA
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Prof. Dr. Pedro Fernando Cataneo – UNESP – Campus de Tupã
Prof. Dr. Rafael Montanhini Soares de Oliveira – UTFPR
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Profª Drª Renata Ribeiro de Araújo – FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente
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Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP
Profª Drª Roberta Medeiros de Souza – UFRPE – Campus Garanhuns
Prof. Dr. Roberto Rodrigues de Souza – UFS
Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – Unifal
Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD
Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araújo – UFMA
Profª Drª Rosa Maria Barilli Nogueira – UNOESTE
Profª Drª Simone Valaski – Universidade Federal do Paraná
Profª Drª Silvia Cantoia – UFMT – Campus Cuiabá
Profª Drª Sônia Maria Marchiorato Carneiro – UFPR
Biogeografia... desde a América Latina - 5

D541b Biogeografia... desde a América Latina / Leonice Seolin Dias, José


Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo. Tupã: ANAP,
2016.
160 p ; il. Color. 21,0 cm

ISBN 978-85-68242-31-5

1. Biogeografia 2. Paisagem 3. Ecossistema. 4. América Latina


I. Título.

CDD: 900
CDU: 911/47

Índice para catálogo sistemático


Brasil: Geografia
Biogeografia... desde a América Latina - 91

Capítulo 6

AVALIAÇÃO DAS PERDAS DE ÁREAS DE DISTRIBUIÇÃO NATURAL E O ESTADO


DE CONSERVAÇÃO DAS LAELIAS (ORCHIDACEAE) NO MÉXICO

Héctor Miguel Huerta Espinoza20


Andrea Juárez Sánchez21
Gerardo Adolfo Salazar22

INTRODUÇÃO

Os estudos sobre mudanças de cobertura e uso do solo (CCUS -pe A sig A em


espanhol) para o México são abundantes, particularmente para bosques tropicais e florestas
temperadas (BOCCO et al., 2001; DÍAZ GALLEGO; MAS, 2008; DIRZO; GARCÍA, 1991; TREJO;
HERNÁNDEZ, 1996; TREJO; DIRZO, 2000). Isto não resulta estranho, por serem os bosques
tropicais, seguidos pelas florestas temperadas, os ecossistemas mais afetados pelo
desmatamento (MANCERA et al., 1997; apud BOCCO et al., 2001). É importante analisar essa
situação, devido a que a maior concentração da diversidade florística se concentra nos dois
ecossistemas (21 000 das 27 000 espécies para o México, segundo Rzedowski, 1993), além de
que representam quase 50% das cobertas vegetais originais do México (RZEDOWSKI, 1990).
Assim, cartografar e quantificar a partícula de conversação humana sobre as coberturas
naturais por efeito das atividades antrópicas resulta importante para o entendimento das
causas que motivam a mudança, as consequências destas, assim como para realizar propostas
para atender a referida problemática.
Para isso, como indicador ambiental, usaram-se sistemas de informação
geográfica (SIG) em conjunto com o modelado de distribuição das espécies (SDM, por suas
siglas em inglês), que é uma ferramenta que permite converter pontos individuais do
espaço geográfico, tal como os registros das coleções biológicas (denotados por uma
20
Posgrado en Geografía, Universidad Nacional Autónoma de México. E-mail: hectormhe@gmail.com
21
Posgrado en Geografía, Universidad Nacional Autónoma de México. E-mail: andjs15@gmail.com
22
Prof. Dr. do Instituto de Biología, Universidad Nacional Autónoma de México. E-mail: gasc@ib.unam.mx
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coordenada geográfica) em distribuições espaciais das espécies sob modelação, ao


procurar uma relação matemática ou lógica entre os dados disponíveis sobre a distribuição
de uma espécie e diferentes variáveis que descrevem as condições ambientais nas quais
vivem, extrapolando essa relação ao resto da área de estudo (PETERSON et al., 2011) com
o propósito de predizer áreas de distribuição potencialmente adequadas para a presença
de espécies do gênero Laelia (H.B.K.) Lindley. Esse é um grupo de orquídeas epífitas cuja
presença está vinculada intrinsecamente à existência de cobertas arbóreas original; com a
finalidade de calcular o tanto que essas áreas de distribuição potencial têm sido
perturbadas ou destruídas pelo CCUS, além de avaliar seu estado de conservação e risco
de extinção, sob dois sistemas: o Método de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies
Silvestres no México (MER–pelas siglas em espanhol-) conteúdo na NOM-059-SEMARNAT-
2010 (SEMARNAT, 2011) e segundo os critérios da União Internacional para a Conservação
da Natureza (UICN, 2012).
Elegeu-se como grupo biológico modelo as espécies do género Laelia (no sucessivo
também referido como laelias; L. albida, L. anceps subsp. anceps, L. anceps subsp. dawsonii ,
L. aurea, L. autumnalis, L. crawshayana, L. eyermaniana, L. furfuracea, L. gouldiana, L.
halbingeriana, L. rubescens, L. speciosa e L. superbiens) por: a) ser um grupo de orquídeas
com flores conspícuas e essencialmente pertencentes só ao México, b) ser um gênero bem
conhecido biologicamente, c) pelo aproveitamento que se faz das suas flores, que faz da
Laelia o gênero de orquídeas mais explorado no México e devido d) aos diversos usos desse
gênero em grande parte do território mexicano.
Este trabalho é novo, porquanto não existem trabalhos deste tipo em escala
nacional nos quais se tome como caso de estudo as espécies vegetais. No entanto, essa
metodologia tem sido aplicada previamente a outros grupos biológicos e a outras escalas
geográficas no México, particularmente para mamíferos e aves (SÁNCHEZ CORDERO et al.,
2005; PETERSON et al., 2000; PETERSON et al., 2006; RÍOS MUÑOS; NAVARRO SIGÜENZA,
2009). Este estudo pretende gerar informação básica que ajude como base para o
planejamento de programas de conservação e/ou restauração eficiente, particularmente
aplicável ao gênero Laelia, mas extrapoláveis a outros grupos de organismos que partilhem
os habitats onde se desenvolve este gênero de plantas (principalmente bosques de carvalho
ou pino-carvalho e bosques tropicais perenifólios, sub-caducifólios e caducifólios
(HALBINGER; SOTO, 1997).
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MATERIAIS E MÉTODOS

Dados da presença das espécies

Recorreu-se a distintas fontes de informação com a finalidade de obter o maior


número de registros documentados dos tipos das espécies de Laelia no México. A base de
dados ficou construída principalmente a partir dos registros depositados nas distintas
coleções biológicas (herbários AMO e MEXU), embora de forma complementar foi obtida
informação de bases de dados públicas disponíveis on-line (Global Biodiversity Information
Facility (GBIF), http://www.gbif.org; Missouri Botanical Garden-Tropicos,
http://www.tropicos.org; Red Mundial de Información sobre Biodiversidad (REMIB),
http://www.conabio.gob.mx), assim como da literatura (HALBINGER; SOTO, 1997;
McVAUGH, 1985).
A base de dados construída foi depurada geograficamente e de forma
taxinômica, com a finalidade de trabalhar com dados da melhor qualidade possível. Por
essa razão eliminaram-se os registros que não conseguiram ser georreferenciados
mediante uma coordenada geográfica e aqueles nos quais a identidade taxinômica não
logrou ser definida com clareza, isso com o apoio de especialistas nessas espécies.
Adicionalmente, se excluíram os registros duplicados com a finalidade de evitar vieses
nas modelações sobre representação de localidades e dos exemplares procedentes de
cultivo, já que o local onde é cultivado não necessariamente corresponde com a área de
distribuição natural da espécie.
A exceção foi Laelia gouldiana, da qual se usaram os registros existentes, embora
todos procedem de material cultivado, devido a que é uma espécie extinta no meio silvestre
e cuja distribuição natural desconhece-se (HALBINGER; SOTO, 1997), mas que sobrevive
graças a essa prática. Deve-se chamar a atenção aqui que os resultados referentes a esta
espécie em particular devem se tomar com precaução pela situação. A base de dados final
obtida após, esteve constituída por 483 registros únicos de laelias no México. Houve
notáveis diferenças quanto ao número de registros por espécie, já que mudou de quatro no
caso de L. aurea e L. gouldiana a 137 para L. autumnalis.
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Variáveis ambientais

Como variáveis ambientais se usaram as coberturas climáticas e topográficas de


WorldClim (HIJMANS et al., 2005). Sua eleição foi por ser um recurso gratuito e sua
resolução espacial (aproximadamente 1 km no equador) é coerente com a escala geográfica
do trabalho e as variáveis têm um sentido biológico por ter una influência direta sobre a
distribuição de plantas (AUSTIN, 2007), uma vez que não só reflete precipitações e
temperatura, mas também mostra suas variações ao longo do ano.
Das vinte e duas variáveis disponíveis só se usaram nove (isotermalidade,
oscilação anual da temperatura, precipitação anual, estacionariedade da precipitação,
precipitação do quadrimestre mais cálido, precipitação do quadrimestre mais frio, altura,
orientação de encostas e inclinações; as últimas duas foram construídas a partir do
processamento em SIG do modelo digital de elevação obtido de WorldClim) uma vez qu e
foram submetidas a uma análise estatística de correlação (r de Pearson), onde foram
provadas as correlações por duplas de variáveis e selecionadas só aquelas que não
sobrepassaram o limite de 0.7, independentemente do sentido da correlação. Este
umbral de correlação foi selecionado seguindo os padrões encontrados na literatura
(PLISCOFF; FUENTE CASTILLO, 2011; SILLERO et al., 2010; YÁÑEZ ARENAS et al., 2012).

Modelado de distribuição de espécies

Com as diferenças entre o número de registros por espécies, justifica-se o uso de


dois algoritmos preditivos: Maxent (PHILLIPS et al., 2006) e GARP (genetic algorithm for rule-
set production; STOCKWELL; NOBLE, 1992). Isso se deve a que autores como Papes e
Gaubert (2007) e Batista et al. (2014) apontam que o algoritmo GARP é mais eficiente que
Maxent para modelar distribuições potenciais quando o número de registros é pequeno.
Aliás, ambos são os mais frequentemente utilizados em trabalhos desse tipo, pelas robustas
predições que arrojam (PETERSON et al., 2000, 2006; PHILLIPS et al., 2006; SÁNCHEZ
CORDERO et al., 2005; YÁÑEZ ARENAS et al., 2012).
O processo de modelado de todas as espécies se realizou com os dois algoritmos e
com partições de dados (percentagem de pontos de treinamento / percentagem de pontos
de prova) de 100/0 para Laelia anceps subsp. dawsonii, L. aurea, L. crawshayana, L.
gouldiana, L. halbingeriana e L. superbiens, devido aos poucos registros obtidos para as
p i ei asà à àeàdeà / àpara o resto das espécies. Para os dois algoritmos e para todas
Biogeografia... desde a América Latina - 95

as espécies se realizaram 100 réplicas com a amostragem, com as quais se construiu um


modelo consenso para cada taxa.
Os modelos de Maxent se apresentaram num formato binário (igual que os de
GARP), mediante a eleição do umbral que tolera até 10% de erro de omissão. Os demais
parâmetros se deixaram do mesmo jeito como foram sugeridos por cada um dos algoritmos.
Só se selecionaram os melhores modelos para cada espécie em função da avaliação
estatística (valor AUC) e a valoração crítica das distribuições previstas por parte de
especialistas na história natural das espécies.

Utilização dos modelos

Antes de obter os modelos preditivos, estes foram processados em SIG com o


objetivo de reduzir as áreas de múltipla predição. Para isso se procedeu a excluir aquelas
áreas prognosticadas que não se encontravam dentro das províncias biogeográficas
(CONABIO, 1997) que tinham localidades de colheita confirmadas para cada uma das
espécies; este proceder é apoiado por autores como Soberón e Peterson (2005). Os modelos
processados para cada taxa foram denominados: áreas de distribuição potencial (ADP).
Já que os modelos preditivos fazem inferências da distribuição das espécies sob um
cenário de um território não explorado de modo antrópico de nenhuma forma, em consequência
as coberturas vegetais se encontram em seu estado original e o pretendido aqui é conhecer o
impacto que têm as ações humanas sobre as laelias, empelou-se a cartografia de Uso do Solo e
Vegetação, Série IV (INEGI, 2009) para conhecer quais coberturas atuais não são compatíveis com
os requerimentos das espécies. Por isso, se procedeu a gerar um mapa com duas categorias de
informação dentro de SIG: área adequada e área não adequada para a presença de laelias. Ao se
tratar de um gênero de orquídeas que vivem sobre as árvores que lhes dão suporte, é lógico
pensar que em ausência de coberturas arbóreas (florestas e bosques) as espécies epífitas
especificamente também estarão ausentes. Ante essa circunstância, foram classificados como
coberturas adequadas os distintos tipos de vegetação considerados florestas e bosques primários,
assim como seus estados secundários de tipo arbóreo, segundo a classificação de Velázquez et al.
(2002). A eleição dos tipos de vegetação a considerar guiou-se pelo reportado na literatura como
ambientes adequados para a presença das espécies de Laelia (HALBINGER; SOTO, 1997).
Consequentemente e para cada uma das espécies, se procedeu a realizar aritmética
de mapas: ao ADP lhe foi extraída a área não adequada, resultado denominado áreas de
distribuição existente (ADE); seguidamente à ADP lhe foi extraída a ADE, resultado
denominado área de distribuição destruída (ADD). Além de contabilizar a superfície das ADP,
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ADE e ADD e com a finalidade de avaliar a efetividade do sistema de áreas naturais


protegidas (ANP) de administração federal, estatal e municipal (CONANP, 2013; BEZAURY
CREEL et al., 2009a, 2009b) na proteção das laelias, se quantificou as ADE que são
resguardadas atualmente pelas ANP (as de índole estatal e municipal foram trabalhadas
como uma unidade só, denominada ANP não federais).
Por último se avaliou o risco de extinção a todas as laelias mexicanas de acordo às
disposições marcadas pelo Método de Avaliação do Risco de Extinção das Espécies Florestais
no México (MER) contido na NOM-059-SEMARNAT-2010 (SEMARNAT, 2011), já que não
todas as espécies de Laelia têm sido avaliadas e as que já foram avaliadas e sistematizadas
em essa norma, foi a partir da sua valoração com uma versão do MER anterior. Aliás, se
avaliou o risco de extinção de acordo com os critérios da União Internacional para a
Conservação da Natureza (UICN, 2012).

RESULTADOS

Modelo de distribuição de espécies

O processo do modelado com os dois algoritmos usados mostrou que, como outros
autores afirmam, o GARP tem um melhor desempenho que o Maxent, quando a
disponibilidade de registros por espécies é baixa (PAPES; GAUBERT, 2007; BATISTA et al.,
2014). Deste modo, segundo a avaliação do estatístico AUC e o critério de especialistas em as
espécies, os melhores modelos para Laelia anceps subsp. dawsonii, L. aurea, L. crawshayana,
L. gouldiana, L. halbingeriana e L. superbiens p o ia à deà Gá‘Pà áUC à . ,à oà e ta to,à
Maxent foi melhor para L. albida, L. anceps subsp. anceps, L. autumnalis, L. eyermaniana, L.
furfuracea, L. rubescens e L. speciosa áUC à . .

Perda de áreas de distribuição natural

Segundo os resultados obtidos, referidos ao ano 2007 da cartografia existente


(INEGI, 2009), um exame das cifras absolutas da Tabela 1, deixa ver uma clara correlação
entre a área de distribuição potencial (ADP) e a porcentagem de perda: as espécies que
apresentaram uma maior ADP foram as que mostraram uma maior área de distribuição
destruída (ADD), no entanto, as de menor ADP tiveram uma menor redução da sua
superfície (r= 0.88). Em porcentagem se tem uma perda média de 58.57% do ADP das laelias,
mas em nível de espécie se tem importantes mudanças, ao igual se fosse expresso em
termos espaciais dentro do México (tabela 1).
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As laelias de zonas montanhosas temperadas (segundo a sociedade do Huerta e


Salazar, 2013) coincidem espacialmente em grande medida entre elas. Laelia eyermaniana
no sul de Durango, este de Nayarit e norte de Jalisco (Mapa 1) é simpática com L. speciosa
e L. albida em áreas onde existem importantes extensões de bosques primários (ou
existiam até 2007) e vegetação secundária em estado arbustivo e com relativamente
pouca destruição das coberturas naturais. Laelia speciosa é a única espécie desse grupo
que se propaga até a Sierra Madre Oriental por meio do eixo vulcânico transversal; a forma
deà suaà dist i uiç oà fazà u à U ,à a pliaà eà o deiaà asà p o í iasà iogeog fi as Altiplano
Norte e Altiplano Sul (CONABIO, 1997). Visivelmente a fração ocidental de ocupação dessa
espécie tem sido a menos afetada, seguida pela seção oriental, que tem sido alterada
medianamente nos estados de Tamaulipas e Hidalgo, embora é na Sierra Madre Oriental
onde se conta com as principais superfícies de distribuição contínua sobre vegetação
primária (Tamaulipas e San Luis Potosí) (Mapa 1 ).

Tabela 1. Cálculo da redução de áreas de distribuição das laelias para 2007 no México e da área que é
resguardada pelos distintos sistemas de áreas naturais protegidas. ADE: área de distribuição existente total,
ADEp: área de distribuição existente em vegetação primária, ADEs: área de distribuição existente em vegetação
secundária, ADP: área de distribuição potencial, ANP: área natural protegida.

Fonte e Organização: Huerta (2014).


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Mapa 1. Distribuição das laelias resultante das mudanças de cobertura e usos dos solos (CCUS) [esta página e a
seguinte]. A superfície vermelha representa áreas de distribuição existentes (ADE), de vegetação primaria tanto
como de vegetação secundaria de tipo arbóreo e as áreas azuis as áreas de distribuição destroidas (ADD). A
escala gráfica é a mesma para todos os casos. A: L. albida, B: L. anceps subsp. anceps, C: L. anceps subsp.
dawsonii, D: L. aurea, E: L. autumnalis, F: L. crawshayana, G: L. eyermaniana, H: L. furfuracea, I: L. gouldiana, J:
L. halbingeriana, K: L. rubescens, L: L. speciosa, M: L. superbiens. Fotografías de Gerardo Salazar.

Organização: Huerta (2014).

Ao sudoeste da distribuição de Laelia speciosa e sul da de L. eyermaniana, ao este e


centro do estado de Jalisco e sul de Nayarit, também se localizam outras três espécies: L.
anceps subsp. dawsonii, L. autumnalis e L. crawshayana. Aqui, embora a existência de diversas
ANP, existe uma importante perda da cobertura vegetal original dentro delas, devido a sua
transformação principalmente em coberturas secundárias arbustivas, seguidas pelas
coberturas agrícolas – pecuárias - florestais. Das laelias de zonas montanhosas, o táxon que
Biogeografia... desde a América Latina - 99

mais resultou afetado percentualmente pelas mudanças de cobertura e uso do solo (CCUS)
foi L. anceps subsp. dawsonii, seguidas por L. autumnalis e L. albida e ocupam o 2°, 3° e 4°
lugar em perda de ADP, respectivamente. Ao continuar ao sudeste, no limite meridional de
L. eyermaniana e principal zona de distribuição para L. speciosa, L. autumnalis e L. anceps
subsp. dawsonii e uma importante porção para L. albida, se aprecia uma ampla porção do
território mexicano sem coberturas originais, dada sua transformação em áreas de
produção agrícola – pecuária - florestal.
Essas laelias, ao terem preferência pelas florestas temperadas não estão
representadas na região biogeográfica da Depresión do Balsas e sua continuidade ao sul se
deu através da província do eixo vulcânico (L. autumnalis e L. speciosa) ou a Sierra Madre do
Sur (L. albida, L. anceps subsp. dawsonii e L. furfuracea). Porém pode-se indicar de forma
generalizada, que as duas províncias estão fortemente desflorestadas graças a que só
existem vestígios de vegetação primária nas partes altas das montanhas presentes nas duas.
As principais causas da transformação, de forma descendente são CCUS a coberturas
agrícolas - pecuárias - florestais, coberturas vegetais secundárias em estado arbustivo e
vegetação induzida, situação particularmente acentuada na região centro do estado de
Oaxaca; não é estranho que as três espécies que habitam esse estado (L. albida, L. anceps
subsp. dawsonii e L. furfuracea) pressentem perdas superiores à media para as espécies do
gênero. Aliás, no caso de L. furfuracea seus ADE se encontram, em sua maior parte, sobre
coberturas de bosque secundário (só o 32% localiza-se nas coberturas vegetais primárias).
Para as laelias de zonas tropicais úmidas o principal motivo da redução de seus
habitats tem sido as atividades agrícolas – pecuárias – florestais (Tabela 2), onde o caso mais
significativo de mudanças foi para L. anceps subsp. anceps, já que essas atividades afetaram
o 63.67% do seu ADP no país. No caso da L. halbingeriana e L. superbiens as atividades agro-
pecuárias também foram determinantes na redução dos seus ambientes naturais nos
57.03% e 39.27%, respectivamente.
A segunda mais importante transição de coberturas na distribuição das laelias de
zonas tropicais úmidas foi na vegetação secundária em estado arbustivo, que em seu
conjunto com as coberturas agrícolas – pecuárias - florestais provocaram pelo menos 78%
da perda em cada uma das espécies. A transformação da vegetação natural é tal nessa
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região do país, que o ADE da Laelia halbingeriana localiza-se principalmente sobre


coberturas secundárias em estado arbóreo, precisamente em 52.75% e 47.87% para o caso
de L. superbiens; em L. anceps subsp. anceps representa 27.03%, provavelmente
explicados por sua mais ampla distribuição (em comparação com as outras duas espécies),
existindo uma significativa diferença do grau de degradação entre as porções norte e sul
da sua área de distribuição na região sul e menor na norte).
Entre as laelias de zonas tropicas sub-úmidas, L. rubescens apresenta a maior
redução da área de distribuição em termos de superfície; aliás, o fato de que, igual a
espécies como L. halbingeriana e L. furfuracea, seu ADE se espalhe em maior parte sobre
coberturas secundárias em estado arbóreo (uns 65.29%). A causa dessa redução, como
sucede em todas as demais espécies do gênero Laelia, é o CCUS para coberturas agrícolas
– pecuárias - florestais. Porém, Laelia áurea resultou estar entre as espécies melhores
situadas quanto à redução de seu ADP, já que percentualmente e na ordem decrescente,
foi a penúltima de todo o gênero (L. eyermaniana é a última). As duas espécies desse
grupo coincidiram na segunda causa de perda de superfícies, a transformação das florestas
para vegetação em estado secundário arbustiva. Esta perda representou os 27.41% em
Laelia aurea e o 30.53% em L. rubescens. Quanto à sua distribuição de vegetação em
estado secundário arbóreo, para L. áurea essa superfície representou 26.85%, muito
inferiores ao cálculo para L. rubescens (65.29%); contudo, para as duas existiu uma clara
concentração das mencionadas áreas em regiões particulares do México. A presença L.
áurea se acentuou na porção central e sua distribuição, no centro norte de Nayarit e sul de
Sinaloa; e em L. rubescens basicamente em toda a península de Yucatán (Tabela 2).
Biogeografia... desde a América Latina - 101

Tabela 2. Três principais coberturas antrópicas resultantes da transformação de áreas de distribuição potencial
(ADP) em áreas de distribuição destruída (ADD) por espécie, segundo a carta de uso do solo e vegetação (INEGI,
2
2009). Os números superiores indicam porcentagens e os inferiores milhares de km .

Agrícola, Floresta
Arbustos Selva sec. Vegetação Perda
Espécie pecuária, sec. Outras
xerófilos arbustiva induzida total
florestal arbustivo
39.41 29.09 17.42 14.08 100
L. albida
21.25 15.69 9.39 7.59 53.92
L. anceps 63.67 17.34 8.78 10.21 100
subsp. anceps 7.95 2.16 1.09 1.27 12.49
L. anceps
39.85 28.59 18.49 13.07 100
subsp.
8.87 6.36 4.11 2.91 22.26
dawsonii
45.73 14.48 27.41 12.37 100
L. aurea
3.76 1.19 2.25 1.01 8.22
48.92 23.48 13.16 14.44 100
L. autumnalis
14.82 7.11 3.98 4.37 25.93
L. 22.16 52.99 18.39 6.45 100
crawshayana 0.43 1.04 0.36 0.12 1.97
L. 30.44 27.01 16.93 25.62 100
eyermaniana 17.25 15.31 9.59 14.52 56.69
28.52 43.57 24.00 3.92 100
L. furfuracea
2.88 4.40 2.42 0.39 10.11
17.84 20.41 32.79 28.96 100
L. gouldiana
1.12 1.29 2.07 1.83 6.32
L. 57.03 30.06 7.23 5.69 100
halbingeriana 1.35 0.71 0.17 0.13 2.37
46.42 8.41 30.53 14.63 100
L. rubescens
51.30 9.29 33.74 16.17 110.51
35.21 26.36 12.45 25.98 100
L. speciosa
16.37 12.26 5.79 12.08 46.51
39.27 39.36 11.69 9.68 100
L. superbiens
5.14 5.15 1.53 1.26 13.09
41.18 22.14 0.56 12.65 7.45 17.20 100
Pérdida total
152.560 82.01 2.07 46.86 27.60 63.71 370.46
Fonte e Organização: Huerta (2014).

A situação da Laelia gouldiana é complicada de interpretar por distintos fatores.


Segundo os resultados obtidos, é a espécie de Laelia que mais viu reduzida a sua área de
distribuição, além de ser uma das espécies com menor ADP. Mas ao examinar qual foi a
principal cobertura que substituiu a área preestabelecida como a original (a partir dos
registros exemplares cultivados, pois não se conhecem grupos naturais), observa-se que esta
transição é impossível (para matagal xerófilo primário). Isto reflete primeiro a importância
102 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)

de se trabalhar exclusivamente com registros procedentes de espécimes procedentes do


meio natural e resulta evidência que a modelação levada a cabo aqui só representa uma
simples especulação sobre o provável ADP.

Estado de conservação

Os dados mostram (Tabela 3) que todas as espécies do gênero se encontram


representadas dentro de alguma ANP federal e em 12 dos 13 casos, dentro de alguma ANP
não federal. Desse modo, indicam uma maior relevância às ANP de índole federal que ás
que não são federais na proteção de todas as espécies de Laelia. Por exemplo, L.
eyermaniana foi a espécie com a maior superfície de ADE dentro de ANP federais com uma
área de 15. 272 km2, no entanto, a espécie melhor resguardada em ANP não federais (L.
rubescens) tem uma superfície protegida de 4.435 km 2. Em termos percentuais as
diferenças são também notórias: L. halbingeriana foi a melhor situada neste item, com
26.26% de ADE em ANP federais; contudo, também foi a pior posicionada em ANP não
federais ao não ter presença alguma dentro delas. Percentualmente e segundo o gênero,
pode-se observar uma clara diferença na relevância das ANP federais e das não federais.
As primeiras resguardam os 14.95% de ADE (3.481,94 km 2) enquanto na segunda só os
2,70% (650.64 km2) de todo o gênero (Tabela 3).
Na avaliação do risco de extinção para as espécies de Laelia segundo os quatro
critérios considerados pelo atual Método de Avaliação do Risco de Extinção de Plantas no
México (SEMARNAT, 2010), características da distribuição geográfica, características do
habitat, vulnerabilidade biológica intrínseca e impacto da atividade humana), obteve-se que
a maior parte das espécies do gênero devem ser consideradas em alguma categoria de risco
de extinção (Tabela 3). Os critérios mais determinantes nesta avaliação, e de fato
diretamente interpretados dos resultados deste trabalho foram as características da
distribuição geográfica (que toma em consideração a área de distribuição existente (ADE), o
número de localidades conhecidas, presença em distintas províncias biogeográficas, etc.) e o
impacto da atividade humana (que avalia a fragmentação, modificação, destruição do ADP,
etc.). É importante destacar o caso de Laelia speciosa, que segundo a avaliação realizada,
deveria ser excluída da listagem de espécies em risco de extinção; enquanto a L. superbiens
deveria ser marcada com um nível menor de risco.
Biogeografia... desde a América Latina - 103

Tabela 3. Risco de extinção das espécies do gênero Laelia no México. De maior ao menor risco de acordo ao
MER, E: provavelmente extinta no meio silvestre, P: em perigo de extinção, A: ameaçada, Pr: sujeita a proteção
especial. De maior ao menor risco segundo a UICN, EW: extinta em estado silvestre, CR: em perigo crítico, EN:
em perigo, VU: Vulnerável.

MER UICN

Espécie Categoria Categoria


Categoría atual
proposta proposta

L. albida
L. anceps subsp. anceps VU
L. anceps subsp. dawsonii P P CR
L. aurea PR VU
L. autumnalis PR VU
L. crawshayana A EN
L. eyermaniana
L. furfuracea PR VU
L. gouldiana E E EW
L. halbingeriana PR EN
L. rubescens
L. speciosa PR

L. superbiens A PR VU

Fonte e Organização: Huerta (2014).

De acordo com os critérios estabelecidos pela União Internacional para a


Conservação da Natureza (UICN, 2012), são nove espécies que devem figurar em alguma
categoria de risco de extinção, a qual avalia cinco aspectos (redução do tamanho
populacional, tamanho da distribuição geográfica, pequeno tamanho da população e sua
diminuição, populações muito pequenas ou restringidas e uma análise quantitativa). Aqui o
critério que teve maior relevância na proposta de categorização que se apresenta foi o
reduzido tamanho das distribuições geográficas das espécies para seis dentre as nove
espécies. De modo geral, aprecia-se que existe correspondência entre o nível de risco das
espécies para os dois métodos, segundo a hierarquia que tem cada categoria. Para o caso
dos critérios da UICN, evidência-se a situação da L. anceps subsp. anceps, a qual cumpre os
parâmetros para ser inclusa na listagem vermelha da UICN.
104 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

No presente trabalho se utilizaram modelos de distribuição de espécies (SDM) para


predizer a distribuição de um grupo de plantas epífitas com a finalidade de avaliar a
diminuição das superfícies de distribuição como consequência da mudança de cobertura e
uso de solo (CCUS); estudos anteriores fizeram análises similares sobre mamíferos e aves
(SÁNCHEZ CORDERO et al., 2005; PETERSON et al., 2006; RÍOS MUÑOZ; NAVARRO SIGÜENZA
2009; YÁÑEZ ARENAS et al., 2012). Os procedimentos usados aqui não diferem em grande
medida dos trabalhos citados; porém, o grupo biológico considerado como caso de estudo
aqui, é totalmente distinto e, segundo a revisão de literatura realizada, este trabalho é o
primeiro com esse enfoque aplicado às orquídeas, por isso foi preciso realizar algumas
adequações de acordo com a história natural particular dessas plantas.
No trabalho do Yáñez Arenas et al., (2012) avalia-se o grau de fragmentação do
habitat de duas espécies de mamíferos e qualifica-se a quantidade e superfície das
manchas de vegetação adequada para a permanência das espécies, descartando aqueles
cuja superfície não alcança o patamar definido por especialistas. Para o caso das laelias
não foi possível estabelecer uma superfície umbral, por causa da falta de existência de
propostas na literatura sobre essa superfície e a causas inerentes da própria história
natural dessas espécies, como sua estreita dependência da presença de árvores que
constituem seus suportes. A existência de só uma árvore restante pode representar a
unidade espacial mínima para a existência de muitas espécies de orquídeas, ao poder essa
árvore suportar a vários indivíduos deàepífitas,àosà uaisàpode àse i à o oàfo tesàpa aàaà
olo izaç oà deà out asà o esà p ese tesà asà easà pe toà g açasà sà se e tesà di i utas,à
p oduzidasà e à g a desà ua tidadesà eà dispe sadasà peloà e to.à á uià seà o side ouà u aà
2
eaà àk (o tamanho de um pixel na cartografia digital utilizada).
A origem da cartografia utilizada pela avaliação da redução das áreas de distribuição
pelo CCUS também divergem da utilizada nos trabalhos anteriores. Yáñez-Arenas et al., (2012)
encontraram o mesmo inconveniente que foi encontrado aqui referente à antiguidade da
cartografia das coberturas vegetais e do uso do solo. A Série IV das cartas de Uso de Solo e
Vegetação do INEGI foi publicada no ano de 2009, mas faz referência ao estado que teve a
superfície do país no ano de 2007 e é quase seguro que o CCUS, nos dias de hoje, seja ainda
maior em muitas regiões de México onde habitam as laelias.
Biogeografia... desde a América Latina - 105

Uma situação que é abordada nos trabalhos anteriores (SÁNCHEZ CORDERO et al.,
2005; PETERSON et al., 2006; RÍOS MUÑOZ; NAVARRO SIGÜENZA 2009; YÁÑEZ ARENAS et al.,
2012) é a importância das áreas naturais protegidas (ANP). As ANP exercem um papel crucial
na conservação da biodiversidade; contudo, a concessão desse título a um local em particular
não tem garantido, em muitos casos, a contenção do processo de CCUS dentro delas, como
demonstra Figueroa et al. (2011). Junto com o anterior, tem que se considerar a problemática
adicional que representa a extração de indivíduos das espécies de Laelia do meio natural para
o comércio ilegal (HÁGSATER et al., 2005).
As laelias distribuem-se de distintas formas ao longo dos pouco mais de 500.000
km2 no México e, portanto, a redução de sua distribuição tem sido afetada de maneira
diferenciada, sem mencionar que os esforços para a conservação da biodiversidade
(refletidos no sistema de áreas naturais protegidas) resguardam de modo distinto a distintas
espécies de Laelia no território mexicano. A ocupação humana do centro e sul do país
sempre tem acontecido com maior intensidade que nas outras regiões. Por outro lado, a
melhor conservação de coberturas vegetais originais no norte da distribuição do gênero,
pode acontecer em parte à declividade acentuada que tem limitado a fixação dos centros de
população e ao desenvolvimento de grandes superfícies agropecuárias; só ver o caso da
Sierra Madre Occidental, devido a que existem muito poucas vias de comunicação terrestres
para atravessar. Apesar de não ser atrativa para estabelecer atividades agropecuárias ou
localidades urbanas, a declividade acentuada não é impedimento para o estabelecimento
das atividades florestais e minerais. Muito provavelmente, grande parte das áreas de
coberturas naturais perdidas nesta serra, assim como a porção norte da Sierra Madre
Oriental, são produto da atividade florestal, pois os estados de Chihuahua e Durango
concentram 45% deste tipo de exploração no país (SEMARNAT, 2012), embora não se pode
negar o papel da, sempre presente, atividade agrícola de subsistência.
A situação particular experimentada pelas espécies próprias de ambientes tropicais
(Laelia anceps subsp. anceps, L. halbingeriana, L. rubescens e L. superbiens) não difere em
grande medida do conjunto de espécies de ambientes temperados. A situação de L. anceps
subsp. anceps é crítica nas áreas de distribuição do estado de Veracruz (o principal estado
onde se distribuía originalmente), já que a magnitude da transformação das coberturas
vegetais originais é considerável. SEMARNAT (2009) aponta que esse estado só conserva
19% de sua vegetação original. A perda das coberturas naturais nas regiões tropicais do país,
106 - Leonice Seolin Dias, José Manuel Mateo Rodríguez e Jorge Luis Fontenla Rizo (Orgs)

em grande parte, é consequência das políticas governamentais das décadas passadas ao


sudeste, basicamente pelos Programas de Desenvolvimento Agropecuário do trópico úmido
mexicano, que em grande medida é responsável da destruição da vegetação arbórea para
abrir espaço a atividades agropecuárias; isto representa quase 50% da superfície original
para o caso das florestas na região sudeste do país (aproximadamente nove milhões de
hectares entre 1940 e 1980; CHALLENGER, 1998).
A província biogeográfica do Eixo Vulcânico resultou ser a que alberga a maior
diversidade de laelias, mas, ao mesmo tempo, é uma das províncias biogeográficas que mais
superfície de coberturas vegetais naturais perdeu. Isto significa que as espécies presentes no
Eixo Vulcânico tiveram reduzidas as suas áreas de distribuição significativamente; porém
esta situação é mais relevante se falamos de espécies com distribuição restrita nessa
província, como seria o caso da Laelia crawshayana. Apesar disso, a perspectiva de
permanência parece ser boa dado a localização das suas populações nas serras de difícil
acesso, além do fato de que uma superfície importante da sua distribuição encontra-se
protegida nos ANP federais.
Numa circunstância distinta encontra-se a Laelia furfuracea, e em menor medida a
L. halbingeriana, outras das espécies consideradas endêmicas; as duas presentes no estado
de Oaxaca, estado com a maior biodiversidade do país, porém, com a menor superfície
protegida no ANP. O fato de que uma espécie seja endêmica a uma área reduzida a faz
intrinsecamente vulnerável à extinção; por essa razão, o planejamento das estratégias de
conservação, incluindo propostas de ANP, deve considerar a inclusão da maior quantidade
possível de espécies nessa situação.
Dos resultados obtidos conclui-se que a transformação da vegetação original no
México é uma problemática alarmante e generalizada em todo o território, quando se trata
do planejamento da conservação e que estas transformações estão significativamente mais
acentuadas sobre as associações vegetais arbóreas. A afetação sobre as espécies de Laelia
deu-se de forma diferenciada ao longo da sua distribuição no México; contudo, as maiores
áreas destruídas corresponderam à região onde se concentra a mais alta diversidade do
gênero, como é a província biogeográfica do Eixo Vulcânico, que ao mesmo tempo é a região
mais densamente povoada do país.
Adicionalmente, as restantes áreas com alta diversidade não estão contidas
significativamente dentro do sistema nacional de áreas naturais protegidas, nem de caráter
Biogeografia... desde a América Latina - 107

federal nem mesmo de ordem estatal ou municipal. Observou-se que aconteceu perda de
cobertura de bosques e florestas ainda dentro das áreas protegidas, o que pode sugerir que
não se estão acatando em totalidade os objetivos para os quais foram estabelecidas.
Adicionalmente, a constante extração de plantas para o comércio ilegal constitui um fato
que compromete negativamente a várias espécies de Laelia, particularmente a L. speciosa e
L. furfuracea (HÁGSATER et al., 2005).
A maior parte das espécies mexicanas de Laelia devem se classificar em alguma
categoria de risco de extinção, de acordo com as avaliações do risco de extinção realizada
neste trabalho. No entanto, os esforços de conservação adicionais à conservação das
populações naturais em situações como a propagação artificial, têm o potencial para ter
sucesso, ao ser esse gênero altamente apreciado no setor hortícola (HALBINGER; SOTO,
1997) e são necessárias para garantir a viabilidade das espécies em médio e longo prazo,
devido às distintas pressões a que estão submetidas as espécies.
Este tipo de investigações devem melhorar e ampliar-se a outros grupos de
organismos, com a finalidade de contar com um melhor marco de referência para aqueles que
tomam decisões, encarregados da conservação da diversidade biológica, pois desta forma os
recursos e esforços investidos em resolver esta problemática poderão ser mais efetivos.

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