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Catalogação na Fonte:

Bibliotecário Bruno Márcio Gouveia, CRB4/1788

Semana Micológica (2021 nov. 22 a 27 : Recife, PE)


Livro de Resumos da Semana Micológica [Recurso eletrônico] / Organizadores :
Bruno Tomio Goto et al. - Recife: Ed. UFPE, 2021.

206 f. : il.

Vários autores.
ISBN: 978-65-00-50027-1 

1. Micologia – Semana. 2. Fungos – Cultura e meios de cultura –


Nordeste, Brasil . 3. Biotecnologia. 4. Micologia médica. I.
Universidade Federal de Pernambuco. Programa de Pós-graduação
de Biologia de Fungos. II. Título.

579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CB – 2022-114


Editoração
Bruna Rodrigues de Sousa
José Ewerton Felinto dos Santos
José Hilton dos Passos
Lidiane Alves dos Santos
Lilian Araujo Rodrigues
Isaias de Oliveira Junior
Renato Lúcio Mendes Alvarenga
Revisores Resumos
Adriana Ferreira de Souza
Alexandro de Andrade de Lima
Aline Anjos de Menezes
Ana Karine Furtado de Carvalho
Ana Patrícia Sousa Lopes de Pádua
Anna Gabrielly Duarte Neves
Athaline Gonçalves Diniz
Bruna Rodrigues de Sousa
Bruno Severo Gomes
Camila Estelita Vogeley Alves de Sá
Carlos Alberto Tiburcio Valeriano
Carolina Ribeiro Silva
Cinthia Elen Cardoso Caitano
Cleverton de Oliveira Mendonça
Daniele Magna Azevedo de Assis
Danilo Chagas dos Santos
David Ítallo Barbosa
Dayana Montero Rodríguez
Deyse Viana dos Santos
Douglas de Moraes Couceiro
Evelyn Rodrigues dos Santos
Fernanda Carolina Ribeiro Dias
Flávio Fonseca Veras
Francisco Junior Simões Calaça
Franz de Assis Graciano dos Santos
Giselle da Silva Barbosa
Gladstone Alves da Silva
Ianca Karine Prudencio de Albuquerque
Inácio Pascoal do Monte Junior
Indra Elena Escobar
Isaias de Oliveira Junior
Iwanne Lima Coelho
Janice Gomes Cavalcante
Jeanne Cristina Lapenda Lins Cantalice
Jeanne dos Reis Silva
Jefferson dos Santos Góis
Joenny Maria da Silveira de Lima Gaston
Jorge Luiz Fortuna
José Ewerton Felinto dos Santos
José Hilton dos Passos
Josiany Costa de Souza
Juanize Matias da Silva Batista
Juliana Ferreira de Mello
Karine de Matos Costa
Larissa Cardoso Vieira
Larissa Trierveiler Pereira
Laureana de Vasconcelos Sobral
Layanne de Oliveira Ferro
Leonor Alves de Oliveira Da Silva
Leslie Waren Silva de Freitas
Leticia Francisca da Silva
Lidiane Alves dos Santos
Lilian Araujo Rodrigues
Lucas Leonardo da Silva
Maiara Araújo Lima dos Santos
Marcela Alves Barbosa
Marcílio Ricardo Valeriano Ferreira
Maria Daniela Silva Buonafina Paz
Marília de Holanda Cavalcanti Maciel
Mauro Cintra Giudice
Mayara Luiza de S Pereira
Neiva Tinti de Oliveira
Patricia Oliveira Fiuza
Priscylla Nayara Sobreira Bezerra
Rafael Jose Vilela de Oliveira
Rejane Maria da Silva
Rejane Maria Ferreira da Silva
Renata dos Santos Chikowski
Renata Santana da Silva
Renato Juciano Ferreira
Renato Lúcio Mendes Alvarenga
Roger Fagner Ribeiro Melo
Suellen Emilliany Feitosa Machado
Taimy Cantillo Pérez
Tatiana Baptista Gibertoni
Tatiana Felix de Oliveira
Thaís Emanuelle Feijó de Lima
Thales Henrique Barbosa de Oliveira
Thays Gabrielle Lins de Oliveira
Thiago Costa Ferreira
Thiago Pajeú Nascimento
Valeria Ferreira da Silva Costa Santana
Valquiria de Oliveira Silva
Virton Rodrigo Targino de Oliveira
Walter de Paula Pinto Neto
Avaliadores da Apresentação Oral
Prof. Dr. Jadson Diogo Pereira Bezerra
Profa. Dra. Elaine Malosso
Profa. Dra. Neiva Tinti de Oliveira
Dr. Rafael José Vilela de Oliveira
Dr. Renato Lúcio Mendes Alvarenga
Prof. Dr. Roger Fagner Ribeiro Melo
LIVRO DE RESUMOS DA SEMANA
MICOLÓGICA

Os conteúdos dos trabalhos aqui publicados são de


inteira responsabilidade de seus autores.

Editora Universitária – UFPE

Recife-PE, 2022
Comissão organizadora
IV SIMS
Dr. Bruno Tomio Goto
Dr. Diogo Henrique Costa de Rezende
Dr. Iuri Goulart Baseia
Dra. Nadja Santos Vitória
Dra. Taimy Cantillo Pérez
Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão

VI EPEM e II FUNGMA
COORDENAÇÃO
Dra.Tatiana Baptista Gibertoni

VICE-COORDENAÇÃO
Dr. André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago

COMISSÃO CENTRAL
Ana Patrícia Sousa Lopes de Pádua
Daniel Barbosa Paula do Monte
Isaias de Oliveira Junior
Mateus Oliveira da Cruz
Matheus de Jesus Sá Silva
Renato Lúcio Mendes Alvarenga
Thays Gabrielle Lins de Oliveira

SECRETARIA
Daniel Barbosa Paula do Monte
Glícia Silva De Moraes
Silvio Francisco da Silva

COMUNICAÇÃO/ DIVULGAÇÃO
Jailma Alves da Silva
Matheus de Jesus Sá Silva
Mayara Alice Correia de Melo
Vitória Cristina Santiago Alves
PALESTRA
Francisca Robervânia Soares dos Santos
Layanne de Oliveira Ferro
Mateus Oliveira da Cruz
Virton Rodrigo Targino de Oliveira

MINICURSOS
Ana Patrícia Sousa Lopes de Pádua
Arthur Vinícius da Silva
Leticia Francisca da Silva
Maria Tamara de Caldas Felipe
Victória Souza Alves

CIENTÍFICA
Bruna Rodrigues de Sousa
José Ewerton Felinto dos Santos
José Hilton dos Passos
Lidiane Alves dos Santos
Lilian Araujo Rodrigues
Renato Lúcio Mendes Alvarenga

TRANSMISSÃO
Bruno Micael Cardoso Barbosa
Isaias de Oliveira Junior
Leslie Waren Silva de Freitas
Sobre o Evento

Com o propósito de trazer uma semana de integração, palestras, mesas redondas,


entre outras atividades, a Semana Micológica foi criada. Dessa forma acolhemos três
eventos fantásticos que você vai conhecer:

A quarta edição do Simpósio Micológico do Semiárido (IV SIMS) tem como tema
“Conexões fúngicas do semiárido: atualidades, lacunas e perspectivas”. O objetivo
principal do evento é apresentar para os participantes a importância do estudo dos fungos
da região semiárida, demonstrando avanços e lacunas do conhecimento micológico nesse
rico e desafiador ambiente.
Sabe-se que a biodiversidade do semiárido foi por muito tempo negligenciada e que
a região sofre efeitos devastadores decorrentes da ação antrópica. Nesse contexto de
corrida contra o tempo para reconhecimento e preservação da diversidade, o IV SIMS
vem para congregar e difundir o conhecimento acerca dos fungos do semiárido,
contribuindo para a consolidação da micologia na região.
O simpósio tem como público-alvo estudantes de graduação e pós-graduação,
professores, pesquisadores e profissionais da área. Os palestrantes (nacionais e
internacionais) tratarão das ameaças, interações, diversidade, potencial de descoberta e
aplicabilidade de fungos que ocorrem em regiões áridas do Brasil e do mundo, bem como
temas gerais da área de micologia.
VI Encontro Pernambucano de Micologia – Desmistificar para conservar
O VI Encontro Pernambucano de Micologia visa integrar pesquisadores,
profissionais, docentes e discentes envolvidos nas mais diferentes áreas da Micologia
básica e aplicada e suas interconexões no domínio das ciências biológicas, saúde e
agrárias para a divulgação dos resultados dos projetos de pesquisa e o desenvolvimento
de novas perspectivas dentro da micologia.

FUNGMA
Em 2017, o projeto ‘Biologia da conservação de fungos sensu lato em áreas de Mata
Atlântica do Nordeste brasileiro’ foi aprovado no âmbito da chamada
CNPQ/ICMBIO/FAPs NO 18/2017 - Linha 2 – Mata Atlântica.
Dois dos vários objetivos do projeto são divulgar os resultados em eventos
científicos e contribuir para a formação de recursos humanos, além de divulgação
científica. Assim, a presente proposta tem como objetivo divulgar os resultados obtidos
sobre a diversidade fúngica no Brasil, despertando curiosidade sobre fungos em
estudantes de ensino médio, graduação e pós-graduação por meio de palestras e
minicursos, familiarizando o público sobre fungos, promovendo a aprendizagem de
técnicas de conhecimento dos grandes grupos de fungos em campo e ampliando a
formação do estudante de micologia.
Homenagem Profa. Dra. Elza Áurea de Luna Alves Lima.

“Sou Paraibana-Recifense!”. Exclamação


proferida pela Profa. Dra. Elza Áurea de Luna Alves
de Lima quando perguntada sobre o seu local de
nascimento (Mamanguape, PB). A Profa. Elza é
graduada em Ciências Biológicas pela Universidade
Católica de Pernambuco (1966), Mestra em
Botânica pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco (1977) estudando a “Condição nuclear
em Pleospora raetica em cultura” (orientação do Dr.
João Salvador Furtado) e Doutora em Ciências
Biológicas (Genética) pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (1985) estudando “Características citológicas e genéticas de linhagens
selvagens, mutantes e diplóides de Metarhizium anisopliae” (orientação do Prof. Dr. João
Lúcio de Azevedo).
Começou a estudar os fungos quando ingressou no Instituto de Micologia da
Universidade do Recife (1963), atualmente Departamento de Micologia da Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), sob a supervisão do saudoso Prof. Augusto Chaves
Batista (falecido em 1967). Foi Chefe do Departamento de Micologia em vários períodos,
com destaque para o seu primeiro mandato em 1990, quando acompanhou a construção
da atual sede do Departamento que foi inaugurada em novembro de 1991. Em abril de
1996 também foram inaugurados laboratórios para o “Mestrado em Criptógamos”,
atualmente o Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos (PPGBF/UFPE)
quando a Profa. Elza era chefe do Departamento. Também foi chefe do Departamento de
Micologia no período de 2002 a 2006.
Entre os anos de 2003 a 2007, participou como Presidente da Comissão de
Avaliação de Progressão Horizontal/Vertical do Departamento de Micologia, entre outras
atividades administrativas. Ela sempre estava pronta para colaborar e a ajudar a toda(o)s,
dedicando-se com muito carinho e amor em tudo o que ela abraçava.
Na UFPE, a Profa. Elza atuou no ensino de graduação nas disciplinas Genética e
Citologia de Fungos e Controle Biológico por fungos, e, na Pós-Graduação do
Departamento ministrou aulas de Seminários de Microbiologia entre outras. Atuou na
Universidade Federal de Pernambuco de 1967 a 2007, dedicando-se 46 anos ao
Departamento de Micologia, onde até a presente data é sempre reverenciada por sua
dedicação e contribuição fundamental na área da genética e citologia de fungos e controle
biológico utilizando fungos.
Além das atividades na UFPE, colaborou como pesquisadora na Fundação
Joaquim Nabuco (onde iniciou sua vida profissional), na Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) (1985-1989) e entre 2009 e 2011 esteve colaborando como
pesquisadora no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). No período em que esteve
na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (CENARGEN), participou da
organização de uma coleção biológica nacional de fungos entomopatogênicos, sendo que
muitos dos fungos depositados nesta coleção também foram isolados e caracterizados por
ela. Um dos objetivos desta coleção era fazer com que estes fungos circulassem entre
diferentes laboratórios do Brasil e de outros países, ampliando os estudos de
entomopatógenos. Muitos destes isolados de fungos entomopatogênicos estão
depositados na Coleção de culturas Micoteca URM da UFPE.
Durante sua trajetória de docente-orientadora, supervisou mais de 73 discentes
incluindo trabalhos de conclusão de curso de graduação, monografia de especialização,
mestrado e doutorado tomando como base os ensinamentos do Prof. Chaves Batista, um
dos seus maiores admiradores e inspiradores científicos. Desenvolveu e orientou estudos
brilhantes e relevantes para a área de genética e citologia de fungos e controle biológico
utilizando fungos.
Fica aqui registrado nossos agradecimentos à Profa. Elza por ser essa pessoa tão
querida, brilhante, amiga e sempre feliz que nos deixa uma bela lição de vida.

De seus estudantes:
Dr. Jadson Diogo Pereira Bezerra (Departamento de Biociências e Tecnologia da
Universidade Federal de Goiás - UFG).
Dra. Laura Mesquita Paiva (Departamento de Micologia da Universidade Federal
de Pernambuco - UFPE)
Dra. Patricia Vieira Tiago (Departamento de Micologia da Universidade Federal
de Pernambuco - UFPE)
Sumário
PALESTRAS .................................................................................................................. 21
MESAS REDONDAS .................................................................................................... 23
MINICURSOS ............................................................................................................... 27
PRÊMIO JOVEM MICOLOGISTA MARIA AUXILIADORA DE QUEIROZ
CAVALCANTI Candidatos Graduação ........................................................................... 30
PJMG01 - SELEÇÃO DE ÁREAS PARA CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES COM
POUCOS REGISTROS DE OCORRÊNCIA DA ORDEM POLYPORALES ......... 31
PJMG02 - POPULARIZAÇÃO DOS FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS NO
BRASIL: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ROMPENDO AS BARREIRAS DA
PANDEMIA ............................................................................................................... 36
PJMG03 - FRUTIFICAÇÃO DE Pleurotus ostreatus var. florida (Jacq,) P, Kumm,
NO MESOCARPO DO COCO VERDE COM DIFERENTES RESÍDUOS
AGROINDUSTRIAIS ................................................................................................ 40
PJMG04 - O FUNGO ECTOPARASITA Mattirolella silvestrii S.COLLA NO
BRASIL ...................................................................................................................... 45
PJMG05 - SELEÇÃO DE LEVEDURAS BIOCONTROLADORAS AO MAL-DO-
PÉ DA BATATA-DOCE ............................................................................................ 49
PRÊMIO JOVEM MICOLOGISTA MARIA AUXILIADORA DE QUEIROZ
CAVALCANTI Candidatos Pós-Graduação .................................................................... 53
PJMPG01 - UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA FÚNGICA OLEAGINOSA COMO
MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE ÉSTERES ETÍLICOS:
OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES REACIONAIS POR PLANEJAMENTO
FATORIAL ................................................................................................................. 54
PJMPG02 - COMPORTAMENTO MICELIAL DE Curvularia eragrostidis SOB A
AÇÃO DE LEVEDURA DO INHAME .................................................................... 59
PJMPG03 - AÇÃO DO FUNGICIDA PROCIMIDONA SOBRE O
DESENVOLVIMENTO IN VITRO de Alternaria alternata, AGENTE CAUSAL DA
MANCHA-DE-ALTERNARIA ................................................................................. 63
PJMPG04 - PERFIS DE VIRULÊNCIA DE ESPÉCIES DE Lasiodiplodia,
CAUSANDO PODRIDÃO EM ABACATE (Persea americana Mill) ..................... 67
PJMPG05- REVELANDO A MICOBIOTA DA ESCURIDÃO: FUNGOS
ANEMÓFILOS DA CAVERNA ABRIGO DO LETREIRO NA CAATINGA........ 72
RESUMOS SIMPLES .................................................................................................... 77
EIXO TEMÁTICO Ecologia de Fungos .......................................................................... 78
EF01 - FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES ASSOCIADOS A
PLANTAS AQUÁTICAS SUBMERSAS NA LAGOA DE JACUMÃ, RN, BRASIL
.................................................................................................................................... 79
EF02 - MODELAGEM DE NICHO APLICADA AO FUNGO PORÓIDE Earliella
scabrosa (POLYPORALES), OCORRENTE NO BRASIL ...................................... 80

15
EF03 - MODELAGEM ECOLÓGICA APLICADA AO FUNGO PORÓIDE
Phellinus fastuosus (HYMENOCHAETALES), OCORRENTE NO BRASIL ......... 81
EF04 - MACROFUNGOS COMO RECURSO ALIMENTAR: INVESTIGAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS MICOFÁGICOS NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE
ANGATUBA, SÃO PAULO, BRASIL ..................................................................... 82
EF05 - IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO
GEOGRÁFICA DE Dacryopinax maxidorii Lowy (FUNGI: BASIDIOMYCOTA) 83
EF06 - TIPO DE EMBASAMENTO GEOLÓGICO E HOSPEDEIRO
INFLUENCIAM OS FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES? .................. 84
EF07 - FUNGOS ESCUROS SEPTADOS ASSOCIADOS A PLANTAS
AQUÁTICAS SUBMERSAS NA LAGOA DE JACUMÃ, RN, BRASIL ............... 85
EF08 - COMPETIÇÃO INFLUENCIA A PREVALÊNCIA DO GÊNERO
Sympodiorosea EM COLÔNIAS DE FORMIGA ATÍNEA BASAL ........................ 86
EF09 - PRIMEIRO REGISTRO DE MICOFAGIA ENVOLVENDO O GAMBÁ-DE-
ORELHA-BRANCA (Didelphis albiventris LUND, 1840) NO BRASIL ................. 87
EF10 - AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES
BRASILEIRAS DE FUNGOS FALOIDES (PHALLALES, BASIDIOMYCOTA) . 88
EF11 - FUNGOS ENDOFÍTICOS EM Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., ESPÉCIE
NATIVA DA CAATINGA......................................................................................... 89
EF12 - FUNGICULTURAS DE FORMIGAS ATÍNEAS ABRIGAM DIFERENTES
COMUNIDADES DE LEVEDURAS ........................................................................ 90
EIXO TEMÁTICO Ensino de Micologia ........................................................................ 91
EM01 - GAMIFICAÇÃO EM AULAS REMOTAS NA DISCIPLINA DE
ECOLOGIA DE FUNGOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 .............................................................. 92
EM02 - O USO DE AULAS PRÁTICAS DE MICOLOGIA COMO ESTRATÉGIA
DE ENSINO ............................................................................................................... 93
EM03 - PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS
DIGITAL PARA O ENSINO E POPULARIZAÇÃO DOS HIFOMICETOS DE
FOLHEDO .................................................................................................................. 94
EM04 - PERCEPÇÃO SOBRE FUNGOS ENTRE ESTUDANTES DO ENSINO
FUNDAMENTAL ...................................................................................................... 95
EM05 - EXPERIÊNCIA NA PRODUÇÃO DE PODCAST TEMÁTICO COM
ÊNFASE NA MICOLOGIA – RELATOS DE DISCENTES DE BIOLOGIA DA
UEPB, CAMPINA GRANDE – PB ........................................................................... 96
EM06 - O EMPREGO DA ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO-
APRENDIZAGEM DA MICOLOGIA NA UNIVASF ............................................. 97
EM07 - MONITORIA DE ENSINO EM BIOLOGIA DOS FUNGOS E
CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ........... 98
EM08 - O USO DE TECNOLOGIA NA DISCIPLINA BIOLOGIA DOS FUNGOS
.................................................................................................................................... 99

16
EIXO TEMÁTICO Etnomicologia ................................................................................ 100
ETM01 - NOTAS ETNOMICOLÓGICAS SOBRE Phallus indusiatus
(PHALLACEAE, BASIDIOMYCOTA) NO BRASIL E NO PARAGUAI ............ 101
ETM02 - Phlebopus beniensis (Singer & Digilo) Heinem. & Rammeloo
(BOLETINELLACEAE, BASIDIOMYCOTA, FUNGI): PRIMEIRO REGISTRO
PARA SÃO PAULO (BRASIL) E NOTAS ETNOMICOLÓGICAS ..................... 102
EIXO TEMÁTICO Divulgação e Popularização da Micologia .................................... 103
DPM01 - FANC NA CABEÇA: ESPORULANDO CONHECIMENTO SOBRE OS
FUNGOS ALIMENTÍCIOS NÃO CONVENCIONAIS.......................................... 104
DPM02 - DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E PRODUÇÃO DE PÔSTERES E
MODELOS DIDÁTICOS NO ÂMBITO DO COMPONENTE BIOLOGIA DOS
FUNGOS .................................................................................................................. 105
DPM03 - O USO DO INSTAGRAM COMO INSTRUMENTO DE DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA E POPULARIZAÇÃO DA MICOLOGIA ........................................ 106
DPM04 - MICOFAGIA EM FOCO: USO DA LITERATURA INFANTIL PARA A
DIVULGAÇÃO DA MICOLOGIA ......................................................................... 107
DPM05 - EFEITO DE ROSTO VIRTUAL COMO ESTRATÉGIA DE
VISIBILIDADE E POPULARIZAÇÃO DA MICOLOGIA EM REDE SOCIAL . 108
EIXO TEMÁTICO Fungos na Agricultura.................................................................... 109
FA01 - AVALIAÇÃO DE FITOPATÓGENOS EM Inga edulis Mart. DE UM
VIVEIRO FLORESTAL NO MUNÍCIPIO DE ALTA FLORESTA - MATO
GROSSO ................................................................................................................... 110
Fa02 - GENÓTIPOS DE PALMA FORRAGEIRA E TIPOS DE ÁGUA AFETAM A
ESPORULAÇÃO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA? ....................................... 111
FA03 - AUMENTO NA CONCENTRAÇÃO DE FENÓIS TOTAIS NA
‘INFLORESCÊNCIA DE Libidibia ferrea MICORRIZADA E ESTABELECIDA
EM CAMPO POR 72 MESES.................................................................................. 112
FA04 - IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES DE MUCORALES ASSOCIADAS À
PODRIDÃO PÓS-COLHEITA DE FRUTOS E HORTALIÇAS COLETADOS EM
RECIFE E MACAPARANA-PE .............................................................................. 113
FA05 - ALTERAÇÃO NA ESPORULAÇÃO DE FUNGOS MICORRÍZICOS
ARBUSCULARES EM MICROCOSMO CULTIVADO COM PORTA-ENXERTO
DE GOIABEIRA INOCULADO COM FITONEMATOIDE .................................. 114
FA06 - USO DO EXTRATO AQUOSO E HIDROALCOÓLICO DE FUMO
(Nicotiana tabacum) NO CONTROLE DO Colletotrichum truncatum (Schwein.) 115
EIXO TEMÁTICO Fungos na Biotecnologia................................................................ 117
FB01 - FUNGOS DA COMPOSTAGEM: PRODUÇÃO DE ENZIMAS E
APLICAÇÃO NA HIDRÓLISE DO BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR ........... 118
FB02 - LEVEDURAS ISOLADAS DE SOLOS EM SERGIPE COM AÇÃO
BIODEGRADATIVA DE COMPOSTOS HIDROCARBONETOS E
NITROGENADOS ................................................................................................... 119

17
FB03 - PRODUÇÃO DE PROTEASE POR FUNGOS ENDOFÍTICOS DO
GÊNERO Penicillium ISOLADOS DE BRÓMELIAS DE ÁREA DE
PRESERVAÇÃO DA CAATINGA (PERNAMBUCO, BRASIL) ......................... 120
FB04 - SELEÇÃO DAS MELHORES CONDIÇÕES PARA PRODUÇÃO DE L-
ASPARAGINASE POR Aspergillus alabamensis URM 5255 ................................ 121
FB05 - DESCOLORAÇÃO DO ÍNDIGO CARMIN POR ESPÉCIES DO GÊNERO
Trametes.................................................................................................................... 122
FB06 - DESCOLORAÇÃO DO VERMELHO CONGO E RBBR POR Trametes
villosa (URM8022) ................................................................................................... 123
FB07 - AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE FUNGOS
ENDOFÍTICOS ISOLADOS DO JUAZEIRO (Ziziphus joazeiro Mart.,
RHAMNACEAE) ..................................................................................................... 124
FB08 - PRODUÇÃO DE BIOMASSA POR Penicillium sclerotiorum UCP 1631 E
APLICAÇÃO NA DESCOLORAÇÃO DE CORANTE VERMELHO REMAZOL
.................................................................................................................................. 125
FB09 - ENZIMOLOGIA DE FUNGOS E LEVEDURAS PATOGÊNICOS
ISOLADOS DE CAVERNAS EM SERGIPE.......................................................... 126
FB10 - PRODUÇÃO DE L-ASPARAGINASE POR FUNGOS ENDOFÍTICOS DE
AMBIENTE DE CAATINGA .................................................................................. 127
EIXO TEMÁTICO Micologia e Saúde ......................................................................... 128
MS01 - ANÁLISE CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS DE
ESPOROTRICOSE HUMANA EM PERNAMBUCO ............................................ 129
MS02 - SCREENING DA MICROBIOTA FÚNGICA DE Tropidurus sp. EM
AMBIENTE SILVESTRE NO PIAUÍ ..................................................................... 130
EIXO TEMÁTICO Taxonomia de fungos ..................................................................... 131
TF01 - LEVANTAMENTO DE FUNGOS ESTROFARIOIDES (AGARICALES,
BASIDIOMYCOTA) NA MICRORREGIÃO DE ITAPETININGA, SÃO PAULO,
BRASIL .................................................................................................................... 132
TF02 - NOVOS REGISTROS DE Poronia Willd. (XYLARIACEAE:
ASCOMYCOTA) PARA O BRASIL ...................................................................... 133
TF03 - ASCOMICETOS ASSEXUAIS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS
VEGETAIS NA APA BONFIM-GUARAÍRAS, RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL .................................................................................................................... 134
TF04 - CHECKLIST DE FUNGOS DA FAMÍLIA GANODERMATACEAE PARA
A AMAZÔNIA BRASILEIRA ................................................................................ 135
TF05 – CHECKLIST DE HYMENOCHAETACEAE (HYMENOCHAETALES,
BASIDIOMYCOTA) PARA A REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA .............. 136
TF06 - EVOLUÇÃO DAS OCORRÊNCIAS DO GÊNERO Cyathus Haller NAS
REGIÕES DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO DOS ÚLTIMOS 12 ANOS (2009 –
2021) ......................................................................................................................... 137

18
TF07 - O STATUS DO NÚMERO DE REGISTROS DE FUNGOS COPRÓFILOS
DA FAMÍLIA SORDARIACEAE (SORDARIOMYCETES, ASCOMYCOTA) NO
BANCO DE DADOS DE HERBÁRIOS NO BRASIL ........................................... 138
TF08 - PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE Diaporthe Pseudomangiferae R.R. Gomes,
Glienke & Crous (DIAPORTHALES, ASCOMYCOTA) NO BRASIL ................. 139
TF09 - QUANTIFICAÇÃO ATUAL DE REGISTROS DE FUNGOS DA FAMÍLIA
CHAETOMIACEAE (SORDARIOMYCETES, ASCOMYCOTA) NO BANCO DE
DADOS DO HERBÁRIO URM NO ESTADO DE PERNAMBUCO .................... 140
TF10 - HIFOMICETOS ASSOCIADOS A SUBSTRATOS SUBMERSOS EM
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS DA MATA ATLÂNTICA DO RIO GRANDE DO
NORTE, BRASIL ..................................................................................................... 141
TF11 - PRIMEIRO RELATO DE Colletotrichum truncatum EM FOLHAS DE
CRAVEIRO (Dianthus caryophyllus) ...................................................................... 142
TF12 - ISOLAMENTO E ANÁLISE DO CRESCIMENTO EM MEIOS DE
CULTURA DE HIFOMICETOS DE FOLHEDO DA MATA ATLÂNTICA DE
PERNAMBUCO ....................................................................................................... 143
TF13 - PRIMEIRO REGISTRO DE Leiotrametes lactinea (POLYPORALES) NO
ESTADO DE ALAGOAS ........................................................................................ 144
TF14 - LEVANTAMENTO RELÂMPAGO DA LIQUENOBIOTA DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA RASO DA CATARINA, BAHIA..................................................... 145
TF15 - DIVERSIDADE DE MALMIDEACEAE Kalb, Rivas Plata & Lumbsch EM
DUAS ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA .............................................................. 146
TF16 - RECUPERAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE TOPOTIPOS HISTÓRICOS
PARA A LIQUENOLOGIA BRASILEIRA NO SANTUÁRIO DO CARAÇA ..... 147
TF17 - DIVERSIDADE DE HIFOMICETOS AQUÁTICOS NO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL PROFESSOR JOÃO VASCONCELOS SOBRINHO
(PNMPJVS)- PERNAMBUCO ................................................................................ 148
TF18 - ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS ENDOFÍTICOS DE
Ziziphus joazeiro ....................................................................................................... 149
TF19 - Absidia bahiensis sp. nov: UMA NOVA ESPÉCIE DE MUCORALES
(MUCOROMYCOTA) ISOLADA DE SOLO DA MATA ATLÂNTICA, NA
BAHIA, NORDESTE DO BRASIL ......................................................................... 150
TF20 - INVENTÁRIO DE ESPÉCIES DO GÊNERO Lentaria Corner
(BASIDIOMYCOTA) DEPOSITADAS EM HERBÁRIOS BRASILEIROS ........ 151
TF21 - PRIMEIRO RELATO DE Piptocephalis graefenhanii (ZOOPAGALES,
ZOOPAGOMYCOTINA) PARA A AMÉRICA DO SUL ...................................... 152
TF22 - CHECKLIST DE ESPÉCIES DE FUNGOS ZIGOSPÓRICOS ISOLADAS
DE SOLO DA MATA ATLÂNTICA DO NORDESTE DO BRASIL .................... 153
TF23 - MACROFUNGOS DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL PROFESSOR
JOÃO VASCONCELOS SOBRINHO, PERNAMBUCO, BRASIL ....................... 154
TF24 - CHECKLIST DE MUCORALES COPRÓFILOS DO PIAUÍ, BRASIL ..... 155

19
TF25 - PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE Syncephalis floridana (ZOOPAGALES),
UM FUNGO ZIGOSPÓRICO MICOPARASITA, NA AMÉRICA DO SUL ........ 156
TF26 - PRIMEIRO REGISTRO DE Mucor ellipsoideus (MUCOLARES,
MUCOROMYCOTINA) PARA A AMÉRICA DO SUL ........................................ 157
TF27 - Piptocephalis xenophila (ZOOPAGALES): UM PRIMEIRO RELATO
DESSE MICOPARASITA PARA O NEOTRÓPICO ............................................. 158
TF28 - INVENTÁRIO DA FAMÍLIA MERIPILACEAE (POLYPORALES)
DEPOSITADAS NO HERBÁRIO PADRE CAMILLE TORREND (URM) ......... 159
TF29 - LIOFILIZAÇÃO COMO UM MÉTODO ALTERNATIVO PARA
PRESERVAR FUNGOS NO GÊNERO Escovopsis J. J. Muchovej & Della Lucia,
1990 .......................................................................................................................... 160
RESUMOS EXPANDIDOS ......................................................................................... 161
REXP01 - FUNGITOXICIDADE DE AGROQUÍMICOS SOBRE Metarhizium
anisopliae var. anisopliae (METCHNIKOFF) SOROKIN USADOS NO
BIOCONTROLE DE Agrotis ipsilon (HUFNAGEL, 1766) .................................... 162
REXP02 - FUNGOS ENDOFÍTICOS DE Dyckia limae (BROMELIACEAE) DA
CAATINGA, BRASIL ............................................................................................. 167
REXP03 - NOVOS REGISTROS PARA O GÊNERO Geastrum Pers.
(BASIDIOMYCOTA) PARA RIO GRANDE DO NORTE E MATA ATLÂNTICA
.................................................................................................................................. 172
REXP04 - POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE ISOLADOS DE MUCOR
CIRCINELLOIDES ISOLADOS DA CAATINGA PERNAMBUCANA NA
PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE UTILIZANDO REJEITOS INDUSTRIAIS
COMO SUBSTRATO .............................................................................................. 177
REXP05 - DESENVOLVIMENTO DE Alternaria alternata EM RESPOSTA AO
USO DE FUNGICIDAS DO GRUPO TRIAZOL ................................................... 182
REXP06 - ANÁLISE DA EXTRAÇÃO DO DNA DE AMOSTRAS DE FUNGOS
UTILIZANDO TRÊS DIFERENTES PROTOCOLOS EM UMA AULA PRÁTICA
DO ENSINO SUPERIOR ......................................................................................... 187
REXP07 - SELOS POSTAIS NO ENSINO DE MICOLOGIA ............................... 192
PREMIAÇÃO............................................................................................................... 197
MENÇÃO HONROSA Resumos Simples ............................................................... 198
MENÇÃO HONROSA Prêmio Jovem Micologista Maria Auxiliadora De Queiroz
Cavalcanti ................................................................................................................. 199
GANHADORES Prêmio Jovem Micologista Maria Auxiliadora De Queiroz
Cavalcanti ................................................................................................................. 200
CONCURSO FOTOGRAFICO ................................................................................... 201
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. 206

20
PALESTRAS
21
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MICOLOGIA – SBMy
Dr. Robert Weingart Barreto

"TEN THINGS WRONG WITH MYCOLOGY TODAY”


Dr. Andrew Miller

BIODIVERDIDAD, ADN Y NUEVAS HERRAMIENTAS DE IDENTIFICACIÓN


Dra. Maria Paz Martín

INCT - REGISTRO E DIVULGAÇÃO DE DADOS SOBRE FUNGOS: POR QUE


IMPORTAM?
Dra. Leonor Costa Maia

60 + SETE: 67 ANOS DE MICOLOGIA EM PERNAMBUCO, BRASIL


Dr. Jadson Diogo Pereira Bezerra

TAXONOMIA DE FUNGOS À LUZ DA BIOLOGIA MOLECULAR:


MUDANÇAS E DESAFIOS
Dra. Ana Carla da Silva Santos

QUE CHEIRO É ESSE!? NOVAS PERSPECTIVAS RELACIONADAS À


IDENTIFICAÇÃO DE PATÓGENOS FÚNGICOS OPORTUNISTAS POR
NARIZ ELETRÔNICO
Dr. Cícero Pinheiro Inácio

MICOTOXINAS: IMPACTOS NA SEGURANÇA ALIMENTAR


Msc. Joenny Maria da Silveira de Lima

O ATUAL CENÁRIO DAS PESQUISAS ETNOMICOLÓGICAS NO BRASIL


Msc. Evelyn Rodrigues dos Santos

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO DE FUNGOS SENSU LATO EM ÁREAS DE


MATA ATLÂNTICA DO NORDESTE BRASILEIRO
Dra. Tatiana Baptista Gibertoni

BASIDIOMYCOTA MACROSCÓPICOS DA REBIO DE PEDRA TALHADA E


PARNAH DO MONTE PASCOAL
Msc. Virton Rodrigo Targino

FUNGOS MICORRÍZICOS ARBUSCULARES: HÁ CONEXÕES ENTRE


ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA?
Msc. Joana Suassuna da Nóbrega Veras & Msc. Lilian Araujo Rodrigues

22
MESAS
REDONDAS
23
I - CAATINGA: BIODIVERSIDADE, MUDANÇAS NA PAISAGEM E
CONSERVAÇÃO
- Diversidade, origem e evolução da flora da Caatinga
Dr. Moabe Ferreira Fernandes
- Mudanças na paisagem no semiárido nordestino
Dra. Jocimara Souza Britto Lobão
- Biodiversidade e conservação fúngica na Caatinga
Dra. Taimy Cantillo Pérez & Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão

II - INTERAÇÃO FUNGOS E ORGANISMOS FOTOSSINTETIZANTES NO


SEMIÁRIDO
- Interação fungos endofíticos e cactáceas no semiárido: biomoléculas e
adaptabilidade a ambientes extremos
Dra. Alice Ferreira da Silva
- Diversidade de fungos ectomicorrizicos no semiárido nordestino: ecologia,
bioprospecção e potencial de espécies comestíveis
Dr. Marcelo Aloisio Sulzbacher
- Glomeromycota em sedimentos aquáticos: o semiárido como nova fronteira
Dr. Bruno Tomio Goto
- Diversidade de microliquens do semiárido brasileiro
Dra. Marcela Eugenia da Silva Caceres

III - PROGRAMA DE PESQUISA EM BIODIVERSIDADE DO SEMIÁRIDO


- PPBIO Semiárido - Visão geral
Dr. Luís Fernando Pascholati Gusmão
- Fungos lamelados no semiárido
Dr. Felipe Wartchow
- Fungos gasteroides no semiárido
Dra. Bianca Denise Barbosa da Silva
- Ascomicetos assexuais do semiárido
Dra. Taimy Cantillo Pérez

IV - SISBIOTA - FUNGOS SAPRÓBIOS DO SEMIÁRIDO NORDESTINO X


CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS - PROJETO DO EDITAL CNPQ
(SISBIOTA) / FAPESP (BIOTA).
- Fungos sapróbios do semiárido nordestino x controle de doenças de plantas
Dr. Sergio Florentino Pascholati
- Controle de doenças no tomateiro por fungos sapróbios do semiárido
nordestino
Dra. Kátia Regina Freitas Schwan-Estrada
- Fungos sapróbios do semiárido nordestino no controle de doenças em soja e
tomateiro
Dra. Maria Isabel Balbi Peña
- Ação dos fungos sapróbios do semiárido nordestino no controle da ferrugem
do eucalipto
Dr. Edson Luiz Furtado

24
- O que o Phialomyces macrospora pode proporcionar de benefícios ao
cafeeiro?
Dr. Flávio Henrique Vasconcelos de Medeiros

V - ASCOMYCOTA E MYXOMYCETES EM ARECACEAE


- Ascomycota sexuais em Syagrus coronata no seminárido nordestino
Dra. Nadja Santos Vitória
- Ascomycota liquenizados e anamórficos em Syagrus coronata no sertão da
Bahia
Ma. Maiara Araújo Lima dos Santos
- Myxomycetes em palmeiras no Semiárido do Piauí
Dra. Marcia Percilia Moura Parente

VI - A FUNGA DO SEMIÁRIDO SOB A PERSPECTIVA DAS FILOGENIAS


MOLECULARES
- Revelações na diversidade de políporos xantocroicos associados aos bosques
tropicais estacionalmente secos da América do Sul
Dr. Carlos Alberto Salvador Montoya
- História molecular de fungos da mata branca
Dr. Thiago Accioly de Souza

VII - LACUNAS DO CONHECIMENTO NO SEMIÁRIDO


- Brazilian Zombie-Ant Fungi: diversity, evolution and future perspectives
Dr. João Paulo Machado de Araújo
- Fungi inhabiting fungus-farming ant colonies: friends and enemies living
together
Dr. Quimi Vidaurre Montoya

VIII - BIOCONTROLE E BIORREMEDIAÇÃO UTILIZANDO FUNGOS


- Espécies de Fusarium eficientes no controle biológico de insetos-praga que
ocorrem na região Nordeste do Brasil
Dra. Patricia Vieira Tiago
- Fungos e extratos botânicos: possibilidades para o uso de tais agentes
combinados no controle de insetos-praga
Dra. Athaline Gonçalves Diniz
- Micorremediação: fungos na decomposição de poluentes ambientais
Msc. Valéria Ferreira da Silva Costa Santana

IX - DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA DA UFPE E AÇÕES DE EXTENSÃO


- As ações extensionistas e suas contribuições para o ensino de Micologia
Dra. Laura Mesquita Paiva
- Micologia para o público infantil
Dra. Tatiana Baptista Gibertoni
- O projeto “A decomposição e os amigos invisíveis do solo” e seus primeiros
desdobramentos
Dra. Elaine Malloso

25
X - CONHECENDO A DIVERSIDADE OCULTA DE BASIDIOMYCOTA NA
AMAZÔNIA BRASILEIRA
- Diversidade de fungos coraloides na Amazônia: o que sabemos?
Dra. Angelina de Meiras-Ottoni
- Fungos corticioides da Amazônia brasileira
Dra. Renata dos Santos Chikowski
- O mundo escondido dos Dacrymycetes na Amazônia
Dr. Renato Lúcio Mendes Alvarenga

XI - FUNGOS E MIXOMICETOS EM DIFERENTES NÍVEIS DE ENSINO-


APRENDIZAGEM: OS DOIS LADOS DA MOEDA
- Fungos e Mixos: da formação de professores ao desenvolvimento de
estratégias para incrementar o ensino-aprendizagem de Ciências
Dra. Solange Xavier dos Santos
- Experiências no ensino sobre mixomicetos na graduação e pós-graduação
Dra. Laise de Holanda Cavalcanti Andrade
- Atividades de laboratório e sala de aula com mixomicetos com crianças e
adolescentes
Msc. Elaiza Rodrigues da Rocha Santos
- O mixobaralho: um recurso para fixação de aprendizagem
Msc. Evelyn Rodrigues dos Santos

XII- MUCORMICOSE: ATUAIS INSIGHTS NO CONTEXTO PANDÊMICO


- Covid 19 X Mucormicose
Dra. Oliane Maria Correia Magalhães
- Quem são os "Fungos Negros"
Dr. André Luiz Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago
- Entendendo a Mucormicose
Dr. Reginaldo Gonçalves de Lima Neto

26
MINICURSOS
27
Fermentação para produção de enzimas por fungos: Pequeno diário de bordo para
cientistas aprendizes
Msc. Ana Patrícia Sousa Lopes de Pádua & Msc. Letícia Francisca da Silva

Os fungos e suas micotoxinas: Do campo à mesa


Msc. Joenny Maria da Silveira de Lima Gaston & Msc. Laureana de Vasconcelos
Sobral

Fungos Fitopatogênicos: fungos necrotróficos x fungos biotróficos e técnicas para


análise e isolamento
Msc. Amanda Cupertino de Queiroz Brito & Msc. Juliana Ferreira de Mello

Isolamento e identificação de fungos zigospóricos de solo e excrementos


Msc. Leslie Waren Silva de Freitas & Msc. Mateus Oliveira da Cruz

Da teoria à prática: conhecendo a taxonomia e biologia dos fungos liquenizados


Msc. Isaias de Oliveira Junior & Msc. Lidiane Alves dos Santos

Destrinchando os fungos gasteroides: bufas de lobo, ninhos de passarinho, estrelas


da terra, bolas de canhão, falsas trufas e chifres fedorentos.
Msc. Gislaine Cristina de Souza Melanda & Rafaela Araújo Ferreira Gurgel

Introdução à filogenia molecular para Basidiomicetos: Da edição de sequências ao


filograma
Dra. Angelina de Meiras Ottoni; Dr. Renato Lúcio Mendes Alvarenga & Dra. Renata
dos Santos Chikowsk

Coleta e isolamento de fungos endofíticos do bioma Caatinga


Dra. Gianne Rizzuto Araújo Magalhães

Micorremediação: descontaminando efluentes com fungos e seus metabólitos


Msc. Anna Gabrielly Duarte Neves

Banco de Culturas UCP: Retardando o relógio biológico dos fungos com potencial
biotecnológico
Dra. Adriana Ferreira de Souza

FANCs – Fungos alimentícios não convencionais


Dra. Larissa Trierveiler Pereira

Noções básicas e taxonômicas de ascomicetos assexuais


Msc. Carolina Ribeiro Silva; Deivid Acauã Nascimento Moraes & Victoria Souza
Alves

28
Introdução a informação industrial - patentes
Msc. Vivianne Lays Ribeiro Cavalcanti

A arte e a ilustração científica na micologia: Fundamentos e utilizações


Dr. Rhudson Henrique Santos Ferreira da Cruz

Métodos para reconstrução de relações filogenéticas de fungos


Dr. Genivaldo Alves Silva

Ferramentas lúdicas e digitais aplicadas à Micologia


Dra. Danielle Barros Silva Fortuna & Dr. Jorge Luiz Fortuna

29
PRÊMIO JOVEM
MICOLOGISTA MARIA
AUXILIADORA DE
QUEIROZ CAVALCANTI
Candidatos Graduação
30
PJMG01 - SELEÇÃO DE ÁREAS PARA
CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES COM
POUCOS REGISTROS DE OCORRÊNCIA
DA ORDEM POLYPORALES
Ailton Matheus Avelino de Oliveira1; Renato Lúcio Mendes Alvarenga1 &
Tatiana B. Gibertoni1
1Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: ailton.matheus1@gmail.com

INTRODUÇÃO
Agaricomycetes é uma das classes pertencentes ao filo Basidiomycota,
apresentando aproximadamente 31.143 espécies (He et al. 2019) e compreendendo
basicamente os Basidiomycota macroscópicos conhecidos popularmente como
cogumelos, orelhas de pau, estrelas da terra, entre outros. Polyporales Gäum 1926, uma
das ordens de Agaricomycetes, apresenta aproximadamente 18 famílias, 285 gêneros e
2544 espécies (He et al. 2019). É um grupo bastante diversificado e fortemente ligado ao
ciclo do carbono, pois representam os mais eficientes decompositores de madeira. Podem
ser divididos em podridão branca, eficientes na decomposição tanto da lignina quanto da
celulose, e podridão parda, possuindo somente a capacidade de decompor a celulose
(Eastwood et al. 2011; Binder et al. 2013).
A modelagem preditiva de distribuição de espécies (MDE) é, atualmente, umas
das ferramentas utilizadas para prever a distribuição das espécies, comotambém, analisar
as ocorrências e variações ambientais de determinada espécie, sendo também utilizada
largamente para a identificação de áreas prioritárias para conservação (Velazco et al.
2020). Dessa forma, a MDE, por meio dos algoritmos, mostra previsões confiáveis de
áreas potenciais para a ocorrência da espécie. Vale salientar que as áreas apresentadas
pela MDE são possíveis áreas de ocorrência daespécie e não que a espécie ocupe o lugar
literalmente (Giannini et al. 2012).

OBJETIVOS
Analisar a distribuição potencial de espécies com poucos pontos de registros da
ordem Polyporales, além de listar as espécies brasileiras com poucos registros de
ocorrência e detectar áreas para conservação das espécies selecionadas.

METODOLOGIA
Foram selecionadas nove espécies utilizando o speciesLink e GBIF
(http://www.splink.org.br/ e https://www.gbif.org). Essas espécies foram avaliadas,em
um estudo anterior (FACEPE BIC-0382- 2.03/19), pelos critérios da International Union
for Conservation of Nature (IUCN) (Tabela 1). Os pontos de ocorrência (longitude e
latitude) foram extraídos dos registros de herbários GBIF e SpeciesLink, além de registros
de ocorrência em artigos (Tabela 1)

31
Tabela 1. Estimativa da contribuição (%) média das variáveis ambientais (CL = climáticas, TO =
topográfica, CT = Cobertura da terra) utilizada na modelagem MaxEnt das espécies selecionadas e os
valores do AUC (Area Under Curve) de cada espécie, com registro de ocorrências das espécies
selecionadas, e a sugestão previa do status de conservação na IUCN e no Brasil, elaborado em um estudo
anterior (FACEPE BIC-0382-2.03/19). Legenda: NC – Não consta, NT – Quase Ameaçada, LC – Não
Ameaçada
Registros de Contribuição das Variáveis (%)
Status Status
Espécies Ocorrências
IUCN Brasil C T B
/ Locais AUC

Amauroderma boleticeum (Pat. &


27/18 NC NT 0,942 77,80 0,00 22,20
Gaillard) Torrend

A. laccatostipitatum Gomes- NC
08/05 NT 0,992 50,80 15,30 33,70
Silva, Ryvarden & Gibertoni

A. macrosporum J.S. Furtado 35/15 NC NT 0,932 16,20 3,60 71,30

A. sessile Gomes-Silva, NC
06/04 NT 0,947 52,20 18,70 29,10
Ryvarden & Gibertoni

Ganoderma guianensis Decock NC


09/01 NT 0 0,00 0,00 0,00
& Ryvarden, 2004

G. zonatum Murrill 346/09 NC LC 0,936 23,80 16,00 60,20

Nigroporus macroporus NC
14/08 NT 0,929 31,80 0,00 68,20
Ryvarden & Iturr.

Phanerochaete hiulca (Burt) NC


18/10 NT 0,981 58,70 0,00 41,30
A.L. Welden

Polyporus recurvatus Theiss. 12/05 NC NT 0,998 30,80 0,00 69,20

Rigidoporus aurantiacus NC
08/05 NT 0,885 10,50 0,00 89,50
Ryvarden & Iturr.

Para modelagem das espécies, foi utilizado o programa Máxima Entropia –


MaxEnt (Phillips et al. 2006). Também foram realizadas 10 réplicas para cada espécie
para avaliar os mapas de adequação do habitat que foram visualizados e editados no
programa QGIS. Os valores de AUC (Area Under Curve), obtidos individualmente para
cada espécie, foram utilizados para a verificação do desempenho do modelo. Esses
valores obtidos variam de 0 a 1, significando que, se o resultado for menor que 0,7
classificamos como um baixo desempenho, entre 0,7 a 0,9 com um desempenho
significativo e maior que 0,9 como um excelente desempenho (Elith et al. 2006).
Para os modelos de distribuição, foram incluídas todas as 19 camadas climáticas
ambientais, como também a variável topográfica, disponíveis no banco de dados do
WorldClim (https://www.worldclim.org/). Além dessas variáveis, também foram
incluídas todas as 12 variáveis de cobertura da terra, extraídas do site Global 1-km
Consensus Land Cover - EarthEnv (https://www.earthenv.org/landcover) (Tuanmu &
Jetz 2014). Adicionalmente, a fim de reduzir a colinearidade das variáveis, foi utilizada
a análise de PCA. Entretanto, devido ao baixo número de locais de ocorrência, não foi
possível verificar as variáveis de forma efetiva. Desta forma, seguindo o trabalho Yuan
et al. (2015) e Choden et al. (2021), todas as variáveis foram utilizadas para a realização
dos modelos de distribuição.

32
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria dos modelos gerados apresentou excelente desempenho preditivo
utilizando como critério o valor AUC ≥ 0,9 (Elith et al. 2006) (Tabela 1). Das variáveis
utilizadas, as de cobertura da terra apresentaram a maior contribuição percentual para os
modelos, com média de 48,5%, enquanto que as climáticas apresentaram 36,2% e a
topográfica apenas 5,4%.
Polyporus recurvatus apresentou o melhor desempenho preditivo de AUC,
embora seu mapa de adequabilidade tenha demonstrado uma amplitude de nicho restrita,
o mesmo ocorrendo para A. macrosporum, A. boleticeum, A. laccatostipitatum e P. hiulca
(Tabela 1; Figura 1).
As áreas previstas para A. sessile, G. zonatum, N. macroporus e R. aurantiacus
descreveram uma amplitude de nicho extensa, abrangendo diversas unidades de
conservação, que apresentam grande importância para conservação das espécies,
alterando a sugestão prévia de categorização em Quase Ameaçada (NT) para Não
Ameaçada (LC) na IUCN, para A. sessile, N. macroporus e R.aurantiacus, mantendo Não
Ameaçada (LC) para G. zonatum (Tabela 1). Entretanto, para A. boleticeum, A.
laccatostipitatum, A. macrosporum, P. hiulca e P. recurvatus,o resultado sugere que a
amplitude de nicho para essas espécies seja bastante restrita, abrangendo poucas unidades
de conservação, vindo a ser uma problemática para a conservação dessas espécies e
confirmando a prévia sugestão de categorização em Quase Ameaçada (NT).
Embora os modelos tenham obtido excelentes resultados, é necessário um estudo
mais aprofundado para cada espécie para determinar a sua real distribuição. Além disso,
a maioria das espécies analisadas foi determinada apenas por estudos morfológicos,
enquanto avanços nos estudos moleculares detectam cada vez mais complexos de
espécies em uma única morfoespécie Fernández-López et al. (2020).
Recentemente, Fernández-López et al. (2020) combinaram MDE e análise
moleculares de BGSR (Barcoding Gap Species Recognition) para possíveis espécies do
gênero Xylodon. Os autores observaram que uso combinado dessas duas metodologias
pode ser uma abordagem interessante para o reconhecimento dadistribuição de espécies
ainda não conhecidas para ciência e que as variáveis geográficas (topográficas)
apresentaram 53,74% de contribuição para o modelo, enquanto as climáticas
apresentaram 41,68% e as variáveis bióticas com o menor valor preditivo cerca de 6,98%.
Portanto, um estudo mais aprofundado com a delimitação dessas espécies com análises
moleculares poderia ser útil para resolver a incerteza taxonômica das espécies
identificadas apenas com análise morfológica, como para P. recurvatus, R. aurantiacus,
A. macrosporum, A. boleticeum e N.macroporus.
Na análise do trabalho, as variáveis de coberturas da terra apresentaram umamaior
contribuição percentual, com a variável Class 9 – Urbano/Construído influenciando
grande parte dos modelos, especialmente o de P. recurvatus e A. macrosporum. Contudo,
mesmos com os dados excelentes, as espécies não estão isentas das problemáticas atuais,
pois grande parte das ocorrências que foramextraídas dos bancos de dados apresentavam-
se em biomas criticamente fragilizados pelas ações antrópicas (Fearnside 2006; Klink &
Machado 2005). Portanto, é de extrema importância analisar os locais de ocorrência das
espécies, especialmente para as espécies com amplitude de nicho restrito, a fim de
priorizaras áreas que não são protegidas ou ampliar as áreas de conservação já existentes.

33
Figura 1. Mapa da adequabilidade do habitat com os registros de presença. Link das imagens
ampliadas:https://drive.google.com/drive/u/0/folders/1ifpRoVgR4jMetL9QDWs5SUb3CKSdk_Tv

CONCLUSÕES
A modelagem preditiva de espécies é uma ferramenta importante para estimar
não só a distribuição das espécies com ampla ocorrência, como também para espécies
com poucos pontos de ocorrência. Nesse sentido, a MDE é uma excelente ferramenta para
avaliar a distribuição potencial das espécies e, assim, aplicar métodos conservacionista
em espécies com uma distribuição potencial restrita, como é o caso das espécies P.
recurvatus, A. macrosporum, A. boleticeum, A. laccatostipitatum e P. hiulca,
diferentemente de N. macroporus, R. aurantiacus e A. sessile, que apresentaram mapas
com extensas áreas de adequabilidadebioclimática, abrangendo grande parte do país, e
grandes unidades de conservação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHODEN, K. et al. The potential impacts of climate change on the distribution of key
tree species and Cordyceps in Bhutan: Implications for ecological functions and rural
livelihoods. Ecological Modelling, 455, 109650. 2021.
BINDER, M. et al. Phylogenetic and phylogenomic overview of the Polyporales,
Mycologia. 05:6, 1350-1373. 2013.

34
EASTWOOD, D.C. et al. The plant cell wall-decomposing machinery underlies the
functional diversity of forest fungi. Science 333:762–765. 2011.
ELITH, J. et al. Novel methods improve prediction of species’ distributions from
occurrence data. Ecography, 29: 129-151. 2006.
FEARNSIDE, P.M. Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e controle. Acta
Amazonica [online]. 2006, v. 36, n. 3. pp. 395-400. Epub 12 Jan 2007. ISSN 1809-
4392.
FERNÁNDEZ-LÓPEZ, J. et al. Linking morphological and molecular sources to
disentangle the case of Xylodon australis. Scientific Reports, 10(1). 2020.
GIANNINI, T.C. et al. Desafios atuais da modelagem preditiva de distribuição de
espécies. Rodriguésia. Rio de Janeiro, v. 63, n. 3, p. 733-749. 2012.
HE, M.Q. et al. Notes, outline and divergence times of Basidiomycota. FungalDiversity
99, 105–367. 2019.
KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro. In:
Megadiversidade. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade no
Brasil. Vol 1, 1: 147-155. Belo Horizonte: Conservação Internacional. 2005.
PHILLIPS, S.J.; ANDERSON, R.P.; SCHAPIRE, R.E. Maximum entropy modeling of
species geographic distributions. Ecological Modelling, 190: 231-259. 2006.
TUANMU, M.N.; JETZ, W. A global 1-km consensus land-cover product for
biodiversity and ecosystem modeling. Global Ecology and Biogeography 23(9): 1031-
1045. 2014.
VELAZCO, S.J.E. et al. Overprediction of species distribution models in conservation
planning: A still neglected issue with strong effects. Biological Conservation, Volume
252, 108822, ISSN 0006-3207. 2020.
YUAN, H.S. et al. Maxent modeling for predicting the potential distribution of
Sanghuang, an important group of medicinal fungi in China. Fungal Ecology, 17, 140–
145. 2015.

35
PJMG02 - POPULARIZAÇÃO DOS
FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS NO
BRASIL: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
ROMPENDO AS BARREIRAS DA
PANDEMIA
Julie Erica da Rocha Alves1& Jober Fernando Sobczak2
1
Instituto de Ciências e da Natureza, ICEN, UNILAB.
2
Instituto de Ciências e da Natureza, ICEN, UNILAB.
Autor para correspondência: julie.erica49@gmail.com

INTRODUÇÃO
O Reino Fungi faz parte do Domínio Eukarya (CAVALIER-SMITH, 1998) e
neste grupo estão incluídos os fungos entomopatogênicos. Que são considerados
microrganismos capazes de infectar artrópodes, utilizando o corpo dos hospedeiros
como substrato para desenvolver-se (DEVOTTO et al., 2000). Quando levado em
consideração tal interação, muito se tem discutido sobre conceitos e descrições,
focando em sua classificação, morfologia, ecologia e reprodução. Nessa perspectiva,
identificam-se problemas referentes à contextualização deste tema para o público em
geral, sendo poucos os trabalhos que abordam esses conceitos de maneira acessível
(SILVA, 2009). A maioria das pessoas associam os fungos apenas a agentes causadores
de doenças ou prejuízos econômicos, estando os fungos entomopatogênicos no centro
de tais julgamentos.
Quando condicionamos apenas às doenças por eles causadas, não explorando
os benefícios advindos de tal relação, esquecemos das suas ações de importância na
natureza, inclusive de suas relações com os demais seres vivos, afastando o interesse
das pessoas para compreensão e estudo desses microrganismos. Segundo Mora (2015),
os fungos entomopatogênicos atuam efetivamente no processo de controle biológico na
natureza, controlando populações de insetos e aracnídeos (SCHOLTE et al., 2004).
A relevância dos fungos para o planeta e seus habitantes precisam ser melhor
discutidas para além dos espaços acadêmicos, a divulgação científica se estabelece
como sendo, um instrumento que populariza o conhecimento produzido pela
comunidade científica (MASSARANI, 1988). Nesse sentido, um público ampliado,
com características de interesse em ciência ou fora da comunidade científica, pode-se
configurar numa nova composição de público. O paradoxo da pandemia da COVID-19
nos forçou a criar diversas estratégias em todos os contextos na sociedade
contemporânea, inclusive na divulgação científica. O período tem sido marcado por
transformações nas formas de contato entre as pessoas, com ampliação do uso das
tecnologias digitais de informação e comunicação (LIN & FISHER, 2020).

OBJETIVOS
O objetivo do trabalho é proporcionar maior acesso à informação e ao
conhecimento não somente a um público especializado, mas também a outro, mais
amplo, através do ensino e divulgação dos fungos entomopatogênicos.

36
METODOLOGIA
Inicialmente foram utilizadas páginas na rede social Instagram com o objetivo
de divulgação científica e produção de conteúdos digitais, educativos e
sensibilizadores, para isso criou-se o @entomopathogenic.fungi página exclusiva para
abordar conteúdos de fungos entomopatogênicos, e a página já existente
@ecolab_unilab, de autoria do grupo de pesquisa em ecologia e recursos naturais. A
produção dos posts e textos foi feita após leitura e análise dos conteúdos pesquisados e
posterior correção e realizou-se a transposição didática através de recursos visuais
elaborados no software online Canva.
Além destas atividades, foi possível ministrar 4 palestras, 1 mesa redondas e 2
podcasts e 1 animação, em eventos que tinham como interesse as áreas de micologia e
ecologia, as ações foram desenvolvidas com o uso de mídias sociais como, youtube na
modalidade de transmissão ao vivo (popularmente conhecido como palestras ou
“live”), google meet e spotify.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os temas das postagens têm como foco principal discussões acerca das diversas
vertentes dos fungos entomopatogênicos, de maneira acessível para o público, ligando os
posts produzidos à realidade das pessoas (como filmes e HQ’s), para que elas se sintam
mais próximas das temáticas. A ideia das produções desenvolvidas nas redes sociais, visa
trabalhar a comunicação científica, que é basicamente, à disseminação de informações
especializadas entre profissionais das mesmas áreas, mas também transformar esse
conteúdo, através da divulgação científica, que cumpre função primordial de
democratizar o acesso ao conhecimento científico e estabelecer condições para a chamada
alfabetização científica (BUENO, 2010) (Figura 1).

Figura 1. Exemplos de publicações criadas e publicadas no Instagram do projeto Instagram


@entomopathogenic.fungi.

A conta do Instagram @entomopathogenic.fungi, até a data de aceite do


trabalho, possuía 27 publicações e 1.720 seguidores. Em uma busca detalhada na rede
social Instagram foi possível verificar que a única página criada até o momento que é
destinada exclusivamente para divulgação científica dos fungos entomopatogênicos, é
o @entomopathogenic.fungi. Observou-se a partir disso um crescimento gradual de
engajamentos e interações do perfil desde a sua criação, como era esperado.
A partir do engajamento e visibilidade advindo dos posts produzidos nas redes
sociais do Instagram, surgiram diversos convites para ministrar em eventos. A primeira

37
palestra teve como título “Ecologia e evolução dos fungos entomopatogênicos:
Mecanismos de Infecção e manipulação comportamental”, do evento 1° Ciclo de
palestras ecologia na quarentena, pelo grupo de pesquisa em ecologia e recursos
naturais, realizado entre os dias 01 ás 05 de junho de 2020. A palestra aconteceu através
do canal no youtube “Ciência na quarentena”, somando 395 visualizações.
A segunda palestra teve como título “Todo fungo faz mal? Entendendo as
causas e os agentes de patogenicidade na saúde animal”, no evento online BIOATIVO:
Biologia na Quarentena, ofertado pelo CA do curso de Ciências Biológicas da Unilab,
realizado entre os dias 13 e 18 de julho de 2020. Ocorreu através de uma
videoconferência pela plataforma google meet, totalizando 150 inscritos. Fungos
entomopatogênicos: zumbis da natureza foi o tema da terceira palestra. No I Encontro
de Extensão e Pesquisa em Micologia do projeto Fungus Extremus, realizado entre os
dias 03 a 14 de agosto de 2020. Foi um evento voltado para profissionais da área ou
admiradores, a palestra aconteceu através do canal no youtube “Fungus Extremus”,
somando 613 visualizações.
A quarta palestra ocorreu na I Jornada Acadêmica da Biologia do Instituto
Federal Farroupilha, realizada de 10 de novembro a 8 de dezembro de 2020. A palestra
aconteceu através do canal no youtube “Coordenação de Tecnologia da Informação-
Panambi”, somando 220 visualizações. Já a mesa redonda teve como título “Interações
entre fungos e insetos”, onde dialogou-se sobre “Processo infeccioso causado por
fungos Entomopatogênicos”, durante o VI Encontro Acadêmico “MycoTalk” (Figura
2a). A mesa redonda ocorreu no youtube “MycoTalk”, somando 1.313 visualizações.
A partir da participação no evento houve um posterior convite para colaborar em um
podcast intitulado “Mycocast” (Figura 2b). O episódio tem como título “Ciência: entre
achados e desafios”, em que discutia as dificuldades e falta de espaço dos fungos
entomopatogênicos em diálogos científicos.

Figura 2. Material de divulgação; (a) - cartaz de convite da mesa redonda e (b) – Podcast “Ciência: entre
achados e desafios”.

Houve participação no projeto Educa Periferia, uma rede colaborativa iniciada


na Pandemia para apoiar estudantes e professores que ficaram sem acesso às escolas,
onde semanalmente são postados conteúdos educativos inéditos em som (no IGTV, no
blog e em formato de "Mini-Podcast, através do youtube e spotify). Sendo o episódio
narrado intitulado “Fungos, Formigas e Zumbis”, tendo como objetivo levar o
conhecimento dos fungos entomopatogênicos para o público do ensino básico (Figura
3).

38
Figura 3. Material de divulgação do IGTV, youtube e spotify do episódio.

CONCLUSÕES
De acordo com as atividades desenvolvidas, fazem-nos acreditar em uma maior
aproximação entre os públicos da comunicação e divulgação científica. É fato que
existe um campo aberto para o surgimento de novas tecnologias e oportunidades em
relação aos meios de comunicação e transferência de informação entre o público
acadêmico e o não acadêmico. Com as participações nos eventos, além de permitir a
disseminação de informações sobre os fungos entomopatogênicos, também propiciou
análise e debate entre os pesquisadores e participantes dos eventos. Este tipo de
atividade virtual (live ou palestras) é importante para a interação e difusão de
conhecimento na internet. Dessa forma, avaliamos que a proposta de criação do
Instagram foi exitosa e o conteúdo de divulgação científica veiculado no YouTube é
uma estratégia que deve ser ampliada e melhorada para potencializar a comunicação
científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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rupturas conceituais. Informação & Informação, v. 15, n.1 esp, p. 1-12, 2010.
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Universidade Federal Rural de Pernambuco: 2009.

39
PJMG03 - FRUTIFICAÇÃO DE Pleurotus
ostreatus var. florida (Jacq,) P, Kumm, NO
MESOCARPO DO COCO VERDE COM
DIFERENTES RESÍDUOS
AGROINDUSTRIAIS
Vitória Tereza Negrão de Albuquerque1; Nadja Vitória2 & Adna Sousa3
1CBIOTEC, UFPB.
2UNEB.
3Departamento de Biologia Celular e Molecular, CBIOTEC, UFPB.
Autor para correspondência: vitoriatndealb@gmail.com

INTRODUÇÃO
A cultura de cogumelos a partir da técnica Jun-Cao tem-se revelado umaalternativa
para um melhor aproveitamento de resíduos que muitas vezes são descartados de forma
ambientalmente nociva, considerando que o complexo enzimático fúngico degrada uma
variedade de materiais lignocelulolíticos e somado a isso, ao final da cultura, obtém-se
um produto de elevado valor nutricional e gastronômico, o cogumelo (SEKAN et al.,
2019).
Novas formas de reutilizar e agregar valor aos subprodutos descartados por
pequenas agroindústrias são cruciais para a melhoria da gestão de resíduossólidos urbanos.
Já que muitas vezes os descartes são feitos de forma imprudente, contribuindo para a
disseminação de vetores de doenças e diminuição do tempo de vida útil de aterros
sanitários (SILVA et al., 2019).
Portanto, visando baratear o processo de produção direcionado para a reutilização
de resíduos descartados na região paraibana, buscou-se reutilizar o bagaço de malte;
bagaço de cana-de-açúcar; fibra de coco; borra do café e gesso agrícola na composição
de diferentes formulações para um cultivo acondicionado no endocarpo do coco verde
para avaliar também o uso de um recipiente de cultivo biodegradável.

OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo avaliar o vigor micelial e a frutificação do cogumelo
comestível Pleurotus ostreatus var. florida no endocarpo do coco verde contendo
diferentes formulações de resíduos agroindustriais.

METODOLOGIA
Para o teste de frutificação foi utilizada a banda do coco verde (unidade composta
pelo endocarpo, mesocarpo e epicarpo) como um recipiente. E os substratos - bagaços de
malte e de cana-de-açúcar; fibra de coco verde; borra de café; gesso agrícola e o arroz
comercial como grupo controle. A borra de cafée o gesso agrícola foram utilizados como
suplementos. As concentrações e formulações dos tratamentos estão descritas na Tabela
1.

40
Tabela 01: Formulações para fungicultura de Pleurotus ostreatus var. florida.
Tratamentos em cocoverde reciclado Substratos/Proporções
(TC)
TC1 (Controle -) Arroz (100%)
TC2 (Controle +) Arroz (98%) + Gesso agrícola (2%)
TC3 Bagaço de malte (100%)
TC4 Bagaço de malte (98%) + Gesso agrícola (2%)
TC5 Bagaço de malte (98%) + Borra de café (2%)
TC6 Bagaço de malte (96%) + Borra de café (2%) + Gesso
agrícola (2%)
TC7 Bagaço de malte (48%) + Borra de café (2%) + Gesso
agrícola (2%) + Fibra de coco (48%)
TC8 Bagaço da cana-de-açúcar sem lavagem (100%)
TC9 Bagaço da cana-de-açúcar sem lavagem (98%) +Gesso
agrícola (2%)
TC10 Bagaço da cana-de-açúcar sem lavagem (98%) +Borra
de Café (2%)
TC11 Bagaço da cana-de-açúcar sem lavagem (96%) +Borra
de Café (2%) + Gesso agrícola (2%)
TC12 Bagaço da cana-de-açúcar sem lavagem (48%) + Café
(2%) + Gesso agrícola (2%) + Fibra de coco (48%)
TC13 Bagaço da cana-de-açúcar lavada (100%)
TC14 Bagaço da cana-de-açúcar lavada (98%) + Gesso
agrícola (2%)
TC15 Bagaço da cana-de-açúcar lavada (98%) + Borra deCafé
(2%)

Todos os substratos foram pesados, acondicionados no endocarpo da banda do coco


verde, posteriormente colocados dentro de sacos plásticos e autoclavados a 121 ºC por 15
minutos. Para inoculação foram utilizados discos (10 mm) de micélio. O experimento foi
avaliado durante 30 dias desde ainoculação até a frutificação. Para todos os tratamentos
foram realizadas três repetições. A avaliação dos parâmetros produtivos se deu a partir da
análise de rendimento (R%) (CHANG et al., 1981); eficiência biológica (EB %)
(BISARIA et al., 1987) e produtividade (g/dia) (HOLTZ et al., 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre todos os tratamentos, TC3; TC4; TC6; TC7; TC13; e TC15 apresentaram
colonização completa após 15 dias de incubação, porém com variação na densidade do
micélio (Figura 1).

41
Figura 1. Cocos verdes reciclados com substratos completamente colonizados pelo micélio de
Pleurotus ostreatus var. florida após 15 dias. A: TC3 (Bagaço de malte). B: TC4 (Bagaço de malte + Gesso
Agrícola). C: TC6 (Bagaço de malte + Borra de café + Gesso Agrícola). D: TC7 (Bagaço de malte +Borra
de café + Gesso Agrícola + Fibra de coco verde). E: TC13 (Bagaço decana-de-açúcar lavado). F: TC15
(Bagaço de cana-de açúcar lavado + Borra de café + Gesso Agrícola + Fibra de coco verde).

Os tratamentos TC3, TC6, e TC7 geraram basídios e apresentaram maiordensidade


micelial quando comparados com as outras formulações (Figuras 2A,2C e 2D). A variação
na densidade e compactação/vigor micelial ocorrem devido à variação na composição
química dos substratos. Contudo, outro fator é a granulometria dos substratos,
referenciada por Membrillo et al (2011) compartículas entre 0,92 mm e 1,68mm. Assim,
quanto menor o tamanho das partículas, mais eficiente é a colonização de micro-
organismos aeróbios, principalmente fungos e leveduras. Os tratamentos que
apresentaram corpos de frutificação em menor tempoforam TC6 e TC7 (Figura 2).

Figura 2. Frutificação de Pleurotus ostreatus var. florida nos tratamentos TC3, TC6 e TC7 usando coco
verde reciclado como recipiente para cultivo. A: Primeiros primórdios dos basidiomas - TC3(Malte). B:
Cogumelo adulto - TC6 (Malte + café + gesso agrícola). C: Cogumelo adulto - TC7 (Malte + fibra do coco
+ café +gesso agrícola).

A partir dos tratamentos que geraram basidiomas foi calculado o rendimento (%),
a eficiência biológica (EB) (%) e a produtividade dos corpos defrutificação (Tabela 2). A
eficiência biológica (EB) demonstra a adequação do substrato ao cultivode uma espécie
específica. Quanto maior os valores de EB, maior a adequaçãodo substrato para o cultivo
de determinada espécie de cogumelo. Assim, os resultados mostram que quando
devidamente suplementado, o bagaço de maltese torna um composto promissor para a

42
fungicultura. Por conseguinte, também indica que o uso de um recipiente biodegradável
como o coco verde para acomodar o substrato é possível para a produção. Pois pode
fornecer nutrientesextras e retenção de umidade, considerando que a banda do coco verde
constituída pelo endocarpo em conjunto com o mesocarpo possui morfologia semelhante
às árvores hospedeiras dos macrofungos em seu habitat natural (MARGARETTA et al.,
2018).

Tabela 02. Valores médios de produção (kg cogumelo fresco), rendimento (%), eficiência biológica (%) e
produtividade (kg cogumelo/kg substrato) do cogumelo Pleurotus ostreatus var. florida cultivado em
diferentes formulações com resíduo agroindustrial.

Produção total Rendimento


Tratamentos EB² (%) Produtividade
(g/cogumelo fresco) (%)
TC3 14,63 24,7 68 0,37
TC6 23,60 19,6 103 0,40
TC7 9,35 16,6 42 0,32
Teste F 12,0 (p<0,06) 0,004 (p<0,01)
CV%3 21,68 7,22
TC3: Malte; TC6: Malte + café + gesso agrícola; TC7: Malte + fibra de coco + café + gessoagrícola. EB2: Eficiência
Biológica. 3Coeficiente de variação.

CONCLUSÕES
O bagaço de malte mostrou ter maior potencial como substrato base paraa produção
de semente/inóculo para P. ostreatus var. florida evidenciando o potencial de reutilização
de resíduos cervejeiros. E a formulação ideal para melhor produtividade foi bagaço de
malte suplementado com 2 % de café reciclado e 2 % de gesso agrícola. Ademais, o coco
verde reciclado revelou ser um recipiente viável para o cultivo de cogumelos, por
possivelmente favorecer afrutificação através de enriquecimento nutricional e retenção
de umidade. Contudo, para uma análise de viabilidade do cultivo de cogumelos
reutilizando a banda do coco verde descartada são necessários futuros estudos
comparativosutilizando outros recipientes de cultivo já utilizados na fungicultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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43
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SILVA, S. et al. Resíduo de coco verde na cidade de João Pessoa. Fórum Internacional
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44
PJMG04 - O FUNGO ECTOPARASITA
Mattirolella silvestrii S.COLLA NO BRASIL
Nathália U. Ferretti-Cisneros1; Priscila S. Souza1; J. Renato C. Barbosa1; Rivete
S. Lima1; Alexandre Vasconcellos1 & Felipe Wartchow1
1
Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Sistemática e Ecologia, João
Pessoa, Paraíba, Brazil.
Autor para correspondência: nathaliaferrettic@gmail.com

INTRODUÇÃO
O gênero Mattirolella S. Colla, compreendendo ectoparasitas originalmente
tratados como possuindo um conidioma esporodoquial e células basais especializadas,
que formam um haustório que penetra no tegumento de cupins, causando hipertrofia na
epiderme (Colla, 1929). São responsáveis por lesões que formam desfigurações no
tegumento de seus hospedeiros, similares às causadas por Termitariopsis M. Blackw.,
Samson & Kimbr. e Termitaria Thaxt. (Weir & Blackwell, 2005). Esse último gênero,
bem como Mattirolella, foi incluído na ordem Termitariales, proposta por Khan &
Kimbrough (1974a).
A presença de hifas estéreis imersas em cavidades especiais próximas,
denominadas esporodóquio, era originalmente utilizada para diferenciar-los (Colla,
1929), posteriormente, o picnídio pontudo e com câmaras (Kimbrough &Thorne, 1982),
além do haustório mais fino e compacto (Khan & Kimbrough, 1974b) foram
considerados como morfologia de Mattirolella. Trabalhos recentes incluíram o gênero na
ordem Ophiostomatales (Hyde et al., 2011; Wijayawardene, 2018). Nessa ordem, Hyde
et al. (2020) consideraram o gênero em Kathistaceae, junto com Kathistes Malloch &
M. Blackw. e Termitariopsis M. Blackw., Samson & Kimbr.
O fungo Mattirolella silvestrii parasita cupins da espécie Rhinotermes marginalis
(L.), podendo se desenvolver em seu abdômen, tórax, antenas e palpos maxilares (Colla,
1929). A distribuição geográfica de Mattirolella era originalmente na Guiana, com M.
silvestrii (Colla, 1929), e no Panamá, com M. crustosa S.R. Khan e Kimbr. (Khan &
Kimbrough, 1974a). Mais tarde, novamente no Panamá, na Zona do Canal, esta última
espécie foi relatada, em Nasutitermes por Kimbrough & Thorne (1982), e agora com este
trabalho, M. silvestrii foi registrada no Nordeste do Brasil, em R. marginalis, no bioma
da Caatinga.

OBJETIVOS
Sabendo que o conhecimento da riqueza e da diversidade de fungos é importante
para futuras políticas de proteção ambiental, os objetivos deste trabalho foram de
averiguar a distribuição, sistemática e morfologia de Mattirolella, para assim inventariar
espécies de fungos ocorrentes no Nordeste Brasileiro.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O fungo foi coletado em espécies de Rhinotermes marginalis, em um tronco de
madeira, no solo do Parque Nacional de Ubajara (3°50’S, 40º55’W), na chapada de

45
Ibiapina, no Ceará. A variação de temperatura é de 24 a 26°C, a pluviosidade corresponde
a 1483,5 mm e a umidade permanece acima de 70% (Sousa Filho & Sales, 2009).
Os cupins parasitados pelo fungo do gênero Mattirolella foram selecionados,
fixados em FAA70 (formol, álcool e ácido acético) e conservadosem álcool 70%, foram
desidratados em série alcoólica, e depois amostras foram incluídas em uma solução de
historesina de pré-infiltração (historesina e álcool 95%), e de infiltração (historesina pura
e ativador), cada uma permaneceu na geladeira por 7 dias. As amostras foram colocadas
verticalmente em moldes de silicone, depois que um endurecedor foi adicionado à resina.
Os moldes com as amostras foram levados à estufa e permaneceram nela durante vinte
horas, na temperatura de 60º C.
Depois de blocos foram retirados dos moldes e colados em blocos de madeira. Foi
utilizado um micrótomo (Leica SM 2020R) com navalha descartável para seccionar a
resina em 3, 5 e 7µm de espessura, e obter o material de interesse.As resinas seccionadas
foram montadas em lâminas e coradas com hematoxilina e eosina, ao final as lâminas
foram lavadas em água corrente e colocadas na estufa durante vinte e cinco minutos.
Foram separadas uma parte das lâminas para permanecer não permanente, e outras
foram montadas permanentes, com PVLG e finalizadas com base de unha. As lâminas
foram observadas em um microscópio binocular com câmera-clara acoplada. As
fotomicrografias foram realizadas em microscópio de luz. Os espécimes serão
depositados no herbário da UFPB, no Departamento de Sistemática e Ecologia (JPB).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entopatógeno: talo maduro, pycnothrium, 84–175 μm de comprimento (altura),
424–689 μm em diam. Epihimenio/perídio (7,8–)9,5–15,5(–16,5) μm de espessura,
formado pela fusão das pontas de cada hifa das hifas estéreis, que se tornam catenuladas
curtas 3–4,5 × 1,5–2,25 μm; superfície do epihimenio contendo células reticuladas.
Himênio (44–)45–63,7(–67,62) μm de comprimento, dividido em várias cavidades; hifas
Hifas estéreis com 1,5–2,5(–3) μm de largura formando colunas largas estéreis com (27–
)27,5–37,5 μm de espessura, pigmentadas de marrom a marrom escuro.
Fiálides 1,5–2 μm de largura, firmemente presas, os lócus conidiogênicos
encontram-se nas bases das fiálides, o alongamento das hifas estéreis rompe as pontas,
extremidades das fiálides, formando uma cavidade sobre as pontas extremidades
quebradas. Conídios 2,8–3,0 × 1,5 μm, hialinos, cilíndricos formados endogenamente nas
fiálides, 10–12 em cada, truncado, catenato. Células basais 8–10(–10,5) x 6–6,5(7) μm,
forma largamente clavada a ovóide. Subhimenio (20–)24,5–35(–39,2) μm de
comprimento. Haustórios (14–)22–25 x 1–2 μm. A superfície do epihimenio é reticulada.
De acordo com Khan & Kimbrough (1974a), a outra espécie do gênero, M.
crustosa, difere de M. silvestrii por possuir fiálides mais longas, esporocarpo mais
espesso, locos conidiogênicos situados nas bases das fiálides, epimênio com superfície
reticulada, e hifas estéreis formando colunas menos largas no himênio.
Ao descrever M. silvestrii, Colla (1929) notou similaridades morfológicas com
Termitaria, mas concluiu que o himênio divergia significativamente, sendo fechado em
cavidades especiais em número de oito ou dez, formadas por hifas estéreis em M.
silvestrii, e circundadas por hifas estéreis formando uma circunferência por todo o fungo
em Termitaria.
Os autores Hyde et al. (2011) consideraram Mattirolella na ordem Ophiostomatales
Benny & Kimbr. na família Kathistaceae Malloch & M. Blackw. ao lado de Termitaria e

46
Termitariopsis M. Blackw., Samson & Kimbr. Algumas das características que os
distinguem foram apresentadas por Blackwell et al. (1980), como a espessura das células
da camada basal, com paredes totalmente espessas em Termitariopsis cavernosa e
Mattirolella, enquanto apenas algumas são assim em Termitaria, outra divergência é a
camada e epihimenial que caracteriza Mattirolella, e a estrutura esporodoquial interna é
diferente entre todos esses gêneros, onde Termitaria possui apenas fialoconídios,
Mattirolella possui fialoconídios e colunas de hifas estéreis que formam câmaras, e T.
cavernosa possui macronídios oriundos de uma camada himenial baixa.
Recentemente, Wijayawardene et al. (2018) e Hyde et al. (2020) incluíram em
Kathistaceae Kathistes Malloch & M. Blackw. além de Mattirolella e Termitariopsis. O
primeiro gênero acomoda os ascomicetos K. calyculata Malloch & Blackwell, K.
analemrnoides Malloch & Blackwell e Pyxidiophora fimbriata Barrasa & Moreno, todos
associados a artrópodes para dispersão em esterco, mas com relação de parasitismo ou
associação com térmitas desconhecida, ao contrário dos demais gêneros. A morfologia
semelhante é responsável por incluir Mattirolella e Termitariopsis em Kathistaceae
(Blackwell et al., 1980; Hyde et al., 2020), uma vez que apenas Kahtistes possui dados
de sequência disponíveis (Wijayawardene et al., 2018).

CONCLUSÕES
A ampliação de coletas e análises dos hospedeiros de Mattirolella, pode esclarecer
a distribuição do gênero no Brasil, sabendo que Rhinotermes marginalis está presente em
diversas regiões do país (Mathews, 1977; Constantino, 1991; Constantino, 1998;
Bandeira et al., 2003), e Nasutitermes possui elevada ocorrência na América do Sul
(Araujo, 1970). Desse modo, um conhecimento maior da riqueza e da diversidade de
fungos pode ser importantepara futuras políticas de proteção ambiental. Esse trabalho traz
o registro de M.silvestrii para o Brasil, mostrando a importância dos inventários de fungos
no semiárido brasileiro e ampliando o acervo micológico do herbário Lauro Pires Xavier.

REFERÊNCIAS
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48
PJMG05 - SELEÇÃO DE LEVEDURAS
BIOCONTROLADORAS AO MAL-DO-PÉ
DA BATATA-DOCE
1 2
Letícia Rebeca de Araújo Barros ; Thaís Regina Pintino de Almeida ; Elder
1 1 1
Felipe de Moura Silva ; Odaiza Fabiana Gomes Ferreira & Delson Laranjeira .
1
Departamento de Agronomia, UFRPE.
Autor para correspondência: leticia.rebeca22@gmail.com

INTRODUÇÃO
A batata-doce, Ipomea batatas L. (Lam.) faz parte da família Convolvulaceae, do
grupo das dicotiledôneas (PEREIRA, 2011). O Nordeste é a região de maior produção
de batata-doce no Brasil, representa 40,77% da produção do país (IBGE, 2021).
Muitos fatores fitossanitários causam prejuízos a cultura da batata-doce, a
principal doença que afeta a cultura é o mal-do-pé da batata-doce. A doença mal-do-pé é
atribuída ao fungo Diaporthe destruens, porém, no trabalho de ALMEIDA (2020), várias
espécies do gênero Diaporthe foram reconhecidas como agentes causadores dessa
doença, aumentando a complexidade domanejo fitossanitário. Diaporthe destruens causa
sintomas como amarelecimento, murcha e morte das folhas basais, anelamento do caule
e, com isso, impede a absorção de água e nutrientes através dos vasos condutores,
podendo causar podridão nos tubérculos, tornando inviável a produção de mudas e
comercialização (PEREIRA et al., 2011).
O controle biológico tem se tornado uma alternativa ao manejo da doença, tendo
em vista que não há produtos químicos registrados no Ministérioda Agricultura Pecuária
e Abastecimento (MAPA). As leveduras são microrganismos potenciais para a inibição
do crescimento de fungos fitopatogênicos, pois utilizam mecanismos de ação que as
tornam capazes de inibir ou retardar o crescimento do patógeno, tendo como principais a
competição por espaço e nutrientes e a antibiose. São de fácil produção e cultivo in vitro,
apresentam alta proliferação e colonização, além dos compostosque produzem, podendo
ser voláteis ou não (BETTIOL et al., 2012). Assim, o estudo sobre leveduras capazes de
controlar o crescimento do patógeno causado do mal-do-pé da batata-doce torna-se viável
e essencial para atingir um manejo eficaz da doença.

OBJETIVOS
Selecionar leveduras potencialmente biocontroladoras ao agente casual do mal-
do-pé em batata-doce.

METODOLOGIA
Teste de cultivo em conjunto IN VITRO
Para obtenção da porcentagem de inibição de crescimento micelial - PIC% foi
realizado o teste de cultivo em conjunto. Foram utilizadas cinco leveduras (LCB13,
LFB23, LCB22, LCB15B E LCB11) e um fungicida (TENAZ 250 SC), contra cinco
isolados patogênicos (CFS 1025, CFS 1039, CFS 1139).
As leveduras, foram obtidas através do isolamento de folhas e caule de plantas
sadias de batata-doce, realizou-se o corte em 6 fragmentos da folha e 8 fragmentos do

49
caule, depositou-os separadamente em tubos de ensaio contendo água destilada
esterilizada ADE – (10ml) e adicionou cloranfenicol (50mg L-1). Realizou-se a agitação
em banho de ultrassom durante 25 minutose colocados em vórtex durante 30 segundos.
Em sequência, alíquotas de 0,1mL de suspensão foram retiradas e colocadas em placas
de Petri contendo meio de cultura Yeast Extract-Peptone-Dextrose (YEPD+ágar) e foram
mantidas em temperatura de 25±2°C durante um período de 72 horas. As leveduras foram
mantidas e preservadas em óleo mineral (28±2°C) e pelo método de Castellani (1939).
Os isolados patogênicos foram obtidos da Coleção Micológica do Laboratório de
Fungos do Solo da Universidade Federal Rural de Pernambuco – CFS LAFSOL. Os
fungos foram obtidos através de plantas com sintomas característicos do mal-do-pé da
batata-doce. Os isolados CFS 1025 e CFS 1039 têm características morfológicas
semelhantes aos fungos do gênero Diaporthe sp. No entanto o isolado CFS 1139 não pode
ser classificado previamente, baseado nas características morfológicas, por conter
semelhanças entre gêneros diferentes.
O fungicida Tenaz é regulamentado pelo MAPA para controle da mancha foliar
da batata-doce, que tem como agente causal Diaporthe ipomoea- batatas. Cada levedura
foi semeada em placas de Petri contendo meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA),
e sobre a área de semeio, foi depositado um disco contendo estrutura micelial do isolado
de Diaporthe sp. de aproximadamente (Ø = 0,5 mm). O tratamento com o fungicida Tenaz
foi realizado com 1mL/placa, foi espalhado na concentração indicada pelo fabricante. O
tratamento controle consistiu no deposito da estrutura micelial do isolado patogênico,
sobre o meio BDA, na ausência de leveduras. O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado com cinco leveduras sobre três isolados
patogênicos, e cinco repetições.
Realizou-se as avaliações durante quatro dias, a cada 24 horas, através da medição
dos diâmetros das colônias nos dois sentidos perpendiculares entre si, assumindo-se
como valor de crescimento a média dos dois eixos. Com base nisso, calculou-se o índice
de velocidade de crescimento micelial – IVCM, (mm dia-1) e a porcentagem de
crescimento micelial – PIC (%), através das equações:
𝐈𝐕𝐂𝐌=Σcf−ci/t 𝐏𝐈𝐂=Cc−Cf/Cc∗100
Onde: Ci = crescimento inicial, Cf = crescimento final, Cc = Crescimento final
tratamento controle e t = intervalo de avaliação. Os resultados de IVCM e PIC foram
submetidos a análise de variância, e quando significativa, pelo Teste Tukey a 5% de
probabilidade, para determinação dos tratamentos mais eficientes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Cultivo em Conjunto IN VITRO
No isolado CFS1039 (Figura 1), as leveduras LCB13, LCB22, e LFB15b inibiram
o crescimento do patógeno, durante todos os dias avaliados. Em contrapartida o fungicida
controlou, apenas, nas primeiras 24 horas do experimento (Figura 1.A). Indicando que as
leveduras LCB13, LCB22, e LFB15b detém um potencial biocontrolador superior ao
fungicida. As leveduras LFB23 e LCB11 não inibiram o crescimento do patógeno, mas,
promoveram ação negativa sobre o desenvolvimento in vitro, quando comparado ao
tratamento controle, ou seja, não são eficientes no controle de crescimento, mas produzem
uma significativa redução no desenvolvimento micelial, que somado a pesquisas futuras
podem ser importantes para auxiliar o manejo da doença.

50
Figura 1. Isolado 1039. A. Gráfico de Indice de velocidade de crescimento micelial do patógeno CFS 1039,
submetido aos tratamentos com as leveduras e fungicida. B. Cultivo conjunto do isolado CFS 1039 com as
leveduras LCB13, LFB23, LCB22, LFB15b, LCB11 e o tratamento controle.

No isolado CFS 1025 (Figura 2), todos os tratamentos com leveduras e com o
fungicida promoveram valores de PIC de 100% (Figura 2A). Todas as leveduras avaliadas
mostraram-se eficientes na inibição do crescimento micelial in vitro do patógeno CFS
1025.

Figura 2. Isolado 1025. A. Gráfico de Índice de velocidade de crescimento micelial do patógeno CFS 1025,
submetido aos tratamentos com as leveduras e fungicida. B. Cultivo conjunto do isolado CFS 1025 com as
leveduras LCB13, LFB23, LCB22, LFB15b, LCB11 e o tratamento controle.

No isolado CFS 1139 (Figura 3), a levedura LCB22, inibiu o crescimento do


patógeno, durante as primeiras 24 horas. Os tratamentos restantes não corresponderam
positivamente na inibição do crescimento micelial (Figura 3.A). O isolado CFS 1139,
possui características de maior resistência a ação dos tratamentos das leveduras e o
produto químico. A levedura LCB22, realizou o controle no primeiro dia avaliativo,
retardando o crescimento do patógeno, mostrando que é capaz de auxiliar o manejo
adequado da doença.

Figura 3. Isolado 1139. A. Gráfico de Indice de velocidade de crescimento micelial do patógeno CFS 1139,
submetido aos tratamentos com as leveduras e fungicida. B. Cultivo conjunto do isolado CFS 1139 com as
leveduras LCB13, LFB23, LCB22, LFB15b, LCB11 e o tratamento controle.

51
Os resultados mostraram que o valor médio de porcentagem de inibição de
crescimento micelial variou entre 34,2 a 74,3%, apenas a levedura LCB11 apresentou um
valor de PIC inferior a 50%. A levedura LCB22 obteve o valor de PIC mais expressivo,
dentre as leveduras avaliadas quatro atingiu 100% de PIC, e uma 54,03% de PIC.
O potencial biocontrolador das leveduras analisadas, relaciona-se com os
mecanismos de ação como a antibiose, competição por espaço e nutrientes. Foi possível
avaliar que as leveduras se estabeleceram no meio de cultivo BDA e impediram o
crescimento do patógeno. Assim, a competição pode ser um dos principais mecanismos
que influenciaram na eficiência das leveduras sobre os patógenos.
Estudo relacionado com a doença podridão-de-esclerócios em feijão - caupi,
causada pelo fungo Sclerotium rolfsii, avaliou cinco isolados de Kodamaea ohmeri,
através do cultivo pareado, constatou o potencial biocontrolador em um isolado de
levedura, que inibiu o crescimento de dois dos três isolados patogênicos testados (Souza,
2013). Essa levedura foi associada a substâncias antibióticas produzidas em maior
quantidade, com relação aos demais isolados de leveduras testados (Souza, 2013).

CONCLUSÕES
As leveduras avaliadas mostraram-se eficientes no controle in vitro do agente
causal do mal-do-pé da batata-doce, promovendo um alto potencial de inibição de
crescimento micelial dos isolados patogênicos testados.
As leveduras caracterizadas nesse trabalho poderão ser empregadas futuramente,
em novos estudos para a utilização efetiva delas como biocontroladores do mal-do-pé em
batata-doce.
A possibilidade de biocontrole do Diaporthe sp., utilizando leveduras, configura
uma ferramenta importante para o manejo dessa doença, bem como para o
desenvolvimento da agricultura no país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, T.R.P., et al. 2020.First report of Diaporthe kongii causing foot rot on Sweet
Potato in Brazil. Plant Disease, American Phytopathological Society (APS Press) St. Paul
USA, v. 104, n.1, p.284.
BETTIOL, W., et al. 2012. Produtos comerciais à base de agentes de biocontrole de
doenças de plantas– Jaguariúna, SP: Embrapa Meio Ambiente, 155 p.
IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA. Disponível: site.
https://sidra.ibge.gov.br/tabela/5457#resultado. Consultado em 21 OUT. 2021.
PEREIRA, R. R.; FERNANDES, F. R.; PINHEIRO, J. B. Recomendações para manejo
da podridão-do-pé em batata-doce. Brasília, DF: Embrapa- CNPH, dezembro, 2011. 5 p.
(Comunicado técnico / Embrapa Hortaliças, ISSN 1414.9850; 79).
SOUZA, LEONARDO TAVARES DE. Potencial de leveduras no controle biológico da
podridão-de-esclerócio em feijão caupi. 2013. 101 f. Dissertação (Doutorado em
Fitopatologia) - Universidade Federal Rural dePernambuco, Recife.

52
PRÊMIO JOVEM
MICOLOGISTA MARIA
AUXILIADORA DE
QUEIROZ CAVALCANTI
Candidatos Pós-Graduação
53
PJMPG01 - UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA
FÚNGICA OLEAGINOSA COMO
MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO
DE ÉSTERES ETÍLICOS: OTIMIZAÇÃO
DAS CONDIÇÕES REACIONAIS POR
PLANEJAMENTO FATORIAL
Heitor Buzetti Ssimões Bento1; Cristiano Eduardo Rodrigues Reis2; Daniela
Araujo Braga3; José Vitor Lacerda Souza3; Bruno Chaboli Gambarato4; Heizir Ferreira
De Castro5 &Ana Karine Furtado De Carvalho3,5
1 Escola de Ciências Farmacêuticas-UNESP, São Paulo, Brasil.
2 EARTH University, Guácimo, Limón, Costa Rica.
3 Biotecnologia, Instituto de Química-UNIFAL, Brasil.
4 Universidade de Volta Redonda-UNIFOA, Rio de janeiro, Brasil.
5 Escola de Engenharia de Lorena-USP, São Paulo, Brasil.
Autor para correspondência: ana.furtado@unifal-mg.edu.br

INTRODUÇÃO
A produção de biodiesel via transesterificação direta de biomassa microbiana
oleaginosa tem sido apontada como uma alternativa que apresenta vantagens técnico-
econômicas ao integrar as etapas de extração e reação, diminuindo os custos globais do
processo. Esta técnica, alinhada a utilização de meios de cultivo de baixo custo para a
produção de lipídios, representa uma importante ferramenta para viabilizar a
implementação industrial de síntese de biodiesel microbiano (Carvalho et al., 2018).
Apesar de catalisadores homogêneos serem relatados como eficientes na obtenção
de ésteres via transesterificação direta de biomassa microbiana atingindo elevados
rendimentos, o uso de catalisadores heterogêneos apresentadiversas vantagens que podem
contribuir na viabilização do estabelecimento doprocesso em escala industrial, como a
facilidade de recuperação e reutilização,diminuindo também os custos de purificação
do produto final. O catalisador heterogêneo H3PMo/Al2O3 apresenta comprovada
eficiência na transesterificação de lipídios de Mucor circinelloides URM 4182 (Micoteca
da Universidade Federal de Pernambuco), e se destaca como uma adequada alternativa
para aplicação em lipídios de elevada acidez (Bento et al., 2020; Conceição et al., 2019).
Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da razão molar e da
concentração de catalisador heterogêneo H3PMo/Al2O3 na transesterificação direta do
fungo oleaginoso Mucor circinelloides URM 4182, visando obter as condições adequadas
para atingir teor de ésteres acima dos limites estabelecidos pela ANP (96,5%).

OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi estabelecer as condições que maximizam a obtenção
de biodiesel a partir da transesterificação direta da biomassa do fungooleaginoso Mucor

54
circinelloides URM 4182 com etanol utilizando como catalisador ácido molibdofosfórico
impregnado em alumina (H3PMo/Al2O3).

METODOLOGIA
A biomassa oleaginosa de Mucor circinelloides URM 4182 (cepa adquirida da
micoteca da Universidade Federal de Pernambuco) foi cultivada em meio composto por
melaço de cana-de-açúcar suplementada com nutrientes de acordo com metodologia
estabelecida (Bento et al. 2020), e submetida à transesterificação direta, sem prévia
extração do lipídio, de acordo com planejamento fatorial de face centrada. Todas as
reações foram efetuadas em reator pressurizado de aço inoxidável (Parr Series 5500
Reactor) a 200 ºC por 6h. O catalisador heteropoliácido suportado em alumina
(H3PMo/Al2O3) foi preparado conforme descrito (Conceição et al., 2019) e utilizado em
concentrações em relação à massa de lipídios presentes na biomassa entre 5 a15% em
meios constituídos de biomassa úmida (~35%) e etanol numa proporçãomolar em relação
ao lipídio entre 60 a 120. Os produtos obtidos foram recuperados por centrifugação e
purificados por via seca. O teor de ésteres foi determinado por espectroscopia de
ressonância magnética nuclear (RMN1H) utilizando espectrômetro Varian, modelo
Mercury-300 MHz (Carvalho et al., 2018). Os dados do planejamento foram analisados
por metodologia de superfície de resposta de face centrada com auxílio do software
Statistica versão12 (StatSoft Inc., USA).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo de Mucor circinelloides URM 4182 forneceu 11,2 g L-1 de biomassa (base
seca) contendo 29% de lipídios (Bento et al., 2020). A matriz experimental juntamente
com os dados obtidos apresentados na Tabela 1 indicam que o catalisador empregado
(H3PMo/Al2O3) foi capaz de fornecer elevados teores de ésteres (91,9-96,6% m/m) em
todas as condições aplicadas, sendo o teor mais elevado obtido nos níveis mais altos
(razão molar = 120:1 e catalisador = 15%). Na análise de variância obtida (Tabela 2),
verifica-se que os efeitos de todos os termos analisados (lineares, quadráticos e de
interação) foram significativos a 95% de confiança, indicando a influência dos parâmetros
estudados no teor de ésteres do produto final. De acordo com os dados gerados, foi
possível propor um modelo estatístico indicado pela Equação 1 que apresentou
coeficiente de correlação R²=0,99566.
Na superfície de resposta gerada a partir do modelo proposto (Figura 1) observa-se
que o aumento de ambas variáveis (concentração de catalisador e da razão molar)
favorece a formação de ésteres de etila. A influência positiva do aumentoda razão molar
pode estar relacionada com o fato de que uma maior proporção de etanol aumenta sua
disponibilidade no meio para atuar simultaneamente como solvente de extração e agente
acilante, sem que o consumo na reação diminua a eficiência de extração.
y=84,851+0,131*X1-0,001* X1²+0,184*X2-0,011* X2²+0,003* X1* X2
(1)
Em que: y = teor de ésteres no produto (% m/m); X1=razão molar (álcool: lipídio);
X2= concentração de catalisador (% m/m).

55
Tabela 1. Matriz experimental e teor de ésteres obtidos na transesterificação direta debiomassa de M.
circinelloides URM4182 de acordo com o planejamento fatorial
Variáveis Independentes (Fatores) Variável dependente
(Resposta)
Exp Razão Molar Catalisador (%) Teor de ésteres
X1 X2 (%)
1 + 120 + 15 96,6
2 + 120 - 5 93,7
3 - 60 + 15 93,2
4 - 60 - 5 91,9
5 0 90 0 10 94,5
6 0 90 0 10 94,7
7 0 90 0 10 94,8
8 + 120 0 10 95,6
9 - 60 0 10 92,8
10 0 90 + 15 95,6
11 0 90 - 5 93,4

Tabela 2. Análise de variância do planejamento aplicado a transesterificação direta debiomassa de M.


circinelloides URM4182
Fator Soma Quadrática Grau de Média F p<0,05
(SQ) Liberdade Quadrática
X1 (L) 10,66667 1 10,66667 630,7054 0,000002
X1 (Q) 0,80344 1 0,80344 47,5062 0,000984
X2 (L) 6,82667 1 6,82667 403,6515 0,000006
X2 (Q) 0,17544 1 0,17544 10,3734 0,023445
X1*X2 0,64000 1 0,64000 37,8423 0,001651
Erro 0,08456 5 0,01691
SQ Total 19,48727 10

56
Figura 1. Superfície de resposta do modelo proposto pelo planejamento aplicado atransesterificação direta
de M. circinelloides URM4182.

CONCLUSÕES
Os resultados obtidos indicaram influência positiva do aumento da proporção do
etanol e da concentração de catalisador H3PMo/Al2O3 no teor de ésteres de etilado produto
obtido por transesterificação direta da biomassa oleaginosa de Mucor circinelloides URM
4182. A análise estatística revelou que a melhor condição reacional dentro do intervalo
estudado é de razão molar etanol:lipídio igual a 120:1 e 15% de concentração mássica de
catalisador, que forneceu 96,6% de teor de ésteres, atendendo aos limites especificados
pela ANP (≥96,5%). Esses resultados sugerem que a técnica é promissora no
estabelecimento de um processo de interesse industrial que apresenta como vantagem a
associação das etapas de extração e conversão do lipídio, diminuindo os custos globais
de produção do biodiesel microbiano.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a valiosa orientação e mentoria da Profa. Dra. Heizir Ferreira
De Castro (in memoriam). CAPES (Código de financiamento 001) e CNPq (processo n.
433248/2018-1) pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENTO H.B.S., CARVALHO A.K.F., REIS C.E.R., DE CASTRO H.F. 2020. Single
cell oil production and modification for fuel and food applications: Assessing the
potential of sugarcane molasses as culture medium for filamentous fungus. Ind. Crops
Prod., v.145, p.112141
CARVALHO A.K.F., BENTO H.B.S., RIVALDI J.D., DE CASTRO HF. 2018.
Direct transesterification of Mucor circinelloides biomass for biodiesel production: Effect
of carbon sources on the accumulation of fungal lipids and biofuel properties. Fuel, v.
234, p. 789-796.

57
CONCEIÇÃO, L.R.V., REIS C.E.R., LIMA, R., CORTEZ, D.V., DE CASTRO,
H.F. Keggin-structure heteropolyacid supported on alumina to be used in
trans/esterification of high-acid feedstocks.RSC Adv., v. 9, p. 23450-23458, 2019.

58
PJMPG02 - COMPORTAMENTO
MICELIAL DE Curvularia eragrostidis SOB
A AÇÃO DE LEVEDURA DO INHAME
1 2
Igor Alexsander de Melo Pimentel ; Sérgio Batista Ramos ; Dionísio Gomes
1 1 1
1
Kór ; Elder Felipe De Moura Silva ; Iwanne Lima Coelho & Delson Laranjeira
1Departamento de Fitossanidade, PPGF, UFRPE.
2Departamento de Antibióticos, PPGBiotec, UFPE.
Autor para correspondência: igor.alexsander.ufrpe@gmail.com

INTRODUÇÃO
O inhame (Dioscorea spp.) é um dos principais alimentos em regiões tropicais
(Mafra, 1986). Dentre as 600 espécies do gênero Dioscorea, somente algumas produzem
túberas comestíveis e, portanto, são cultivadas destacando-se D. cayennensis, D. alata,
D. rotundata e D. esculenta (COPR, 1978). Nos campos brasileiros, a produção do
inhame concentra-se principalmente na região Nordeste, onde é cultivado com baixos
níveis tecnológicos, fator que limita o alcance de uma produtividade regular (Mendes,
2005).
De acordo com Leite (2018), além da anteriormente citada, as limitações de
produtividade estão relacionadas à ocorrência de doenças, destacando-se a pinta-preta
(PP) ou queima-das-folhas, causada pelo fungo Curvularia eragrostidis, cujos sintomas
caracterizam-se por manchas foliares necróticas, de coloração marrom-escura,
circundadas por um halo amarelo. Esse patógeno ocorre nas áreas de produção durante
todo o ano, podendo atingir alta incidência e severidade, reduzindo em torno de 35 a 40%
o peso das túberas comerciais (Moura, 2005).
O controle da PP é realizado, principalmente, por meio de pulverizações com
fungicidas à base de iprodione, mancozeb e tebuconazol (Ramos, 1991; Moura, 2005).
Mesmo sendo uma medida convencional utilizada pelos produtores, o uso intensivo de
fungicidas representa riscos significativos ao ambiente e a saúde humana. Dessa forma,
medidas alternativas de controle, passiveis de aplicação no manejo da PP, têm sido
estudadas, com destaque ao controle biológico.
As leveduras destacam-se como promissores agentes de biocontrole, pois podem
desempenhar diferentes mecanismos antagônicos e formar uma barreira protetora na
superfície foliar, desempenhando controle biológico sobre diversos microrganismos
prejudiciais a planta. Atualmente as leveduras do gênero Candida, Rhodotorula e
Sporothrix, vem sendo bastante utilizadas com sucesso como agentes biocontroladores de
fungos fitopatogênicos (El Tarabily & Sisvasithamparam, 2006; Fokkema et al., 1979).

OBJETIVOS
Observar os efeitos de leveduras sobre o desenvolvimento in vitro de Curvularia
eragrostidis e selecionar leveduras antagonista, potencialmente biocontroladoras.

METODOLOGIA
Obtenção e manutenção da Curvularia eragrostidis e leveduras

59
O isolado CMM 996, obtido a partir de folhas de inhame-da-costa com sintomas
de pinta-preta, foi cedido pela Coleção de Cultura Micológica Prof.ª Maria Menezes, da
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE. As leveduras, obtidas a partir de
folhas assintomáticas de inhame-da-costa, foram cedidas pelo Laboratório de Fungos de
Solo – CFS, do Laboratório de Fungos de Solo da Universidade Federal Rural de
Pernambuco – LAFSOL/UFRPE.
O fungo C. eragrostidis foi recuperado do tubo de preservação para placasde Petri,
contendo meio de cultivo batata, dextrose e ágar – BDA (Kasvi®, São José dos Pinhais,
Brasil). As leveduras foram recuperadas, a partir de tubos de preservação, por
transferência de suspensão de células para placas com meio extrato de levedura, peptona,
dextrose e ágar - YPD ágar (Sigma Aldrich, USA). As placas foram acondicionadas por
cinco dias, a 28 ± 2 °C, sob fotoperíodo de 12h e utilizadas nos testes de crescimento da
Curvularia sob ação das leveduras.

Teste de cultivo conjunto


As leveduras foram transferidas do meio YPD-ágar para tubos tipo Falcon (50 ml)
contendo meio líquido YPD estéril (10 ml/tubo) e incubadas por três dias, sob agitação
de 80 rpm a 28±2 °C. Após a incubação, foram adicionados 40 ml de meio YPD-ágar
fundente, completando o volume de 50 ml, o meio+suspensão foi homogeneizado por
inversões do tubo e transferido para placas de Petri (10 ml/placa; 4 placas/tratamento). As
placas foram incubadas nas mesmas condições citadas acima e, após 24h, uma camada de
meio BDA (10 ml/placa) foi adicionada sobre a camada anterior. Para o tratamento
controle, utilizou-se placas com uma camada meio YPD estéril e uma de BDA, como
descrito acima.
Em todos os tratamentos, foi adicionado no centro da placa de Petri com as
camadas de meio, um disco cilíndrico de meio BDA (0,5 cm Ø) com estruturas de C.
eragrostidis, cultivada por cinco dias. As placas foram acondicionadas por doze dias, sob
temperatura de 28±2 °C e fotoperíodo de 12 horas, em delineamento inteiramente
casualizado - DIC. A cada 48 h, foram aferidos os valores médios do diâmetro de
crescimento micelial do patógeno – DCM e determinada a porcentagem de inibição de
crescimento micelial – PIC (%) pela equação:
𝐶𝑐−𝐶𝑓
𝑃𝐼𝐶 = ∗ 100
Cc
Sendo: Cf = crescimento final e Cc = Crescimento 𝐶𝑐 final do tratamento
controle.

Análise de dados
As diferenças de biocontrole desempenhadas por leveduras sobre o
desenvolvimento de C. eragrostidis foram inferidas por análises de variância – ANOVA
das médias de DCM e PIC, entre os tratamentos (20 leveduras). Nas análises
significativamente diferentes (p ≤ 0,05), as médias foram comparadas pelo teste Scott
knott a 5 % de probabilidade, utilizando software Sisvar v 5.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 21 leveduras, 16 desempenharam controle significativo (Figura 1),
destacando-se as leveduras Y085, Y016, Y089 e Y052B por apresentar as menores

60
médias de DCM e maiores índices de PIC, proporcionando uma inibiçãoda C. eragrostidis
maior que 70% em relação ao controle.
Diante dos resultados, inferimos que as leveduras destacadas possuem ação
antagônica a C. eragrostidis CMM 996, que pode estar relacionada a competição
nutricional e/ou espacial in vitro ou, ainda, com a produção e liberação de substância
específicas no meio ou de substâncias voláteis liberadaspor esses antagonistas.
Diferentes gêneros e espécies de leveduras podem competir e/ou produzir
compostos antagônicos a fungos patogênicos, como por exemplo, espécies pertencentes
de Candida e Rhodotorula, que desempenharam ação biocontroladora por meio de
compostos voláteis e antibiose sobre fitopatógenos fúngicos (El Tarabily &
Sisvasithamparam, 2006). Outro exemplo é observado nos resultados de El Mehalawy
(2004), no qual são citados dez compostos químicos, de diferentes pesos moleculares,
presentes em filtrados de C. steatolytica, capazes de inibir o crescimento de fungos
fitopatogênicos.
Nas condições experimentais citadas, o estímulo e/ou inibição do crescimento
micelial e germinação de esporos fúngicos depende de um conjunto de eventos
correlacionados, uma vez que a atividade microbiana e os fatores ambientais são
interligados (Farias, 2008).
A seleção de leveduras antagônicas, potencialmente biocontroladoras às doenças
incidentes no inhame, representa grande importância diante da possibilidade futura de
utilização agrícola desses organismos, sem riscos ao meio ambiente e a saúde dos
consumidores.

Figura 1. Ação biocontroladora de leveduras sobre o diâmetro de crescimento micelial – DCM (cm) (A) e
porcentagem de inibição de crescimento micelial – PIC (%) (B) de Curvularia eragrostidis (CMM 996),
durante dez dias de cultivo in vitro. Nota: As colunas representam as médias de DCM (A) e PIC (B) e as
barras sobre as colunas os valores do erro padrão para cada média; diferentes letras maiúsculas, sobre as
colunas, representam diferenças significativas (p≤0,05) pelo teste de Scott knott a 5% de probabilidade, em
DIC.

61
CONCLUSÕES
A microbiota do inhame pode ser uma fonte de leveduras potencialmente
biocontroladoras e essas leveduras podem apresentar índices elevados de controle
inibindo o desenvolvimento de C. eragrostidis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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cayennensis Lam.) e eficiência dos fungicidas mancozeb e iprodione no controle
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-PE.

62
PJMPG03 - AÇÃO DO FUNGICIDA
PROCIMIDONA SOBRE O
DESENVOLVIMENTO IN VITRO de
Alternaria alternata, AGENTE CAUSAL DA
MANCHA-DE-ALTERNARIA
1 1
Igor Alexsander de Melo Pimentel ; Marcelo Garcia Oliveira ; Sergio Batista
2 1 1
Ramos ; Iwanne Lima Coelho & Delson Laranjeira
1Departamento de Fitossanidade, PPGF, UFRPE.
2Departamento de Antibióticos, PPGBiotec, UFPE.
Autor para correspondência: igor.alexsander.ufrpe@gmail.com

INTRODUÇÃO
Os fungos do gênero Alternaria causam doenças em culturas agrícolas de
importância mundial, abrangendo, aproximadamente, 300 espécies relatadas em uma
ampla gama de plantas hospedeiras (Trkulja et al., 2020). Os fungos deste gênero podem
causar doenças economicamente importantes, como cancro do caule, queima das folhas
ou mancha-de-alternaria (Thomma, 2003). A mancha-de-alternaria (MDA) é a doença
mais comum, causada principalmente por: Alternaria alternata, A. brassicae e A.
raphani. A Alternaria alternata pode incidir sobre a planta em qualquer estádio de
desenvolvimento, colonizando as folhas, caule e frutos, reduzindo o potencial
fotossintético da planta, e consequentemente sua produção.
No campo, este patógeno sobrevive em restos de cultura, em plantas hospedeiras
alternativas e em sementes infectadas ou contaminadas (Gadhi et al., 2020). Há poucas
variedades comerciais de culturas resistentes e a capacidade de adaptação e sobrevivência
deste patógeno favorece o uso do controle químico no manejo desta doença no campo.
(Wang, 2021).
Os fungicidas protetores iprodiona e procimidona, do grupo do grupo
dicarboximida (DCFs), apresentam eficácia no controle de Alternaria spp. As
dicarboximidas inibem a germinação dos conídios e o crescimento micelial, atuando na
célula fúngica por bloqueio da atividade da enzima NADH citocromo redutase, que
culmina com a peroxidação fosfolipídeos constituintes das membranas plasmáticas e
mitocondriais (Töfoli et al., 2013). Mesmo apresentando ótimo desempenho no controle
da mancha de Alternaria, o uso contínuo e exacerbado desse composto químico tem
ocasionado elevada pressão de seleção de linhagens resistentes, culminando no
surgimento frequentemente de Alternaria alternata resistente a procimidona,
principalmentenos cultivos de plantas da família Apiaceae (Kim, E.; Lee, H. M.; Kim, Y.
H., 2017).

OBJETIVOS
Avaliar o efeito de doses do fungicida procimidona sobre o crescimento in vitro de
Alternaria alternata, e classificar seu efeito fungitóxico sobre os isoladosutilizados.

63
METODOLOGIA
Obtenção e manutenção da Alternaria alternata
Os isolados CFS 140,CFS 076 e CFS 026 foram cedidos pela Coleção de Fungos
de Solo – CFS, do Laboratório de Fungos de Solo da Universidade Federal Rural de
Pernambuco LAFSOL/UFRPE. Discos cilíndrico de meio PDA, contendo estruturas de
Alternaria alternata (0,5 cm Ø), foram transferidos do tubo de preservação e depositados
em placas de Petri, sobre o meio de cultivo batata, dextrose e ágar BDA (Kasvi®, São
José dos Pinhais, Brasil). As placas foram acondicionadas por sete dias, a 28 ± 2 °C, sob
fotoperíodo de 12 h e utilizadas nos testes de crescimento sob diferentes doses dos
fungicidas.

Teste com fungicida


O fungicida procimidona (Sumilex 500 WP, Sumitomo Chemical, São Paulo,
Brasil) foi utilizado nas doses de: 1500; 375; 97,5; 24, 6 e 0 ppm e a primeira dose
representa o valor máximo regulamentado pelo Ministério da Agricultura, pecuária e
Abastecimento – MAPA, no controle de A. dauci em cenoura. Cada dose foi adicionada
ao meio BDA aquecido (47 ± 2 °C) e homogeneizada por agitação manual.
Aproximadamente, 15 ml do produto (meio+fungicida) foram transferidos para placas
de Petri de 90x15 mm (4 placas/tratamento) e solidificado em temperatura ambiente. Um
disco cilíndrico de meio BDA (0,5 cm Ø), contendo estruturas fúngicas dos isolados
cultivados por sete dias, foi removido e depositado no centro da placa contendo o meio
tratado com fungicida. As placas foram incubadas por oito dias, a 28±2 °C e 12 horas de
fotoperíodo, em delineamento inteiramente casualizado – DIC. Os valores médios do
diâmetro de crescimento micelial do patógeno – DCM foram aferidos a cada 48 h e, a
partir desses valores, determinada a porcentagem de inibição de crescimento micelial –
PIC (%) pela equação:
𝐶𝑐−𝐶𝑓
𝑃𝐼𝐶 = ∗ 100,
𝐶𝑐
Sendo: Cf = crescimento final e Cc = Crescimento final tratamento controle.

Determinação da CE50 e da fungiotoxicidade


Os valores de PIC e do logaritmo de cada dose foram utilizados para determinar
as equações lineares 𝑌 = 𝑎 + 𝑏𝑥2, representativas a cada isolado testado, sendo: Y =
porcentagem deinibição de crescimento micelial e x = Log (dose de inibição). A equação
obtida foi utilizada para a determinação da Log (CE50), sendo: 𝐿𝑜𝑔 (𝐶𝐸50) = (50 − 𝑎)/𝑏
e a os valores de CE50 foram determinados pela transformação: CE50 = (Log CE50)10.

Análise de dados
As diferenças de ação inibitória das doses de procimidona, em relação ao
desenvolvimento dos isolados de A. alternata, foram inferidas por análises de variância –
ANOVA em fatorial 3x6 (3 isolados x 6 doses) das médias de DCM e PIC. Nas análises
significativamente diferentes (p ≤ 0,05), as médias foram comparadas pelo teste Scott
knott a 5 % de probabilidade, utilizando software Sisvar v5.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

64
Em todos os isolados testados, quando comparados com o controle, observou-se
efeito significativo sobre o diâmetro de crescimento micelial – DCM e porcentagem de
inibição do crescimento micelial – PIC. Em relação as dosagens avaliadas, observou-se
que todas as concentrações do fungicida procimidona produziram redução no crescimento
de Alternaria alternata, destacando-se as dosagens 1500, 375 e 97,5 ppm por
apresentar maiores valores de redução no crescimento micelial e porcentagem de inibição
superior a 50% para os isolados CFS 076 e 026 e acima de 70 % para CFS 140. Todos os
isolados utilizados apresentaram os valores de CE50 que indicam fungitoxicidade
moderada a procimidona (Tabela 1).
Em relação ao comportamento do desenvolvimento micelial de CFS140 (Figura
1), 076 (Figura 2) e 026 (Figura 3), percebe-se uma redução de desenvolvimento
provocada pelo fungicida, durante todo o período de avaliação após a exposição ao
químico, em todas as dosagens utilizadas.
Esses resultados sugerem que os isolados de Alternaria alternata, utilizados nesse
trabalho, apresentam sensibilidade moderada in vitro ao fungicida procimidona e tem seu
desenvolvimento micelial afetado, mesmo quando expostos a baixas dosagens, em
relação a dose regulamentada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
– MAPA. Semelhante observação foi feita por Kim et al (2017), ao analisar as alterações
morfogenéticas de Alternaria alternata exposta a dicarboximida.
De acordo com Wang et al (2021), os fungicidas DCFs são eficientes no controle
da Alternaria e tem sido amplamente usado por décadas na China, no entanto há uma
crescente preocupação sobre a redução dessa eficácia. O surgimento de linhagens
resistente ao DCFs vem sendo relatada desde 2004, para várias espécies de Alternaria,
incluindo A. alternata (Dry et al., 2004). Pesquisas recentes relatam que A. alternata
apresentou resistência a DCFs emcampos comerciais de brócolis em Yancheng, província
de Jiangsu, China (Wang et al., 2021).

Tabela 1 Efeito de doses de procimidona (ppm) e classificação, quanto a fungiotoxicidade,sobre o diâmetro


de crescimento micelial - DCM (cm) e porcentagem de inibição de crescimento de micelial – PIC (%) de
Alternaria alternata (CFS 140, CFS 076 e CFS 026)

* A dose de 1500 ppm representa a dosagem regulamentada para o controle de A. dauci em cenoura e o tratamento 0
ppm representa a ausência do fungicida.
** Valores médios de DCM ± valores de desvio médio. Em sobrescrito, diferentes letras maiúsculas, na linha, e letras

minúsculas, na coluna, representam diferenças significativas (p≤0,01) pelo teste de Scott knott a 5% de probabilidade,
em DIC.
*** Valores médios de PIC ± valores de desvio médio. PIC foi determinado segundo a equação: 𝑃𝐼𝐶 = 𝐶𝑐−𝐶𝑡 ∗ 100,
sendo 𝐶𝑐
Cc = Crescimento do controle; Ct = Crescimento tratamento. Em sobrescrito, diferentes letras maiúsculas, na linha, e
letras minúsculas, na coluna, representam diferenças significativas (p≤0,01) pelo teste de Scott knott a 5% de
probabilidade, em DIC.
CE50 = Concentração efetiva capaz de inibir 50% do crescimento micelial.
Fungitoxicidade: CE50<1 ppm = Alto; 1< CE50< 50 ppm = Moderada; CE50 > 50 = não tóxico.

65
Figura 1. Diâmetro de crescimento micelial – DCM (cm) dos isolados CFS 140, CFS026 e CFS 076,
em intervalo de 2; 4; 6; 8;10 dias, sob ação das dosagens (1500; 375; 97,5; 24; 6; 0/Controle) do fungicida
procimidona.

CONCLUSÕES
Os isolados de A. alternata, utilizados nesse estudo, apresentaram fungitoxicidade
moderada ao fungicida procimidona e doses a partir de 24 ppm promovem, pelo menos,
50% de porcentagem de inibição do crescimento micelial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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WANG, B.; LOU, T., WEI, L. et al. Biochemical and molecular characterization of
Alternaria alternata isolates highly resistant to procymidone from broccoli and cabbage.
Phytopathol Res 3, 15 (2021).

66
PJMPG04 - PERFIS DE VIRULÊNCIA DE
ESPÉCIES DE Lasiodiplodia, CAUSANDO
PODRIDÃO EM ABACATE (Persea
americana Mill)
1 2
Sérgio Batista Ramos ; Igor Alexsander de Melo Pimentel ; Marcelo Garcia De
2 2 2
Oliveira ; Iwanne Lima Coelho & Delson Laranjeira
1Departamento de Antibióticos, PPGBiotec, UFPE.
2Departamento de Fitossanidade, PPGF, UFRPE.
Autor para correspondência: sergiobaptistaramos@gmail.com

INTRODUÇÃO
Lasiodiplodia é um fungo pertencente ao filo Ascomycota, presente
geograficamente em todo o mundo com maior importância de ocorrência em regiões
tropicais e subtropicais (Philips et al., 2013; Mehl et al., 2017). Muitas espécies de
Lasiodiplodia são, frequentemente, associadas a doenças em plantas como podridão de
frutas e de raízes, morte e cancro (Slippers &Wingfield, 2007). Por isso, a incidência de
Lasiodiplodia representa preocupação para a fruticultura nordestina, uma vez que essas
espécies podem ocasionar a seca descendente, o cancro em ramos, caules e raízes, lesões
em estacas, folhas, frutos e sementes, além de apresentar alta disseminação por
sementes, propágulos de origem vegetal e porta-enxerto (Cardoso et al., 1998).
Tipicamente, a podridão causada por Lasiodiplodia é caracterizada por necroses
escuras, com desenvolvimento inicial na região peduncular, com apresença de micélio
fúngico na superfície do fruto (Fischer et al., 2019). A podridão dos frutos é uma
doença quiescente na qual a infecção pode ocorrer durante o desenvolvimento dos frutos,
mas os sintomas são evidenciados apenas durante a fase de maturação. Desse modo,
um fruto aparentemente sadio pode apresentar sintomas da doença durante o
armazenamento e/ou comercialização (Fischer et al., 2019).
Em frutos climatéricos, como o abacate, as condições para o desenvolvimento da
podridão estão relacionadas a eventos fisiológicos como: o aumento da produção do
etileno, modificações no teor de lipídios e na textura que desencadeia degradação das
células do mesocarpo, diminuição do amido e aumento do nível de glicose e frutose
(Fischer et al., 2018).

OBJETIVOS
Verificar a virulência de Lasiodiplodia theobromae, Lasiodiplodia
pseudotheobromae, Lasiodiplodia brasiliensis e Lasiodiplodia subglobosa sobre frutos
de abacate (Persea americana).

METODOLOGIA
Os isolados de L. theobromae, L. pseudotheobromae, L. brasiliensis e L.
subglobosa, cedidos pela Coleção Fungos de Solo – LAFSOL da Universidade Federal
Rural de Pernambuco – UFRPE, foram crescidos em meio de cultivo batata, dextrose e
ágar (Sigma Aldrich, USA), por 48 horas a 28 ºC.

67
Os frutos de abacate, adquiridos no Centro de Abastecimento e Logística de
Pernambuco – CEASA/Recife, foram desinfestados em hipoclorito de sódio a 5%, lavados
em água e secos em temperatura ambiente em bancada. A inoculação de Lasiodiplodia
sobre os frutos foi realizado por deposição de discos (0,5 cm) com crescimento micelial,
sobre o tecido vegetal previamente feridos (Figura 1).

Figura 1. Processo de assepsia e inoculação de discos com crescimento fúngico dosfitopatógenos sobre os
frutos de abacate (P. americana Mill)

O experimento foi conduzido com doze repetições/tratamentos, utilizandoas duas


faces do fruto (seis fruto/tratamento; dois pontos inoculação/fruto). Após a inoculação, os
frutos foram acondicionados em câmara úmida por 24 horas a 26 ± 2ºC, em blocos
casualizados. A avaliação de sintomas e aferição das lesões foram realizados as 12, 16,
20, 24 e 28 horas após o período de câmara úmida, por aferição dos tamanhos radiais das
lesões, com auxílio de um paquímetro digital.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 72 horas, os isolados de L. subglobosa e L. brasiliensis não causaram
sintomas acentuados de descoloração sobre os frutos, observando-se apenas um discreto
amolecimento radial, nos pontos de inoculação (Figura 2 A e B). As espécies L.
theobromae e L. pseudotheobromae promoveram os sintomas característicos da podridão
sobre os frutos e a segunda, particularmente, provocou respostas sintomáticas de
aprofundamento, amolecimento e descoloração dos tecidos epidérmico e da polpa nos
frutos (Figura 2 D), verifica-se distorções morfológicas ao comparar com o controle
(Figura 2 E).

Figura 2. Avaliação da virulência 72 horas após a inoculação de L. subglobosa (A), L.brasiliensis (B), L.
theobromae (C), L. pseudotheobromae (D) (E: Controle) sobre o fruto/hospedeiro abacate (P. americana).

68
O abacate é um fruto climatérico, o que favorece o rápido desenvolvimento de
fitopatógenos de pós-colheita como Lasiodiplodia, principalmente nos estágios
avançados de maturação (Péres-Jiménez, 2008). Os sintomas observados nesse estudo
assemelham-se com resultados relatados por Marques et al. (2013), em teste de virulência
de espécies de Lasiodiplodia sobrefrutos climatéricos por 72 horas.
Lasiodiplodia pseudotheobromae apresentou valores de área lesão superiores a
todas as outras espécies. Em 24 horas, essa espécie provocou 360,71 mm², dez vezes
maior que o valor de L. theobromae. Após 72 horas, L. pseudotheobromae e L.
theobromae foram as espécies mais virulentas, exibindo valores de 3043,65 e 119,84 mm²,
respectivamente. O isolado de L. subglobosa foi classificado como o menos agressivo
(Tabela 1). O comportamento da progressão da lesão de cada espécie pode ser observado
na Figura 2 (A, B, C eD).

Tabela 1. Desenvolvimento da podridão em frutos de abacate causada por Lasiodiplodia subglobosa,


Lasiodiplodia brasiliensis, Lasiodiplodia theobromae e Lasiodiplodia pseudotheobromae ao longo de 72
horas.

Muitas espécies de Lasiodiplodia são associadas a doenças de pós-colheita, sendo


L. theobromae a espécie mais reportada com maior incidência e virulência para diversos
cultivos como, por exemplo a manga (Gonçalves et al., 2016), o mamão e o maracujá
(Pereira et al., 2006). Nos resultados apresentados nesse trabalho, a espécie L.
pseudotheobromae foi apontada como a mais virulenta ao abacate, seguida por L.
theobromae. Coelho et al. (2021) verificaram que as espécies L. subglobosa, L.
brasiliensis, L. theobromae e L. pseudotheobromae podem apresentar diferentes perfis de
virulência sobre frutos de coco-verde, sendo L. subglobosa a mais virulenta.

69
Figura 2. Progresso da área de lesão no período de 24 horas até 72 horas após a inoculação ocasionada por
L. subglobosa (A: LSUB), L. brasiliensis (B: LBRA), L. theobromae (C: LTHE) e L. pseudotheobromae
(D: LPSE).

CONCLUSÕES
O abacate é suscetível a ações patogênicas de L. subglobosa, L. brasiliensis, L.
theobromae e L. pseudotheobromae. Em comparação com as demais espécies avaliadas,
L. pseudotheobromae apresenta o comportamento de maior virulência sobre frutos de
abacate.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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decepados para substituição de copa. Fitopatologia Brasileira, v.23, n.1, p.48-50.
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pathogens of woody plants: Diversity, ecology and impact. Fungal Biol. Rev., v. 21, p.
90–106. 2007.

71
PJMPG05- REVELANDO A MICOBIOTA
DA ESCURIDÃO: FUNGOS
ANEMÓFILOS DA CAVERNA ABRIGO
DO LETREIRO NA CAATINGA
1 1
Vitória Cristina Santiago Alves ; João L. V. R. Carvalho ; Joenny M. S. L.
1 1 1 2
Gaston ; Rafaela A. Lira ; Cristina M. Souza- Motta ; Jadson D. P. Bezerra
1Departamento de Micologia, CB, UFPE.
2Laboratório de Micologia, IPTSP, UFG.
Autor para correspondência: vitoria.cristinaa@ufpe.br

INTRODUÇÃO
As cavernas são formações geológicas subterrâneas que possuem características
específicas que, geralmente, podem ser limitantes para o desenvolvimento de seres vivos.
Apresentam um ambiente com poucas variações de condições abióticas como
luminosidade, temperatura e umidade relativa do ar (Lobo & Boggiani, 2013). Os fungos
são considerados organismos cosmopolitas, habitam ambientes aquáticos, terrestres e
também ambientes especiais e por vezes considerados extremos, como as cavernas.
Possuem um papel fundamental na ecologia cavernícola, participam da ciclagem de
nutrientes, além de serem fontes orgânicas para outros organismos (Ferreira et al. 2000;
Nieves-Rivera, 2003; Nováková, 2009).
Nas cavernas, os esporos de fungos podem ser transportados por morcegos e outros
animais-visitantes transitórios que podem levar consigo propágulos fúngicos de um
ambiente para outro. Contudo, a principal forma de dispersão dos fungos é pelo ar. Esses
organismos são produtores de esporos que são carregados pela corrente de ar e
permanecem ativos no ambiente por longos períodos (Lobato, 2009). Esses fungos são
chamados de fungos anemófilos pois apresentam dispersão aérea e pertencem a diferentes
gêneros e espécies (Flores & Onofre, 2010). Os propágulos fúngicos ficam em
suspensão no ar e, quando encontram um substrato com fonte de nutriente, iniciam
seu desenvolvimento.
Os fungos cavernícolas podem ser transitórios ou residentes. Os residentes se
alimentam dos nutrientes que estão disponíveis nas cavernas, e os transitórios se
desenvolvem a partir da disponibilidade de outras fontes de nutrientes oriundas do
ambiente epígeo (Barton e Northup, 2007; ENGEL, 2007). Os substratos orgânicos,
quando presentes nas cavernas, sãorapidamente cobertos por espécies de Aspergillus e
Penicillium (Jurado et al. 2010) sendo estes gêneros mais frequentemente encontrados
nos estudos de micobiota cavernícola. Além desses gêneros, outros fungos considerados
patogênicos já foram relatados em cavernas (Vicentini et al. 2012). Essas ocorrências são
importantes pois grande parte das cavernas são ambientes direcionados para visitação
através de expedições pedagógicas.
Recentemente, Cunha et al. (2020) relataram a riqueza de espécies defungos em
uma bat cave em área de conservação da Caatinga no Parque Nacional do Catimbau e
demonstraram uma grande abundância de unidades formadoras de colônias (UFC) e a
presença de 59 táxons/espécies pertencentes a 37 gêneros de Ascomycota, Basidiomycota

72
e Mucoromycota. A caverna Abrigo do Letreiro (CAL) faz parte do complexo de cavernas
presentes no Parque Nacional da Furna Feia - RN, localizado na região semiárida da
Caatinga nordestina.
A CAL além da importância ecológica e espeleológica, possui vários painéis de
pintura rupestre com tradição geométrica e estilo simbolista distribuídos ao longo da
caverna, nas paredes e em algumas partes do teto, sendo assim, um dos principais roteiros
de visitação nas futuras expedições programadas para o Parna Furna Feia (ICMBio,
2020). Para ser possível a visitação desse espaço, faz-se necessário a investigação da
micobiota presente no ar da caverna.

OBJETIVOS
Avaliar e identificar a micobiota presente no ar da Caverna Abrigo do Letreiro
em área de conservação da Caatinga no RN, Brasil.

METODOLOGIA
A coleta dos fungos foi realizada utilizando a metodologia de sedimentação em
meio de cultura contidos em placas de Petri (gravity settling culture plate method). O
ambiente da caverna foi dividido em três áreas chamadas de câmara e consequentemente
foram obtidos três pontos: o primeiro próximo da entrada 1 m - um ambiente anexo mais
isolado do restanteda caverna - o segundo no centro (2 m da entrada) e o terceiro ponto
mais ao fundo da caverna (4 m da entrada). Em cada ponto foram abertas três placas
de Petri contendo meio de cultura Ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol (80mg.L-
1). As placas foram posicionadas equidistantes umas das outras, a 1 metro do chão da

caverna por 20 minutos (Cunha et al. 2020). Após a exposição, as placas foram
identificadas e levadas ao laboratório e incubadas a 28°C por até 7 dias no escuro. As
colônias fúngicas que surgiram foram contadas sendo determinado o número de UFC por
placa. As colônias que apresentavam morfologias distintas foram isoladas retirando
fragmentos e transferindo-os separadamente para placas de Petri com meio Ágar
Sabouraud acrescido com cloranfenicol (80mg.L-1) e incubadas nas mesmas condições
descritas acima.
Para a realização da identificação molecular dos isolados, o DNA foi extraído do
micélio fúngico seguindo o protocolo do Kit de extração de DNA genômico da Promega
(Wizard Genomic DNA Purification Kit). Para a amplificação das regiões específicas do
DNA foram utilizados os primers ITS1e ITS4 (White et al. 1990) para ITS rDNA, Bt2a
e Bt2b (Glass e Donaldson, 1995) para tubulina, CDM 5 e CDM6 (Hong et al. 2006) para
calmodulina, EF-728F e EF-986R (Carbone & Kohn, 1999) para fator de alongamento
da tradução e ACT-512F e ACT-783R (Carbone & Kohn, 1999) para actina a depender
dos gêneros conforme a indicação da literatura. Os produtos de PCR foram purificados
com as enzimas Exonuclease I e Fosfatase Alcalina contidas no Kit Illustra ExoProStar
1-Step (GE Healthcare) conforme as orientações do fabricante e encaminhados para
sequenciamento na Plataforma Multiusuário de Sequenciamento de DNA do Centro de
Biociências da UFPE.
As sequências obtidas foram editadas no programa Mega X (Kumar et al. 2018) e
utilizadas para busca por sequências similares no banco de dados GenBank do NCBI
utilizando a ferramenta BLASTn. Essa análise prévia foi utilizada para identificação

73
genérica dos isolados. O alinhamento das sequências, edição e análises filogenéticas
foram realizadas seguindo Bezerra et al. (2017) e Cunha et al. (2020).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A abundância de fungos anemófilos na caverna foi determinada com base no
número de UFCs em cada um dos pontos amostrais (Tabela 1).

Tabela 1. Unidades formadoras de colônias obtidas em cada ponto (P1, P2 e P3) das câmarasda caverna
Abrigo do Letreiro, RN-Brasil.
UFCs DO AR DA CAVERNA ABRIGO DO LETREIRO
Placa 1 Placa 2 Placa 3
Ponto 1 56 53 37
Ponto 2 28 38 53
Ponto 3 61 +100 +100

O número de UFC foi maior no ponto 3 que é a câmara mais distante da entrada
da caverna, o que diferencia dos padrões que geralmente são relatados como nos
trabalhos de Fernandez-Cortes et at. (2011) e Taylor et al. (2014) onde foi demonstrado
um decréscimo das colônias fúngicas nas zonas mais profundas da caverna. Por outro
lado, em outra caverna da Caatinga, Cunha et al. (2020) demonstraram um maior número
de UFC no ponto mais distante da entrada da caverna (UFC = 452). Uma possível
explicação para esta observação deve-se ao fato de que a caverna em estudo possui
aberturas em sua estrutura (no teto, com a presença de claraboia e uma saída estreita ao
fundo) o que permite uma maior circulação de correntes de ar e maior comunicação com
o meio externo.
Um total de 40 fungos foram isolados, sendo 21 fungos do ponto 1, oito fungos
do ponto 2 e 11 fungos do ponto 3, sendo 38 fungos filamentosos e duas leveduras.
As análises filogenéticas utilizando as sequências de DNA dos isolados demonstraram a
riqueza de 14 gêneros de fungos (Figura 1). Aspergillus (40%), Penicillium (10%) e
Cladosporium (10%) são os mais abundantes, seguidos por Cercospora (7,5%),
Auxarthron (5%), Lecanicillium (5%), Lasidiodoplodia (5%), Alternaria (2,5%), Edenia
(2,5%), Phoma (2,5%), Talaromyces (2,5%), Sympodiomycopsis (2,5%), Candida (2,5%)
e Humicola (2,5%). Com base nesses dados, isolados de Aspergillus, Penicillium e
Cladosporium foram os mais presentes no ar da caverna Abrigo do Letreiro. Resultados
semelhantes foram relatados por Varderwolf et al. (2013) na revisão geral de fungos de
cavernas e por Cunha et al. (2020) que relataram esses gêneros como os mais frequentes
em caverna da Caatinga. Além disso, foi verificado que seis isolados com potencial de
serem descritos como novas espécies, aumentando a riqueza de fungos de cavernas no
Brasil (Cunha et al.2020).

74
Figura 1. Árvore de máxima verossimilhança obtida utilizando sequências de ITS do rDNA de
representantes de fungos anemófilos isolados da caverna Abrigo do Letreiro - RN, Brasil. Valores de
suporte maiores que 60% são mostrados próximo dos nós. Rhizopus oryzae CBS 112.07 (NR103595) foi
utilizado como grupo externo.

CONCLUSÕES
Apesar das diferenças morfoclimáticas que a caverna em estudo possui em relação
às cavernas que geralmente são estudadas, a micobiota presente no ar do seu hipógeo não
diferiu por completo, sendo demonstrada uma diferença na quantidade de UFC e de
riqueza de gêneros de fungos quando comparados os pontos de coleta. Esse estudo
contribui com o conhecimento da micobiota anemófila presente na caverna e fornece
informações microbiológicas para a elaboração do plano de manejo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CUNHA, A.O.B. et al. Living in the dark: Bat caves as hotspots of fungal diversity. PLoS
ONE, v. 15, n. 12, e0243494, 2020.
FERNADEZ-CORTÉS, A. et al. Detection of human-induced enviromental disturbances
in a show cave. Environmental Science and Pollution Research.V. 18, p1037-1045,
2011.
FERREIRA, R.L. et al. Riqueza e abundância de fungos associados ao guano de
morcegos hematófagos na Gruta da Lavoura. O Carste v. 12, p. 46-51, 2000.
ICMBio. Plano de manejo do Parque Nacional na Furna Feia. Brasília – DF,2020.

75
JURADO, V. et al. Patogenic and opportunistic microorganisms in caves.
International Journal of Speleology, v. 39, p. 15-24, 2010.
KUMAR S. et al. MEGA X: Molecular Evolutionary Genetics Analysis across
Computing Platforms. Mol Biol Evol, v. 35, n6, p. 1547-1549, 2018.
LOBO, H.A.S., BOGGIANI, P.C. Cavernas como patrimônio geológico. Boletim
Paranaense de Geociências 70: 190-199, 2013.
Nieves-Rivera, A.M. Mycological Survey of Río Camuy Caves Park, Puerto Rico.
Journal of Cave and Karst Studies, v. 65, p. 23-28, 2003.
NOVÁKOVÁ, A. Microscopic fungi isolated from the Domica Caves system (Slovak
Karst National Park, Slovakia). A review. International Journal of Speleology, v. 38, p.
71-82, 2009.
TAYLOR, E.L.S. et al. Cave entrance dependente spore dispersion of filamentous fungi
isolated from various sediments of iron ore cave in Brazil: a colloquy on human threats
while caving. Ambient Science. Vol.1, n. 1, p16-28, 2014.
VANDERWOLF, K.J. et al. A world review of fungi, yeasts, and slime molds in
caves. International Journal of Speleology, v. 42, p. 77-96, 2013.

76
RESUMOS
SIMPLES
77
EIXO TEMÁTICO
Ecologia de Fungos

78
EF01 - FUNGOS MICORRÍZICOS
ARBUSCULARES ASSOCIADOS A
PLANTAS AQUÁTICAS SUBMERSAS NA
LAGOA DE JACUMÃ, RN, BRASIL
Juliana Rayssa Barros Félix1; Hannah Da Silva Vieira1; Elias de Oliveira Tomas1;
Juliana Aparecida Souza Leroy2 & Bruno Tomio Goto3
1
Laboratório de Biologia de Micorrizas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN.
2
Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução. Laboratório de Biologia de Micorrizas,
Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.
3
Departamento de Botânica e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus
Universitário, 59072-970, Natal, RN, Brasil.
Autor para correspondência: julianarayssa@live.com

A simbiose entre Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMA) e plantas terrestres é


uma associação bem consolidada, porém em plantas aquáticas permanece pouco
estudada. Assim, o trabalho visa avaliar a riqueza de FMA em sedimento proveniente da
rizosfera das macrófitas submersas, além de analisar a taxa de colonização de suas raízes.
Para isso, foi coletado sedimento e raízes de quatros espécies: Utricularia resupinata
B.D.Greene ex Bigelow, Noterophila bivalvis (Aubl.) Kriebel & M.J.R. Rocha,
Helanthium tenellum (Mart.) Britton e Xyris jupicai Rich., em 60, 20, 150 e 50 cm de
profundidade, respectivamente, na Lagoa de Jacumã, RN, Brasil. Para a extração e
análises morfológicas dos glomerosporos, foram realizados peneiramentos úmidos,
centrifugação em água e sacarose (70%) e montagem em lâminas permanentes com
PVLG e PVLG + Reagente de Melzer. As raízes foram clarificadas com KOH 10%,
tingidas em solução de azul de tripano (0,05%), e após a montagem das lâminas foi
calculada a taxa de colonização. Foram obtidas 5 espécies de FMA, sendo elas:
Ambispora leptoticha (N.C. Schenck & G.S. Sm.) C. Walker et al. (3), Am. appendicula
(Spain, Sieverd. & N.C. Schenck) C. Walker (1), Acaulospora sp. (7), Ac. tuberculata
Janos & Trappe (2) e Ac. foveata Janos & Trappe (1). Todas as raízes estavam colonizadas
por FMA, com destaque para H. tenellum, com 35% de colonização, apresentando tanto
hifas, vesículas, esporos e arbúsculos. Esses dados indicam uma possível relação entre a
porcentagem de colonização e profundidade, sugerindo que conforme a profundidade
aumenta, maior é a colonização dos FMA nas raízes. O baixo número de esporos no
sedimento é similar a outros estudos de ambientes aquáticos. Entretanto, a presença de
colonização nas raízes sugere que a relação ecológica das macrófitas e FMA ocorre de
forma similar às plantas terrestres.

Palavras-chave: Ambiente lêntico, Glomeromycota, glomerosporos, macrófitas e


micorrízas.

79
EF02 - MODELAGEM DE NICHO
APLICADA AO FUNGO PORÓIDE
Earliella scabrosa (POLYPORALES),
OCORRENTE NO BRASIL
Danilo Chagas Dos Santos1; Renato Lúcio Mendes Alvarenga1 & Tatiana Baptista
Gibertoni1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: chagas.danilo1@gmail.com

A modelagem ecológica se mantém como metodologia que permite compreender


melhor os padrões de distribuição dos organismos. A aplicação da modelagem para
fungos, por mais recente que seja em relação a outros grupos, já apresenta grandes
desdobramentos entre os representantes do reino. Fungos poroides da ordem Polyporales
são caracterizados por apresentar sistema hifálico monomítico (apenas com hifas
generativas), bem como formas dimíticas e trimíticas com hifas esqueléticas e/ou
conectivas de paredes espessas e variáveis formas dos basidiósporos, tornando-se uma
das maiores ordens entre os Agaricomycetes. Earliella scabrosa é uma espécie sapróbia
desta ordem, reportada para região tropical e, muito comum em locais abertos. Este fungo
apresenta atividade antioxidante, antibacteriana e cicatrizante. Além disso, é capaz de
produzir princípios ativos com potencial contra fitopatógenos e na descoloração de
corantes sintéticos e foi relatada como patógeno humano raro causando endoftalmite em
paciente com histórico de problemas visuais. Dados de presença foram extraídos do
Global Biodiversity Information Facility (GBIF) associados a 19 variáveis bioclimáticas
e 11 classes vegetais extraídas do WorldClim e EarthEnv, para construção dos modelos
no programa MaxEnt. Foi realizada análise de componentes principais (PCA) para
selecionar as variáveis preditoras com melhor contribuição para o modelo. Das variáveis
usadas na PCA, 24 não estão correlacionadas e foram usadas para executar os modelos.
Dentre elas, BIO16, Class2, Class9 e BIO19 demonstraram maior desempenho, com
maior percentual em relação às demais variáveis, totalizando 68,4% de contribuição. Os
dados de treinamento de E. scabrosa resultou em valores de AUC = 0.957, o que permitiu
categorizar o modelo como excelente. A espécie apresentou distribuição para áreas do
Norte e faixa litorânea do Brasil evidenciando a importância da Amazônia e Mata
Atlântica para conservação do fungo, além disso, a análise mostrou que a variável de
vegetação antropizada pode influenciar fortemente na distribuição desta espécie.

Palavras-chave: Basidiomycota, Distribuição de espécies, Ecologia, Modelagem,


MaxEnt.
Financiamento: CNPq (302941/2019-3), FACEPE (IBPG 0161-2.03/19).

80
EF03 - MODELAGEM ECOLÓGICA
APLICADA AO FUNGO PORÓIDE
Phellinus fastuosus
(HYMENOCHAETALES), OCORRENTE
NO BRASIL
Danilo Chagas Dos Santos1; Renato Lúcio Mendes Alvarenga1 & Tatiana Baptista
Gibertoni1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: chagas.danilo1@gmail.com

Nos últimos 25 anos de estudo sobre modelagem de nicho na América Latina,


alguns estudos foram desenvolvidos para estimar áreas de distribuição de espécies
fúngicas. Fungos da classe Agaricomycetes estão alocados no Filo Basidiomycota e
correspondem a um quinto de todos os fungos conhecidos. A ordem Hymenochaetales
atualmente inclusa neste grupo é considerada monofilética e apresenta uma enorme
variedade morfológica e taxonômica, com hifas generativas e/ou esqueléteas, seus
esporos são lisos, mas espécies de alguns gêneros podem apresentar algum tipo de
ornamentação. Phellinus fastuosus pertencente à esta ordem, é uma espécie reportada ora
como parasita, ora como sapróbia, e apresenta potencial como conservante natural, além
de apresentar atividade antimicrobiana e anticancerígena, podendo ser usado na produção
de farmacêuticos e nutracêuticos. Para a construção dos modelos foram utilizados os
registros de P. fastuosus considerando sua ampla distribuição tropical. É importante frisar
que para o neotrópico registros dessa espécie representa Fulvifomes kawakamii e existem
poucos registros nos bancos de dados. Foram utilizados no programa MaxEnt dados de
presença disponíveis no GBIF associados a 19 variáveis bioclimáticas e 11 classes
vegetais extraídas do WorldClim e EarthEnv. Posteriormente realizou-se a análise de
componentes principais (PCA) para selecionar as variáveis preditoras com melhor
contribuição para o modelo. Das 30 variáveis usadas na PCA, 17 não foram
correlacionadas. Dentre estas, BIO17, BIO10, Classe9 e Class11 demonstraram maior
desempenho no modelo, com percentual total de 73,9%. O modelo foi gerado e a curva
de especificidade para os dados de treinamento de P. fastuosus resultou em valores de
AUC = 0.965. Os resultados mostram que no Brasil, as áreas de floresta Amazônica e
Mata Atlântica apresentam maior potencial para ocorrência desta espécie sendo a região
Norte a que apresenta maior sensibilidade para o modelo, afirmando a importância da
conservação da Amazônia e consequentemente preservação da espécie.

Palavras-chave: Basidiomycota, Distribuição de espécies, Ecologia, Modelagem,


MaxEnt.
Financiamento: CNPq (302941/2019-3), FACEPE (IBPG 0161-2.03/19).

81
EF04 - MACROFUNGOS COMO
RECURSO ALIMENTAR:
INVESTIGAÇÃO DE
COMPORTAMENTOS MICOFÁGICOS
NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE
ANGATUBA, SÃO PAULO, BRASIL
Emily dos Santos Silva1,3,4, Hugo Borghezan Mozerle², Marcos Gonçalves
Lhano3, Juliano Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-Pereira1
1
.Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic–UFSCar), Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
2
TAPIR Consultoria Ambiental Ltda., Gravatal, SC.
3
Centro de Ciências da Natureza, Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
4
Bolsista PIBIC/CNPq/UFSCar.
Autor para correspondência: emilysilva@estudante.ufscar.br

A micofagia pode ser definida como o consumo de qualquer parte de fungos, sendo
que uma grande variedade de animais, invertebrados e vertebrados, se alimenta deles. Os
fungos desempenham um importante papel na dieta desses animais, uma vez que
apresentam nutrientes essenciais, podendo até mesmo ser a principal fonte de alimento
para algumas espécies. Levando isso em conta, o presente estudo teve como objetivo
investigar o comportamento micofágico de animais vertebrados e invertebrados na
Estação Ecológica de Angatuba (Sudoeste Paulista), com foco na espécie exótica Amanita
rubescens Pers., buscando contribuir para o conhecimento da etologia animal e relações
interespecíficas envolvendo fungos. Para tanto, duas armadilhas fotográficas foram
instaladas no local de ocorrência dos cogumelos para monitoramento, entre
novembro/2020 e junho/2021, com o intuito de registrar os animais vertebrados. Para a
coleta dos invertebrados, os basidiomas encontrados foram inspecionados a olho nu, e os
animais foram coletados com auxílio de pinça entomológica, preservados em álcool 70%
e posteriormente identificados em laboratório com auxílio de microscópio estereoscópico
e chaves de identificação. O esforço de amostragem totalizou 5.554,66 horas de filmagem
com as armadilhas fotográficas e foram identificadas 18 espécies de mamíferos
(representantes das ordens Didelphimorphia, Cingulata, Pilosa, Rodentia, Lagomorpha,
Carnivora e Artiodactyla), duas de aves (Galiformes e Columbiformes) e uma de réptil
(Squatamata). Não houve registro de mamíferos consumindo os cogumelos, apenas
algumas interações. Os invertebrados totalizaram 42 amostras, provenientes de 15
cogumelos, e correspondem a moluscos (Gastropoda) e artrópodes (ordens Diptera,
Hymenoptera, Collembola, Coleoptera e Acariformes). Os resultados indicam que os
vertebrados registrados não consomem a espécie fúngica investigada, porém, há uma rica
fauna de invertebrados associada.

Palavras-chave: fungivoria, etologia, invertebrados, micofagia, vertebrados,


taxonomia.
Financiamento: PIBIC/CNPq/UFSCar.

82
EF05 - IMPACTOS DAS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO
GEOGRÁFICA DE Dacryopinax maxidorii
Lowy (FUNGI: BASIDIOMYCOTA)
Ailton Matheus Avelino de Oliveira1; Tatiana Baptista Gibertoni 1 & Renato
Lúcio Mendes Alvarenga¹.
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: ailton.matheus1@gmail.com

Os modelos de distribuição vêm sendo frequentemente utilizados na biogeografia,


para prever e explicar as distribuições das espécies. O clima é um fator de extrema
importância para o crescimento e reprodução de diversos organismos. Assim, as
mudanças climáticas futuras vão induzir, além da perda da biodiversidade, mudanças na
distribuição e a fragmentação dos habitats de diversos organismos. Os fungos possuem
papel importante como decompositor nos mais variados ecossistemas terrestres estando
ligados e, consequentemente, sendo afetados diretamente pelo clima. Como espécie
modelo, foi escolhido D. maxidorii Lowy, que é caracterizada por apresentar um
basidioma estipitado, flabelado, amarelo alaranjado, com basidiósporos cilíndricos
curvos e apresenta 13 registros de ocorrência, todos em biomas brasileiros. Para explorar
a distribuição desta espécie, foram utilizadas dois conjuntos de variáveis preditoras
(Atuais e Futuras) em dois cenários das mudanças climáticas: Cenário de emissão otimista
(SSP1-2.6) e Cenário de emissão pessimista (SSP5-8.5). A modelagem foi realizada
utilizando o pacote “ENMTML” no ambiente do R, com 19 biovariáveis mais elevação.
Nossos resultados mostraram que a espécie será fortemente afetada pelas condições
climáticas futuras, mesmo no cenário mais otimista. Os modelos sugerem ainda que as
áreas adequadas incluem regiões onde a espécie não foi registrada e que a maioria dessas
áreas pertence a ambientes florestais como Amazônia e Mata Atlântica no Brasil, biomas
que sofrem fortes pressões antrópicas, e a região do Caribe na América Central. Embora
encontremos diferenças na área adequada entre os cenários projetados, identificamos
regiões de forma consistente, sugerindo uma possível área de refúgio para a espécie no
país: no Norte, a área de refúgio abrangeu o PARNA Monte Roraima e, no Nordeste,
abrangeu a REBIO Saltinho e a ESEC Murici.

Palavras-chave: Basidiomycota, modelagem da distribuição geográfica, mudanças


climáticas

83
EF06 - TIPO DE EMBASAMENTO
GEOLÓGICO E HOSPEDEIRO
INFLUENCIAM OS FUNGOS
MICORRÍZICOS ARBUSCULARES?
Thiago Correia da Silva1; José Hilton dos Passos1; Daniele Magna Azevedo de
Assis1 & Leonor Costa Maia1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE. Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: thiago-correiaa@hotmail.com

Representantes da família Euphorbiaceae, entre as quais a endêmica Jatropha


mollissima (Pohl) Baill, são comumente encontradas na Caatinga. Essa planta forma
associação com fungos micorrízicos arbusculares (FMA), conhecidos por promoverem
maior aporte de água e nutrientes para os vegetais, daí a importância desse grupo de
simbiontes, principalmente, em locais com limitada disponibilidade desses recursos. O
objetivo deste trabalho foi comparar a composição das comunidades de FMA entre áreas
de Caatinga com embasamento sedimentar e cristalino da Bahia, e para isso coletaram-se
10 amostras de solo na rizosfera de 10 indivíduos de J. mollissima em duas Unidades de
Conservação, totalizando 20 amostras. Glomerosporos foram extraídos de cada amostra
por peneiramento úmido e centrifugação, quantificados, separados por morfotipos,
montados em lâminas e analisados para identificação das espécies de FMA. Os valores
foram transformados em log (x+1), submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo
teste de Tukey. A densidade de glomerosporos diferiu entre as áreas (p = 0,002), e foi
maior nas áreas com embasamento cristalino, do que nas áreas sedimentares com 23 e 2
glomerosporos g solo , respectivamente. No total, 51 táxons pertencentes a 17 gêneros
-1

foram identificados. As comunidades de FMA das áreas estudadas apresentaram 60% de


similaridade (índice de Sørensen), com 22 espécies compartilhadas. Acaulospora e
Glomus foram os gêneros mais representativos com 12 e 11 espécies, respectivamente. A
elevada ocorrência desses dois táxons, registrados como prevalentes em diversos
ecossistemas, confirma que seus representantes estão bem adaptados às condições do
semiárido. Embora tenham origens geológicas distintas, as áreas estudadas compartilham
elevada riqueza e similaridade de táxons de FMA, o que pode estar relacionado ao
hospedeiro vegetal em comum nas duas áreas. Por outro lado, a produção de esporos
parece ser influenciada pelo tipo de embasamento, considerando a menor quantidade
registrada na área sedimentar, em comparação com a do cristalino.

Palavras-chave: Diversidade, Glomeromycota, micorriza, semiárido.


Fontes de financiamento: CAPES, CNPq e FACEPE.

84
EF07 - FUNGOS ESCUROS SEPTADOS
ASSOCIADOS A PLANTAS AQUÁTICAS
SUBMERSAS NA LAGOA DE JACUMÃ,
RN, BRASIL
Hannah da Silva Vieira1; Juliana Rayssa Barros Félix1; Elias de Oliveira Tomas1;
Juliana Aparecida Souza Leroy2; Patrícia Oliveira Fiuza2 & Bruno Tomio Goto 3
1
Laboratório de Biologia de Micorrizas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, RN.
2
Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução. Laboratório de Biologia de Micorrizas,
Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN.
3
Departamento de Botânica e Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus
Universitário, 59072-970, Natal, RN, Brasil.
Autor para correspondência: hannah.vieira.703@ufrn.edu.br

Fungos escuros septados (Dark Septate - DS) é um grupo de fungos endofíticos que
vivem dentro dos tecidos de plantas hospedeiras. Admite-se que esse grupo é mutualístico
quando observados no interior de plantas saudáveis, desempenhando um papel ecológico
semelhante aos fungos micorrízicos. Diante disso, cada vez mais estudos reportam a
ocorrência de DS colonizando raízes de plantas aquáticas ou macrófitas, sem
apresentarem sintomas prejudiciais. Por isso há necessidade de relatar a ocorrência de DS
em macrófitas em diferentes ambientes aquáticos. Sendo assim, o objetivo desse estudo
é reportar a ocorrência e comparar a diversidade de DS entre quatro espécies de
macrófitas da Lagoa de Jacumã, Rio Grande do Norte, Brasil, sendo elas: Utricularia
resupinata B.D.Greene ex Bigelow, Noterophila bivalvis (Aubl.) Kriebel & M.J.R.
Rocha, Helanthium tenellum (Mart.) Britton e Xyris jupicai Rich, coletadas a 150 cm, 20
cm, 60 cm e 50 cm da coluna d’água, respectivamente. As espécies hospedeiras coletadas
tiveram suas raízes tratadas em KOH (10%) e coradas em solução de azul de tripano
(0,05%). A partir da montagem de lâminas das raízes e visualização em microscópio, foi
realizado uma análise de frequência de colonização por DS, cujos resultados foram 7%,
25%, 6% e 11,11%, respectivamente, para os hospedeiros H. tenellum, N. bibalvis, U.
resupinata e X. jupicai. Esses dados indicam que há uma relação entre a profundidade do
hospedeiro a partir da coluna d’água e a taxa de colonização de DS, visto que as espécies
hospedeiras que se encontravam em menor profundidade, apresentaram maior número de
DS em suas raízes. Esses resultados apontam a significância de qualificar variáveis de
coleta na ocorrência de DS e contribuem para a compreensão da capacidade de ocorrência
do grupo em diferentes famílias de macrófitas.

Palavras-chave: Ambiente aquático lêntico, colonização, fungos endofíticos e


macrófitas.

85
EF08 - COMPETIÇÃO INFLUENCIA A
PREVALÊNCIA DO GÊNERO
Sympodiorosea EM COLÔNIAS DE
FORMIGA ATÍNEA BASAL
Enzo Roberto Sorrentino1; Rodolfo Bizarria Jr1; Quimi Vidaurre Montoya1 &
André Rodrigues1
1
Departmento de Biologia Geral e Aplicada, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro,
SP, Brasil.
Autor para correspondência: enzo.sorrentino@unesp.br

As formigas atíneas cultivam fungos basidiomicetos como alimento. Além do


cultivar fúngico, essas formigas abrigam vários outros organismos em estruturas
chamadas “jardins de fungo”, como é o caso dos gêneros Luteomyces e Sympodiorosea.
Nossas pesquisas de campo revelaram esses fungos, pertencentes à família Hypocreaceae,
como habitantes comuns em colônias das atíneas basais, mas poucos estudos exploraram
suas relações simbióticas dentro da colônia. De um total de 102 colônias de Mycocepurus
goeldii Forel, 1893, coletadas em Anhembi-SP, recuperamos espécies de Sympodiorosea
e L. trichodermoides em 61,76% e 16,6% delas, respectivamente. Considerando a
prevalência desses fungos, buscamos avaliar a competição entre eles na presença e
ausência do cultivar de M. goeldii, com o intuito de encontrar padrões que justifiquem a
prevalência de uma espécie na região. Um fragmento de micélio de L. trichodermoides e
Sympodiorosea sp. foi disposto a 1 cm de distância da borda das placas contendo meio de
cultivo Batata Dextrose Ágar, com o cultivar. Os fragmentos de micélio foram
posicionados opostos um ao outro, enquanto o cultivar foi disposto no centro. As placas
foram incubadas durante dez dias, a 25 ° C, no escuro, e a área de crescimento dos fungos
foi mensurada. Nossos resultados mostraram que tanto L. trichodermoides, quanto
Sympodiorosea sp. influenciaram negativamente o crescimento um do outro.
Diferentemente de L. trichodermoides, que apresenta um estilo de vida generalista,
observamos que Sympodiorosea sp. apresentou padrões de atração pelo cultivar e
aumento significativo do crescimento, após o contato físico com o mesmo. Suspeitamos
que a alta prevalência de espécies de Sympodiorosea pode estar relacionada à sua atração
pelo cultivar, o que pode explicar sua distribuição nesta população particular de colônias
de formigas M. goeldii. No entanto, pesquisas adicionais são necessárias para explicar a
prevalência desses fungos em colônias de formigas cultivadoras de fungos.

Palavras-chave: Hypocreaceae, ecologia de fungos, ecologia de populações,


insetos sociais, simbioses.
Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP).

86
EF09 - PRIMEIRO REGISTRO DE
MICOFAGIA ENVOLVENDO O GAMBÁ-
DE-ORELHA-BRANCA (Didelphis
albiventris LUND, 1840) NO BRASIL
Thiago Ghiraldini Caetano1; Emily dos Santos Silva1; Hugo Borghezan Mozerle2;
Juliano Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic-UFSCar), CCN, Universidade Federal de São
Carlos, Buri, SP, Brasil.
2
TAPIR Consultoria Ambiental Ltda., Gravatal, SC.
Autor para correspondência: thiago.caetano@estudante.ufscar.br

O gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris Lund, 1840) é uma espécie de


marsupial que ocorre no Brasil e em outros países da América do Sul, como Bolívia,
Paraguai, Argentina e Uruguai. Os indivíduos são solitários (com exceção da época
reprodutiva) e de hábitos crepusculares e noturnos. De acordo com a literatura, possui
uma dieta generalista classificada como frugívora-onívora, se alimentando de frutas,
insetos, pequenos répteis, anfíbios, aves e mamíferos. Estudos sobre a dieta de animais
são importantes não apenas para a compreensão da biologia de cada espécie, mas também
porque revelam implicações ecológicas, evolutivas e conservacionistas. Dessa forma, a
investigação do hábito micofágico de mamíferos de pequeno e médio porte contribui para
a construção desse conhecimento. Sendo assim, armadilhas fotográficas foram instaladas
em um fragmento de mata ciliar do Rio Itapetininga (coordenadas: -23.59957, -48.47609;
Bacia do Alto Paranapanema, Sudoeste Paulista) com o intuito de registrar eventos de
micofagia envolvendo mamíferos de pequeno porte. Para definir o local de instalação das
armadilhas, procurou-se por troncos grandes contendo espécimes vistosos de cogumelos
e, quando possível, com indícios de micofagia. As fotografias e filmagens estão sendo
realizadas desde julho de 2021 quando as armadilhas foram instaladas. Até o momento,
foi possível registrar o hábito micofágico do gambá-de-orelha-branca, que se alimenta do
fungo-de-porcelana (Oudemansiella sp.). A inclusão desta espécie de cogumelo na dieta
do gambá-de-orelha-branca constitui o primeiro registro de micofagia para este
marsupial.

Palavras-chave: Comportamento animal, ecologia, etologia, fungivoria, hábitos


alimentares.

87
EF10 - AVALIAÇÃO DO ESTADO DE
CONSERVAÇÃO DE TRÊS ESPÉCIES
BRASILEIRAS DE FUNGOS FALOIDES
(PHALLALES, BASIDIOMYCOTA)
Milena Vieira De Miranda1,3; Kelmer Martins-Cunha2,4; Genivaldo Alves-Silva2;
Elisandro Ricardo Drechsler-Santos2; Juliano Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-
Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic-UFSCar), Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
2
MIND.Funga, Laboratório de Micologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
SC, Brasil.
3
Bolsista PIBIC/CNPq/UFSCar; 4Bolsista PIBIC/CNPQ/UFSC.
Autor para correspondência: milenamiranda@estudante.ufscar.br

Os fungos são organismos diversos, relevantes em muitos processos ecológicos e


constituem um reino próprio. Grande parte deles são essenciais na cadeia alimentar, sendo
responsáveis pela decomposição de matéria orgânica e, consequentemente, atuando
ativamente na ciclagem de nutrientes. A diversidade deste reino é estimada em 2,2 a 5,1
milhões de espécies, entretanto, esses organismos são pouco considerados em iniciativas
de conservação, as quais são de extrema importância para a preservação de todo o planeta
Terra. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo avaliar o estado de conservação
de fungos macroscópicos, com ênfase em espécies brasileiras de fungos faloides
(Phallales, Basidiomycota), com o intuito de promover a inclusão das mesmas na Lista
Vermelha Global de Espécies Ameaçadas de Extinção da IUCN (International Union for
Conservation of Nature). Para a avaliação das espécies, dados relevantes de cada uma
delas foram submetidos à plataforma The Global Fungal Red List Initiative (e.g., dados
sobre taxonomia, distribuição geográfica, tamanho e tendência populacional, habitat e
ecologia, ameaças, ações de conservação etc.). Os dados fornecidos via plataforma foram
posteriormente avaliados pelo presidente de um dos comitês de especialistas em fungos,
junto aos propositores e outros avaliadores. No âmbito do I Workshop Brasileiro de
Avaliação de Espécies de Fungos para a Lista Vermelha Global da IUCN, três espécies
brasileiras endêmicas de fungos faloides foram avaliadas e reconhecidas como ameaçadas
de extinção (categoria Vulnerável): Blumenavia crucis-hellenicae G. Coelho et al.,
Phallus aureolatus Trierv.-Per. & de Meijer e Phallus glutinolens (A. Möller) Kuntze. O
reconhecimento delas como espécies vulneráveis se deu principalmente devido ao
pequeno número populacional e severa perda de extensão e qualidade de habitat. O
presente trabalho corresponde aos resultados parciais de um projeto de iniciação científica
e outras espécies de macrofungos serão ainda avaliadas.

Palavras-chave: espécies ameaçadas de extinção, funga brasileira, IUCN, Lista


Vermelha Global de Espécies Ameaçadas de Extinção.
Financiamento: PIBIC/CNPq/UFSCar.

88
EF11 - FUNGOS ENDOFÍTICOS EM
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir., ESPÉCIE
NATIVA DA CAATINGA
Arthur Vinícius da Silva1; Thays Gabrielle Lins de Oliveira1; Jadson Diogo
Pereira Bezerra2 & Leonor Costa Maia1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE.
2
Departamento de Biociências e Tecnologia, IPTSP, UFG.
Autor para correspondência: arthurvsilva88@gmail.com

Os fungos endofíticos representam um importante grupo de microrganismos que


coexistem com as plantas sem causar dano aparente. Concedem proteção ao hospedeiro
contra fatores bióticos e abióticos e são uma importante fonte biotecnológica. A Caatinga
é uma das regiões semiáridas mais variadas do mundo com diversas espécies endêmicas
e/ou nativas de plantas, animais e fungos. Mimosa tenuiflora (Fabaceae-Mimosoideae),
planta nativa da Caatinga, faz parte de um importante grupo funcional para a conservação
do ambiente natural, entretanto não é conhecida sua relação com fungos endofíticos. O
objetivo deste estudo foi estimar a riqueza de fungos endofíticos em amostras de folíolos
e ramos de seis indivíduos de M. tenuiflora, coletadas no Raso da Catarina, Bahia, área
de conservação da Caatinga. O material vegetal foi submetido a desinfestação superficial
com etanol 70%, hipoclorito de sódio (2-2,5% de cloro ativo) e água destilada e
esterilizada. Em seguida, o material foi cortado em fragmentos de cerca de 0,5 cm² e
distribuído em placas de Petri (5 fragmentos por placa) contendo o meio de cultura BDA
(Batata-Dextrose-Ágar) + 100 mg/L de cloranfenicol. As placas foram incubadas a 28±2
°C por até 30 dias em ciclo natural de luz-escuro. Foram estudados 540 fragmentos
vegetais, dos quais foram colonizados 17 (6,3%) fragmentos de folíolos e 124 (45,9%) de
ramos. No total, foram isolados 181 fungos endofíticos, sendo 18 de folíolos e 163 de
ramos. Os isolados foram identificados com base em características morfológicas e
filogenéticas, utilizando sequências de ITS do rDNA. Readeriella e Leptosillia foram
isolados exclusivamente de ramos, sendo os gêneros mais frequentes nas amostras.
Sporormiella minima foi a espécie mais frequente em folíolos. O número de isolados e
de táxons diferiu entre folíolos (18 isolados e 2 táxons) e ramos, com maior riqueza (43
táxons) registrada nos ramos. Segundo o índice de Shannon–Wiener, a diversidade
fúngica foi similar em folíolos e ramos. Uma nova espécie de Leptosillia, L. mimosae
(Leptosilliaceae, Xylariales), foi encontrada exclusivamente em ramos. Além de possuir
um rico micobioma, as plantas nativas da Caatinga constituem uma fonte importante de
novos táxons.

Palavras-chave: Diversidade de fungos, Fabaceae-Mimosoideae, Floresta seca.

89
EF12 - FUNGICULTURAS DE FORMIGAS
ATÍNEAS ABRIGAM DIFERENTES
COMUNIDADES DE LEVEDURAS
Rodolfo Bizarria Júnior1; Tatiane de Castro Pietrobon1; & André Rodrigues1
1
Departamento de Biologia Geral e Aplicada, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro,
SP, Brasil.
Autor para correspondência: rodolfo.bizarria@unesp.br

Uma grande variedade de leveduras vive com insetos, fornecendo nutrientes,


proteção ou desintoxicando o ambiente para seus hospedeiros. As formigas atíneas
permitem o acesso de leveduras no jardim de fungo, local que esses insetos cultivam
fungos basidiomicetos como alimento. A entrada de leveduras acontece porque as
formigas forrageiam diferentes substratos para nutrir o cultivar. Nesse estudo,
investigamos as comunidades de leveduras em jardins de fungo de quatro fungiculturas
de formigas atíneas, bem como a prevalência de leveduras killer do subfilo
Saccharomycotina. Foram amostrados jardins de Acromyrmex coronatus (n = 10),
Mycetomoellerius tucumanus (n = 8), Mycetomoellerius sp. (n = 8), Apterostigma sp. (n
= 2) e Mycocepurus goeldii (n = 14). Fragmentos dos jardins foram suspensos em solução
salina, diluídos e espalhados em diferentes meios de cultivo. Para a produção da toxina
killer, examinamos 182 leveduras contra cinco leveduras sensíveis para a detecção da
produção de toxinas em meio de cultivo. As placas foram avaliadas diariamente para a
detecção de morte de leveduras sensíveis. Foi obtido um total de 946 isolados,
representando 112 espécies em 57 gêneros, a maioria do filo Ascomycota.
Saccharomycetales foi a ordem mais frequente, seguida por Tremellales (Basidiomycota).
Uma alta riqueza de espécies foi observada em jardins novos de A. coronatus e
Mycetomoellerius sp.; enquanto que as comunidades de leveduras de M. tucumanus,
Apterostigma sp. e jardins velhos de A. coronatus apresentam baixa riqueza.
Aureobasidium, Candida, Starmerella, Sugiyamaella e Yarrowia foram os gêneros de
leveduras mais frequentes. Apenas 4,8% (44 de 910) das interações foram positivas para
o fenótipo killer, embora mais fenótipos positivos são esperados ampliando as leveduras
sensíveis ou alterando as condições do ensaio. No geral, as diferentes fungiculturas
abrigam diferentes comunidades de leveduras. A causa dessas diferenças, os papéis
ecológicos dessas comunidades e a prevalência de leveduras killer nesse ambiente devem
ser investigadas.

Palavras-chave: Insetos, levedura killer, micobioma, mutualismo, simbiose.


Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

90
EIXO TEMÁTICO
Ensino de Micologia
91
EM01 - GAMIFICAÇÃO EM AULAS
REMOTAS NA DISCIPLINA DE
ECOLOGIA DE FUNGOS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
PERNAMBUCO DURANTE A PANDEMIA
DA COVID-19
José Fredson da Silva Alves Dos Prazeres1; Gabriel Alves dos Santos Guedes1;
Isaias de Oliveira Junior1; Celine Cecilia Alexandre da Silva1; Laura Mesquita Paiva1 &
Roger Fagner Ribeiro Melo1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Autor para correspondência: fredsonalvesxd@gmail.com

Devido a pandemia do Coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (Sars-


CoV-2) a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) adotou o modelo de ensino
remoto emergencial, incapacitando a execução de aulas práticas. Durante a disciplina
"Ecologia de Fungos" do Curso de Ciências Biológicas (Bacharelado) da UFPE (campus
Recife), metodologias educacionais foram utilizadas para suprir, ou ao menos igualar, os
conhecimentos que os discentes deveriam vivenciar em aulas práticas, e uma delas foi a
gamificação. A gamificação vem crescendo nos últimos anos como uma das tendências
ativas de ensino devido as diversas possibilidades metodológicas que os docentes podem
utilizar em sala, especialmente no ensino remoto. O aplicativo Kahoot e a plataforma
digital Wordwall garantem ao professor a possibilidade da criação de vários jogos
educacionais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar a utilização da
metodologia de gamificação no período remoto da disciplina de Ecologia de Fungos. Para
avaliar a aplicabilidade dessas ferramentas, foi utilizado um formulário pré-formado para
levantamento da opinião dos discentes, a metodologia de “nuvem de palavras” para
analisar as principais atribuições feitas por eles sobre a disciplina e por último foram
averiguadas as médias gerais nos dois módulos da disciplina. Dez discentes responderam
o formulário. Quando questionados acerca da capacidade motivacional das plataformas,
os discentes afirmaram se sentirem motivados enquanto realizavam as atividades
propostas nas plataformas. Na nuvem de palavras onde buscou-se analisar a visão mais
geral dos discentes em relação à disciplina, as palavras que mais apareceram foram:
"divertida", "agradável" e "didática". Por fim, as médias gerais da disciplina variaram
entre 8,5 e 10. Considerando os argumentos apresentados, conclui-se que a metodologia
de gamificação aplicada às aulas da disciplina de Ecologia de Fungos contribuiu para o
processo de construção de conhecimento, além de levar para as aulas remotas momentos
de ludicidade e interação aluno-professor.

Palavras-chave: Ensino de ciências, ferramentas educacionais, micologia

92
EM02 - O USO DE AULAS PRÁTICAS DE
MICOLOGIA COMO ESTRATÉGIA DE
ENSINO
Leonardo Firmino da Silva1; Érica Caldas Silva de Oliveira2; Emanuelly Oliveira
Muniz e Albuquerque2; Thaynara Silva Ramos2; Leandro Fernandes da Silva2 &
Karolayne Souza Silva2
1
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Recife-PE.
2
Universidade Estadual da Paraíba - UEPB, Campina Grande-PB.
Autor para correspondência: leonardo.lfs@ufpe.br

O ensino de micologia dentre muitos outros temas da biologia, representa um


verdadeiro desafio para professores da educação básica e superior nacional. A carência
por estratégias de ensino diversificadas que contemplem as características singulares dos
fungos em sala de aula, é um dos motivos que levam docentes a adotarem somente aulas
teóricas, assim tornando a aprendizagem pouco significativa. Tomando como necessidade
a ressignificação dos conhecimentos de micologia e aproximação dos alunos com estes
seres, desde o ano de 2017 são ministradas aulas práticas na disciplina Biologia de Fungos
do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB) no laboratório didático de Botânica (Labot). Foram realizadas incursões dentro
do campus I da UEPB, localizado na cidade de Campina Grande-PB. Para a coleta de
macrofungos foram seguidos métodos convencionais de coleta, utilizando lupa de mão,
um canivete e mala de plástico compartimentalizada. No laboratório de aula prática, os
alunos analisaram os espécimes com o auxílio de lupas e microscópios, e produziram
lâminas com o material. Todas as coletas foram armazenadas, assim como todo material
didático produzido (lâminas e corpos de frutificação). Após reforma no departamento de
biologia, um espaço foi criado para o estudo didático dos fungos (MICOLAB) onde os
materiais serão armazenados e utilizados no apoio nas aulas do componente curricular
Biologia de Fungos. Durante as aulas houve uma maior interação dos estudantes com os
temas, um maior número de perguntas sobre os fungos coletados foram feitas, sendo os
conhecimentos verificados e desmistificados, causando maior atratividade e
envolvimento dos discentes com os conceitos de micologia. Concluímos que a presença
de aulas práticas em aulas de micologia promove maior interação dos discentes e é uma
estratégia eficiente na aprendizagem de micologia para estudantes do curso de biologia.

Palavras-chave: Aprendizagem, fungos, ressignificação

93
EM03 - PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE
HISTÓRIA EM QUADRINHOS DIGITAL
PARA O ENSINO E POPULARIZAÇÃO
DOS HIFOMICETOS DE FOLHEDO
Thiago Correia da Silva1; Luyta Lorran Souza da Silva1; José Fredson da Silva
Alves dos Prazeres1; Isaias de Oliveira Junior1; Marcela Alves Barbosa1 & Elaine
Malosso1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE. Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: thiago-correiaa@hotmail.com

Hifomicetos de folhedo são microrganismos encontrados na serrapilheira que


desempenham importante papel no equilíbrio dos ecossistemas, pois realizam a
decomposição da matéria orgânica e contribuem para a ciclagem de nutrientes. No
entanto, a biodiversidade desses seres pode ser afetada devido às alterações ambientais
provocadas pelas ações humanas. Diante disso, o ensino dessas informações por meio de
recursos alternativos como as Histórias em Quadrinhos (HQ) pode ajudar os alunos a
reconhecerem a importância da conservação desses seres. Assim, o objetivo deste
trabalho foi produzir uma HQ digital sobre os hifomicetos de folhedo e avaliar sua
qualidade e potencial para utilização por professores da educação básica. Para confecção
da HQ, foi criado um roteiro e depois foram feitas ilustrações digitais dos quadrinhos em
um tablet, utilizando o aplicativo ibisPaint X. Em seguida, os textos dos diálogos foram
inseridos nas ilustrações, o material foi exportado em formato PDF e a história foi
intitulada como: “Joana, Rafael e os amigos invisíveis". Para a avaliação do material,
foram elaborados três questionários virtuais com perguntas objetivas e discursivas
direcionadas a três grupos de professores. Foram considerados os critérios: conteúdo,
elementos textuais/visuais, enredo e acessibilidade para as questões objetivas, e foram
consideradas as impressões pessoais dos avaliadores por meio das perguntas discursivas.
Foram obtidas respostas de 19 professores, sendo 7 da área de micologia, 7 da área de
educação e 5 do ensino básico. As respostas das perguntas discursivas revelaram que o
material foi bem aprovado pelos avaliadores, havendo apenas algumas sugestões de
melhoria da acessibilidade. Foi verificado que 82% das avaliações das perguntas objetivas
foram positivas. Além disso, todos os avaliadores concordaram totalmente que o material
promove a divulgação científica de forma satisfatória. A predominância de avaliações
positivas pelos professores indica que a HQ possui potencial para ser utilizada em
intervenções nas escolas.

Palavras-chave: Decomposição, ecologia, educação.

94
EM04 - PERCEPÇÃO SOBRE FUNGOS
ENTRE ESTUDANTES DO ENSINO
FUNDAMENTAL
Mazulkieliche Jeronimo dos Reis1; Hunter Lee Daniel2 & Solange Xavier Dos
Santos3
1,3
Laboratório de Micologia Básica, Aplicada e Divulgação Científica (FungiLab). Universidade
Estadual de Goiás. Rod. Br 153, Km 99, Anápolis, Goiás, Brasil,
2
University of Washington Seattle
Autor para correspondência: mazulkieliche@yahoo.com.br

Este trabalho teve por objetivo verificar as percepções sobre fungos entre estudantes
do ensino fundamental. Participaram do estudo 50 alunos do 5º ao 9º. ano da rede
particular de ensino do município de Porangatu, Goiás, aos quais foi solicitado representar
através de um desenho o que conheciam sobre fungos, e no verso responder: “Onde ou
com quem você aprendeu sobre fungos” e “Que outros nomes você utiliza para se referir
a esses organismos”. A análise dos desenhos e das respostas revelou concepções
equivocadas sobre os fungos, confundindo-os com bactérias e vírus (8% dos desenhos),
além de uma visão negativa, associando-os ao apodrecimento de alimentos (91%). Os
aspectos positivos, retratados em apenas 9% dos desenhos, ressaltavam a importância
ecológica como agentes da ciclagem de nutrientes; apenas um desenho fez alusão à
importância farmacológica. Aspectos relevantes como importância médica,
biotecnológica e ecológica foram muito pouco lembrados. A maioria dos fungos foram
retratados desvinculados de um contexto (74%), ainda que outros tenham sido
representados no ambiente doméstico (11%), na natureza (10%), ou
industrial/laboratorial (6%). Em quase todos desenhos os fungos foram retratados como
decompositores/apodrecedores (96%). Os principais tipos morfológicos foram
cogumelos (57%) e mofos ou bolores (37%). O cogumelo Amanita muscaria foi a espécie
mais frequente nos desenhos (26%). Isso mostra que a referência dos fungos para os
estudantes é fortemente influenciada pela mídia e não propriamente da observação da
natureza, já que essa é uma espécie exótica. Cerca de 62% dos estudantes informaram
que aprenderam sobre fungos na escola e 12% com a família. Os principais nomes
atribuídos aos fungos foram cogumelo (23%), mofo (15%) e bactéria (10%). Esses
resultados demonstram pouca familiaridade e conhecimento superficial dos estudantes
sobre fungos, alertando para a necessidade de aprofundar a abordagem sobre essa
temática no contexto escolar.

Palavras-chave: Concepção sobre fungos, Educação básica, Ensino de Micologia

95
EM05 - EXPERIÊNCIA NA PRODUÇÃO
DE PODCAST TEMÁTICO COM ÊNFASE
NA MICOLOGIA – RELATOS DE
DISCENTES DE BIOLOGIA DA UEPB,
CAMPINA GRANDE – PB
Emanuelly Oliveira Muniz E Albuquerque1; Érica Caldas Silva de Oliveira1;
Thaynara Silva Ramos1 & Leonardo Firmino da Silva2
1
Departamento de Biologia, CCBS, UEPB,
2
Departamento de Micologia, CB, UFPE
Autor para correspondência: emanuelly.albuquerque@aluno.uepb.edu.br

Diante da pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2), que teve seus primeiros


relatos no final do ano de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, o mundo se deparou com a
necessidade de isolamento social. Instituições de ensino no mundo inteiro por sugestão
da Organização Mundial da Saúde tiveram que deixar o ensino presencial e aderiram ao
formato remoto. Diante do exposto, houve a necessidade de buscar alternativas
inovadoras para a continuidade dos processos de ensino e aprendizagem em salas de aula
virtuais. Ferramentas como o Google Classroom e o uso de mídias de áudio, como
podcasts, por exemplo, propiciaram acessos mais rápidos e comunicação mais eficiente.
Neste contexto, e seguindo preceitos de abordagens didáticas e pedagógicas, foi proposto
o uso de ferramentas virtuais no ensino de biologia de fungos em dois semestres letivos
na modalidade remota, como meio facilitador de aprendizado neste tema. Posteriormente,
foi desenvolvido um instrumento de coleta de dados na forma de formulários semi-
estruturados, através da plataforma Google Forms, objetivando determinar a percepção
dos discentes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Estadual da Paraíba
(Campus I, Campina Grande, PB). Os resultados indicam fortemente o Google Classroom
como ferramenta relevante e facilitadora durante o processo de ensino e aprendizagem.
Já quanto a aceitação dos podcasts, e a possibilidade dessa ferramenta permanecer sendo
utilizada no formato presencial, os discentes em sua maioria afirmam ser um elemento
inovador e criativo, acrescentando na aprendizagem e envolvimento quanto aos temas da
micologia. A utilidade do uso dos podcasts se confirma, ainda, com 88,9% dos discentes
concordando com o uso voltado não apenas aos assuntos micológicos, mas também em
outras disciplinas. Concluímos assim que a aplicabilidade das ferramentas virtuais foi
efetiva no ensino e aprendizagem do conteúdo de micologia e podem ser ferramentas úteis
em outras áreas de ensino.

Palavras-chave: Aprendizagem, ensino, micologia.

96
EM06 - O EMPREGO DA ILUSTRAÇÃO
CIENTÍFICA NO ENSINO-
APRENDIZAGEM DA MICOLOGIA NA
UNIVASF
Francieldo dos Santos Queiroz1; Isabela Ferreira Leão1 & Virgínia Michelle
Svedese2
1
Discente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF), Campus Ciências Agrárias, Petrolina, Pernambuco, CEP: 56300-990, Brasil.
2
Docente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF), Campus Ciências Agrárias, Petrolina, Pernambuco, CEP: 56300-990, Brasil.
Autor para correspondência: francieldo.queiroz@discente.univasf.edu.br

Ao integrar Ciência e Arte, a ilustração científica permite que haja um


aprimoramento no processo de ensino-aprendizagem de diversas áreas, incluindo a
Micologia, visto que se caracteriza por uma forma de comunicação célere, por isso é
muito utilizada em trabalhos de taxonomia desse grupo. A ilustração científica possibilita
que alunos reconheçam características morfológicas importantes para a identificação de
determinados táxons observados. Diante do exposto, esse trabalho teve como objetivo
elaborar ilustrações de estruturas morfológicas de fungos microscópicos a partir de
lâminas permanentes do Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (Univasf), Petrolina-PE, visando a elaboração de guia ilustrado de
fungos. Foram feitas visitas ao Laboratório de Microbiologia onde as lâminas de fungos
microscópicos, cujas estruturas de reprodução assexuada estiveram presentes, foram
observadas, fotografadas e ilustradas em papel opaline branco com a utilização de caneta
nanquim e coloridas com lápis de cor. Até o momento os gêneros ilustrados foram
Syncephalastrum sp., Alternaria sp., Bipolaris sp., Penicillium sp. e Aspergillus sp.. As
ilustrações foram escaneadas e agrupadas para catalogação junto às fotografias das
lâminas, onde as estruturas e os gêneros foram identificados com o auxílio da literatura
especializada. Posteriormente, o guia ilustrado será disponibilizado virtualmente, de
modo que poderá ser baixado gratuitamente, almejando a contribuição no processo de
ensino-aprendizagem da disciplina de Micologia da Univasf.

Palavras-chave: Educação, fungos microscópicos, taxonomia.

97
EM07 - MONITORIA DE ENSINO EM
BIOLOGIA DOS FUNGOS E
CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO: UM
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Gerlaine Gomes Moreira1 & Poliana Gonçalves Guimarães1
1
Departamento de Ciências Humanas, DCH- VI, UNEB - Caetité- BA.
Autor para correspondência: gerlainegomes12@gmail.com

As monitorias de ensino nos cursos superiores desempenham uma importante


função de subsidiar o ensino-aprendizagem. O monitor desenvolve atividades que
auxiliam os discentes que cursam essas disciplinas, o professor, e principalmente a si
mesmo, pois as monitorias são grandes oportunidades de aprendizagem para o acadêmico
ao vivenciar situações que contribuem para seu amadurecimento. Este estudo objetivou
relatar a experiência da monitoria de ensino e suas contribuições na formação do monitor
da disciplina de Biologia dos Fungos. Na grade curricular da Licenciatura em Ciências
Biológicas na Universidade do Estado da Bahia Campus VI essa disciplina é obrigatória,
demonstrando a relevância do Reino Fungi no ensino de biologia e para o professional
em formação, destacando a importância social e ecológica desses organismos. A
monitoria aconteceu no primeiro semestre do ano letivo 2021.1 durante os meses de
março a julho, para uma turma com 33 discentes. Durante o semestre a monitora auxiliou
os discentes tirando dúvidas acerca do conteúdo, atividades avaliativas, plataformas e
ferramentas digitais utilizadas pelo professor durante o ensino remoto
emergencial. Desempenhar essas funções e estar sob a orientação do professor ofereceu
uma variedade de conhecimentos, como: conhecer diversas ferramentas para produção de
material didático-pedagógico, identificar métodos a serem utilizados no exercício da
profissão. Assim como, refletir nas diversas dificuldades que permeiam ou que poderão
permear o ensino-aprendizagem podendo contribuir considerando as individualidades e
facilitando o processo de aprendizagem. Este semestre destacou principalmente, as
dificuldades enfrentadas por alunos e professor para se adaptarem ao ensino remoto
emergencial, apresentando dificuldades desde problemas emocionais, sobrecarga a
tecnológicos. Essas dificuldades contribuíram para um olhar mais empático para com os
estudantes e professor, sendo que o papel da monitoria, nesse contexto, foi além do auxilio
disciplinar e técnico e principalmente a entender que as dificuldades podem ser superadas
conjuntamente a fim do melhor aprendizado.

Palavras-chave: Aprendizagem, Docência, licenciatura

98
EM08 - O USO DE TECNOLOGIA NA
DISCIPLINA BIOLOGIA DOS FUNGOS
Aline Santana Santos1; Blenda Hellen Pessoa Rocha1; Mácia Dutra Moura1 &
Poliana Gonçalves Guimarães1
1
Departamento de Ciência Humanas - DCH -Campus VI, UNEB.
Autor para correspondência: santanalune@gmail.com

O seminário é um dos vários recursos didáticos utilizados na graduação para


promover a autonomia dos estudantes. Contudo surge uma dúvida: os alunos/ouvintes
conseguem aprender com essa metodologia?. Assim, percebe-se a importância de avaliar
se esta metodologia é positiva para ambos, estudantes/apresentadores e
estudantes/ouvintes. Atualmente, temos a tecnologia que vem oferecendo suporte às áreas
do saber, sendo que se bem usada, atua como uma ferramenta adicional para o ensino e
aprendizagem. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar se os alunos/ouvintes
fixaram o conteúdo apresentado nos seminários (tema Antracnose) da disciplina Biologia
dos Fungos da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, campus VI. Para isso, as
discentes criaram oito perguntas objetivas no Google Forms® e disponibilizaram o link
no chat da sala. O software permitia somente uma resposta. Os alunos tinham feedback
automaticamente após o término do envio do questionário. Dos 32 matriculados,
estiveram presentes no dia da apresentação (04/05/2021) 25 ouvintes, entretanto somente
19 participaram. Grande parte dos alunos acertaram as seguintes questões: o gênero de
fungos que causa a antracnose (94,7%); as principais partes das plantas afetadas pela
antracnose (94.7%); os principais sintomas da antracnose (84.2%); como ocorre o
controle da antracnose (84.2%); as plantas suscetíveis à antracnose (78.9%); as condições
favoráveis ao desenvolvimento da Antracnose (57.8%). Todavia, as questões que geraram
mais dúvidas nos estudantes foram: temperatura ideal do desenvolvimento da antracnose
(42,1%) e na questão em que as hifas não são acérvulos (36,8%), onde se observa a baixa
porcentagem de acertos. A atividade avaliativa do seminário auxiliou na compreensão e
fixação do conteúdo apresentado, e isso ficou visível pela porcentagem de acertos das
questões, ademais conclui-se que os estudantes compreenderam os principais pontos
apresentados em sala, tornando assim os seminários uma metodologia que contribui para
promoção de autonomia e aprendizagem dos estudantes.

Palavras-chave: Ensino e aprendizagem, Ensino Superior, Micologia, Tecnologias


Educacionais.

99
EIXO TEMÁTICO
Etnomicologia
100
ETM01 - NOTAS ETNOMICOLÓGICAS
SOBRE Phallus indusiatus (PHALLACEAE,
BASIDIOMYCOTA) NO BRASIL E NO
PARAGUAI
Amanda Prado-Elias1, Michelle Campi-Ganoa2, Felipe Ruan-Soto3, Juliano
Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic-UFSCar), Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos, Buri, São Paulo, Brasil.
²Laboratorio de Análisis de Recursos Naturales área Micología, Facultad de Ciencias Exactas y
Naturales, Universidad Nacional de Asunción, Assunção, Distrito Capital, Paraguai.
³Laboratorio de Procesos Bioculturales, Educación y Sustentabilidad, Instituto de Ciencias
Biológicas, Universidad de Ciencias y Artes de Chiapas, Tuxtla Gutiérrez, Chiapas, México.
Autora para correspondência: amandapra.elias@gmail.com

Phallus indusiatus Vent. é um fungo faloide bastante característico devido à


morfologia do basidioma e o odor desagradável que exala, cuja função é atrair insetos
responsáveis pela dispersão dos esporos. É uma espécie comum em regiões tropicais e
subtropicais, e pode ocorrer tanto em áreas florestais como também em jardins e áreas de
gramado. Os dados aqui apresentados são resultados parciais do projeto de pesquisa
“Conhecimento etnomicológico de uma comunidade rural no Sudoeste paulista”. O
projeto consiste em uma pesquisa qualitativa do conhecimento local dos moradores do
bairro rural Guareí Velho (Angatuba-SP) sobre os macrofungos. As informações foram
obtidas através de entrevistas qualitativas semiestruturadas, com a participação de 12
pessoas. Para as entrevistas, foram utilizados recursos visuais (fotografias, espécimes
frescos e desidratados) de espécies fúngicas coletadas no bairro. A espécie Phallus
indusiatus foi reconhecida por nove dos entrevistados, além de apresentar o maior número
de nomes vernaculares, em comparação às outras espécies incluídas nas entrevistas. Os
nomes resgatados durante a pesquisa para essa espécie foram: véu-de-noiva, abajur,
cogumelo-do-saci, boneca-do-diabo, fezes-de-saci, cocô-de-saci, bosta-de-saci,
bonequinha-do-saci, “cocumelo”-fedido e coroa-de-bispo. Destaca-se que alguns dos
nomes populares remetem ao ser mitológico saci-pererê, uma lenda bastante conhecida
em todo o Brasil. No Paraguai, os fungos são chamados de “pombero rekaká”
(excremento do pombero) e acredita-se que esse nome popular tenha se originado a partir
do P. indusiatus. O pombero (ou “senhor da noite”) é um ser mitológico da cultura guarani
muito conhecido no folclore do Paraguai. No Brasil, também se acredita que o saci-pererê
seja uma lenda que tenha origens na cultura guarani. Sendo assim, destacamos que tanto
no Brasil quanto no Paraguai, a espécie P. indusiatus está relacionada às fezes de um ser
mitológico, provavelmente por conta do odor desagradável que exala, pela efemeridade e
aparecimento noturno dos basidiomas.

Palavras-chave: Conhecimento tradicional, folclore, fungos neotropicais,


patrimônio micocultural, Phallales.

101
ETM02 - Phlebopus beniensis (Singer &
Digilo) Heinem. & Rammeloo
(BOLETINELLACEAE,
BASIDIOMYCOTA, FUNGI): PRIMEIRO
REGISTRO PARA SÃO PAULO (BRASIL)
E NOTAS ETNOMICOLÓGICAS
Amanda Prado-Elias1, Nain Samuel de Almeida2, Felipe Ruan-Soto3, Juliano
Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic–UFSCar), Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
2
ONG Grupo EcoRoad, Angatuba, SP, Brasil.
3
Instituto de Ciencias Biológicas, Universidad de Ciencias y Artes de Chiapas, Tuxtla Gutiérrez,
Chiapas, México.
Autora para correspondência: amandapra.elias@gmail.com

Membros do gênero Phlebopus são fungos boletoides que produzem cogumelos


conspícuos, de grandes dimensões, sendo que no Brasil o gênero está representado por
seis espécies. Os dados aqui apresentados são resultados parciais do projeto de pesquisa
“Conhecimento etnomicológico de uma comunidade rural no Sudoeste paulista”, que
consiste em resgatar o conhecimento etnomicológico de moradores do bairro rural Guareí
Velho (Angatuba-SP). Para tanto, foram realizadas entrevistas com residentes do bairro,
além de itinerários etnomicológicos em algumas propriedades a fim de verificar o local
de ocorrência dos macrofungos. Como resultado, Phlebopus beniensis foi reconhecida
por um morador da comunidade (sexo masculino, 68 anos) que utilizou o nome popular
“chapéu-de-baiano”. Esse nome vernacular não foi citado por outros moradores, e de
acordo com o entrevistado, o nome foi cunhado por ele próprio para reconhecimento da
espécie. Apesar dessa citação do nome popular, outros usos para a espécie (culinário,
medicinal, lúdico ou cerimonial) não foram registrados na comunidade. Após buscas na
literatura, não foi encontrada nenhuma referência sobre comestibilidade de P. beniensis,
apesar de outras espécies do mesmo gênero serem amplamente consumidas em alguns
países africanos e orientais. Com a nossa investigação, encontramos relatos informais de
que a espécie já teria sido utilizada para alimentação nas regiões nordeste e sul do Brasil.
Sendo assim, para o teste a comestibilidade da espécie, uma pequena porção do basidioma
seco foi picado, reidratado em água morna (tendo a água sido descartada duas vezes) e
posteriormente foi preparado seguindo recomendações de preparo para o consumo de
cogumelos silvestres. Horas após a ingestão do prato (realizada pela última autora), não
foram observados efeitos adversos. Sendo assim, registramos com esse trabalho um nome
vernacular para a espécie P. beniensis, que todavia não era conhecida para o estado, assim
como o primeiro registro de comestibilidade da espécie.

Palavras-chave: Boletales, cogumelos comestíveis, funga brasileira, fungos


neotropicais, taxonomia de fungos.

102
EIXO TEMÁTICO
Divulgação e
Popularização da
Micologia
103
DPM01 - FANC NA CABEÇA:
ESPORULANDO CONHECIMENTO
SOBRE OS FUNGOS ALIMENTÍCIOS
NÃO CONVENCIONAIS
Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic–UFSCar), Centro de Ciências da Natureza,
Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
Autor para correspondência: lt_pereira@yahoo.com.br

O hábito de coleta e consumo de fungos é comum em mais de 85 países e atualmente


cerca de 2.000 espécies de macrofungos são registradas como comestíveis. Muitos são os
benefícios do consumo de cogumelos, incluindo a ingestão de proteínas, vitaminas,
aminoácidos essenciais, minerais e fibras, além de se tratar de um alimento com baixo
teor de gordura. No Brasil, o consumo de fungos comestíveis ainda é pequeno, e os
cogumelos consumidos são principalmente os produzidos em escala comercial, como o
champignon, o shimeji e o shitake. Ainda menos notável é o consumo de fungos
silvestres, já que no Brasil há pouca tradição de sua coleta e consumo, além de pouco
conhecimento difundido. Dessa maneira, com o intuito de divulgar informações sobre as
espécies de FANCs (fungos alimentícios não convencionais) que ocorrem no Brasil, além
de outras informações relevantes sobre o consumo de fungos comestíveis, o perfil “FANC
na cabeça” (@fancnacabeca) foi criado em março de 2021 na rede social Instagram. Até
o presente (outubro de 2021), o perfil possui cerca de 1.400 seguidores e foram realizadas
mais de 250 publicações. Além de informações sobre os FANCs, outros temas também
foram abordados, como: ensino de micologia, micologia e arte, etnomicologia,
curiosidades e divulgação de eventos científicos. Os seguidores do perfil são
principalmente brasileiros (89%), mas também há pessoas de outros países, como
Colômbia, Estados Unidos, Chile e México. Com as publicações no perfil, fica evidente
o interesse das pessoas sobre os FANCs e nas interações com o público é possível tirar
dúvidas sobre o assunto (como por exemplo: como realizar coletas, dicas de
identificações, informações sobre espécies tóxicas, etc.). Espera-se que o perfil siga em
ascensão e que atinja diferentes públicos, visando o aumento da popularização do tema
no Brasil.

Palavras-chave: Cogumelos comestíveis, divulgação científica, ensino de


micologia, funga brasileira.

104
DPM02 - DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E
PRODUÇÃO DE PÔSTERES E MODELOS
DIDÁTICOS NO ÂMBITO DO
COMPONENTE BIOLOGIA DOS
FUNGOS
Poliana Gonçalves Guimarães1
1
Departamento de Ciência Humanas DCH- VI, UNEB.
Autor para correspondência: pgguimaraes@uneb.br

Artes científicas como modelos didáticos e pôsteres divulgados nas redes sociais
são mecanismos que auxiliam o aprendizado e ampliam o interesse do público geral pela
ciência, sendo assim o objetivo foi compartilhar a experiência na construção de pôsteres
científicos e modelos didáticos sobre o Reino Fungi e divulgá-los nas redes sociais, como
avaliação da disciplina Biologia dos Fungos do curso de Ciências Biológicas do DCH-
VI-UNEB. Foi solicitado aos alunos a produção de modelos didáticos de fungos e de
pôsteres científicos com temas instigantes sobre os fungos. Foram produzidos 11 pôsteres
com os seguintes temas: Toxicidade de fungos, fungos no controle de insetos e na
alimentação, cogumelos alucinógenos, círculo das fadas, fungos bioluminescentes,
apocalipse dos fungos, líquens e importância e curiosidades sobre os fungos. Eles foram
editados na plataforma Canva® seguindo modelo padronizado do Instagram® da Linha
de Pesquisa em Educação, Saúde e Ambiente (@lpesa.uneb), onde estão sendo
divulgados. Os modelos didáticos foram produzidos com diferentes materiais, dos 63,
51% com massa de modelar, destes apenas 34% ainda estão aptos para serem usados em
aulas, pois a massinha fica seca e quebradiça. Com gesso, 6%, resultado interessante e
durável, 3% com crochê, muito bonitos e duráveis, atraindo a atenção dos alunos, 14%
com materiais diversos (E.V.A, isopor, papel cartão, materiais reutilizáveis e durepoxi) e
25% com biscuit, sendo este o material mais indicado entre todos, pois é possível moldar
os detalhes dos fungos e a durabilidade é excelente. Todos serão usados no laboratório da
Universidade para futuras aulas e exposições. A realização deste trabalho foi muito
positiva, pois os alunos assimilaram mais o conteúdo Reino Fungi e conseguiram fazer
divulgação científica através das redes sociais como Instagram®, Facebook® e
WhatsApp®, que estão sendo cada vez mais usadas com esta finalidade alcançando um
número muito grande de usuários.

Palavras-chave: Docência, ensino, metodologia didática, redes sociais, Reino


Fungi.

105
DPM03 - O USO DO INSTAGRAM COMO
INSTRUMENTO DE DIVULGAÇÃO
CIENTÍFICA E POPULARIZAÇÃO DA
MICOLOGIA
Luyta Lorran Souza da Silva1; Thiago Correia da Silva1; Ana Paula Borges1;
Marcela Alves Barbosa1; Matheus de Jesus Sá Silva1 & Elaine Malosso1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE.
Autor para correspondência: luytasilva@hotmail.com

Os fungos são interpretados pela população não especializada apenas como


organismos causadores de doenças. Nesse sentido, a divulgação científica dos
conhecimentos da micologia torna-se uma aliada na popularização dos conhecimentos
relacionados aos fungos. Os conhecimentos produzidos na Universidade podem ser
divulgados por meio de diversos recursos, entre eles as redes sociais, como o Instagram.
O Instagram possui como foco o compartilhamento de imagens e atualmente é uma das
maiores plataformas de interação social com potencial de atrair leitores e possibilitar o
alcance das informações por diversos públicos. Assim, o objetivo deste trabalho foi
divulgar informações sobre os fungos através do perfil do instagram criado pelo projeto
de extensão “A decomposição e os amigos invisíveis do solo”. As publicações foram
constituídas, principalmente, por desenhos e imagens com elementos textuais e, além
disso, foram utilizadas legendas nas publicações para aumentar a interação com o público
e disponibilizar a fonte das informações. As postagens foram realizadas uma vez por
semana, os textos foram elaborados por membros do projeto utilizando artigos como fonte
e revisados pela coordenadora ou vice-coordenadora antes da postagem. Durante dois
anos foram publicadas 43 postagens e foram alcançados 416 seguidores. As postagens
possuem, em média, 60 curtidas e a de maior destaque tem 97 curtidas. Uma postagem
foi feita no formato de vídeo e alcançou 330 contas das quais 35% não eram seguidores.
As informações divulgadas por meio do Instagram tiveram um grande alcance, mas uma
baixa interação por meio de comentários, os seguidores também interagiram pouco nos
stories quando eram colocadas enquetes, sendo que a mais respondida teve 31 interações.
As publicações produzidas poderão ser utilizadas na produção de materiais didáticos e na
criação de novos cenários de aprendizagem que possam ser acessados de forma remota a
fim de contribuir com a construção de novos conhecimentos pelo público geral.

Palavras-chave: Ciências, ensino, microbiologia.

106
DPM04 - MICOFAGIA EM FOCO: USO
DA LITERATURA INFANTIL PARA A
DIVULGAÇÃO DA MICOLOGIA
Emily dos Santos Silva1; Juliano Marcon Baltazar1 & Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic–UFSCar), Centro de Ciências da Natureza, Campus
Lagoa do Sino, Universidade Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
Autor para correspondência: emilysilva@estudante.ufscar.br

A leitura proporciona uma experiência de contato com o mundo real e o imaginário,


permitindo uma grande viagem onde ambos estejam em sincronia. Sendo assim, a leitura
é um meio para a criança desenvolver a imaginação e a aprendizagem de maneira didática
e proveitosa. A micologia, por outro lado, é um ramo da ciência que ainda busca projeção
para atingir o público leigo, assim como outras áreas da biologia têm atingido. Muitas
espécies de macrofungos (cogumelos, orelhas-de-pau, etc.) são alimentos de extrema
importância na dieta de diversos animais, desde vertebrados a invertebrados, uma vez que
apresentam nutrientes essenciais, porém, este não é um conhecimento relacionado à
micologia amplamente difundido. Dessa forma, o livro intitulado “Carlos, o esquilo, e os
cogumelos”, da autoria de Emily dos Santos Silva, tem como objetivo apresentar ao
público infantil conceitos relacionados à micologia, principalmente a micofagia, de um
modo divertido e de fácil compreensão. A história do livro traz como personagem
principal um esquilo-brasileiro (caxinguelê), Guerlinguetus brasiliensis, que vai ao
consultório de uma nutróloga (Dra. Jade, uma girafa) para buscar informações sobre como
melhorar sua alimentação. O esquilo é introduzido ao conceito de micofagia, que pode
ser definida como o consumo de qualquer parte de fungos, e é instruído pela profissional
sobre os benefícios dessa prática. Contendo ilustrações e destinado ao público infantil
(faixa etária: 5-10 anos), o livro busca contribuir para o conhecimento de relações
interespecíficas envolvendo fungos, de maneira que a literatura possa colaborar
significantemente para a construção de uma sociedade letrada, para o exercício da
cidadania e o desenvolvimento intelectual. O intuito é que, após recebimento de
financiamento, o livro possa ser impresso e distribuído em escolas da rede pública.

Palavras-chave: Divulgação científica, material paradidático, fungívoria.

107
DPM05 - EFEITO DE ROSTO VIRTUAL
COMO ESTRATÉGIA DE VISIBILIDADE
E POPULARIZAÇÃO DA MICOLOGIA
EM REDE SOCIAL
Luyta Lorran Souza Da Silva1; Thiago Correia da Silva1; José Fredson da Silva
Alves Dos Prazeres1; Marcela Alves Barbosa1 & Elaine Malosso1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE, Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: luytasilva@hotmail.com

Os fungos são organismos cosmopolitas que desempenham importantes papéis


ecológicos nos ecossistemas, entretanto sua presença e importância muitas vezes passam
despercebidas. Atualmente, as redes sociais, em especial o Instagram, são bastante
utilizadas no compartilhamento de informações por abrigar uma grande rede de interação
entre seus usuários. O Instagram é uma mídia social que consiste no compartilhamento
de conteúdos audiovisuais e, além disso, os usuários podem utilizar efeitos de rostos
criativos para personalizar fotos e vídeos. A criação desse recurso pode contribuir para o
aumento da visibilidade e, consequentemente, do número de seguidores de um
determinado perfil. Nesse sentido, este trabalho teve o intuito de criar um efeito de rosto
interativo sobre os fungos e testar seu potencial em aumentar a visibilidade do perfil do
instagram @amigos.invisiveis, o qual tem a proposta de compartilhar informações da
micologia. Para isso, foram produzidos desenhos digitais e frases divertidas que fazem
referência a grupos de fungos, depois o efeito de rosto foi construído utilizando esses
elementos por meio da plataforma Spark AR Hub. O alcance que esse recurso
proporcionou ao perfil foi analisado por meio dos dados disponibilizados pela plataforma.
Foi visto que após sete meses o efeito de rosto foi aberto por 4.626 usuários diferentes,
utilizado 1.974 vezes, compartilhado 306 vezes e visualizado 13.626 vezes.
Aproximadamente 62% dos perfis são de pessoas com idades entre 18 a 24 anos,
representando a maior parte dos usuários, seguido de pessoas com idades entre 25 a 34
anos, que representam 18% do público. Além disso, foi visto que cerca de 11% do público
alcançado reside fora do Brasil. Embora o efeito de rosto não tenha contribuído
significativamente para o aumento do número de seguidores do perfil, a utilização desse
recurso possibilitou o alcance de novos públicos.

Palavras-chave: Arte, compartilhamento, interação, TIC.

108
EIXO TEMÁTICO
Fungos na Agricultura
109
FA01 - AVALIAÇÃO DE
FITOPATÓGENOS EM Inga edulis Mart.
DE UM VIVEIRO FLORESTAL NO
MUNÍCIPIO DE ALTA FLORESTA -
MATO GROSSO
Laís Alves Lage1; Luiz Fernando Scatola2 & Greiciele Farias da Silveira1
1
Docentes da Universidade do Estado do Mato Grosso- UNEMAT.
²Graduando do Curso de licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade do
Estado do Mato Grosso.
Autor para correspondência: lais_lage@hotmail.com

Ingá-cipó (Inga edulis Mart.) é uma espécie arbórea originária da Amazônia com
importância ecológica e econômica, na qual espécies de fitopatógenos podem alojar-se e
colonizar os tecidos vegetais, causando prejuízos à espécie. Assim, este trabalho teve por
objetivo identificar possíveis fitopatógenos presentes na espécie Ingá-cipó, cultivada em
um viveiro florestal na cidade de Alta Floresta – MT. Para realização da prática foram
coletadas três folhas de uma muda de I. edulis, em diferentes estádios de conservação e
desenvolvimento. A detecção de fitopatógenos nas folhas foi realizada por fragmentação
das amostras e desinfestação sequencial em hipoclorito 5%, álcool 70% e água destilada.
Os fragmentos de desinfestados foram dispostos em placas de Petri contendo o meio de
cultura ágar BDA e as placas foram incubadas a temperatura ambiente de 25ºC por sete
dias. Após o período de incubação, foi observado o desenvolvimento de colônias
fúngicas: na amostra n.2 foram observadas sete colônias fúngicas, com características
compatíveis morfologicamente ao gênero Colletotrichum sp.; nas amostras n. 1 e
n.3 foram constatadas colônias dos gêneros: Colletotrichum sp. e Pestalotia sp. Os
gêneros Colletotrichum sp. e Pestalotia sp causam pequenas manchas necrófilas nas
folhas que se espalham radialmente do meio para a borda da lâmina foliar. Colletotrichum
sp. é conhecido pela doença antracnose, que causa aparecimento de pontos encovados de
várias cores nas folhas, necrose nas nervuras, resultando em murchidão e morte tecidual,
responsável por significativas perdas econômicas em diversas culturas. Fungos do gênero
Pestalotia sp. apresentam potencial causador da Mancha Foliar, caracterizada por
pequenas manchas necróticas, quando localizadas no ápice e bordo das folhas. Através
do presente estudo, foi possível observar que os gêneros fúngicos observados na espécie
estudada apresentam potencial patogênico, devido seu histórico como agente causal em
diversas culturas. Assim, as informações apresentadas, podem ser utilizadas no sistema
de cultivo e manejo da espécie Ingá-cipó.

Palavras-chave: Colletotrichum sp., espécies florestais, Pestalotia sp.

110
FA02 - GENÓTIPOS DE PALMA
FORRAGEIRA E TIPOS DE ÁGUA
AFETAM A ESPORULAÇÃO E
COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA?
Maria Clara de Macêdo Neves1; Mário Adriano Ávila Queiroz2; Adriana M.
Yano-Melo2
1
Curso de Ciências Biológicas, CCA, Univasf, Petrolina, PE.
2
Colegiado de Zootecnia, CCA, Univasf, Petrolina, PE.
Autor para correspondência: claraneves2510@gmail.com

A Caatinga caracteriza-se pelo baixo índice pluviométrico e alta taxa de


evaporação, tornando desafiadora a produção de cultivares para alimentação. Assim, a
utilização de água residual para irrigação pode ser alternativa à problemática. Porém, o
efeito deste tipo de água sobre a microbiota do solo ainda é pouco explorado,
principalmente em relação aos fungos micorrízicos arbusculares (FMA), considerados
bioindicadores do sistema edáfico. Os FMA formam simbiose mutualística com 72% das
plantas, são amplamente distribuídos e bem representados na Caatinga. O objetivo da
pesquisa foi responder se a água de reuso afetava a ocorrência de FMA em áreas
cultivadas com genótipos de palma forrageira. Amostras de solo foram coletadas
aleatoriamente até a profundidade de 20 cm do solo, em área contendo três genótipos de
palma forrageira Opuntia ficus-indica, O. stricta e Nopalea cochenillifera, irrigada com
água bruta do rio São Francisco ou água residuária de esgoto tratado, dispostos em
delineamento experimental em blocos casualizados em arranjo fatorial de 3x2, em 4
repetições. Avaliou-se o número de glomerosporos e o percentual de colonização das
raízes por FMA. A água de reuso reduziu em 25,6% o número de glomerosporos, embora
não tenha afetado a colonização micorrízica, com valor médio de 70%. Verificou-se
ainda, que os genótipos de palma forrageira diferem significativamente em relação a essas
variáveis, com destaque para O. ficus-indica que apresentou maior colonização
micorrízica (87%) e número de glomerosporos (253 em 50 g de solo). Conclui-se que o
uso de água residual afeta a esporulação, mas não a colonização micorrízica, sugerindo a
existência de comunidades fisiologicamente ativas nas raízes e temporalmente com
menor dreno para esporulação. A colonização micorrízica, relativamente alta nos
genótipos de palma forrageira, sinaliza a importância de estudos da composição e
diversidade de espécies para o entendimento das estratégias dos FMA ocorrentes na
rizosfera dessas plantas.

Palavras-chave: Água residual, Caatinga, Cactaceae, Glomeromycota.


Financiamento: FACEPE.

111
FA03 - AUMENTO NA CONCENTRAÇÃO
DE FENÓIS TOTAIS NA
‘INFLORESCÊNCIA DE Libidibia ferrea
MICORRIZADA E ESTABELECIDA EM
CAMPO POR 72 MESES
Rita de Cássia Ribeiro Da Luz1; Francineyde Alves da Silva1
1
Laboratório de Tecnologia Micorrízica (LTM) – Universidade de Pernambuco, Petrolina, PE.
Autor para correspondência: ribeiro.cassialuz21@outlook.com

Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) influenciam no aumento da


concentração de compostos fenólicos nas folhas, na casca do caule e nos frutos de
Libidibia ferrea estabelecida em campo. No entanto, não há registro do efeito dos FMA
no acúmulo de fenóis totais na inflorescência de L. ferrea. O objetivo do trabalho foi
determinar o efeito da inoculação micorrízica na produção de fenóis totais na
inflorescência de L. ferrea estabelecida em campo. A inflorescência foi obtida de um
campo experimental montado e mantido na Universidade de Pernambuco - Campus
Petrolina, desde 2013. O delineamento experimental consiste de seis blocos casualizados,
com quatro tratamentos de inoculação micorrízica [plantas inoculadas com Acaulospora
longula, Claroideoglomus etunicatum, Gigaspora albida e não inoculadas (controle)], em
quatro repetições. Após 72 meses do transplantio ao campo, a inflorescência de L. ferrea
foi coletada e seca em estufa (45 ºC). O extrato foi preparado com 500 mg do material
vegetal e 20 mL de etanol (95 %) em frasco âmbar, e ficou em maceração química por 12
dias (20 ºC). A quantificação de fenóis totais no extrato foi realizada pelo método de
Folin-Ciocalteau e a leitura foi realizada por espectrofotometria (765 nm). Os dados
foram submetidos à ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey (˂ 0,05). L.
ferrea inoculada com A. longula teve aumento de 35,25 % na concentração de fenóis
totais na inflorescência, em relação ao controle. A inoculação com A. longula é uma
alternativa para incrementar os teores de fenóis totais na inflorescência de L. ferrea
estabelecida em campo por 72 meses.

Palavras-chave: Associação micorrízica, compostos secundários, plantas


medicinais.
Financiamento: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco
(FACEPE).

112
FA04 - IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES
DE MUCORALES ASSOCIADAS À
PODRIDÃO PÓS-COLHEITA DE FRUTOS
E HORTALIÇAS COLETADOS EM
RECIFE E MACAPARANA-PE
Ana Elisa de Almeida Souza1; Amanda Cupertino de Queiroz Brito1; Juliana
Ferreira de Mello1; Glícia Silva de Moraes1 & Alexandre Reis Machado1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: anaelisalily@gmail.com

Mucorales é a maior ordem do subfilo Mucoromycotina que inclui indivíduos


ubíquos, de ampla distribuição e hábitos variados. São predominantemente sapróbios, no
entanto, também podem ser encontrados como parasitas facultativos ou endófitos.
Frequentemente representantes da ordem afetam diversas culturas na pós-colheita
causando podridão mole. O estudo teve por objetivo identificar por meio de análises
morfológicas e filogenéticas espécies de Mucorales associadas à podridão pós-colheita
nas cidades de Recife e Macaparana em Pernambuco. Frutos de banana (Musa acuminata)
e mamão (Carica papaya) foram coletados durante o inverno em supermercados da
Região Metropolitana do Recife, apresentando sintomas de podridão de Mucorales.
Enquanto, frutos de goiaba (Psidium guajava) e jambo-vermelho (Syzygium malaccense),
também apresentando sintomas, foram coletados de uma fazenda em Macaparana e no
campus da Universidade Federal de Pernambuco, respectivamente, durante a primavera.
Estruturas fúngicas formadas sobre as lesões foram montadas em lactoglicerol e
analisadas em microscópio de luz. Em seguida foi realizado o isolamento direto e cultivo
dos isolados em meio BDA com Cloranfenicol à 25ºC. Para as análises, foram
acrescentadas amostras de DNA de Mucorales isolados de Inhame-da-Costa (Dioscorea
rotundata) e batata-doce (Ipomoea batatas). Para análise molecular, a região gênica LSU
foi amplificada e sequenciada. Três árvores filogenéticas foram geradas por análise de
Inferência Bayesiana no portal CIPRES para os gêneros Cunninghamella, Mucor e
Rhizopus. O presente estudo relata Mucor sp. associada ao jambo-vermelho e R. stolonifer
ao fruto de mamão. Além disso, traz os primeiros relatos das espécies C. bertholletiae
associada à podridão mole em raíz de inhame-da-Costa, M. inaequisporus ao fruto de
goiaba e de M. variisporus ao fruto de banana. Este estudo contribui para o conhecimento
a respeito de espécies de Mucorales associadas à podridão de frutas e hortaliças, como
também, oferece suporte para pesquisas futuras relacionadas com a identificação e
caracterização desses fungos na pós-colheita.

Palavras-chave: Análises, fitopatógenos, taxonomia.


Finaciamento: UFPE, FACEPE, CNPq e CAPES.

113
FA05 - ALTERAÇÃO NA ESPORULAÇÃO
DE FUNGOS MICORRÍZICOS
ARBUSCULARES EM MICROCOSMO
CULTIVADO COM PORTA-ENXERTO
DE GOIABEIRA INOCULADO COM
FITONEMATOIDE
Esther Novic Silva1; Maria Clara de Macedo Neves1; Lilian Araujo Rodrigues2;
José Mauro da Cunha e Castro3 & Adriana Mayumi Yano-Melo4
1
Curso de Ciências Biológicas, CCA, Univasf, Petrolina, PE.
2
Pós-graduação em Biologia de Fungos, Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, PE.
3
Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.
4
Colegiado de Zootecnia, CCA, Univasf, Petrolina, PE.
Autor para correspondência: lilian.rodriguesbio@gmail.com

O híbrido ‘BRS Guaraçá', utilizado como porta-enxerto de goiabeira, caracteriza-


se pela resistência a Meloidogyne enterolobii, nematoide responsável pela formação de
galhas nas raízes e redução da produtividade. A presença de nematoides no solo pode
afetar a comunidade de outros micro-organismos edáficos, dentre estes, os fungos
micorrízicos arbusculares (FMA). Estes fungos estabelecem simbiose mutualística com
as raízes de plantas e podem competir com os fitonematoides por espaço no sistema
radicular, fato que pode afetar negativamente sua esporulação. O objetivo deste estudo
foi avaliar se a esporulação da comunidade autóctone de FMA na rizosfera de ‘BRS
Guaraçá’ pode ser reduzida em função da introdução de M. enterolobii e FMA alóctones.
Foi realizado um experimento em casa de vegetação em delineamento inteiramente
casualizado com nove tratamentos das combinações com inoculação de FMA
(Acaulospora longula, Claroideoglomus etunicatum ou mistura desses fungos) e com
nematoide (com ou sem M. enterolobii) e o controle (campo inicial), em três repetições.
Após 90 dias da inoculação com nematoide, constatou-se que, embora o cultivo com
‘BRS Guaraçá’ tenha promovido aumento na esporulação de FMA autóctones, a
inoculação com FMA resultou em menor estímulo, especialmente com a inoculação com
C. etunicatum, indicando possível interação com a comunidade nativa. A introdução de
M. enterolobii reduziu a esporulação da comunidade nativa, incluindo os tratamentos em
que foi feita a inoculação de FMA; sendo tal redução mais acentuada no tratamento com
A. longula do que a observada com C. etunicatum. Conclui-se que a introdução de M.
enterolobii reduz a quantidade de glomerosporos, sendo mais acentuada em solo sem
inoculação com FMA, sugerindo que as interações entre os fungos e o fitonematoide varia
em função da espécie.

Palavras-chave: Glomeromycota, Híbrido resistente, Meloidogyne enterolobii.


Financiamento: CNPq, Brasil Mudas.

114
FA06 - USO DO EXTRATO AQUOSO E
HIDROALCOÓLICO DE FUMO (Nicotiana
tabacum) NO CONTROLE DO
Colletotrichum truncatum (Schwein.)
Glenda Silva Pinto Correia1; Thayza Karine de Oliveira Ribeiro²; Luciana
Gonçalves de Oliveira² & Antonio Félix da Costa²
¹UNIBRA - Centro Universitário Brasileiro, Recife, PE.
²Instituto Agronômico de Pernambuco, Recife, PE.
Autor para correspondência: correiaglenda@gmail.com

O Phaseolus lunatus L., popularmente conhecido como feijão-de-lima ou feijão


fava, é uma das culturas mais importantes para a economia da região Nordeste do Brasil.
Essa leguminosa é nutricionalmente rica, especialmente em proteínas, o que promove a
sua utilização na dieta humana e animal, além de ser uma alternativa de renda significativa
para pequenos produtores. Ainda que sua cultura seja bem adaptada às condições da
Região Nordeste, a produtividade é baixa devido a fatores relacionados a doenças e
pragas. Dentre essas doenças, a antracnose causada pelo fungo Colletotrichum truncatum
(Schwein.), é a que provoca mais danos às plantações gerando perdas de até 100% na
produção e qualidade, impedindo sua comercialização. Dessa forma, este trabalho visou
avaliar efeitos in vitro dos extratos aquoso e hidroalcoólico de fumo sobre o fungo
Colletotrichum truncatum. Os extratos foram adicionados separadamente em placas de
Petri com meio BDA, de modo a se obter concentrações de 5%, 10% e 20%. Placas
contendo apenas BDA serviram como controle. A partir de colônias com nove dias de
crescimento, foram transferidos pequenos discos para o centro de cada uma das placas
contendo os extratos e para cada concentração, foram feitas cinco repetições. A
verificação dos efeitos dos extratos sobre o crescimento micelial do fungo foi feita através
de medições do crescimento radial da colônia utilizando uma régua milimetrada,
seguidamente do cálculo da média. A avaliação foi realizada no 12º dia. No extrato
aquoso, a concentração de 5% não diferiu do controle sobre o crescimento do fungo,
porém com o aumento da concentração houve redução no crescimento micelial, sendo a
concentração de 20% mais efetiva. Em relação ao extrato hidroalcoólico, também houve
uma inibição significativa no crescimento do fungo conforme o aumento da concentração.
Estes resultados demonstram capacidade promissora da utilização do extrato de fumo no
controle do fungo.

Palavras-chave: Antracnose, crescimento, fava, fitopatógeno.

115
FA07 - DENSIDADE DE Fusarium sp.
EM SOLOS DE POLICULTIVOS
AGROECOLÓGICOS DO SERTÃO DO
PAJEÚ - PE
Amanda Lucia Alves1; Thiago Vitor da Silva1; Ana Carla da Silva Santos1; Roger
Fagner Ribeiro Melo1 & Patricia Vieira Tiago1.
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: thiago.vitors@ufpe.br

A prática da agricultura convencional afeta negativamente a diversidade biológica.


Para mitigar tais impactos é recomendada a prática da agricultura de base ecológica, com
a implantação de sistemas agroecológicos que proporcionam ao agricultor estabilidade
socioeconômica e minimizam impactos ambientais. Os fungos são os maiores
contribuintes da biomassa do solo e potencias modificadores das suas características
físico-químicas e biológicas. Dentre os gêneros de fungos presentes e comumente
isolados do solo está Fusarium sp. O objetivo foi conhecer a densidade de Fusarium sp.
em solos de sistemas agroflorestais (SAFs), da mata Caatinga e de consórcio de milho e
feijão do Sertão do Pajeú em Triunfo, Pernambuco. Amostras de solo foram coletadas em
agosto de 2019 em dois SAFs (com 24 anos e sete anos de implantação), mata Caatinga
e consórcio de milho e feijão. A densidade fúngica foi determinada pelo método de
diluição seriada e avaliação por contagem das unidades formadoras de colônia. O
reconhecimento fúngico foi realizado pela caracterização morfológica e molecular.
Espécies pertencentes ao complexo Fusarium fujikuroi foram comuns no solo de todas as
áreas com valores de: 2 × 10 UFC/g no policultivo; 0,33 × 10 UFC/g na mata Caatinga;
3 3

27,31 × 10 UFC/g no SAF com 7 anos e 26 × 10 UFC/g no SAF com 24 anos. Também
3 3

foram encontrados um isolado dos complexos Fusarium circinatum (37,22 × 10 UFC/g),


3

Fusarium lateritium (1 × 10 UFC/g) e Fusarium solani (0,33 × 10 UFC/g) no SAF com


3 3

7 anos de implantação. Embora Fusarium spp. sejam potenciais fitopatógenos, a


diversificação de plantas e o manejo do solo promovem a ocorrência de outros fungos no
solo que inibem sua patogenicidade, assim não ocorre a perda de produtividade agrícola
nestas áreas, reforçando a importância de agroecossistemas diversificados de base
ecológica.

Palavras-chave: Agroecologia, controle biológico, microbiologia do solo,


sustentabilidade.

116
EIXO TEMÁTICO
Fungos na Biotecnologia
117
FB01 - FUNGOS DA COMPOSTAGEM:
PRODUÇÃO DE ENZIMAS E
APLICAÇÃO NA HIDRÓLISE DO
BAGAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR
Marcelo Augusto Piveta1; Rosymar Coutinho de Lucas1,2; Alex Graça Contato2;
Maria de Lourdes Teixeira de Moraes Polizeli1,2 & Tássio Brito de Oliveira1
1
Departamento de Biologia, FFCLRP, USP.
2
Departamento de Bioquímica e Imunologia, FMRP, USP.
Autor para correspondência: oliveiratb@yahoo.com.br

Uma complexa rede de polissacarídeos compõe a parede celular da planta e suas


unidades (pentoses e hexoses) podem ser convertidas em etanol via fermentação. Porém,
para que esses açúcares sejam liberados, é necessária a ação sinérgica de enzimas para a
sua completa hidrólise (i.e., celulases, hemicelulases e pectinases). No Brasil, a principal
biomassa utilizada tem sido o bagaço de cana. Assim, o presente estudo avaliou fungos
isolados de compostagens, de resíduos domésticos e de torta de filtro, para a produção de
enzimas e a aplicação de um coquetel enzimático na hidrólise do bagaço de cana in natura
e pré-tratados. Os isolados (n=13) foram cultivados em Meio Mínimo, utilizando farelo
de trigo (1%) para induzir a produção das enzimas. Nove enzimas foram avaliadas (endo-
1,5-α-L-arabinanase, endoglucanase, mananase, poligalacturonase, endo-1,4-β-xilanase,
xiloglucanase, β-D-xilosidase, celobiohidrolase e β-D-glucosidase. Três fungos se
destacaram na produção enzimática, Thermomyces lanuginosus, Rizhomucor pusillus e
Penicillium citrinum, e seus extratos enzimáticos foram testados, individualmente e em
combinações, na hidrólise do bagaço de cana in natura (BGN), explodido a vapor (BEX)
e explodido a vapor e deslignificado (BED), a 3% (m/v). A produção de açúcares
redutores (AR) foi quantificada pelo método de Miller. Para avaliar o efeito da
temperatura, os ensaios foram conduzidos entre 45-60 °C, com intervalos de 5 °C, durante
24 h e agitação de 90 rpm. A combinação dos extratos dos isolados da torta de filtro, T.
lanuginosus e R. pusillus, a 55 °C, liberaram mais AR; 56,7±10,03, 95,63±13,50 e
115,70±16,90 µg AR por mL para BED, BEX e BGN, respectivamente. Portanto, a
bioprospecção de fungos em um ambiente com altas temperaturas e resíduos da cana-de-
açúcar se mostrou promissora para a obtenção de produtores de enzimas agindo em altas
temperaturas. Além disso, a combinação dos extratos aumentou o efeito sinérgico das
enzimas, levando a uma maior produção de AR.

Palavras-chave: Bioetanol, Biomassa lignocelulósica, Fungos termofílicos.


Financiamento: FAPESP, CNPq.

118
FB02 - LEVEDURAS ISOLADAS DE
SOLOS EM SERGIPE COM AÇÃO
BIODEGRADATIVA DE COMPOSTOS
HIDROCARBONETOS E
NITROGENADOS
Antonio Marcio Barbosa Junior1,2; Janice da Silva Soares1; Romeu Goncalves
Cavalcante1& Cíntia de Cássia Marcolan1
1
Laboratório de Microbiologia Aplicada, Departamento de Morfologia, CCBS, UFS.
2
Coleção de Cultura de Micro-organismos de Sergipe, CCMO/SE, UFS.
Autor para correspondência: amjunior@academico.ufs.br

O tratamento de biorremediação depende da característica do resíduo, presença de


condições microbiológicas, seleção da tecnologia e métodos para determinar a
contaminação. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi verificar a ação biotecnológica e
selecionar leveduras com potencial biodegradativo frente a óleos, hidrocarbonetos e
compostos nitrogenados em Sergipe. As leveduras foram isoladas de solos arenosos do
Campus UFS São Cristóvão/SE e manguezal da Praia Formosa em Aracaju/SE,
identificadas bioquimicamente e preservadas na Coleção. Foi realizado teste de ação
biorremediadora pelo método de microdiluição em Caldo Sb para avaliar a Concentração
Mínima Biorremediadora (CMB) e sua faixa de ação (entre 2,5 µg/mL a 500 µg/mL dos
produtos xenobióticos) adotando suspensão fúngica de 10³UFC/mL na proporção 1:1 em
placas de microdiluição de fundo redondo. O score de detecção da CMB foi mensurado
por análise visual e quantificado em leitor de Elisa como score positivo acima de 75% do
crescimento microbiano em relação ao controle positivo e abaixo de 5% de detecção do
xenobiótico residual em relação ao controle negativo com tempos de leitura de 48h e 72h,
a 25 ºC. Foram isoladas Rhodotorula rubra, Rhodotorula sp., Candida sp., Candida
lipolytica, C. utilis, Cryptococcus sp., Pichia pastoris, P. kudriavzevii, Schwaniomyces
polymorphus, Kluveromyces sp., Exophiala sp., Geotrichum sp. e Ascomycotina black
yeast. Para biodegradação de azeite de oliva, as linhagens com maior capacidade (100%
efetiva no score positivo) foram P. kudriavzevii e Geotrichum sp. Em relação a ação
frente ao óleo diesel, o isolado efetivo foi P. kudriavzevii e para a gasolina as cepas
bioderremediadoras foram Rhodotorula sp. e P. kudriavzevii. As leveduras efetivas frente
aos compostos nitrogenados foram R. rubra, S. polymorphus, P. kudriavzevii e C.
lipolytica. As linhagens utilizadas demonstraram resultados promissores para a
biorremediação. Novos estudos de bioprospecção de biosurfactantes e bioprocessos
relacionados a biorremediação microbiana são pretendidos com essas leveduras.

Palavras-chave: Biorremediação, leveduras, xenobióticos.


Financiamento: CNPq, FAPITEC/SE, Grupo de Pesquisa CNPq UFS
Microbiologia Aplicada e UFS.

119
FB03 - PRODUÇÃO DE PROTEASE POR
FUNGOS ENDOFÍTICOS DO GÊNERO
Penicillium ISOLADOS DE BRÓMELIAS
DE ÁREA DE PRESERVAÇÃO DA
CAATINGA (PERNAMBUCO, BRASIL)
Sandy dos Santos Nascimento1; Edna de Aquino Silva1; Layanne de Oliveira
Ferro ; Cristina Maria de Souza-Motta1; Laura Mesquita Paiva¹ & Jadson Diogo Pereira
1

Bezerra 1, 2
Departamento de Micologia, CCB, UFPE, Recife – Pernambuco.
1
2
Departamento Biociências e Tecnologia, Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, UFG,
Goiânia – Goiás.
Autor para correspondência: nascsandy@outlook.com

Estudos comprovam o uso eficaz de microrganismos para fins biotecnológicos,


como alternativa de baixo custo na produção de proteínas extracelulares. O
desenvolvimento dessa capacidade e sua eficiência são atribuídas a relação entre os
fungos endofíticos e seus hospedeiros. A enzima protease pertence a um dos grupos mais
importantes de enzimas de interesse industrial. A alta demanda do mercado quanto ao uso
dessa enzima, associada a falta dela, por meio de origem vegetal e animal, corrobora com
que a produção de proteases de origem microbiana ganhe cada vez mais espaço no
mercado. O objetivo do trabalho foi avaliar a produção de protease por isolados de
Penicillium provenientes de Dyckia limae e Tillandsia catimbauensis, bromélias
endêmicas do Parque Nacional do Catimbau, Caatinga, Pernambuco. Os endófitos foram
inoculados em Ágar extrate de malte (MEA), e submetidos a fermentação submersa.
Utilizou-se 1ml de cada suspensão para inóculo em Erlenmeyer com meio de cultura MS-
2 incubados em agitador orbital. O produto foi filtrado e o extrato bruto enzimático foi
acondicionado a -20°C. O ensaio proteolítico foi realizado utilizando azocaseína para
quantificar a protease. A determinação das proteínas totais foi realizada seguindo o
método de Bradford e a leitura foi feita em espectrofotômetro. Uma solução contendo
leite desnatado foi dissolvido a 10% em 100 mL de uma solução de CaCl 0,01M (pH 2

6,5), pré-aquecida em banho-maria, adicionou-se o extrato bruto enzimático para


verificação da formação dos primeiros coágulos. Dos nove isolados testados, todos
apresentaram resultado positivo a coagulação e observou-se a presença dos primeiros
coágulos aproximadamente após 1 min de mistura. Fungos endofíticos do gênero
Penicillium de bromélias da Caatinga possuem grande capacidade para produção de
enzimas coagulantes do leite.

Palavras-chave: Coagulante, leite, Parque Nacional do Catimbau.


Financiamento: CAPES, CNPq, FACEPE.

120
FB04 - SELEÇÃO DAS MELHORES
CONDIÇÕES PARA PRODUÇÃO DE L-
ASPARAGINASE POR Aspergillus
alabamensis URM 5255
Edna de Aquino Silva1; Leticia Francisca Da Silva1; Ana Patrícia Sousa Lopes De
Pádua1; Sandy dos Santos Nascimento1; Layanne de Oliveira Ferro1; Cristina Maria de
Souza-Motta1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, PE
Autor para correspondência: ednaaquino879@gmail.com

A L-asparaginase é uma enzima que apresenta o potencial de catalisar a hidrólise


da L-asparagina em amônia e ácido L-aspártico. Clinicamente é utilizada no tratamento
de diversos tipos de câncer, pois seu mecanismo de ação leva a apoptose das células
cancerígenas. O gênero Aspergillus é amplamente estudado na biotecnologia por
apresentar potencial em diferentes aspectos, como a produção de L-asparaginase. O
presente estudo teve como objetivo indicar as melhores condições para produção de L-
asparaginase por Aspergillus alabamensis URM 5255. Para selecionar as melhores
condições para produção enzimática, foi realizado um planejamento experimental fatorial
2 composto por 12 ensaios, com quatro repetições no ponto central, e por três variáveis
3

(concentração de L-asparagina, do inóculo e pH). Na etapa pré-fermentativa foram


utilizados frascos de Erlenmeyer contendo 100 mL de meio Czapek Dox’s modificado
(CDM), os quais foram inoculados com 3 discos de 5mm de micélio, obtidos após sete
dias de crescimento em meio Ágar Extrato de Malte, e incubados a 30 °C, 120 rpm,
durante 96 h. Na etapa fermentativa a biomassa obtida na etapa anterior foi inoculada
(1,5; 2,5 e 3,5 g) em frascos de Erlenmeyer contendo 100 mL do meio CDM com
diferentes concentrações de L-asparagina (0,5; 1,0 e 1,5%) e ajustado a diferentes valores
de pH (5,0; 6,0 e 7,0), sendo incubados a 30 °C, 120 rpm, por 120 h. Posteriormente as
culturas foram filtradas, e a biomassa utilizada para quantificação enzimática. O líquido
metabólico resultante foi lido em espectrofotômetro a 500 nm. A maior atividade
enzimática (3,98 U/g) foi verificada sob concentração de L-asparagina de 1,5 %, pH 5,0
e concentração de inóculo de 3,5 g. O presente estudo apresenta relevante contribuição
pelo potencial de produção de L-asparaginase. Diante disto, A. alabamensis URM 5255
é indicada como uma cepa promissora para estudos da otimização da produção da enzima.

Palavras-chave: Biotecnologia, enzima, fermentação submersa, fungo do solo.


Financiamento: FACEPE, CNPq, UFPE.

121
FB05 - DESCOLORAÇÃO DO ÍNDIGO
CARMIN POR ESPÉCIES DO GÊNERO
Trametes
Valéria Ferreira da Silva1; Norma Buarque de Gusmão2; Tatiana Baptista
Gibertoni1 & Leonor Alves De Oliveira Da Silva2
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
2
Departamento de Antibióticos, CB, UFPE, Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: valeria.costasantana@ufpe.br

As águas coloridas provenientes de efluentes têxteis prejudicam o meio ambiente,


comprometendo a fauna, a flora e a microbiota existentes nesses espaços. Estimativas
indicam mais de 2.000 diferentes componentes químicos abrasivos e recalcitrantes, além
de corantes e outras substâncias auxiliares de tingimento que estejam presentes nessas
águas. O corante índigo carmim é uma substância de coloração azul amplamente utilizada
nas indústrias de alimentos, papel, celulose e têxtil, na coloração do denim. O objetivo
deste trabalho foi testar três linhagens de duas espécies de Trametes coletadas no Nordeste
do Brasil quanto à capacidade de descoloração e detectar a atividade das enzimas lacase,
lignina peroxidase e manganês peroxidase após a descoloração. O experimento foi
realizado em meio Kirk sob condição estática e não estéril, a ± 28 ° C por 120 h. O
percentual de descoloração foi avaliado em espectrofotômetro a 610 nm. A atividade
enzimática foi determinada pelo monitoramento da oxidação do substrato referente para
cada enzima. O percentual de descoloração do corante observado em Trametes lactinea
(URM8350) foi de 81,40%, em T. lactinea (URM8354) de 85,09% e T. villosa
(URM8022) 96,11%. A lacase foi detectada em todas as amostras e a manganês
peroxidase em T. villosa (URM8022) 3,4 U/L e T. lactinea (URM8354) 3,6 U/L,
enquanto a lignina peroxidase não foi detectada em nenhum dos isolados nas condições
do experimento. Os resultados sugerem a atuação das enzimas lacase e manganês no
processo de descoloração. Entretanto, estudos posteriores se tornam necessários para
elucidar os mecanismos envolvidos no mesmo. A urgência em minimizar impactos
ambientais em águas residuais proveniente do setor têxtil requer o aperfeiçoamento de
metodologias economicamente viáveis e ecologicamente adequadas. Portanto, conhecer
a potencialidade enzimática de linhagens de Agaricomycetes do Nordeste a nível
biotecnológico se torna urgente.

Palavras-chave: Basidiomycota, corante sintético, micorremediação, indústria


têxtil, poluentes.
Financiamento: FACEPE, CAPES, CNPq.

122
FB06 - DESCOLORAÇÃO DO
VERMELHO CONGO E RBBR POR
Trametes villosa (URM8022)
Gabrielly Sabriny Nogueira do Nascimento1; Tatiana Baptista Gibertoni1 &
Valéria Ferreira da Silva 1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, PE.
Autor para correspondência: gabriellysabriny@yahoo.com.br

Os corantes usados na indústria têxtil contribuem significativamente para a


poluição das fontes de água à medida que são descartados, na maioria das vezes, sem
tratamento adequado. No ecossistema aquático, os corantes diminuem a atividade
fotossintética de alguns organismos, provocando distúrbios na solubilidade dos gases e
lesionando as brânquias dos organismos aquáticos. O vermelho congo é um corante
pertencente à classe de corantes diretos. Este grupo caracteriza-se como solúveis em água
e tingem fibras de celulose através de interações de Van der Waals. A clivagem dos
grupos azóicos deste corante pode formar aminas cancerígenas como a benzidina,
substância tóxica para animais aquáticos e plantas que pode se acumular nos sedimentos
das estações de tratamento de efluentes. O azul brilhante de remazol R (RBBR) pertence
à classe dos corantes antraquinônicos, sendo considerado um importante organopoluente
tóxico e recalcitrante. O objetivo deste trabalho foi testar Trametes villosa (URM8022)
quanto à capacidade de descolorir o vermelho congo e o RBBR. O experimento foi
realizado em meio sólido. Um bloco de gelose de 4 mm de diâmetro do cultivo com 5
dias de crescimento foi inoculado no centro da placa de Petri contendo 10 mL de meio
ágar-extrato de malte adicionado de 0,05% de corante vermelho congo e RBBR,
respectivamente. As placas foram mantidas em condição estática na ausência de luz, a ±
28 ℃. A presença do corante no meio de cultivo não interferiu no crescimento radial do
micélio. A descoloração completa foi observada ao 10° dia de experimento atingindo o
diâmetro total da placa. Os resultados permitem afirmar o potencial dessa linhagem como
alternativa biológica promissora na erradicação dos impactos ambientais causados pelas
atividades industriais. Estudos posteriores precisam ser efetivados para adequar
metodologias à micorremediação aplicada in loco.

Palavras-chave: Basidiomycota, corante sintético, Indústria têxtil,


micorremediação, poluentes.
Financiamento: FACEPE, CAPES, CNPq.

123
FB07 - AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE
ANTIBACTERIANA DE FUNGOS
ENDOFÍTICOS ISOLADOS DO
JUAZEIRO (Ziziphus joazeiro Mart.,
RHAMNACEAE)
Ananda dos Santos Rabelo1; Isabela Ferreira Leão1; Carlos Henrique Araújo2 &
Virgínia Michelle Svedese3
1
Discente do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, UNIVASF, Petrolina-PE.
2
Técnico do Laboratório de Microbiologia, UNIVASF, Petrolina-PE.
3
Docente do curso de Bacharelado de Ciências Biológicas, UNIVASF, Petrolina-PE.
Autor para correspondência: ananda.rabelo@discente.univasf.edu.br

Fungos endofíticos vivem em associação com plantas e promovem diversos


benefícios, além disso, possuem o potencial de produzir compostos bioativos que atuam
em diversas atividades biológicas importantes, a exemplo da antimicrobiana e na
produção de novos compostos terapêuticos. Logo, objetivou-se avaliar o potencial
antibacteriano de 11 fungos endofíticos previamente isolados de folhas do Juazeiro frente
a Staphylococcus aureus, Salmonella sp., Escherichia coli e Pseudomonas aureaginosa
ATCC 27853. Para a realização dos testes, os fungos foram cultivados em meio BDA por
sete dias. Após esse período, os discos foram inoculados em meio sólido, Ágar Nutriente
(AN), com as bactérias testes já semeadas. Para o teste em meio líquido, os discos
fúngicos foram transferidos para caldo batata dextrose e após sete dias de crescimento
realizou-se a filtração e centrifugação do extrato. Posteriormente os discos de papel filtro
foram umedecidos e inseridos em AN com as bactérias testes semeadas. As suspensões
bacterianas foram preparadas em solução salina na turvação 0,5 da escala de McFarland.
As placas foram incubadas a 37 °C por 24 horas para leitura e medições dos halos
formados. Nos testes em meio sólido, quatro fungos apresentaram atividade apenas contra
Staphylococcus aureus, sendo esses: Penicillium sp. 1, Aspergillus sp. 1, Aspergillus
terreus e Cladosporium sp., com halos de inibição medindo 12, 11,5, 18 e 11 mm,
respectivamente. Para o teste em meio líquido, apenas A. terreus mostrou atividade
antimicrobiana frente aos patógenos S. aureus, E. coli e Salmonella sp. com zonas
inibição de 20, 7,6 e 18,33 mm, respectivamente. Desta forma, foi demonstrado que os
fungos endofíticos dos gêneros Penicillium sp., Aspergillus sp., e Cladosporium sp.,
possuem potencial antibacteriano contra as bactérias testadas.

Palavras-chave: Compostos bioativos, Endófitos, Bactérias patogênicas, Potencial


antibacteriano, Caatinga.

124
FB08 - PRODUÇÃO DE BIOMASSA POR
Penicillium sclerotiorum UCP 1631 E
APLICAÇÃO NA DESCOLORAÇÃO DE
CORANTE VERMELHO REMAZOL
Thayná Rhomana da Silva Cândido1; Maria Eduarda Araujo de Andrade Lemos
Donato1; Renata Raianny da Silva1; Yslla Emanuelly da Silva Faccioli1; Rosileide
Fontenele da Silva Andrade1 & Galba Maria de Campos-Takaki1
1
Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais e Biotecnologia, NPCIAMB, UNICAP.
Autor para correspondência: thaylp_1@hotmail.com

A indústria têxtil é um segmento importante na economia brasileira, sendo a


contaminação ambiental causada pela grande quantidade de corantes envolvidos nesse
processo que são descartados diretamente nos efluentes naturais. Dentre eles temos o
Vermelho Remazol, corante sintético do tipo azo utilizado na etapa de tingimento do
tecido, apresentando na sua estrutura a conjugação de dois anéis aromáticos em ligação
N=N, propiciando bastante intensidade da cor. Pesquisadores vem buscando técnicas que
reduzam ou eliminem esses impactos como o emprego da biomassa fúngica na
remediação ambiental. Fungo comum na natureza e biotecnologicamente promissor,
Penicillium sclerotiorum é capaz de produzir metabólitos secundários e biomassa que
podem ser utilizados em diversos processos industriais. Neste sentido, o objetivo do
trabalho foi utilizar a biomassa fúngica de P. sclerotiorum no processo de adsorção e
remoção de corantes dos efluentes da indústria têxtil. A biomassa do fungo foi liofilizada,
uniformizada e pesada nas quantidades de 50 mg/L, 100 mg/L e 200 mg/L inativadas em
10ml de água destilada e autoclavadas a 120 ºC por 30 minutos, enquanto outras amostras
igualmente preparadas não sofreram inativação. Cada amostra recebeu 50 ml do corante
na concentração de 0,045g/L. O acompanhamento cinético da biossorção foi realizado
em 0 h, 4 h, 8 h, 16 h e 24 h com as amostras inativadas, seguido de ensaio de
fitotoxicidade utilizando sementes de Lactuca sativa. Os resultados da biossorção
mostraram que a biomassa na concentração de 200 mg/L permitiu a remoção de 37% do
corante Vermelho Remazol após 8h, enquanto a mesma se mostrou atóxica e não
apresentou efeito inibitório sobre as sementes. O presente estudo mostrou resultado
promissor, apresentando nova aplicabilidade à biomassa de Penicillium sclerotiorum,
com baixo custo em seu processo de obtenção, fácil empregabilidade no tratamento de
efluentes da indústria têxtil por serem renováveis e biodegradáveis.

Palavras-chave: Adsorção, biomassa, remediação.

125
FB09 - ENZIMOLOGIA DE FUNGOS E
LEVEDURAS PATOGÊNICOS ISOLADOS
DE CAVERNAS EM SERGIPE
Antonio Marcio Barbosa Junior1,2; Elias José Santos da Silva3
1
Laboratório de Microbiologia Aplicada, Departamento de Morfologia, CCBS, UFS.
2
Coleção de Cultura de Micro-organismos de Sergipe, CCMO/SE, UFS.
3
GES - Grupo Espeleológico de Sergipe -Centro da Terra (Aracaju/SE).
Autor para correspondência: amjunior@academico.ufs.br

Em cavernas antropizadas há interferência direta na distribuição da micobiota, onde


a busca de linhagens pode fornecer detalhes sobre a composição e o funcionamento desses
locais. Neste contexto, o estudo teve como objetivos, o isolamento de fungos em cavernas
em Sergipe - SE e a enzimologia destes isolados. Foram coletadas assepticamente
amostras de guano em cavernas em Laranjeiras/SE e na Serra de Itabaiana (Areia
Branca/SE). O guano foi inoculado em placas de Petri contendo Ágar Sb, Ágar Czapek,
Ágar SABHI e Ágar Níger e incubadas a 37°C e 25ºC. Os fungos foram isolados e
purificados nos respectivos meios de cultura, identificados micromorfologicamente e
preservados na Coleção. Foi realizado o método de Plaqueamento para produção de
diversas enzimas extracelulares. Foram isolados: Fusarium spp., Penicillium spp.,
Histoplasma spp., Cryptococcus neoformans, C. gattii, black yeast, Paracoccidioides
brasiliensis, Cladosporium spp., Mucor spp., Zigomicetos, Aspergillus versicolor, A.
niger, A. fumigatus, Aspergillus spp., Candida tropicalis e Candida spp. 60% dos fungos
foram isolados na Serra de Itabaiana/SE. Detecção enzimática foi em scores de atividade
e o índice enzimático e a produção caracterizada como positivos (forte e fraco) ou
negativo. Foram considerados positivos fracos na produção de celulase, cepas de A.
versicolor; na produção de DNAse, isolados de Aspergillus spp. e na produção de protease
linhagens de Penicillium spp. Com relação aos isolados considerados como positivo forte
na produção de fenoloxidase, podemos destacar cepas de C. neoformans, C. gattii, black
yeast, Histoplasma spp., P. brasiliensis e A. niger. Para positivo forte para produção de
gelatinase e fosfolipase, cepas de A. niger, C. neoformans e C. gattii. Por fim, há
necessidade de ferramentas para identificação e a elaboração de enzimas (fatores de
virulência) por esses fungos, enfatizando que o acesso não controlado a essas cavernas
acarretam risco à saúde para os frequentadores.

Palavras-chave: Espeleologia, guano, micologia


Financiamento: CNPq, FAPITEC/SE, Grupo de Pesquisa CNPq UFS
Microbiologia Aplicada e UFS.

126
FB10 - PRODUÇÃO DE L-
ASPARAGINASE POR FUNGOS
ENDOFÍTICOS DE AMBIENTE DE
CAATINGA
Edna de Aquino Silva1; Ana Patricia Sousa Lopes de Pádua1; Sandy dos Santos
Nascimento1; Laura Mesquita Paiva1; Keila Aparecida Moreira2 & Cristina Maria de
Souza-Motta1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, Pernambuco.
2
Laboratório de Microbiologia, Tecnologia Enzimática e Bioprodutos, UFAPE, Garanhuns,
Pernambuco.
Autor para correspondência: ednaaquino879@gmail.com

A L-asparaginase é a enzima que catalisa a hidrólise do aminoácido L-asparagina


em ácido L-aspártico e amônia. Sua importância se dá na indústria clínica, no tratamento
de diferentes tipos de câncer levando a apoptose das células neoplásicas; e na indústria
alimentícia, como alternativa para redução da acrilamida. O potencial dos fungos
endofíticos na produção de L-asparaginase é descrito na literatura. Fungos endofíticos são
microorganismos que habitam o interior de tecidos vegetais sem lhes causar danos
aparentes. Este estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de produção de L-
asparaginase por isolados de fungos endofíticos de Myracrodruon urundeuva de ambiente
de Caatinga em diferentes áreas (Área 1 - Serra Talhada e área 2 - Triunfo – PE). Para a
seleção quanto à produção enzimática foram utilizados 10 isolados de fungos endofíticos
de diferentes gêneros. Os testes de produção de L-asparaginase foram realizados a partir
do meio Czapek Dox’s modificado (CDM). Na pré-fermentação, cinco discos de 5 mm
de micélio foram inoculados em frascos de Erlenmeyer com meio CDM (50 mL), e
incubados por 96 horas, a 30 °C e 120 rpm. Na fermentação, o micélio obtido na pré-
fermentação foi inoculado em frascos de Erlenmeyer contendo 50 mL do meio CDM,
sendo incubados nas mesmas condições da pré-fermentação por 120 horas. Após a
fermentação, o micélio obtido foi utilizado para quantificar a produção enzimática
intracelular, onde o produto da reação foi analisado em espectrofotômetro a 500 nm. Sete
cepas (cinco da área 2 e duas da área 1) dos gêneros Colletotrichum, Diaporthe,
Exserohilum, Penicillium e Sarocladium, apresentaram capacidade de produzir L-
asparaginase (0,62 - 1,85 U/g), sendo a espécie Sarocladium terricola (B137) da área 2 a
melhor produtora. O potencial enzimático intracelular verificado nos isolados de M.
urundeuva de ambiente de Caatinga os tornam promissores para estudos de otimização
da produção de L-asparaginase.

Palavras-chave: Endófitos, fermentação submersa, floresta tropical seca,


screening.
Financiamento: FACEPE, CNPq, UFPE, UFAPE.

127
EIXO TEMÁTICO
Micologia e Saúde
128
MS01 - ANÁLISE CLÍNICO-
EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS DE
ESPOROTRICOSE HUMANA EM
PERNAMBUCO
Mayara Bárbara da Silva1; Eduardo Marques de Araújo1; Cláudia Elise Ferraz
Silva2; Danielle Patrícia Cerqueira Macêdo3 & Reginaldo Gonçalves de Lima Neto4
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, Pernambuco.
²Ambulatório de Dermatoses Tropicais, HC, UFPE, Recife, Pernambuco.
3
Departamento de Ciências Farmacêuticas, CCS, UFPE, Recife, Pernambuco.
4
Departamento de Medicina Tropical, CCS, UFPE, Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: mayara.bsilva@ufpe.br

A esporotricose é uma doença distribuída mundialmente causada por fungos do


complexo Sporothrix schenckii. Suas principais formas clínicas são cutâneo-linfática,
cutâneo-localizada, extracutânea e disseminada. Em Pernambuco, essa micose apresenta
caráter endêmico, recentemente estando relacionada a surtos zoonóticos. Para o
diagnóstico laboratorial da esporotricose são realizados exame direto e cultura micológica
a fim de visualizar a macro e micromorfologia de Sporothrix spp. Este estudo objetivou
traçar um perfil clínico-epidemiológico dos casos clínicos confirmados de esporotricose
atendidos no Ambulatório de Dermatoses Tropicais do Serviço de Dermatologia do
Hospital das Clínicas da UFPE em 2020. A coleta dos dados foi obtida mediante consulta
ao livro de registros de solicitações de exame micológico do serviço supracitado,
analisando as variáveis resultado do exame micológico, sexo, idade, município, tipo de
lesão clínica e contato com gato infectado. Oitenta casos clinicamente suspeitos para
esporotricose foram atendidos, onde 41 apresentaram cultura positiva para Sporothrix sp.
Dentre estes, a análise epidemiológica demonstrou quantitativo similar entre homens e
mulheres acometidos, com discreta superioridade de incidência para o sexo feminino
(54%). Sessenta e noves por cento dos casos confirmados acometeram pessoas na idade
adulta, entre 18 e 59 anos. A Região Metropolitana do Recife (RMR) compreendeu 64%
dos casos, sendo Recife a cidade com maior incidência (35%). Com relação às formas
clínicas, houve prevalência de lesões cutâneo-linfática (61%), seguido de cutâneo-
localizada (34%), extracutânea (2,5%) e disseminada (2,5%). Sessenta e um por cento
dos pacientes referiram contato com gato contaminado por Sporothrix sp., seja por
arranhaduras, mordeduras, ou pelo manejo do animal. Esses dados evidenciam a alta
ocorrência da esporotricose no estado de Pernambuco, sobretudo na RMR, bem como a
importância da via de transmissão zoonótica. Portanto, faz-se necessária a implementação
de medidas públicas de prevenção e controle desta doença em animais e humanos para
reduzir seus danos à população.

Palavras-chave: Complexo Sporothrix schenckii, Recife, zoonose.


Financiamento: FACEPE.

129
MS02 - SCREENING DA MICROBIOTA
FÚNGICA DE Tropidurus sp. EM
AMBIENTE SILVESTRE NO PIAUÍ
Roberta Laine de Souza1,2; Gisela Lara da Costa1; Adilson Benedito de Almeida2;
Sandro Antônio Pereira2 & Manoel Marques Evangelista Oliveira1
1
Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos (LTBBF), IOC, Fiocruz, Rio
de Janeiro, Rio de Janeiro.
2
Laboratório de Pesquisa Clínica em Dermatozoonoses em Animais Domésticos (Lapclin-
Dermzoo), INI, Fiocruz, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
Autor para correspondência: roberta.laine@ini.fiocruz.br

Tropidurus é um gênero de réptil terrestre, com hábitos diurnos, ovíparos e


presentes em diversos biomas, inclusive na Caatinga. Avaliar sua microbiota fúngica
pode trazer conhecimentos sobre seu papel na dispersão de fungos e na relação entre os
fungos e estes animais, no meio ambiente. Objetivou-se isolar, identificar e avaliar a
diversidade da microbiota fúngica de Tropidurus sp. e do solo onde vivem, por taxonomia
polifásica utilizando técnicas baseadas na caracterização macro e micromorfológica. O
material foi coletado no município de São Raimundo Nonato, Piauí, e enviado ao
LTBBF/IOC/FIOCRUZ, totalizando cinco swabs (ASw) e cinco amostras de solo (ASo).
Os swabs da cavidade oral, cloacal e interdigital dos animais foram semeados no meio
Agar Sabouraud Dextrose (SDA) com Cloranfenicol, e os solos foram processados pela
técnica de diluição seriada em H O esterilizada até uma diluição de 10 , e semeadas em
2
-3

placas de SDA e Ágar Batata Dextrose. Após a incubação em estufa à 25ºC por três dias,
realizamos a análise macroscópica, onde uma colônia de cada macromorfologia foi
semeada em SDA com o intuito de obter cultura pura. Transcorridos sete dias,
observamos as características macro e microscópicas visando sua identificação
taxonômica. Obtivemos 18 isolados de fungos nos lagartos e 42 isolados no solo:
Aspergillus sp.(4ASw,13ASo), Penicillium sp.(4ASw,21ASo), Trichoderma
sp.(1ASw,2ASo), Fusarium sp.(1ASo), Purpureocillium sp.(2ASo), além de fungos da
família Demateaceae(2ASw,1ASo), do filo Zygomycete(2ASw), leveduras
(2ASw,25ASo) e Mycelia sterilia(5ASw,2ASo), que é um micélio esbranquiçado que não
apresenta esporos sexuais ou assexuais e nem possui uma classificação taxonômica
estabelecida. Os resultados iniciais refletem a importância de um monitoramento
contínuo das espécies fúngicas encontradas na microbiota desse lagarto e sua relação com
a microbiota do solo. O contato do homem com esse animal pode tornar esse animal um
fator importante à saúde pública, visto que algumas espécies detectadas em sua
microbiota possuem potencial patogênico.

Palavras-chave: Fungos, micobiota, Tropidurus.


Financiamento: CAPES, Fiocruz.

130
EIXO TEMÁTICO
Taxonomia de fungos
131
TF01 - LEVANTAMENTO DE FUNGOS
ESTROFARIOIDES (AGARICALES,
BASIDIOMYCOTA) NA
MICRORREGIÃO DE ITAPETININGA,
SÃO PAULO, BRASIL
Thiago Ghiraldini Caetano1; Paula Santos da Silva2; Juliano Marcon Baltazar1 &
Larissa Trierveiler-Pereira1
1
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic-UFSCar), CCN, Universidade Federal de São
Carlos, Buri, SP, Brasil.
2
Centro de Ciências Humanas e da Educação – CCHE, Universidade Estadual do Norte do Paraná,
Jacarezinho, PR, Brasil.
Autor para correspondência: thiago.caetano@estudante.ufscar.br

A família Strophariaceae é pertencente a Ordem Agaricales, subfilo


Agaricomycotina, filo Basidiomycota. Membros de Strophariaceae geralmente produzem
cogumelos robustos com esporada escura e que podem se desenvolver em diferentes tipos
de substratos como solo, madeira ou esterco. A família Strophariaceae representa de fato
um grupo artificial, já que os gêneros Psilocybe e Stropharia são polifiléticos. Sendo
assim, alguns membros dessa família estão atualmente incluídos em Hymenogastraceae.
O termo “estrofarioides” será empregado nesse trabalho para se referir às espécies de
Strophariaceae e outras espécies que anteriormente eram incluídas na mesma, já que são
espécies que possuem semelhanças morfológicas entre si. O presente estudo foi
desenvolvido na microrregião de Itapetininga (sudoeste paulista) em área de mata nativa
entre cerrado e mata atlântica. O projeto teve como objetivo explorar e conhecer a
diversidade da funga local, bem como, contribuir com o conhecimento micológico do
país. As saídas a campo foram realizadas entre julho de 2020 e julho de 2021 e no total
foram coletados 33 espécimes em diferentes áreas florestais e campestres. Os basidiomas
foram desidratados e identificados por meio de análises macro e micromorfológicas. Até
o momento foram identificados 24 espécimes que correspondem à 12 táxons, distribuídos
nos seguintes gêneros: Agrocybe (1 espécie), Deconica (2), Gymnopilus (3), Hypholoma
(1), Pholiota (2), Psilocybe (1) e Stropharia (2). Os presentes dados contribuem para o
conhecimento da funga paulista, já que não existem levantamentos sistemáticos de
macrofungos realizados na área de investigação.

Palavras-chave: funga brasileira, fungos neotropicais, Hymenogastraceae,


taxonomia, Strophariaceae.

132
TF02 - NOVOS REGISTROS DE Poronia
Willd. (XYLARIACEAE: ASCOMYCOTA)
PARA O BRASIL
Francisco J. Simões Calaça1; Amanda Prado-Elias2; Vitória Aparecida O.
Ferreira3; Isa Lucia de Morais3; Larissa Trierveiler-Pereira2 & Solange Xavier-Santos1
1
Laboratório de Micologia Básica, Aplicada e Divulgação Científica (FungiLab), Universidade
Estadual de Goiás, Campus Central, Anápolis, GO, Brasil.
2
Laboratório de Estudos Micológicos (LEMic), Centro de Ciências da Natureza, Universidade
Federal de São Carlos, Buri, SP, Brasil.
3
Herbário José Ângelo Rizzo (JAR), Universidade Estadual de Goiás, Campus Quirinópolis,
Quirinópolis, GO, Brasil.
Autor para correspondência: calacafjs@gmail.com

Poronia Willd. é um gênero de fungo xilarioide que agrupa espécies coprófilas. Os


primeiros registros de Poronia no Brasil datam do início do século XX, com P. fornicata
Möller, para Santa Catarina, em 1901 e P. oedipus (Mont.) Mont., no Rio de Janeiro (1901
e 1904) e no Rio Grande do Sul (1909). Poronia hemisphaerica Starbäck, foi
originalmente descrita para o Brasil para o estado do Mato Grosso, em fezes de equinos.
Entretanto, a descrição da espécie foi baseada em espécimes imaturos e a mesma pode
ser considerada um sinônimo de P. puctata (L.) Fr., (espécie-tipo do gênero). Somente
cerca de 100 anos depois novas observações de Poronia (P. oedipus) foram publicadas,
respectivamente, para Mato Grosso do Sul, sobre fezes de equino e para a Paraíba, sobre
esterco bovino. O objetivo deste trabalho é registrar novas ocorrências de Poronia para o
Brasil. Espécimes foram coletados em três estados: Goiás (bioma Cerrado), Minas Gerais
(bioma Mata Atlântica) e São Paulo (ecótone de Mata Atlântica com Cerrado). Os
espécimes foram analisados macro/microscopicamente e identificados de acordo com
literatura especializada. Poronia oedipus foi registrada em diferentes localidades de GO,
representando os primeiros registros para o Cerrado, e em MG, representando o primeiro
registro para o estado. Poronia pileiformis (Berk.) Fr., foi registrada em SP e GO
representando os primeiros registros da espécie para o Brasil. As espécies são
caracterizadas pelos estromas negros com ≈10 cm alt., delgados, geralmente ramificados
na base, porção apical fértil, de formato hemisférico (P. pileiformis) ou discoide-aplanado
(P. oedipus), coloração clara, com pontuações negras (correspondendo aos ostíolos).
Ascos são 8-esporados, ascósporos são elipsoides, com 9-11 µm (P. pileiformis) ou 25-
30 µm de comprimento (P. oedipus). Nossos dados contribuem para o conhecimento atual
sobre a copromicodiversidade do Brasil, com adições de novos registros e expansão de
áreas de ocorrência.

Palavras-chave: Funga brasileira, fungos coprófilos, taxonomia, Xylariaceae.


Financiamento: FAPEG.

133
TF03 - ASCOMICETOS ASSEXUAIS
ASSOCIADOS A SUBSTRATOS
VEGETAIS NA APA BONFIM-
GUARAÍRAS, RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL
Douglas de Souza Braga Aciole1; Heloysa Farias da Silva2; Gerson Lenno Cabral
da Silva1 & Patricia Oliveira Fiuza2
1
Centro de Biociências, UFRN.
2
Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução, UFRN.
Autor para correspondência: aciole.d.s.b@gmail.com

Os ascomicetos assexuais constituem um grupo de microfungos, polifilético e


heterogêneo, que se reproduz por mitose. Esses organismos possuem grande importância
ecológica, uma vez que atuam na decomposição de substratos da serapilheira que é
essencial para manutenção do equilíbrio nos ecossistemas. Ascomicetos assexuais são
amplamente estudados mundialmente, e as regiões Central e Sul-americana têm se
despontado como grandes hotspots de novos gêneros e espécies. No nordeste brasileiro,
os estudos são concentrados nos estados da Bahia, Paraíba e Pernambuco, enquanto para
o Rio Grande do Norte (RN) são escassos e pontuais. Diante de sua importância, este
estudo busca inventariar as espécies de ascomicetos assexuais na APA-Bonfim Guaraíras,
incluída no bioma Mata Atlântica do RN. Para isto, foram realizadas duas coletas nas
proximidades dos rios Pium e Boa Cica em setembro e novembro de 2020. Em cada
coleta, dez folhas e dez galhos foram selecionados em dois pontos diferentes,
armazenados em sacos plásticos e encaminhados ao Laboratório de Biologia de
Micorrizas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LBM/UFRN). No
laboratório, as amostras foram lavadas e acondicionadas em câmaras úmidas, compostas
por placas de petri com papel umedecido (duas para folhas e duas para galhos, em cada
ponto). Câmaras úmidas foram observadas por 30 dias e as estruturas reprodutivas foram
retiradas com auxílio de agulhas de ponta fina e colocadas em meio de montagem
permanente com resina PVL. Vinte e sete táxons de ascomicetos assexuais foram
identificados, sendo 14 encontrados em galhos, nove em folhas e quatro em ambos os
substratos. Dentre esses, Kalamarospora multiflagellata é um novo registro para o
Neotrópico e Digitomyces verrucosus para o RN. Esses resultados ampliam o
conhecimento da microbiota nordestina, além de revelar a necessidade de mais trabalhos
sobre a diversidade desses fungos no RN.

Palavras-chave: biodiversidade, fungos conidiais, microfungos, tropical.


Financiamento: CAPES, CNPq.

134
TF04 - CHECKLIST DE FUNGOS DA
FAMÍLIA GANODERMATACEAE PARA
A AMAZÔNIA BRASILEIRA
Edla Oliveira Silva1; Adriene Mayra da Silva Soares1
1
Bolsista PIBIC (CNPq), graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Federal Rural da
Amazônia, Campus Tomé-Açu. e-mail: edlaoliveira2992@gmail.com
2
Orientador, Universidade Federal Rural da Amazônia, Centro de Ciências Biológicas, Campus
Tomé-Açu.
Autor para correspondência: adriene.soares@ufra.edu.br

A família Ganodermataceae Donk foi descrita em 1948 e é caracterizada por


basidiomas de coloração avermelhada sendo a maioria do tipo lacada, variando entre
marrom, amarelo ou preto, com basidiomas perenes ou anuais. Além disso, os
representantes se diferenciam das outras famílias de fungos pelos basidiósporos globosos
e elipsóides e de parede dupla, geralmente ornamentado, colorido e/ou hialiano. Este
trabalho possui o intuito de conhecer as espécies pertencentes a família Ganodermataceae
catalogadas na Amazônia brasileira. Assim, foi realizado um levantamento a partir de
bancos de dados disponíveis na internet, tais como SpeciesLink Network, GBIF, Flora do
Brasil e artigos científicos. A classificação e nomenclatura das espécies foram
consultadas nas plataformas Mycobank e Index Fungorum. Para a Amazônia brasileira
foram encontrados um total de 47 espécies registradas. A espécie com maior ocorrência
foi Ganoderma stipitatum (Murrill) Murrill em sete estados desse bioma, seguida de
Amauroderma calcigenum (Pat. & Gaillard) Torrend em seis estados, enquanto a espécie
Furtadoa biseptata Costa-Rezende, Drechsler-Santos & Reck apresentou a menor
distribuição, sendo encontrada somente no estado do Mato Grosso. Além disso, no
levantamento realizado, 19 espécies apresentam somente distribuição na Amazônia
brasileira, como exemplo: Cristataspora coffeata (Berk.) Robledo, Costa-Rezende & de
Madrignac Bonzi e Haddowia longipes (Lév.) Steyaert. A distribuição observada
evidencia o potencial presente na Amazônia quanto a espécies endêmicas e raras. Desse
modo, para proteger as espécies desse bioma, devem ser realizados esforços contínuos
para reduzir o desmatamento e prevenir a perda de habitat crescente.

Palavras-chave: Agaricomycetes, diversidade, fungos decompositores.


Financiamento: Bolsa de Iniciação Cientifica para Edla Oliveira Silva pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), processo
157622/2021-5.

135
TF05 – CHECKLIST DE
HYMENOCHAETACEAE
(HYMENOCHAETALES,
BASIDIOMYCOTA) PARA A REGIÃO
AMAZÔNICA BRASILEIRA
Richard Bruno Mendes Freire1; Adriene Mayra da Silva Soares2
¹Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Tomé-Açu, Tomé-Açu/PA.
²Departamento de Ciências Biológicas/Campus Tomé-Açu, UFRA, Tomé-Açu/PA.
Autor para correspondência: richardbruno161@gmail.com

Hymenochaetaceae é uma família do filo Basidiomycota e inclui uma diversidade


com cerca de 500 espécies. Os representantes são caracterizados por possuírem
basidiomas de coloração ferrugínea, hifas generativas com presença de septos simples,
escurecimento permanente em contato com KOH. A maioria das espécies é
decompositora, causando a podridão branca na madeira, e algumas são parasitas
encontradas em árvores vivas. O objetivo deste estudo foi revisar a riqueza de
Hymenochaetaceae conhecida na região Amazônica. Para isso, foi realizado um
levantamento em bancos de dados, tais como, Flora do Brasil, no sistema de informação
de coleções científicas SpeciesLink, GBIF, e em artigos científicos. As buscas de
ocorrências das espécies foram delimitadas para estados da região Amazônica brasileira.
Para a devida classificação e nomenclatura, as buscas das espécies seguiram nas bases de
dados Index Fungorum e Mycobank. Ao todo foram encontradas 46 espécies para
Hymenochaetaceae, distribuídas em 13 gêneros. O estado com maior número de registros
foi o Pará (26 spp.), seguido por Amazonas e Rondônia (ambos com 24 spp.), enquanto
Maranhão possui apenas dois registros. O gênero mais representativo foi Hymenochaete
com dez espécies, seguido de Coltricia com oito e Phellinus com seis. A espécie
Hymenochaete iodina (Mont.) Baltazar & Gibertoni apresentou ocorrência em seis
estados, enquanto Coltricia globispora Gomes-Silva, Ryvarden & Gibertoni foi
registrada somente em Rondônia. O número de espécies reportadas desta família em
outras regiões do Brasil é maior do que as encontradas neste estudo. Por exemplo, as
regiões Sul, Nordeste e Sudeste, apresentam 102, 62 e 52 espécies, respectivamente. Este
trabalho demonstra que a riqueza de Hymenochaetaceae na Amazônia, está abaixo do que
se estima para esta região. Estudos que objetivam inventariar serão importantes para
reduzir a carência de informações sobre a biodiversidade de Hymenochaetaceae na
Amazônica.

Palavras-chave: Amazônia, diversidade, fungos poroides.

136
TF06 - EVOLUÇÃO DAS OCORRÊNCIAS
DO GÊNERO Cyathus Haller NAS
REGIÕES DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
DOS ÚLTIMOS 12 ANOS (2009 – 2021)
Pedro Henrique Gomes Do Nascimento1; Jefferson Santos Góis2; Rhudson
Henrique Santos Ferreira Da Cruz4 & Iuri Goulart Baseia1,2,3
1
Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, Brasil.
2
Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução, Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Natal, Brasil.
3
Departamento de Botânica e Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
Brasil.
4
Centro das Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Oeste da Bahia, Barreiras,
Brasil.
Autor para correspondência: pedrophgn1@gmail.com

A família Nidulariaceae é caracterizada por apresentar basidiomas diminutos com


pequenas estruturas internas denominadas peridíolos. Esse grupo apresenta dispersão
passiva dos esporos, apresentando diferentes morfotipos, variando entre os gêneros.
Dentre os nidulariáceos, destaca-se o gênero Cyathus Haller, popularmente conhecido
como fungo ninho de passarinho. Estudos sobre o grupo no Semiárido brasileiro ainda
são escassos e voltados para áreas localizadas em enclaves de Mata Atlântica nordestina,
como Brejos de Altitude. No ano de 2009, foi realizado um checklist para fungos
gasteroides no Brasil, onde não foram constatados registros de Cyathus para o Semiárido.
Projetos de incentivo à pesquisa, como o PPBIO-Semiárido viabilizaram a publicação de
novos registros e novas espécies do gênero para a região. Dessa forma, este trabalho
buscou evidenciar a relevância do Semiárido brasileiro para os estudos com o gênero
Cyathus. Os dados bibliográficos analisados foram obtidos através de literaturas
especializadas para Cyathus e em bancos de dados online, como speciesLink. Foram
coletados dados do gênero a partir de 2009 para a região, contabilizando atualmente 17
registros, sendo: Cyathus gayanus no ano de 2013; C. berkeleyanus, C. calvescens, C.
earlei, C. gracilis, C. helenae, C. hortensis, C. intermedius, C. limbatus, C.
magnomuralis, C. montagnei, C. pallidus, C. parvocinereus, C. poeppigii, C. striatus em
2014; C. pedunculatus em 2016 e C. isometricus em 2017. Esses dados mostram um
aumento significativo no decorrer dos anos, evidenciando o potencial de ocorrência do
gênero para a região. Além disso, a publicação de novos táxons para o Semiárido
demonstra a necessidade de mais expedições em áreas inexploradas, visando ampliar o
conhecimento da ocorrência do gênero. O incentivo à pesquisa é uma ferramenta
fundamental para fomentar iniciativas voltadas à conservação e ao conhecimento da
biodiversidade fúngica, principalmente em áreas que sofrem redução de habitat devido a
atividades antropogênicas.

Palavras-chave: Biodiversidade, fungos gasteroides, Nidulariaceae, taxonomia.


Financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Universidade Federal do Rio Grande Do Norte (UFRN).

137
TF07 - O STATUS DO NÚMERO DE
REGISTROS DE FUNGOS COPRÓFILOS
DA FAMÍLIA SORDARIACEAE
(SORDARIOMYCETES, ASCOMYCOTA)
NO BANCO DE DADOS DE HERBÁRIOS
NO BRASIL
Celine Cecília Alexandre da Silva1; José Fredson da Silva Alves dos Prazeres1 &
Roger Fagner Ribeiro Melo1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Recife, PE.
Autor para correspondência: celinececiliabiobach@gmail.com

Os fungos da família Sordariaceae (Sordariales), encontrados em coleções


científicas dos herbários pelo Brasil, possuem hábito saprotrófico e coprófilo, podendo
ser encontrados em material vegetal em decomposição ou em excrementos de herbívoros.
São importantes para diversos ecossistemas, pois utilizam a celulose e outros
componentes orgânicos que não foram consumidos pelo animal como fonte de carbono,
contribuindo para a ciclagem de nutrientes e decomposição de substrato. Os herbários
micológicos possuem papel fundamental no armazenamento de amostras de diversos
grupos de fungos, e auxiliam no conhecimento sobre a diversidade. Contudo, o número
de informações sobre os fungos coprófilos ainda é baixo, contando com poucos registros
e revisões sobre estes organismos presentes nos herbários. Deste modo, este trabalho teve
como objetivo principal realizar uma análise sobre a situação quantitativa atual de
exsicatas de fungos desta família nos herbários do país. O levantamento de registros foi
realizado utilizando a plataforma Specieslink, onde foram recolhidas informações de
todas as coleções cadastradas. Até o momento, o banco de dados conta com 77 amostras
coletadas dos principais gêneros, onde foram depositadas em cinco instituições presente
em sete estados do Brasil, entre eles Pernambuco, Rio Grande do Sul, Maranhão, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Rondônia; onde 43 amostras dos principais
gêneros como Sordaria e Neurospora e espécies como Sordaria fimicola foram coletadas
em biomas como a Mata Atlântica e Cerrado e estão localizadas no Herbário Padre
Camille Torrend (URM) situado no Departamento de Micologia da Universidade Federal
de Pernambuco, que exerce grande relevância para o conhecimento histórico e científico
do país. Assim, diante da quantidade escassa de amostras, se vê a necessidade de mais
estudos relacionados a essa família a fim de conhecer mais sobre a diversidade no
território brasileiro.

Palavras-chave: Conservação, coprófilos, inventário.

138
TF08 - PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE
Diaporthe Pseudomangiferae R.R. Gomes,
Glienke & Crous (DIAPORTHALES,
ASCOMYCOTA) NO BRASIL
Elaine Cristina da Silva Muniz¹; Rejane Maria Ferreira da Silva1; Deborah Vitória
Gomes de Lima Raposo1; Rafael José Vilela de Oliveira1; Gladstone Alves Da Silva1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências - CB, UFPE, Recife - PE.
Autor para correspondência: elainemuniz.csm@gmail.com

Com mais de 200 espécies descritas, o gênero Diaporthe é comumente encontrado


associado a diferentes hospedeiros vegetais. Espécies de Diaporthe podem se comportar
como patógenos, sapróbios ou endófitos, sendo o gênero mais frequentemente encontrado
como endófito. Diaporthe pseudomangiferae foi descrita pela primeira vez em Mangifera
indica (manga) na República Dominicana e em casca do fruto de Mangifera indica no
México. Desde então, a espécie já foi relatada como endófito em Tylophora ouata na
China e Sabicea cinerea na Guiana Francesa. Diante disso, este trabalho tem como
objetivo relatar a primeira ocorrência para o Brasil de D. pseudomangiferae em folhas de
Solanum melongena (beringela). Folhas de berinjela foram coletadas, lavadas com água
corrente e desinfestadas com etanol 70% por 30 segundos e hipoclorito de sódio por 2
minutos, sendo posteriormente lavadas três vezes em água destilada esterilizada. Após a
desinfestação, fragmentos das folhas foram colocados em placas de Petri, contendo meio
de cultura batata dextrose ágar (BDA). Após o crescimento fúngico, fragmentos de
micélio foram transferidos para tubos de ensaio contendo meio BDA para identificação
morfológica e posterior confirmação, utilizando a caracterização molecular. Diaporthe
pseudomangiferae é caracterizada morfologicamente por picnídios imersos ou na
superfície do meio, os quais são globosos, com pescoços alongados e ostíolos centrais, as
células conidiogênicas são cilíndricas, com colarete alargado. Conídios alfa asseptados,
hialinos, lisos, fusiformes afilando-se em direção a ambas extremidades. Beta conídios
em forma de fuso, asseptados, lisos, hialinos. Foram sequenciadas as regiões ITS do
rDNA, β-tubulina e o fator de alongamento (EF1-α). As sequências foram comparadas
com outras disponíveis no GenBank a partir do BLASTn. As sequências, dependendo do
marcador utilizado, apresentaram identidade máxima variando de 98.75% a 100% em
relação ao isolado de referência CBS 101339. Com base nas análises filogenéticas e
morfológicas, D. pseudomangiferae é relatada pela primeira vez no Brasil.

Palavras-chave: Filogenia, fungo endofítico, taxonomia.

139
TF09 - QUANTIFICAÇÃO ATUAL DE
REGISTROS DE FUNGOS DA FAMÍLIA
CHAETOMIACEAE
(SORDARIOMYCETES, ASCOMYCOTA)
NO BANCO DE DADOS DO HERBÁRIO
URM NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Celine Cecília Alexandre da Silva 1; José Fredson da Silva Alves dos Prazeres1 &
Roger Fagner Ribeiro Melo1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Recife, PE.
Autor para correspondência: celinececiliabiobach@gmail.com

As amostras de fungos, quando depositadas em herbários, contribuem


significativamente para demonstrar a diversidade fúngica de uma localidade, podendo ser
utilizadas em variadas funções incluindo identificação, pesquisa e educação, visando
auxiliar na utilização em referências científicas e também na conservação da
biodiversidade de fungos onde foram encontrados. Nesse contexto, os representantes da
família Chaetomiaceae (Sordariales), possuem hábitos saprofíticos e coprófilos, podem
ser encontrados em fragmentos vegetais desempenhando um papel significativo na
decomposição e esses fungos são importantes fonte de enzimas com possíveis aplicações
biotecnológicas e industriais. Exsicatas contendo fungos desta família encontram-se
depositadas no Herbário Padre Camille Torrend (URM) situado no Departamento de
Micologia da Universidade Federal de Pernambuco. O objetivo deste trabalho foi avaliar
o quantitativo de amostras presentes no herbário para analisar o grau de informações sobre
este grupo de fungos. Com isso, foi realizado um levantamento de dados pela plataforma
Specieslink e no banco de dados do próprio herbário, sendo possível verificar a presença
de 315 registros em sua coleção, contando com várias amostras de gêneros da família
Chaetomiaceae como Chaetomium erraticum L.M. Ames 1963, C. indicum Corda 1840,
C. senegalense L.M. Ames 1963 e Thielavia terrestris (Apinis) Malloch & Cain 1972,
que foram coletadas em diversas regiões e armazenadas no acervo que pode ser
considerado como o único dedicado ao armazenamento de fungos e um dos maiores
situados na América Latina. No entanto, mesmo que o número de informações seja
relativamente alto, é essencial a continuação de estudos que possam contribuir para a
descoberta de novos gêneros pertencentes à família para que sejam inseridas na coleção
científica, contribuindo desta forma para o aumento do conhecimento sobre este grupo.

Palavras-chave: Conservação, pesquisa, armazenamento.

140
TF10 - HIFOMICETOS ASSOCIADOS A
SUBSTRATOS SUBMERSOS EM
ECOSSISTEMAS AQUÁTICOS DA MATA
ATLÂNTICA DO RIO GRANDE DO
NORTE, BRASIL
Heloysa Farias da Silva1; Douglas de Souza Braga Aciole2; Flavia Rodrigues
Barbosa3 & Patricia Oliveira Fiuza1
1
Programa de Pós-graduação em Sistemática e Evolução, UFRN.
2
Centro de Biociências, UFRN.
3
Instituto de Ciências Naturais, Humanas e Sociais.
Autor para correspondência: helofarias@yahoo.com

Os hifomicetos aquáticos constituem a fase assexual de ascomicetos e


basidiomicetos que completam seu ciclo de vida na água. Neste ambiente, são importantes
na decomposição de substratos submersos, sendo classificados em três grupos ecológicos,
de acordo com sua morfologia e esporulação: fungos aero-aquáticos, fungos aquático-
facultativos e fungos ingoldianos. Os estudos com hifomicetos aquáticos no Brasil foram
iniciados na Mata Atlântica de São Paulo. Porém, apenas dois estados apresentam
registros desses organismos para a Mata Atlântica nordestina: Bahia e Pernambuco.
Tendo em vista a importância ecológica desses fungos e que não existem trabalhos
publicados para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte (RN), o objetivo deste trabalho
foi contribuir para o conhecimento desses organismos a partir de um inventário
taxonômico de hifomicetos aquáticos. Uma coleta de folhas e galhos submersos foi
realizada para cada um dos oito riachos e duas lagoas (localizados nas cidades: Baía
Formosa, Canguaretama, Nísia Floresta, Parnamirim e Senador Georgino Avelino) de
setembro de 2019 a junho de 2021. As amostras foram encaminhadas ao laboratório,
lavadas e acomodadas em câmaras-úmidas e incubações submersas. Após 72h, as
amostras foram visualizadas sob estereomicroscópio e as estruturas reprodutivas foram
colocadas em lâminas contendo resina PVL ou ácido láctico e visualizadas em
microscópio óptico. A identificação dos táxons foi realizada com o auxílio de bibliografia
específica. Quarenta e um táxons de hifomicetos foram encontrados, sendo 28 aquático-
facultativos, quatro aero-aquáticos e nove ingoldianos. Vinte e seis hifomicetos foram
encontrados apenas em folhas submersas, dez em galhos submersos e cinco nos dois
substratos. O presente estudo demonstra que a Mata Atlântica do RN apresenta riqueza
de hifomicetos ainda inexplorada; dessa forma, é necessário que mais trabalhos sejam
realizados nessa área, para que possamos compreender melhor a diversidade de fungos
nesses ecossistemas, e possivelmente descrever novas espécies para a ciência.

Palavras-chave: Biodiversidade, fungos aquáticos, microfungos, taxonomia.


Financiamento: CAPES, CNPq.

141
TF11 - PRIMEIRO RELATO DE
Colletotrichum truncatum EM FOLHAS DE
CRAVEIRO (Dianthus caryophyllus)
Sheila Karine Belo Pedroso1,2; Ana Carla da Silva Santos2; Neiva Tinti De
Oliveira2 & Patricia Vieira Tiago 2
1
Departamento de Biologia, Recife, UFRPE.
2
Departamento de Micologia, CCB, Recife, UFPE.
Autor para correspondência: sheilakarinee@hotmail.com

O gênero Colletotrichum inclui importantes fitopatógenos de leguminosas, cereais,


gramíneas e hortaliças, embora ele venha sendo relatado também como um grupo de
fungos endofíticos. Dessa forma, o presente trabalho teve por objetivo relatar a ocorrência
de Colletotrichum truncatum como endófito de folhas de craveiro (Dianthus
caryophyllus), conhecido popularmente também como cravo, que tem grande importância
em ornamentação em todo o mundo. Folhas de D. caryophyllus sem sinais de doença
foram obtidas na feira livre do Mercado São José, Recife, Pernambuco, e conduzidas ao
Laboratório de Fungos Fitopatogênicos e Biocontroladores da UFPE. Fragmentos das
folhas foram lavados superficialmente com água destilada e detergente neutro, e
submetidos a processo de desinfestação superficial (1 min em álcool a 70%, 2 min em
hipoclorito de sódio a 3% e dois enxágues em água destilada esterilizada). Após esse
processo, os fragmentos foram transferidos para câmara-úmida para o melhor
desenvolvimento das estruturas fúngicas. A identificação da espécie foi efetuada com
base em características morfológicas avaliadas com o auxílio de estereomicroscópio e
microscópio óptico. Sobre vários fragmentos (aproximadamente 70%) das folhas
desenvolveu-se um micélio hialino, acompanhado de estruturas reprodutivas assexuadas
e sexuadas compatíveis com o gênero Colletotrichum. A fase assexuada foi evidenciada
pela presença de acérvulos com setas e conídios falcados de curvatura pronunciada; e a
fase sexuada pela presença de peritécios negros com pescoço longo, muitos deles
exsudando massas de ascósporos oblongos. As colônias apresentavam coloração salmão
e massas de conídios esbranquiçadas a amarelo pálido. Embora, algumas espécies de
Colletotrichum já tenham sido relatadas causando doença em cravo, este é o primeiro
registro de C. truncatum associado a essa planta. A ocorrência dessa espécie fúngica é
mais comum em plantas economicamente importantes como leguminosas e solanáceas,
com raras exceções. Com este resumo esperamos ampliar o conhecimento sobre a
distribuição e ecologia do gênero Colletotrichum no Brasil.

Palavras-chave: Cravo, endófito, fungos associados a plantas, morfologia.


Financiamento: Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de
Pernambuco (FACEPE).

142
TF12 - ISOLAMENTO E ANÁLISE DO
CRESCIMENTO EM MEIOS DE
CULTURA DE HIFOMICETOS DE
FOLHEDO DA MATA ATLÂNTICA DE
PERNAMBUCO
José Fredson da Silva Alves Dos Prazeres1; Marcela Alves Barbosa1; Ana Paula
Borges da Silva1; Wanderson Luiz Tavares1; Janaina Dias Ferreira1 & Elaine Malosso1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, PE.
Autor para correspondência: fredsonalvesxd@gmail.com

A ciclagem da matéria orgânica nos ecossistemas é intermediada por micro-


organismos que, por meio da atividade decompositora, devolvem nutrientes para o solo.
Dentre os decompositores, os fungos são os que mais se destacam, pois possuem aparato
enzimático que consegue degradar substâncias complexas. Os hifomicetos são
caracterizados pela formação de estruturas reprodutivas de origem assexuada e são
abundantemente distribuídos na natureza. As dificuldades no isolamento dos hifomicetos
estão atreladas a fatores nutricionais, temperatura do ambiente, pH do meio de cultura,
além da contaminação por outros fungos ou bactérias. Assim, os objetivos deste trabalho
foram isolar espécimes de hifomicetos que ocorrem em folhas em decomposição e testar
o cultivo desses fungos. Os fungos foram isolados de folhas coletadas no Jardim Botânico
do Recife, Refúgio Ecológico Charles Darwin e Brejo dos Cavalos. O isolamento foi
realizado na área de esterilização do bico de Bunsen, com agulhas esterilizadas, utilizadas
para isolar as estruturas reprodutivas do substrato e transferi-las para os meios de cultura.
Para análise do crescimento foi avaliado o diâmetro das colônias após 48, 120 e 168h de
incubação em temperatura ambiente (26 ± 2 °C) nos meios de cultura Ágar-água, CMA,
Malte e V8. Do cultivo monospórico ou de esporos múltiplos foram obtidas culturas
axênicas de Curvularia lunata, Cylindrocladium candelabrum, Cylindrosympodium sp.,
Lecanicillium psalliotae, Scolecobasidium variabile, Thozetella sp. e Yuccamyces citri.
A partir de 48h de crescimento, os isolados esporularam, exceto no meio Ágar-água. Os
conídios apresentaram pequenas diferenças quando comparados aos do crescimento em
substrato natural. A morfologia das colônias também apresentou diferenças como a
marcante produção de estromas por C. lunata no meio CMA. Podemos concluir que o
isolamento de hifomicetos ainda é uma atividade muito desafiadora e que o meio V8
propiciou maior média de crescimento x tempo, provavelmente por apresentar maior
quantidade de nutrientes na composição.

Palavras-chave: Cultivo, diversidade, fungos conidiais.


Financiamento: FACEPE.

143
TF13 - PRIMEIRO REGISTRO DE
Leiotrametes lactinea (POLYPORALES) NO
ESTADO DE ALAGOAS
Virton Rodrigo Targino de Oliveira1 & Tatiana Baptista Gibertoni1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE, Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: virtonrodrigo@gmail.com

O gênero Leiotrametes Welti & Courtec. (2012) apresenta basidioma lenhoso, anual
ou perene, séssil ou pseudoestipitado, com coloração variando entre branco e creme,
basidiosporos cilíndricos, incolores e lisos. Entre as espécies do gênero, L. lactinea
(Berk.) Welti & Courtec. [Trametes lactinea (Berk.) Sacc.] caracteriza-se por apresentar
basidioma pileado, com píleo dimidiado a semicircular, aplanado, macio e aveludado ao
toque, com poros redondos ou angulares, de 1,5 - 4 poros por mm. Essa espécie apresenta
importância biotecnológica, principalmente em testes de extratos com potencial de
inibição de enzimas, ação antioxidante e antiproliferativa. Durante pesquisas realizadas
sobre fungos poroides em áreas de Mata Atlântica do Nordeste brasileiro, o espécime
URM93935 foi coletado na Reserva Biológica de Pedra Talhada, estado de Alagoas, e
análises morfológicas e moleculares foram realizadas para sua identificação. A
comparação dos resultados obtidos das regiões ITS e LSU com as sequências depositadas
na plataforma BLAST, somados aos resultados morfológicos observados, confirmaram a
identificação da espécie. Leiotrametes lactinea apresenta ampla distribuição em território
nacional, sendo na região Nordeste do Brasil relatado para os estados da Bahia, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. O relato para o estado de Alagoas amplia o
conhecimento da área de distribuição da espécie.

Palavras-chave: Basidiomycota, Biodiversidade, Nordeste, Polyporaceae.


Financiamento: CNPq/PQ (421241/2017-9), CNPq/ICMBio (421241/2017-9) e
FACEPE APQ-0003-2.03/18.

144
TF14 - LEVANTAMENTO RELÂMPAGO
DA LIQUENOBIOTA DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA RASO DA CATARINA,
BAHIA
Isaias de Oliveira Junior1; Lidiane Alves dos Santos1; Dayane de Oliveira Lima1;
Bruno Micael Cardoso Barbosa1; Leonor Costa Maia1 & Marcela Eugenia da Silva
Caceres2
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
2
Departamento de Biociências, DBCI, UFS.
Autor para correspondência: isaiiasjr@gmail.com

A Caatinga é um bioma de características únicas e predominante na porção


semiárida do nordeste brasileiro, e em uma pequena parte no estado de Minas Gerais,
cobrindo cerca de 10% do território nacional. Situada neste bioma encontra-se a Estação
Ecológica Raso da Catarina (ESEC Raso da Catarina), localizada no estado da Bahia,
fundada em 1984, e pertencente ao grupo das unidades de conservação integral devido a
sua relevância ecológica para o bioma e a sua inserção geográfica. O presente trabalho
tem como objetivo apresentar os resultados preliminares do levantamento da liquenobiota
da ESEC Raso da Catarina. Em outubro de 2021, foi realizado uma expedição a campo,
onde foram percorridas as trilhas pré-existentes dentro da ESEC Raso da Catarina, onde
foi aplicada a metodologia de coleta oportunista. Os liquens foram coletados com auxílio
de faca e martelo, acondicionados em sacos de papel, secos em temperatura ambiente, e
levados ao laboratório para identificação morfológica e com o uso de literatura
especializada. No total, 297 amostras foram coletadas, onde 186 foram parcialmente
identificadas observando apenas os caracteres macromorfológicos. Até o momento, 32
gêneros distintos de liquens foram identificados, dentre os quais se destacam Lecanora,
Herpothallon, Malmidea, Ramboldia, Sarcographa e Usnea. É importante salientar que
o projeto ainda se encontra em execução, e que análises micromorfológicas e moleculares
serão realizadas para a confirmação das espécies e das possíveis novidades científicas.
Entretanto, os resultados até o momento contribuem para o conhecimento da diversidade
da liquenobiota da ESEC Raso da Catarina, e reforçam a necessidade de estudos de
levantamento florístico em ambientes pouco estudados.

Palavras-chave: Ascomycota, Liquens, Lista de espécies.

145
TF15 - DIVERSIDADE DE
MALMIDEACEAE Kalb, Rivas Plata &
Lumbsch EM DUAS ÁREAS DE MATA
ATLÂNTICA
Isaias de Oliveira Junior1; Lidiane Alves dos Santos1; André Aptroot2 & Marcela
Eugenia da Silva Cáceres3
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE.
2
Laboratório de Botânica/Liquenologia, UFMS.
3
Departamento de Biociências, DBCI, UFS.
Autor para correspondência: isaiiasjr@gmail.com

Malmideaceae foi estabelecida, inicialmente, para comportar liquens corticícolas


tropicais do gênero Malmidea, sendo atualmente aceitos sete gêneros para a família e dois
gêneros ainda em discussão. Desses, apenas os gêneros Crustospathula, Malmidea e
Sprucidea foram, até o presente momento, encontrados no Brasil. O objetivo do presente
trabalho é apresentar a diversidade de Malmideaceae no Parque Nacional e Histórico
Monte Pascoal (PARNAH Monte Pascoal) e na Reserva Biológica de Pedra Talhada
(REBIO Pedra Talhada), ambas áreas de Floresta Atlântica situadas no Nordeste do
Brasil. Foram realizadas expedições entre 2018 – 2019 percorrendo seis transectos, sendo
três desses transectos em área natural e três em área antropizada, coletando liquens
crostosos com o auxílio de faca e martelo. Todo material coletado foi acondicionado em
sacos de papel, secos com auxílio de prensa botânica em temperatura ambiente, e
posteriormente identificados por taxonomia morfológica em laboratório. Ao todo, foram
coletadas 171 amostras, distribuídas em dois gêneros e 18 espécies. Destas amostras
coletadas, 159 pertenciam ao gênero Malmidea, distribuídas nas seguintes espécies: M.
atlântica, M. bakeri, M. flavopustulosa, M. granifera, M. hypomela, M. incrassata, M.
leptoloma, M. piperina, M. piperis, M. psychotrioides, M. rhodopsis, M.
sulphureosorediata, e M. vinosa. As 12 amostras restantes pertenciam ao gênero
Sprucidea, distribuídas nas espécies S. granulosa e S. gymnopiperis. Dessas espécies
identificadas, 17 representam novos registros, sendo um novo registro para o Brasil, nove
para o estado de Alagoas e seis para o estado da Bahia. Por fim, o presente trabalho
demonstra que trabalhos voltados ao levantamento de espécies são essenciais para o
conhecimento da liquenobiota e que ainda é preciso investigar novos ambientes.

Palavras-chave: Liquenobiota, Lista de espécies, Malmidea, Sprucidea.

146
TF16 - RECUPERAÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO DE TOPOTIPOS
HISTÓRICOS PARA A LIQUENOLOGIA
BRASILEIRA NO SANTUÁRIO DO
CARAÇA
Lidiane Alves dos Santos1; Isaias de Oliveira Junior1; Dayane de Oliveira Lima1;
Andre Aptroot2 & Marcela Eugenia da Silva Caceres3
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE.
2
Laboratório de Botânica/Liquenologia,UFMS.
3
Departamento de Biociências, DBCI, UFS.
Autor para correspondência: ldn.stalves@gmail.com

Os primeiros registros de liquens para o Brasil foram realizados por Martius e Spix
entre 1817-1820. Posteriormente, muitos outros pesquisadores vieram ao Brasil e
coletaram liquens. Neste período os estados das regiões Sul e Sudeste foram amplamente
investigados, sendo os estados de São Paulo e Minas Gerais considerados importantes
centros de descobertas de espécies. Destes se destaca MG na área do município de
Antônio Carlos e na Reserva Particular do Patrimônio Nacional Santuário do Caraça, com
o registro de aproximadamente 240 espécies novas, coletadas e descritas por E. A. Vainio
em 1885. Material este, que é uma importante fonte de informação taxonômica e genética.
Porém, a maioria dos espécimes coletados estão depositados em herbários estrangeiros.
O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento das espécies descritas para a RPPN
Caraça desde Vainio até os dias atuais; bem como recoletar topotipos destas espécies e
depositá-los em herbários brasileiros. Em maio de 2021, foi realizada uma expedição ao
Caraça onde foram percorridas trilhas pré-existentes e aplicada a técnica de coleta
oportunista, na coleta de liquens. Além disso, um levantamento bibliográfico foi realizado
e os dados obtidos foram tabulados. Da lista obtida, observou-se que 173 espécies novas
foram descritas ao longo do tempo no Caraça. Resultante da coleta, 275 espécimes foram
encontrados, representando 108 topotipos já identificados morfologicamente. Destes, 24
sequências foram obtidas e estão sendo analisadas. Por fim, foram encontradas 13 novas
espécies que estão em processo de descrição. Os resultados demonstram a necessidade de
novas investigações em locais previamente coletados, validando a capacidade de
recuperar amostras e descobrir novas espécies em pontos históricos de coletas.

Palavras-chave: Coleções históricas, DNA Barcoding, Fungos Liquenizados.


Financiamento: CNPq.

147
TF17 - DIVERSIDADE DE HIFOMICETOS
AQUÁTICOS NO PARQUE NATURAL
MUNICIPAL PROFESSOR JOÃO
VASCONCELOS SOBRINHO (PNMPJVS)-
PERNAMBUCO
Ana Paula Borges da Silva1; Elder George Rodrigues do Nascimento1; José
Fredson Alves dos Prazeres1; Marcela Barbosa1; Matheus de Jesus Sá Silva1 & Elaine
Malosso1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Autor para correspondência: annapaula.borges82@gmail.com

Hifomicetos aquáticos são primordiais, especialmente porque esses fungos


anamórficos contribuem para a ciclagem de nutrientes em diversos ecossistemas. Sua
presença tem sido associada à água límpida, bem aerada e levemente turbulenta, em
função de seus conídios sigmoides ou ramificados que auxilia na fixação na superfície
aquática. No entanto, também é encontrado em águas com eutrofização e em ambientes
lênticos. O objetivo desse trabalho foi verificar a ocorrência e riqueza de hifomicetos
aquáticos no Parque Natural Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho em
Pernambuco e, com isso, analisar as variáveis abióticas da água e como isso influencia a
distribuição desse grupo. Nesse caminho, esses fungos, foram coletados em um riacho
localizado no próprio parque (Quandú), em três pontos distintos, entre setembro de 2019
e março de 2020, sendo seccionado, lavado cuidadosamente e incubado em placa de Petri
contendo de 10 a 20 ml água destilada esterilizada. Desta feita, os fragmentos foram
observados ao microscópio e os táxons foram identificados com o auxílio de literatura
especifica. Para analisar as variáveis abióticas, nesse caminho, foi coletada água para
aferição do pH, condutividade elétrica e teor de oxigênio dissolvido na água. Desse modo,
observou-se que o pH variou entre 6.2 a 6.9, a condutividade variou de 66,6 a 115,3
µs/cm, a temperatura variou 20ºC entre 21ºC e teor de O2 variou de 0,1 a 2,8 mg/L nos
pontos de coletas. Por fim, 17 táxons foram notados e um total de 113 ocorrências, sendo
os táxons mais recorrentes os gêneros Xylomyces, Mycoleptodiscus e Blodgettia. Assim,
PNMPJVS é uma área candidata ao status de bem preservada, hipótese que se confirmará
a partir de outros parâmetros, sem desconsiderar outros organismos e a análise do solo. A
grande ocorrência de hifomicetos verificadas neste espaço é um bom sinal.

Palavras chaves: Fungos conidiais, Mata ciliar, Ocorrência, Riqueza.

148
TF18 - ISOLAMENTO E
IDENTIFICAÇÃO DE FUNGOS
ENDOFÍTICOS DE Ziziphus joazeiro
Isabela Ferreira Leão1 & Virginia Michelle Svedese2
1
Discente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF), Campus Ciências Agrárias, Petrolina, Pernambuco, CEP: 56300-990, Brasil.
2
Docente do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco
(UNIVASF), Campus Ciências Agrárias, Petrolina, Pernambuco, CEP: 56300-990, Brasil.
Autor para correspondência: isabelaferreiraleao@gmail.com

Fungos endofíticos são organismos que habitam tecidos de plantas e que não
promovem danos aparentes ao hospedeiro. Estudos recentes apontam a produção de
metabólitos secundários a partir da microbiota endofítica, possuindo características
similares aos compostos secretados por seu hospedeiro. O Juazeiro, Ziziphus joazeiro
Mart., pertencente à família Rhamnaceae, é uma planta típica do semiárido nordestino e
endêmica da Caatinga. É uma planta regularmente estudada, entretanto, quando se trata
de sua microbiota endofítica não existem muitas pesquisas disponíveis. Este trabalho teve
como objetivo isolar e identificar fungos endofíticos presentes nas folhas do juazeiro, bem
como estimar sua frequência e riqueza. Para isto, foram coletadas folhas de cinco
indivíduos de Z. joazeiro, de diferentes localidades do município de Petrolina-PE. Foi
realizada a assepsia do material com etanol 70%, hipoclorito de sódio e água destilada
esterilizada. Logo após, fragmentos das folhas foram inoculados em placas de Petri
contendo batata-dextrose-ágar (BDA) e tetraciclina. As placas foram incubadas por até
30 dias. Os endófitos foram isolados e purificados. Para identificação dos endófitos foram
analisados aspectos macro e micro morfológicos das estruturas somáticas e reprodutivas.
Um total de 75 fungos endofíticos foram isolados, três destes pertencentes ao filo
Mucoromycota, enquanto os 72 restantes pertencem ao filo Ascomycota. A partir deste
isolamento, foram encontrados 15 morfotipos fúngicos, entretanto, somente 13 foram
identificados a nível de gênero, sendo Aspergillus o gênero de maior frequência relativa
(21,4%). Em menor quantidade, foram encontrados Cladosporium (9,5%), Penicillium
(4,8%), Bipolaris (4,8%), Rhizopus (2,4%), Syncephalastrum (2,4%), Alternaria (2,4%)
e Ulocladium (2,4%). A taxa de colonização apresentada foi de 30%. Este foi um dos
primeiros trabalhos voltados para o isolamento e identificação de fungos endofíticos de
Z. joazeiro, revelando boa riqueza, entretanto, mais estudos são necessários para que
assim seja possível uma melhor quantificação das espécies presentes nas folhas do
juazeiro.

Palavras-chave: Diversidade, riqueza, semiárido, taxonomia.


Financiamento: CNPq.

149
TF19 - Absidia bahiensis sp. nov: UMA
NOVA ESPÉCIE DE MUCORALES
(MUCOROMYCOTA) ISOLADA DE
SOLO DA MATA ATLÂNTICA, NA
BAHIA, NORDESTE DO BRASIL
Leslie Waren Silva de Freitas1; Francisca Robervânia Soares dos Santos1; Maria
Alice Barbosa dos Santos1; Maria Carolina da Rosa Pinto; Mateus Oliveira da Cruz1 &
André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE. Recife/PE.
Autor para correspondência: lesliewaren@gmail.com

Absidia Tiegh. representa espécies sapróbicas, comumente isoladas do solo e


esterco de herbívoros. Morfologicamente, as espécies desse gênero são caracterizadas
pela produção de esporangióforos eretos, simples ou ramificados que surgem isolados ou
em verticilos, os esporângios são piriformes com um septo abaixo da apófise; os rizóides
nunca estão dispostos em oposição aos esporangióforos. Durante um levantamento sobre
a diversidade de Mucoromycota no solo de uma área de Mata Atlântica do Nordeste do
Brasil, uma nova espécie de Absidia foi isolada. As coletas de solo foram realizadas em
agosto de 2019, na Reserva Biológica Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal,
localizada no estado da Bahia, nordeste brasileiro. Para o isolamento dos fungos, cinco
miligramas de solo foram adicionados ao meio com ágar gérmen de trigo, acrescido de
cloranfenicol (100 mg.L ), contido em placas de Petri. A relação filogenética entre nova
-1

espécie e espécies relacionadas foi determinada pela análise de conjuntos de dados de


sequências das regiões ITS e LSU do rDNA. Absidia bahiensis sp. nov. se diferencia das
outras espécies do gênero por formar, concomitantemente, esporangióforos eretos,
simples ou ramificados (com até quatro ramificações sucessivas) que surgem isolados ou
em cachos com oito esporangióforos. As columelas são hemisféricas, globosas e em
forma de figo, e exibem, frequentemente, uma ou duas projeções apicais cônicas com
extremidade bulbosa. Os esporangiosporos são cilíndricos, levemente constritos na
porção central. Os estolões exibem septos irregularmente espaçados, sendo comumente
observados dois septos próximos ao ponto de ontem surgem os esporangióforos. A
sequência LSU de A. bahiensis sp. nov. tem 96% de similaridade com a de A.
psychrophilia, enquanto a região ITS da nova espécie é 95% similar com A.
pernambucoensis. Esses resultados indicam que A. bahiensis sp. nov. é uma nova espécie,
diferenciando-se das outras espécies com base em características morfológicas e
moleculares de DNA.

Palavras-chave: Mucoromyceta, Cunninghamellaceae, Monte Pascoal,


taxonomia.
Financiamento: CNPq.

150
TF20 - INVENTÁRIO DE ESPÉCIES DO
GÊNERO Lentaria Corner
(BASIDIOMYCOTA) DEPOSITADAS EM
HERBÁRIOS BRASILEIROS
Jade Chaddad Monteiro de Oliveira1; Angelina de Meiras-Ottoni1 & Tatiana
Baptista Gibertoni1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE, Recife, Pernambuco.
Autor para correspondência: jade.chaddad@ufpe.br

O gênero Lentaria Corner, pertencente à ordem Gomphales, é composto por


espécies que apresentam basidioma coraloide, ramificado, carnoso, coriáceo ou
cartilaginoso, e com coloração branca, creme e/ou amarronzada. Lentaria é um dos
gêneros que compõem o grupo artificial dos fungos clavarioides ou coraloides e suas
espécies são encontradas se desenvolvendo em serrapilheira no solo ou em madeira.
Constitui o único gênero exclusivamente coraloide da família Lentariaceae,
que atualmente possui cerca de 28 espécies. Os estudos sobre Lentaria são escassos e
muito desatualizados, o que proporciona uma lacuna no conhecimento da diversidade
desse gênero no mundo e principalmente no Brasil. Assim, com o intuito de verificar as
espécies do gênero depositadas em herbários brasileiros, foi realizado um inventário
quantitativo das espécies registradas nos acervos por meio da plataforma SpeciesLink.
Foram encontrados 95 registros de amostras identificadas como espécimes pertencentes
a Lentaria, dos quais 35 são identificados como L. surculus (Berk.) Corner, espécie
originalmente descrita para as Filipinas, enquanto os outros 60 registros limitam-se
apenas à identificação ao nível genérico. Os períodos de coleta são datados entre 1923 e
2018 e os registros estão distribuídos para os estados do Acre, Bahia, Distrito Federal,
Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Santa Catarina tem maior
representatividade, com 26 espécimes depositados, seguido por Roraima e São Paulo,
ambos com 13 registros. O estado de Pernambuco possui apenas dois registros. A
identificação de uma espécie asiática no Brasil e a ausência de identificação ao nível
específico de vários exemplares indicaria possíveis novas espécies para a ciência ou
apenas uma dificuldade em se identificar espécies pertencentes a Lentaria?
Questionamentos como estes enfatizam a urgência de estudos sobre esses fungos no
Brasil.

Palavras-chave: Coleções biológicas, diversidade, fungos, taxonomia.


Financiamento: CAPES, CNPq, FACEPE, UFPE.

151
TF21 - PRIMEIRO RELATO DE
Piptocephalis graefenhanii (ZOOPAGALES,
ZOOPAGOMYCOTINA) PARA A
AMÉRICA DO SUL
Mateus Oliveira da Cruz1; Leslie Waren Silva de Freitas1 & André Luiz Cabral
Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Nelson Chaves,
s/n, Recife, PE, Brasil.
Autor para correspondência: cruzmofungi@gmail.com

Estudos sobre Piptocephalis de Bary (Piptocephalidaceae), fungos micoparasitas


hautoriais, ainda são escassos, quando comparados aos de outros grupos de fungos. A
taxonomia de Piptocephalis é majoritariamente baseada em características morfológicas,
pois esses fungos dificilmente crescem em culturas axênicas, sem o hospedeiro,
dificultando o estudo filogenético desse gênero. Das 20 espécies de Piptocephalis
conhecidas, apenas duas foram catalogadas para a América do Sul. Dessa forma, esse
trabalho objetiva reportar a primeira ocorrência de Piptocephalis graefenhanii H.M. Ho
na América do Sul, a qual foi observada parasitando Mucor sp. em excremento de
Erinaceus europaeus L. (Ouriço). Durante um estudo sobre a diversidade de fungos
zigospóricos coprófilos, no Recife, Pernambuco, amostras de fezes de ouriço foram
coletadas no Parque Estadual de Dois Irmãos e mantidas em câmaras úmidas, no
laboratório I da Pós-graduação em Biologia de Fungos da UFPE, sob temperatura
ambiente. Ao analisar tais amostras com auxílio de microscópio estereoscópio,
esporóforos de Piptocephalis foram observados diretamente no excremento, crescendo
sobre o hospedeiro. Lâminas para observação microscópica do micoparasita foram
montadas com azul de lactofenol para identificação com base nas características
morfológicas. Piptocephalis graefenhanii se diferencia das outras espécies por formar
merosporangióforos septados, com sucessivas ramificações, até sete vezes, bem como
células terminais globosas, com projeções cônicas, suportando de 3–15 merosporângios,
cada um com dois merosporos elipsoides, sendo que o merosporo apical brota a partir do
basal. Esse trabalho contribui para a elevação do conhecimento sobre a distribuição
geográfica dos Zoopagales na América do Sul.

Palavras-chave: Fungo coprófilo, zigospórico, Zoopagomycetes.


Financiamento: CNPq.

152
TF22 - CHECKLIST DE ESPÉCIES DE
FUNGOS ZIGOSPÓRICOS ISOLADAS DE
SOLO DA MATA ATLÂNTICA DO
NORDESTE DO BRASIL
Leslie Waren Silva de Freitas1; Francisca Robervânia Soares dos Santos1; Maria
Alice Barbosa dos Santos1; Maria Carolina da Rosa Pinto; Mateus Oliveira da Cruz1 &
André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, CCB, UFPE. Recife/PE.
Autor para correspondência: lesliewaren@gmail.com

O domínio Mata Atlântica é conhecido pela ampla biodiversidade e por apresentar


elevado número de espécies endêmicas de grupos taxonômicos variados, incluindo os
fungos zigospóricos, que são caracterizados pela produção do zigosporo, por copulação
gametangial. Estudos sobre a taxonomia desses fungos são fragmentados, não existindo
dados robustos sobre a ocorrência dos mesmos em áreas de Mata Atlântica do Nordeste
do Brasil. O objetivo deste trabalho foi analisar e identificar espécies de fungos
zigospóricos da Mata Atlântica em duas áreas de reserva brasileira. As primeiras
expedições de coletas foram realizadas no período chuvoso, de 16 a 20 de julho, na
REBIO de Pedra Talhada no município de Quebrangulo/AL, e entre 5 e 9 de agosto, no
PARNAH de Monte Pascoal no município de Itamaraju/BA. A segunda expedição de
coleta foi realizada no período seco, de 1 a 8 de fevereiro, na REBIO, e de 14 a 18 de
fevereiro, no PARNAH. O solo foi pesado (0,05 mg) e espalhados em meio de cultura
germém de trigo na placa de Petri para posterior analise micro e macroscópica. Dos solos
das áreas inventariadas foram identificadas 32 espécies de fungos zigospóricos, sendo 30
pertencentes à ordem Mucorales e duas à Umbelopsidales: Absidia sp.1 e sp.2, A
caatinguesis, A. montepascoalis, A. cornuta, Backusella constricta, B. indica, B.
lamprospora, Cunninghamella bertholletiae, C. clavata, C. echinulata var. echinulata,
C. elegans, C. phaeospora, Gongronella sp.1 e sp.2, G. brasiliensis, G. butleri, G.
lacrispora, G. pedratalhadensis, Isomucor trufemiae, Lichtheimia hyalospora, Mucor
circinatus, M. fragilis, M. guilliermondii, M. inaequisporus, M. pernambucoensis, M.
septatum, M. subtilissimus, Rhizopus stolonifer, Umbelopsis isabelina, e Umbelopsis
ovata. Absidia montepascoalis e Absidia sp.2 e G. pedratalhadensis são novas espécies,
enquanto B. indica, Isomucor trufemiae, M. inaequisporus e U. ovata são novas
ocorrências para o nordeste brasileiro.

Palavras-chave: taxonomia, Mucorales, Mucoromyceta, solo, Taxonomia.


Financiamento: CNPq.

153
TF23 - MACROFUNGOS DO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL PROFESSOR
JOÃO VASCONCELOS SOBRINHO,
PERNAMBUCO, BRASIL
Ana Paula Borges da Silva1; Elder George Rodrigues do Nascimento1; José
Fredson Alves dos Prazeres1; Virton Targino de Oliveira1 & Elaine Malosso1
1
Departamento de Micologia, Centro de Biociências, Universidade Federal de Pernambuco.
Autor para correspondência: annapaula.borges82@gmail.com

O Parque Natural Municipal Professor João Vasconcelos Sobrinho (PNMPJVS), é


um fragmento de Mata Atlântica localizado no município de Caruaru, Pernambuco, com
cerca de 360 hectares. Apresenta clima semiárido e abriga, nesse sentido, uma das
Unidades de Conservação responsável pela preservação da diversidade faunística,
florística e fúngica do estado. No Brasil, algumas informações existentes sobre a
diversidade biológica privilegiam alguns grupos de organismos, como plantas superiores
e animais vertebrados. Os estudos relacionados aos fungos elencam-se, diante disso, cada
vez mais desafiadores. Estudos sobre os fungos são muito necessários, uma vez que sua
diversidade ainda é muito desconhecida. Podemos afirmar que, os macrofungos, nessa
direção, são seres pertencentes principalmente aos filos Ascomycota e Basidiomycota e
que produzem estruturas reprodutoras macroscópicas, designadas principalmente como
ascoma ou basidioma, sendo visíveis a olho nu. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho
foi documentar divulgar e identificar em nível de gênero ou espécie os macrofungos
encontrados no PNMPJVS, além de chamar a atenção de especialistas e pesquisadores da
área acerca da diversidade de macrofungos no parque e incentivar estudos mais
aprofundados nessa Unidade de Conservação. Os espécimes foram registrados entre 2019
a 2021 e identificados com base nas características morfológicas visíveis a olho nu. Os
táxons indentificados foram: Phallus indusiatus, Coprinellus disseminatus, Russula sp.
Mutinus sp. Ganoderma sp. Schyzophylum commune, Hygrocybe sp. Pycnoporus
sanguineus, Auricularia sp. Lentinus sp. Marasmius sp. Flabellophora obovata e Xylaria
sp. Conclui-se que, essa Unidade de Conservação possui diferentes espécies de
macrofungos dos filos Ascomycota e, principalmente, Basidiomycota, possuindo assim
um alto potencial para ser usado como ferramenta de divulgação da ciência e educação
ambiental.

Palavras-chave: Ascomycota, Basidiomycota Biodiversidade, Divulgação


científica.

154
TF24 - CHECKLIST DE MUCORALES
COPRÓFILOS DO PIAUÍ, BRASIL
Mateus Oliveira da Cruz1 & Maria Helena Alves2
1
Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Nelson Chaves,
s/n, Recife, PE, Brasil.
2
Departamento de Biologia, Universidade Federal do Delta do Parnaíba, Av. São Sebastião, 2819,
Parnaíba, PI, Brasil.
Autor para correspondência: cruzmofungi@gmail.com

Fungos Mucorales são os mais abundantes em excrementos de animais herbívoros,


isso porque possuem alta habilidade em degradar açúcares simples. Mesmo diante de
baixa competitividade ecológica, os organismos desse grupo, apresentam função
indispensável no ecossistema atuando na liberação de nutrientes e energia que se
encontram agregados nos excrementos. O estudo da diversidade desses microrganismos
tem se limitado a poucos estados brasileiros, dentre esses o Piauí aparece com alguns
registros. Dessa forma, este estudo teve por objetivo listar os táxons de Mucorales
isolados a partir de fezes de animais herbívoros do Piauí. Durante o estudo da diversidade
dos táxons de Mucoromycotina em excrementos de animais herbívoros em Parnaíba,
litoral do Piauí, amostras de excrementos herbívoros, criados por pequenos criadores,
foram coletadas com auxílio de espátula previamente esterilizada, levadas ao laboratório
para manutenção em câmara úmida e posteriormente realizadas observações com o
auxílio de microscópio estereoscópio sobre o desenvolvimento fúngico. Fungos
Mucorales foram isolados em meio, Ágar Martin, sendo a identificação taxonômica por
meio das características morfológicas e moleculares (ITS e LSU – rDNA). A partir dos
excrementos de seis espécies de herbívoros foram isolados 18 táxons: Circinella muscae
(Sorokīn) Berl. & De Toni, Cunninghamella echinulata (Thaxt.) Thaxt, Gilbertella
persicaria (E.D. Eddy) Hesselt., Lichtheimia blakesleeana (Lendn). K. Hoffm., Walther
& K. Voigt, L. ramosa (Zopf) Vuill, Mucor hiemalis Wehmer, M. luteus Linnem., M.
mousanensis Baijal & B.S. Mehrotra, M. racemosus f. chibinensis (Neophyt.) Schipper,
Pilobolus crystalinus (F.H. Wigg.) Tode, P. morinii Sacc. & D. Sacc., P. longipes Tiegh.,
P. oedipus Mont., P. roridus (Bolton) Pers., Rhizopus arrihzus var. arrihzus A. Fisch.,
Syncephalastrum racemosum Cohn ex J. Schröt., Thamnostylum piriforme (Bainier) Arx
& H.P. Upadhyay 1970 e Utharomyces epallocaulus Boedijn ex P.M. Kirk & Benny,
contribuindo assim para o conhecimento da diversidade de Mucorales no Brasil
especificamente de substratos repugnantes.

Palavras-chave: Biodiversidade, Litoral piauiense, Pilobolus.


Financiamento: CNPq.

155
TF25 - PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE
Syncephalis floridana (ZOOPAGALES), UM
FUNGO ZIGOSPÓRICO
MICOPARASITA, NA AMÉRICA DO SUL
Maria Alice Barbosa dos Santos1; Francisca Robervânia Soares dos Santos1;
Mateus Oliveira da Cruz1; Leslie Waren Silva de Freitas1 & André Luiz Cabral
Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Nelson Chaves,
s/n, Recife, PE, Brasil.
Autor para correspondência: alicebarbosa212000@gmail.com

Fungos zigospóricos da ordem Zoopagales são parasitas de protozoários, pequenos


animais e fungos da ordem Mucorales. Acomodado em Piptocephalidaceae, o gênero
Syncephalis Tiegh. & G. Le Monn abrange 65 espécies pouco conhecidas para a América
do Sul. Syncephalis floridana Benny & H.M. Ho foi descrita em 2016, sendo observada
parasitando um mucoráceo isolado do solo, nos Estados Unidos. Esse estudo reporta a
segunda ocorrência de S. floridana no mundo e a primeira na América do Sul. Essa
espécie foi observada parasitando Thamnostylum piriforme (Bainier) Arx & H.P.
Upadhyay, em amostras de excremento de Cavia porcellus L. (Porco-da-índia) coletadas
no Parque Estadual de Dois Irmãos, localizado em Recife, Pernambuco. Os excrementos
foram colocados em câmaras úmidas e observados com auxílio de microscópio
estereoscópio, durante 15 dias. As lâminas contendo as estruturas de reprodução do
parasita e do hospedeiro foram montadas em água destilada esterilizada para identificação
do parasita com base nas características morfológicas. Syncephalis floridana diferencia-
se das outras espécies por formar merosporangióforos simples ou em pares, hialinos, 45–
170 × 4–7.5 µm, com vesículas obovoides que sustentam merosporângios simples, com
3–4 merosporos cilíndricos. Além disso, esse micoparasita forma aglomerados de hifas
com prováveis haustórios na hifa do hospedeiro. O presente estudo contribui com o
conhecimento da diversidade de fungos zigospóricos (Zoopagales) na América do Sul,
especificamente no Nordeste do Brasil.

Palavras-chave: Micodiversidade, micoparasitismo, Zoopagomyceta.


Financiamento: CNPq.

156
TF26 - PRIMEIRO REGISTRO DE Mucor
ellipsoideus (MUCOLARES,
MUCOROMYCOTINA) PARA A
AMÉRICA DO SUL
Francisca Robervânia Soares dos Santos1; Mateus Oliveira da Cruz1; Thalline
Rafhaella Leite Cordeiro1; Leslie Waren Silva de Freitas1; Maria Alice Barbosa dos
Santos1 & André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Nelson Chaves,
s/n, Recife, PE, Brasil.
Autor para correspondência: robervania.soares@ufpe.br

O gênero Mucor Fresen. pertence a ordem Mucorales, sub-reino Mucoromyceta e


acomoda um pouco mais de 90 espécies isoladas principalmente a partir de solo,
excrementos, material vegetal e amostras clínicas. Táxons de Mucor se destacam por
apresentar importância biotecnológica e médica, podendo causar mucormicose. As fezes
de herbívoros são substratos propícios para o desenvolvimento de espécies de Mucor,
sendo esse um dos gêneros mais abundantes neste substrato. Mucor ellipsoideus E.
Álvarez, Cano, Stchigel, Deanna A. Sutton & Guarro foi isolada e descrita a partir de
amostras clínicas nos Estados Unidos e, até então, só teve adicional registro na Austrália.
Com isso, o presente estudo tem por objetivo descrever a primeira ocorrência de M.
ellipsoideus na América do Sul, sendo isolada de fezes de ouriço, coletadas no Parque
Estadual de Dois Irmãos, Recife, Pernambuco. No laboratório, as amostras de excremento
foram mantidas em câmara úmida, sob temperatura ambiente (26 ± 2 °C), para isolamento
dos fungos Mucorales em Batata Dextrose ágar adicionado de clorafenicol (80 mg.L ). O -1

espécime foi identificado com base nos aspectos morfológicos e genéticos (região LSU
do rDNA). Mucor ellipsoideus diferencia-se das outras espécies por formar
esporangióforos simpodialmente ramificados com até 3000 µm de comprimento,
esporângios amarelados, subglobosos, 16–48 μm, columelas globosas, 10–45 μm e
esporangiosporos elipsoides, de parede lisa, 3–8 × 2–3 μm. Este trabalho contribui com a
ampliação do conhecimento sobre a distribuição de fungos Mucorales na América do Sul,
especificamente em excrementos de mamíferos herbívoros.

Palavras-chave: Fungo coprófilo, Mucoromycotina, Nordeste do Brasil.


Financiamento: CNPq.

157
TF27 - Piptocephalis xenophila
(ZOOPAGALES): UM PRIMEIRO
RELATO DESSE MICOPARASITA PARA
O NEOTRÓPICO
Francisca Robervânia Soares dos Santos1; Mateus Oliveira da Cruz1; Leslie
Waren Silva de Freitas1 & André Luiz Cabral Monteiro de Azevedo Santiago1
1
Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Nelson Chaves,
s/n, Recife, PE, Brasil.
Autor para correspondência: robervania.soares@ufpe.br

Espécies de Piptocephalis de Bary (Zoopagales) parasitam principalmente fungos


mucoráceos encontrados em excrementos de herbívoros e no solo. Das vinte espécies
descritas de Piptocephalis, apenas três foram catalogadas para a América do Sul,
indicando o estado incipiente dos estudos taxonômicos e ecológicos destes micoparasitas
nesse continente. Com isso, o presente trabalho tem por objetivo relatar a primeira
ocorrência de Piptocephalis xenophila Dobbs & M.P. English na América do Sul. Essa
espécie foi observada parasitando Mucor sp. em amostras de excremento de coelho
coletadas no Parque Estadual de Dois Irmãos, localizado em Recife, Pernambuco. Após
coletadas, as amostras de excremento foram levadas ao laboratório I de Pós-graduação
em Biologia de Fungos da UFPE e incubadas em câmaras úmidas. Após quatro dias de
incubação, o micoparasita foi observado diretamente nos excrementos crescendo sobre o
hospedeiro, com auxílio de estereomicroscópio, quando foram montadas lâminas em água
destilada para identificação morfológica do micoparasita. Piptocephalis xenophila
distingue-se de outras espécies por produzir, simultaneamente, merosporangióforos com
estrias longitudinais que se ramificam, sucessivamente, até sete vezes, bem como células
terminais com formato triangular. Os merosporângios permanecem secos na maturidade
e portam de 3–10 merosporos cilíndricos de 3,3–9 × 1,8–2,5 µm. Nas Américas, P.
xenophila foi apenas registrada no Canadá e Estados Unidos, sendo esse o terceiro relato
dessa espécie. Este trabalho contribui com a ampliação do conhecimento da distribuição
de Zoopagales na América do Sul.

Palavras-chave: Fungo coprófilo, micodiversidade, micoparasitismo.


Financiamento: CNPq.

158
TF28 - INVENTÁRIO DA FAMÍLIA
MERIPILACEAE (POLYPORALES)
DEPOSITADAS NO HERBÁRIO PADRE
CAMILLE TORREND (URM)
Brenno Mercês Gouveia Lima1; Virton Rodrigo Targino de Oliveira1& Tatiana
Baptista Gibertoni1
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
Autor para correspondência: brennomeeerces@outlook.com

A família Meripilaceae faz parte do grande grupo que engloba fungos


macroscópicos poroides com crescimento micelial sobre madeiras ou troncos em
decomposição, assumindo papéis fundamentais na degradação de lignina e celulose. Seus
representantes possuem uma distribuição mundial ampla, sendo usualmente encontrados
nas regiões tropicais, subtropicais, temperadas e frias, com algumas espécies restritas a
determinadas regiões. No Brasil, as espécies são comumente encontradas nos diferentes
biomas. No intuito de verificar as espécies da família depositadas no Herbário Padre
Camille Torrend (URM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi realizado
um inventário quantitativo de espécimes, espécies e gêneros registrados no acervo. Como
resultado, os espécimes representam 453 registros distribuídos em três gêneros e 15
espécies: Ridigoporus amazonicus, R. aurantiacus, R. biokoensis, R. crocatus, R.
grandisporus, R. lineatus, R. mariae, R. microporus, R. mutabilis, R. surinamensis, R.
ulmarius, R. undatus, R. vinctus, Hydnopolyporus fimbriatus e Physisporinus lineatus.
Ridigoporus lineatus, R. microporus e R. vinctus são as espécies que apresentam maiores
registros, com 188, 133 e 39, respectivamente. Sete espécimes de Rigidoporus estão
identificados somente ao nível do gênero. O estado de Pernambuco tem maior
representatividade, com 136 espécimes depositados, seguido de Pará e Alagoas, com 107
e 66 espécimes, respectivamente. Dentre os materiais depositados, R. mariae URM 84072
é catalogado como isotipo. Desse modo, a família tem uma boa representatividade no
acervo do URM por possuir um número significativo de espécimes registrados em
diversos estados e biomas do Brasil.

Palavras-chave: Basidiomycota, biodiversidade, herborização, Polyporaceae.


Financiamento: CNPq.

159
TF29 - LIOFILIZAÇÃO COMO UM
MÉTODO ALTERNATIVO PARA
PRESERVAR FUNGOS NO GÊNERO
Escovopsis J. J. Muchovej & Della Lucia,
1990
Luciana Simão Carneiro1; Ariane Janaina Rodrigues1; Quimi Vidaurre Montoya1
& André Rodrigues1
1
Departamento de Biologia Geral e Aplicada, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro,
SP, Brasil.
Autor para correspondência: ariane.rodrigues@unesp.br

Os fungos associados às formigas cortadeiras são de interesse para a ciência devido


aos seus impactos econômicos e ecológicos. O gênero Escovopsis coevoluíu com estas
formigas durante milhões de anos, portanto, a preservação desses fungos é crucial tanto
para estudos básicos, como aplicados. Entretanto, a preservação em longo prazo das
culturas de Escovopsis é um desafio, pois seus conídios apresentam baixa viabilidade. O
Laboratório de Ecologia e Sistemática de Fungos (UNESP, Rio Claro, SP) hospeda cerca
de 200 culturas de Escovopsis armazenadas em glicerol 10% a -80 °C (criopreservação)
e em água destilada estéril a 10 °C (Castellani). Assim, neste estudo propomos a
liofilização como método alternativo para preservar culturas de Escovopsis. Um total de
90 isolados de Escovopsis, incluindo as culturas tipo de Escovopsis aspergilloides, E.
clavata, E. lentecrescens, E. microspora, E. moelleri, E. multiformis e E. weberi, foram
cultivados em Agar Batata Dextrose (BDA) a 25 ºC durante 10-15 dias. Posteriormente,
os conídios foram suspensos utilizando leite desnatado 10% e colocados no liofilizador
Alfa 2-4 LSC Plus (Christ ). A liofilização iniciou com o congelamento das amostras a -
®

25 ºC, durante 3h30min, seguida da etapa de secagem primária a 20 ºC, durante 5h (vácuo
a 0,1 mbar) e secagem secundária a 25 ºC, durante 5h (vácuo a 0,005 mbar). Ao término
do processo, os isolados foram reidratados com Caldo de Batata Dextrose e espalhados
em placas contendo BDA. Todos os isolados foram viáveis e as características
macroscópicas (forma e cor das colônias) permaneceram semelhantes às observadas antes
do processo. Baseado em nossos resultados, Escovopsis resiste ao processo de
liofilização. O nosso objetivo em longo prazo é monitorar a taxa de viabilidade desses
isolados, com o intuito de propor a liofilização como um método de preservação
alternativo para este grupo de fungos.

Palavras-chave: Ascomycota, Castellani, coleção de cultura, criopreservação,


formigas cortadeiras.
Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP, processos n. 2019/03764-0 e 2021/01072-1) e UNESP (Edital - 01/2021 -
PROPe - Apoio Emergencial a Equipamentos Multiusuários da UNESP).

160
RESUMOS
EXPANDIDOS
161
REXP01 - FUNGITOXICIDADE DE
AGROQUÍMICOS SOBRE Metarhizium
anisopliae var. anisopliae (METCHNIKOFF)
SOROKIN USADOS NO BIOCONTROLE
DE Agrotis ipsilon (HUFNAGEL, 1766)
1 1, 2
Márlia Campos e Barros & Adna Sousa .
1Laboratório de Genética Molecular e Biotecnologia Vegetal, CBiotec, UFPB.
2Departamento de Biologia Celular e Molecular, CBiotec, UFPB.

Autor para correspondência: marliabarros@gmail.com

INTRODUÇÃO
A lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) é considerada uma praga no Brasil e ataca várias
espécies vegetais de relevância econômica. Atualmente, a forma mais habitual de controle
desse inseto é a aplicação de agroquímicos, que pode proporcionar a seleção de
populações resistentes desta praga. Huanes-Carranza e Wilson-Krugg (2016) afirmam
que a utilização de agroquímicos seletivos aos insetos- praga e compatíveis aos fungos
entomopatogênicos, que promovam a preservação dos inimigos naturais e, ao mesmo
tempo, controlem os insetos-praga é uma alternativa altamente viável para o controle
desses insetos no país.
Dentre os fungos entomopatogênicos, Badii e Abreu (2006) caracterizam a espécie
Metarhizium anisopliae var. anisopliae (Metsch.) Sorokin como um parasita facultativo
devido ao seu ciclo biológico. Leite et al. (2011), o apresenta como sendo patogênico
para mais de 204 espécies de insetos, muitos deles considerados como pragas nas
lavouras, provocando o que se conhece como “muscardine verde” nesses insetos.
Agroquímicos que possuem compatibilidade com as espécies fúngicas
entomopatogênicas facilitam o biocontrole por meio do manejo integrado de pragas. Os
agroquímicos Fipronil, Diazinon e Malathion são amplamente utilizados no controle de
pragas, portanto, é importante determinar sua compatibilidade com fungos
entomopatogênicos para pensar no seu potencial para o manejo integrado de A. ipsilon.

OBJETIVO
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito fungitóxico de agroquímicos
utilizados no controle de A. ipsilon (Fipronil, Malathion e Diazinon) sobre o
desenvolvimento do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae var. anisopliae.

METODOLOGIA
Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Genética Molecular e
Biotecnologia Vegetal (LGMBIOTEC), Centro de Biotecnologia, Universidade Federal
da Paraíba (UFPB), Campus I, João Pessoa, Paraíba.

Produtos fitossanitários

162
F oram testadas três formulações comerciais de agroquímicos registrados para o
controle A. ipsilon: Fipronil (Regent 800 WG, Rhodia Agro Ltda), Malathion (100 mL,
DIPIL, Agroline) e Diazinon (40 PM, Agener União).

Origem dos isolados fúngicos


Metarhizium anisopliae var. anisopliae (Acesso URM 4920), cedido pela Micoteca
URM do Departamento de Micologia/Universidade Federal de Pernambuco/UFPE.

Avaliação do efeito dos agroquímicos sobre o crescimento vegetativo e esporulação


do isolado fúngico
A metodologia baseou-se no trabalho de Rashid et al. (2012). O meio de cultura
ágar-Sabouraud-dextrose 2 % foi autoclavado a 121°C durante 20 minutos,
aproximadamente. Foi adicionado ao meio penicilina, na concentração de 0,3 g/L, e 0,8
g/L do agroquímico comercial Fipronil, 3 mL/L do Malathion e 0,25 g/L do Diazinon.
Os agroquímicos foram previamente filtrados com o intuito de remover os
contaminantes. Os meios foram vertidos em placas de Petri e, posteriormente, foi
inoculado o isolado fúngico com o auxílio de uma alça de platina. O controle negativo foi
feito cultivando-se o isolado em meio ágar- Sabouraud-dextrose contendo apenas
penicilina. Os experimentos foram realizados em triplicata e as placas foram mantidas à
temperatura de 25 ± 2 °C durante 10 dias. Ao final, foi avaliado o diâmetro das colônias
fúngicas com o auxílio de uma régua milimetrada e feita a contagem dos conídios
produzidos por colônia em câmara de Neubauer ao microscópio óptico.

Teste de viabilidade dos conídios produzidos no meio de cultura contendo os


agroquímicos
Os conídios produzidos nos meios com os agroquímicos foram diluídos em série
para atingir uma concentração de 1 × 108 conídios/mL-1. Da suspensão, foram inoculados
100 µL em placas de Petri contendo meio ágar-Sabouraud-dextrose em triplicata e as
placas foram incubadas por 18 horas (T = 29 ± 1 °C). As contagens das colônias foram
realizadas para cada placa, com 200-300 conídios viáveis ou não viáveis, contados sob
um microscópio óptico (ampliação de 400X).

Classificação dos agroquímicos quanto à toxicidade sobre M. anisopliae var.


anisopliae
Foi utilizado o modelo proposto por Alves (1998), onde: T = valor corrigido do
crescimento vegetativo e esporulação para classificação do produto; CV = porcentagem
de crescimento vegetativo com relação à testemunha; ESP = porcentagem de esporulação
com relação à testemunha, conforme a Equação 1.

Equação 1.

A partir do valor de T, o produto químico é classificado como muito tóxico (0 a 30),


tóxico (31 a 45), moderadamente tóxico (46 a 60) ou compatível (> 60).

Análises estatísticas

163
Os dados foram analisados estatisticamente quanto à variância (ANOVA), seguido
do teste de variação múltipla de Ducan, onde P < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise do crescimento vegetativo na presença dos agroquímicos
As médias dos diâmetros pós período de incubação para cada agroquímico foi
comparada conforme a Tabela 1, demonstrando os efeitos dos agroquímicos no
crescimento vegetativo de M. anisopliae var. anisopliae. Uma menor redução do
crescimento vegetativo foi observada no meio contendo o agroquímico Diazinon, seguido
por Fipronil e Malathion.
A inibição do crescimento vegetativo de um fungo por parte de um produto
químico, não é, necessariamente, um indicativo de redução da sua esporulação ou
viabilidade conidial (CAZORLA; MORENO, 2010). Desse modo, se uma colônia
fúngica cresce pouco, mas produz muitos conídios, a taxa de disseminação da doença
tende a ser maior do que a de uma colônia bem desenvolvida, porém com menor
conidiogênese (MOINO JR.; ALVES, 1998).

Tabela 1. Efeito dos agroquímicos Fipronil, Malathion e Diazinon sobre o crescimento vegetativo (cm) de
Metarhizium anisopliae var. anisopliae, baseado na porcentagem média ± EP.
Tratamentos Crescimento vegetativo Redução do crescimento
(cm) vegetativo (%)
Controle 4,80 ± 0,34 a 0,0 ± 0,0 a
Fipronil 3,00 ± 0,19 a 1,80 ± 0,14 b
Malathion 2,90 ± 0,29 ab 1,90 ± 0,88 b
Diazinon 3,20 ± 1,60 a 1,60 ± 0,19 b
*Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de variação múltipla de Duncan (P<0,05).

O estudo da compatibilidade entre o bioagente e os agroquímicos em condições de


laboratório oferece uma oportunidade de expor o patógeno à ação máxima dos
agroquímicos, uma condição compatível ao que ocorre no campo. Crescimento,
esporulação e patogenicidade de fungos entomopatogênicos podem ser afetados por
agroquímicos tradicionalmente aplicados comprometendo a ação do fungo no inseto
(MAJCHROWICZ; POPRAWSKI, 1993).

Análise da esporulação e viabilidade dos conídios na presença dos


agroquímicos
Apesar do crescimento vegetativo e da esporulação serem importantes para a
colonização do hospedeiro e transmissão do fungo, a germinação deve ser igualmente
considerada, pois os fungos entomopatogênicos infectam os insetos através da
germinação dos conídios. Havendo inibição da germinação dos conídios, é possível
inferir que o fungo afetado não irá penetrar no hospedeiro e, por conseguinte, não ocorrerá
o desenvolvimento da doença (MERTZ et al., 2010).
A análise dos dados coletados na contagem de colônias em cada placa está expressa
na Tabela 2. Os ensaios in vitro revelou que M. anisopliae var. anisopliae tratado com os
agroquímicos Diazinon e Malathion não apresentaram diferença estatística significativa
na produção e viabilidade dos conídios quando comparados com o tratamento controle.

164
Quando tratado com Fipronil, o fungo apresentou uma diferença estatística significativa
na esporulação e na viabilidade dos conídios produzidos.
O resultado obtido do tratamento com o agroquímico Fipronil neste trabalho
divergiu dos resultados encontrados no trabalho de Bezerra (2018), no qual o agroquímico
Fipronil, na concentração testada (0,8 g/L), não comprometeu a conidiogênese dos
isolados de M. anisopliae var. anisopliae, apresentando uma quantidade de conídios
produzidos superior à dos respectivos controles. Essa divergência pode ser justificada por
se tratar de isolados diferentes, porém da mesma espécie. Biologicamente, os isolados
fúngicos exibem uma variabilidade genética e por consequência, podem exibir respostas
diferentes dependo da situação.

Tabela 2: Efeito dos agroquímicos Fipronil, Malathion e Diazinon sobre a esporulação e viabilidade dos
conídios (%) de Metarhizium anisopliae var. anisopliae.
Tratamentos Esporulação (1× 108 Viabilidade (1× 108
conídios/mL) conídios/mL)
(%) (%)
Controle 10.90 ± 0.26 a 95,31 ± 0,45 a
Fipronil 5,79 ± 1.63 b 55,10 ± 0,99 b
Malathion 10,50 ± 1,09 a 93,01 ± 0,94 a
Diazinon 10,10 ± 0,17 a 91,00 ± 1,56 a
*Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de variação múltipla de Duncan (P<0,05)

Análise da toxicidade e compatibilidade dos agroquímicos com o fungo


entomopatogênico todos os agroquímicos foram classificados como compatíveis com M.
anisopliae var. anisopliae, conforme os valores de “T” expressos na Tabela 3. Quando o
produto é compatível em condições laboratoriais, existem fortes evidências sobre a sua
seletividade em condições de campo. Contudo, ressalta-se a importância da realização de
experimentos em condições de campo para avaliar a eficácia dos fungos
entomopatogênicos quando associados com os agroquímicos para o controle de insetos-
praga (ALVES, 1998; RASHID et al., 2012).

Tabela 3: Classificação dos agroquímicos Fipronil, Malathion e Diazinon quanto à toxicidade in vitro sobre
de Metarhizium anisopliae var. anisopliae.
Tratamentos Valores de “T” Classificação*
Fipronil 61 Compatível
Malathion 81 Compatível
Diazinon 78 Compatível
*Classificação em conformidade com Rossi-Zalaf et al., 2008.

CONCLUSÕES
Os agroquímicos testados in vitro foram compatíveis com M. anisopliae var.
anisopliae, nas concentrações estabelecidas pelos fabricantes que já são utilizadas no
controle da lagarta-rosca em condições de campo. Os resultados demonstram o potencial
para uso dos agroquímicos no manejo integrado de A. ipsilon juntamente com o fungo
entomopatogênico. No entanto, ensaios em condições naturais que avaliem a
disseminação do patógeno através da dispersão de insetos contaminados e da capacidade

165
de permanência do fungo nos hospedeiros naturais no ambiente com os agroquímicos
Fipronil, Diazinon e Malathion são necessários para confirmar esse potencial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, S. B. Controle microbiano de insetos. 2. ed. Piracicaba: FEALQ, 1998.
BADII, M. H.; ABREU, J. L. Control biológico una forma sustentable de control de
plagas. Daena: International Journal of Good Conscience, v. 1, n. 1, p. 82-89, 2006.
BEZERRA, NS. Eficiência de fungos entomopatogênicos sobre formigas cortadeiras.
2018. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Centro de Biotecnologia, Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa.
CAZORLA, D.; MORENO, PM. Compatibilidad de 13 aislamientos de Beauveria
bassiana patógenos para Rhodnius prolixus con insecticidas químicos. Boletín de
Malariología y Salud Ambiental, v.50, n.2, 2010.
HUANES-CARRANZA, J.; WILSON-KRUGG, J.; Efecto de Beauveria bassiana y
Metarhizium anisopliae sobre adultos y ninfas de Oligonychus sp. en condiciones de
laboratório. REBIOL, v. 36, n. 1, p. 51-58, 2016.
LEITE, M. S. P. et al. Seleção de isolados de fungos entomopatogênicos para o controle
de Hedypathes betulinus e avaliação da persistência. Floresta, v. 41, n. 3, p. 619-628,
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MAJCHROWICZ I,; POPRAWSKI TJ. Effects in vitro on nine fungicides on growth of
entomopathogenic fungi. Biocontrol Science and Technology. 1993; 3:321-336.
MERTZ, NR. et al. Efeito de produtos fitossanitários naturais sobre Beauveria bassiana
in vitro. BioAssay, v.5, p.1-10, 2010.
MOINO JR. A. et al. External development of the entomopathogenic fungi Beauveria
bassiana and Metarhizium anisopliae in the subterranean termite Heterotermes tenuis.
Scientia Agricola, v.59, p.267-273, 2002.
RASHID, M. et al. Compatibility of the entomopathogenic fungus Beauveria bassiana
with the insecticides fipronil, pyriproxyfen and hexaflumuron. Journal of Entomological
Society of Iran, v. 31, n. 2, p. 29-37, 2012.
ROSSI-ZALAF, L. S. et al. Interação de microrganismos com outros agentes de controle
de pragas e doenças. In: Controle Microbiano de Pragas na América latina: Avanços e
Desafios. FEALQ, Piracicaba, pp. 279- 302, 2008.

166
REXP02 - FUNGOS ENDOFÍTICOS DE
Dyckia limae (BROMELIACEAE) DA
CAATINGA, BRASIL
Sandy dos Santos Nascimento1; Edna de Aquino Silva1; Layanne de Oliveira
Ferro1; Cristina de Souza-Motta1; Laura Mesquita Paiva1 & Jadson Diogo Pereira
Bezerra1,2.
1
Departamento de Micologia, CB, UFPE.
2
Departamento Biociências e Tecnologia, Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública, UFG.
Autor para correspondência: nascsandy@outlook.com

INTRODUÇÃO
Fungos endofíticos vivem associados simbioticamente com plantas durante alguma
etapa do seu ciclo de vida, sem causar doença aparente, Hardoim et al. (2015). A Caatinga
é o único ecossistema exclusivamente brasileiro, fazendo parte do bioma Floresta
Tropical Seca, em sua extensão abriga representantes de cerca de 125 famílias botânicas
e espécies endêmicas como a bromélia Dyckia limae, com registros nos estados de
Pernambuco e Paraíba, ela floresce no período de estação seca, mas especificamente entre
setembro e dezembro (Santos 2005). Encontrada no Parque Nacional do Catimbau, pode
se apresentar de forma terrícola no solo arenoso ou de forma rupícola em paredões,
geralmente são indivíduos isolados distribuídos em altitudes superiores à 800m.
Pesquisas como estas, além de contribuírem com a estimativa da diversidade global
dos fungos, são importantes na descoberta do potencial biotecnológico de fungos
endofíticos em ambientes pouco explorados, visando o aprimoramento de técnicas,
descoberta de novos microrganismos produtores de substâncias bioativas, crescimento
econômico e benefícios socioambientais (Bezerra et al., 2012, 2015; Silva-Hughes et al.,
2015).

OBJETIVOS
Relatar a riqueza de fungos endofíticos em folhas de D. limae endêmica do Parque
Nacional Vale do Catimbau, Pernambuco, Brasil.

METODOLOGIA
Fungos endofíticos
Para isolamento dos endófitos foram coletadas folhas de 15 indivíduos da bromélia
D. limae. O material botânico foi coletado em áreas da floresta tropical seca brasileira
(Caatinga) no Parque Nacional do Catimbau e processado como descrito por Bezerra et
al., (2015). Os endófitos isolados e purificados foram preservados em glicerol 30% no
Laboratório de Pesquisa da Micoteca URM/UFPE como parte da coleção de fungos da
Caatinga e culturas representativas depositadas na Coleção Identificação de fungos
endofíticos

167
Identificação de fungos endofíticos
A identificação morfológica foi realizada pela equipe da Micoteca URM da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), observando-se características
macroscópicas e microscópicas, utilizando metodologia e literatura específica. Para a
identificação molecular dos endofíticos, foi realizada a extração, amplificação de
fragmentos do DNA e sequenciamento conforme Bezerra et al. (2017). A biomassa dos
endófitos foi obtida a partir de culturas cultivadas em BDA e/ou MEA contidos em placa
de Petri, mantidos a 28°C por até sete dias de um representante de cada gênero fúngico
isolado. Para extração do DNA genômico foi utilizado o Kit de purificação de DNA
genômico da Promega (Wizard Genomic DNA Purification Kit) conforme metodologia
proposta pelo fabricante. Para amplificação da região ITS (Internal Transcribed Spacers)
foram utilizados os iniciadores ITS1 e ITS4 (White et al., 1990).
Para os fungos identificados como pertencentes aos gêneros Penicillium e
Talaromyces, além das 44 regiões ITS, foram amplificados os genes β-tubulina,
calmodulina e RPB2. Os produtos da amplificação foram purificados e sequenciados na
Plataforma Multiusuária de Sequenciamento de DNA do Centro de Biociências da UFPE.
Em seguida, foi realizado busca por sequencias similares no banco de dados GenBank do
NCBI utilizando a ferramenta BLASTn, alinhamento das sequências com as mais
similares e análise filogenética com base na Inferência Bayesiana foi realizado como
descrito por Silva et al. (2019).

Taxa de colonização e frequências


A taxa de colonização (TC%) foi calculada pela razão entre o número de fragmentos
com crescimento fúngico (Nf) e o número total de fragmentos (Nt) (FI=Nf/Nt × 100),
Araújo et al. (2002) e a Frequência Relativa (FR) de isolamento calculada como o número
de isolados de uma espécie dividido pelo total do número de isolados, Photita et al.
(2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do terceiro dia de incubação dos fragmentos das bromélias em meio de
cultura BDA, foram obtidos os primeiros isolados, dos 420 fragmentos de Dyckia limae,
116 foram colonizados e 66 fungos isolados, resultando em uma taxa de colonização de
27,61%, pertencentes a duas classes e 19 gêneros.
Após análise morfológica, foram identificados 66 isolados agrupados em 18
gêneros, sendo Aspergillus o mais frequente com 6 isolados, seguido por Curvularia (5
isolados), Chaetomium (4 isolados), Penicillium e Talaromyces (ambos com 3 isolados).
No total, os endófitos são pertencentes a seis ordens de Ascomycota (Chaetothyriales,
Dothideales, Eurotiales, Hypocreales, Pleosporales e Sordariales), duas em
Basidiomycota (Tremellales e Ustilaginales) e uma em Mucoromycota (Mucorales).
Alguns isolados foram classificados apenas em alto nível taxonômico Dothideomycetes
e Sordariomycetes (Ascomycota) e outros 19 endófitos como incertae sedis em
Ascomycota (Tabela 1).

168
Tabela 1: Frequências absoluta (f) e relativa (fr) de fungos endofíticos isolados de Dyckia limae de área de
Caatinga no Parque Nacional do Catimbau, Pernambuco, Brasil.
Fungos endofíticos F fr (%)
Acrocalymma 1 1,5
Anthracocystis 1 1,5
Aspergillus 6 9
Aureobasidium 1 1,5
Chaetomium 4 6
Cryptococcus 1 1,5
Curvularia 5 7,5
Dothideomycetes 11 16,5
Exophiala 1 1,5
Leptosphaerulina 1 1,5
Microsphaeroosis 1 1,5
Neopestaloyiopsis 1 1,5
Paraconiothyrium 1 1,5
Phidemoniopsis 1 1,5
Pseudozyma 1 1,5
Sordariomycetes 1 1,5
Syncephalastrum 2 3
Talaromyces 3 4,5
Trichoderma 1 1,5
Incertae sedis 19 28,5

Caracterização Macroscópica

Figura 1. Característica macroscópica das colônias de fungos endofíticos de D. limae cultivadas em BDA
e incubadas por sete dias a 25 ºC no escuro: A. Neopestalotiopsis; B. Aureobasidium; C. Microsphaeropsis;
D. Phialemoniopsis; E. Curvularia; F. Chaetomium.

169
Figura 2. Característica macroscópica das colônias de
Anthracocystis, isolado como fungo endofítico de D.
limae, cultivadas em BDA e incubadas por sete dias a 25
ºC no escuro.

CONCLUSÕES
Existem poucos estudos relacionando fungos endofíticos a família Bromeliacea,
contudo eles têm demonstrado uma grande diversidade microbiológica. Por exemplo, o
presente estudo demonstrou a capacidade da bromélia Dyckia limae de área da Caatinga
abrigar uma grande riqueza de fungos endofíticos com contribuições para conservação da
diversidade ainda não totalmente conhecida. Além disso, a Caatinga é um ecossistema
totalmente brasileiro e o menos explorado e conhecido cientificamente quanto a
diversidade de fungos endofíticos, trazendo esse projeto contribuições importantes para
a estimativa da riqueza de fungos endofíticos neste ambiente. Em virtude dos resultados
obtidos, destaca-se a necessidade de novas pesquisas no local devido a seu grande
potencial científico.
Bromélias como essa servem de exemplo de plantas da Caatinga que necessitam ser
preservadas em seu ambiente natural, contribuindo com a presença da diversidade
biológica em áreas de preservação permanente da biodiversidade brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Mill. (Cactaceae) and preliminary screening for enzyme production. World Journal of
Microbiology and Biotechnology v. 28, p. 1989–1995, 2012.
BEZERRA, J.D.P. et al. Endophytic fungi from medicinal plant Bauhinia forficata:
Diversity and biotechnological potential. Brazil Journal Microbiology v. 46, p. 49–57,
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BEZERRA, J.D.P. et al. Bezerromycetales and Wiesneriomycetales ord. nov. (class
Dothideomycetes), with two novel genera to accommodate endophytic fungi from
Brazilian cactos. Mycological Progress. V. 16(4), p. 297–309, 2017.
HARDOIM, P.R. et al. The hidden world within plants: ecological and evolutionary
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Molecular Biology Reviews, v. 79, n. 3, p. 293-320, 2015.
PHOTITA, W. et al. Endophytic fungi of wild banana (Musa acuminata) at doi Suthep
Pui National Park, Thailand. Mycological Research, v. 105(12), 1508–1513, 2001.

170
SILVA, R.M.F. et al. Bifusisporella sorghi gen. et sp. nov. (Magnaporthaceae) to
accommodate an endophytic fungus from Brazil. Mycological Progress. V. 18, p. 847–
854, 2019.
SILVA-HUGHES, A.F. et al. Diversity and antifungal activity of the endophytic fungi
associated with the native medicinal cactus Opuntia humifusa (Cactaceae) from the
United States. Microbiological Research. v. 175, p. 67–77, 2015.
WHITE, T.J. et al. Amplification and direct sequencing of fungal ribosomal RNA genes
for phylogenetics. In: INNIS M. A., GELFAND D. H., SNINSKY JJ; WHITE TJ. (eds)
PCR protocols: a guide to methods and applications. San Diego: Academic Press, p. 315–
322, 2019.
SANTOS, M.J.L. Polinização por beija-flores no Parque Nacional do Catimbau, Nordeste
do Brasil. Tese Doutorado. Curso de Pós-graduação em Biologia Vegetal. Recife,
Universidade Federal de Pernambuco, 2005.

171
REXP03 - NOVOS REGISTROS PARA O
GÊNERO Geastrum Pers.
(BASIDIOMYCOTA) PARA RIO GRANDE
DO NORTE E MATA ATLÂNTICA
Íkaro Luiz Ferreira Santos de Freitas¹; Julimar Freire de Freitas Neto2; Alexandro
de Andrade de Lima3 & Iuri Goulart Baseia1,2,3
1
Curso de Graduação em Ciências Biológicas, Departamento de Botânica e Zoologia, CB, UFRN.
2
Programa de Pós-Graduação em Sistemática e Evolução, Departamento de Botânica e Zoologia,
CB, UFRN.
³Curso de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, Departamento de Micologia, CCB, UFPE.
Autor para correspondência: ikaroluiz17@hotmail.com

INTRODUÇÃO
Proposto por Persoon em 1801, o gênero Geastrum é conhecido popularmente
como estrela-da-terra devido a morfologia de seu basidioma (quando maduro) apresentar
deiscência em raios, deixando-o em um formato de estrela. Esse grupo é considerado
cosmopolita por apresentar distribuição para todos os continentes (exceto Antártida) e
pode ser encontrado nos mais diversos ambientes (Zamora et al. 2013). Seus
representantes apresentam dispersão passiva dos esporos por meio de mecanismo de
fole, onde a ação de um agente externo (gotade água, pequenos artrópodes, detritos e
etc.) ao entrar em contato com o endoperídio faz com que ocorra a flexão de seu
mecanismo, dispersando os esporos no ar Miller & Miller (1988). Estudos aplicados com
algumas espécies de Geastrum demonstram um amplo potencial biotecnológico na
degradação de substâncias (Santana et al. 2017) e farmacológico em seus bioprodutos
(Dore-Guerra et al. 2007).
No último levantamento feito para o Brasil o gênero Geastrum apresentou 72
espécies catalogadas (Freitas-Neto, 2021), número muito expressivo visto que se conhece
cerca de 100-120 spp para a ciência (Zamora et al. 2014). A região Nordeste se mostrou
nos últimos anos um importante polo para a pesquisa de fungos gasteroides no
Brasil, só para o gênero Geastrum apresentam cerca de 52 espécies registradas, o que
representa 72% do total de espécies encontradas encontrado no Brasil. A região Nordeste
apresenta diversos biomas, sendo estes: Cerrado, Mata Atlântica e um bioma próprio, a
Caatinga. Atualmente os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte apresentam uma
elevada quantidade de registros de fungos, que se deve, principalmente, aos esforços dos
pesquisadores dessas regiões (Sousa, 2015).
No Rio Grande do Norte temos uma grande área do bioma Mata Atlântica,
considerado um hotspot, o qual vem sofrendo ampla perda de cobertura vegetal devido a
ação antrópica (Oliveira, 2002). Apesar de a região Nordeste abrigar uma importante
parcela da micobiota nacional e dos avanços feitos recentemente em trabalhos científicos,
existe ainda diversas áreas ainda não inventariadas e/ou subexploradas, o que reforça a
importância dos estudos nesses locais.

OBJETIVOS

172
O presente trabalho buscou contribuir para a ampliação do conhecimento sobre a
distribuição e taxonomia de gasteroides, com ênfase no gênero Geastrum no bioma
Mata Atlântica em duas áreas de proteção ambiental, as quais não apresentavam nenhum
registro do gênero.

METODOLOGIA
As coletas foram realizadas durante os períodos chuvosos (maio a setembro de 2016
e março a julho de 2017) em duas áreas de Mata Atlântica. No Rio Grande do Norte:
Parque Estadual Mata da Pipa (PEMP) em Tibau do Sul e na Área de Proteção Ambiental
Piquiri-Una (APAPU) em Goianinha. Para a coleta foram adotadas a metodologia de
Baseia et al. (2014), percorrendo trilhas preexistentes, adentrando na mata quando
necessário. Os espécimes coletados foram fotografados em seu habitat, retirados do solo
com auxílio de canivete e acondicionados em caixas plásticas compartimentalizadas e
anotado informações da coleta como substrato, localização e data. Para herborização os
materiais foram secos em desidratador elétrico, em temperaturas entre 35 e 40°C. Em
seguida foram armazenados em sacos plásticos do tipo zip, identificados e depositados na
Coleçãode Fungos UFRN. Os dados do material foram indexados no repositório online
da coleção na plataforma Specieslink.
As análises morfológicas dos materiais foram realizadas no Laboratório de Biologia
de Fungos (LBF), localizado no Departamento de Botânica e Zoologia (DBZ), Centro
de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A
coloração foi definida com base na tabela de cores de Küppers (2002). A análise das
macroestruturas dos basidiomas foi realizada a olho nu e com o auxílio de
estereomicroscópio Leica EZ4. Para análises de microestruturas foram feitas lâminas que
foram montadas com hidróxido de potássio (KOH) a 5%, se utilizandode pinças e
agulhas para manipular o material.
Para a medição das microestruturas foi utilizado microscópio óptico Nikon Eclipse
NiR1, sendo feita 30 medições de basidiósporos e 20 medições das demais estruturas.
Foram realizadas microscopia eletrônica de varredura (MEV), no Laboratório do Centro
de Tecnologia do Gás (CTGás). Para a descrição de características macro e micro
utilizou-se ametodologia padrão para o grupo (Sunhede, 1989). As identificações foram
feitas com base em trabalhos como Sunhede (1989), Silva et al. (2011), Calonge (1998),
Baseia et al. (2014) e Crous et al. (2016).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No total, foram analisados 39 basidiomas os quais foram identificadas três
espécies:

Geastrum inpaense T.S. Cabral, B.D.B. Silva, I.G. Baseia, Phytotaxa 183:
242(2014)
Descrição seguindo o protólogo proposto para espécie (Cabral et al. 2014).
Substrato: Solo arenoso coberto por liteira.
Hábito: Gregário ou solitário, em ambiente com pouca luminosidade. Distribuição:
Brasil – Amazonas (Cabral et al. 2014).
Material analisado: Brasil. Rio Grande do Norte: Goianinha, Área de Proteção
Ambiental Piquiri-Una - APAPU, 6°21'25.40''S, 35°12'57.02''W, 56 m, 26/V/2016, col.
Lima, A.A.; Andrade, D.O., AAL 03 (UFRN–Fungos 2889).

173
Geastrum ishikawae Accioly, J.O. Sousa, Baseia & M.P. Martín, Fungal Planet
472 – 21 December 2016
Descrição seguindo o protólogo proposto para espécie (Crous et al. 2016).
Substrato: Solo arenoso.
Hábito: Gregário ou solitário, em ambiente com luminosidade alta. Distribuição:
Brasil – Amazonas (Crous et al. 2016).
Material analisado: Brasil. Rio Grande do Norte: Tibau do Sul, Parque Estadual
Matada Pipa - PEMP, 6°15'39.19''S, 35°3'14.35''W, 35 m, 03/VII/2017, col. Lima, A.A.,
AAL 45 (UFRN–Fungos 2914).

Geastrum xerophilum Long ex Desjardin, Pacific Science 65: 493 (2011).


Descrição seguindo o protólogo proposto para espécie (Long x Desjardin, 2011).
Substrato: Solo arenoso.
Hábito: Gregário ou solitário, em ambiente com luminosidade média.
Distribuição: Estados Unidos (Ponce de Leon 1968, Bates, 2004); Mexico
(Esqueda- Valle et al. 1995; Esqueda et al. 2009, Moreno et al. 2010); Brasil, Rio Grande
do Norte (Silva et al. 2011), Pernambuco (Sousa et al. 2014); Ceará (Silva et al. 2011);
Espanha (Jeppson et al. 2013); Havaí (Smith e Ponce de Léon, 1998, Gilberson etal.
2001, Hemmes e Desjardin 2011).
Material analisado: Brasil. Rio Grande do Norte: Tibau do Sul, Parque Estadual
Matada Pipa - PEMP, 6°15'53.84''S, 35°2'42.95''W, 39 m, 10/VIII/2016, col. Lima,
A.A., AAL 23 (UFRN–Fungos 2900); Tibau do Sul, Parque Estadual Mata da Pipa -
PEMP,6°16'1.75''S, 35°2'33.64''W, 32 m, 15/IV/2017, col. Lima, A.A.; Nascimento, J.A.,
AAL 32 (UFRN–Fungos 2905).

DISCUSSÕES TAXONÔMICAS
Geastrum ishikawae Accioly, J.O. Sousa, Baseia & M.P. Martín. Primeiro registro
para Nordeste e Mata Atlântica. A espécie é caracterizada por apresentar camada micelial
cotonosa incrustada com sedimentos e peristômio planar. Assemelha-se com Geastrum
arenarium, porém este apresenta basidiomas maiores (com 15–40 mm), raios
higroscópicos e basidiósporos menores (até 4,5 μm) (Zamora et al. 2015), enquanto G.
ishikawae apresenta basiomas menores (com 7–9 mm) e basidiósporos maiores (com 6,7–
6,9).
Geastrum xerophilum Long. A espécie apresenta ocorrência para o domínio da
Caatinga, sendo este o primeiro relato para a Mata Atlântica. A amostra encontrada
apresenta leves variações morfológicas com a anteriormente descrita para o Brasil Silva
et al. (2011), sendo menor com 6–8 mm de altura incluindo peristômio e 13–26 de largura.
Geastrum inpaense T.S. Cabral, B.D.B. Silva, I.G. Baseia. Primeiro registro para a
Região Nordeste e Mata Atlântica. A espécie é caracterizada por apresentar camada
micelial hirsuta, assemelhando-se com G. hirsutum Baseia & Calonge (2006), no entanto
apresenta uma morfologia levemente diferente dos pelos da camada hirsuta e o G.
hirsutum não apresenta rizomorfa. A amostra encontrada apresenta leves variações
morfológicas com a descrita anteriormente (Cabral et al. 2014) tendo basidiosporos
ligeiramente maiores, tendo 3,8–4,4 μm enquanto a anterior apresenta 2,6–3,8 μm.

CONCLUSÕES

174
Mesmo sendo um dos locais que mais apresentam registros de fungos gasteroides
para o Brasil, o Rio Grande do Norte continua mostrando o seu potencial para novas
descobertas, com áreas que ainda não foram exploradas em biomas considerados hotspots
como no caso da Mata Atlântica. Estudos como esse, que demonstram novos registros em
ambientes pouco explorados, mostram a importância da continuidade de estudos de
taxonomia e biodiversidade, em especial em um momento crítico para a proteção do
meio ambiente e da biodiversidade.

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176
REXP04 - POTENCIAL
BIOTECNOLÓGICO DE ISOLADOS DE
MUCOR CIRCINELLOIDES ISOLADOS
DA CAATINGA PERNAMBUCANA NA
PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE
UTILIZANDO REJEITOS INDUSTRIAIS
COMO SUBSTRATO
Thayná Rhomana da Silva Cândido1; Rafael de Souza Mendonça1; Uiara Maria de
Barros Lins 1; Dayana Montero-Rodríguez1; Rosileide Fontenele da Silva Andrade1 &
Galba Maria de Campos-Takaki1
1
Núcleo de Pesquisas em Ciências Ambientais e Biotecnologia, NPCIAMB, UNICAP.
Autor para correspondência: thaylp_1@hotmail.com

INTRODUÇÃO
Os biossurfactantes são moléculas tensoativas obtidas a partir do metabolismo
secundário de micro-organismos como bactérias, leveduras e fungos filamentosos.
Apresentam estrutura composta por cabeça polar ou hidrofílica e cauda apolar ou
hidrofóbica insolúvel em água, o que permite esse composto misturar-se a outros com
diferentes polaridades (Uzoigwe et al., 2015; Araújo et al., 2019; Sanches et al., 2021).
Possuem vantagens frente aos surfactantes químicos como a baixa toxicidade e
biodegradabilidade (Pacwa-Plociniczak et al., 2011), podendo ser empregados em
diversas áreas como a farmacêutica, higiene e beleza, alimentícia, agricultura e
biorremediação (Drakontis & Amin, 2020).
Na contínua busca pela redução dos custos do processo biotecnológico, os resíduos
oriundos das indústrias podem ser utilizados como matéria-prima no meio de produção
alternativo e sustentável para o crescimento de micro-organismos (Rivera et al., 2019),
além de gerenciar e reduzir desperdícios e contribuir com a sustentabilidade (Ferreira et
al., 2020). De acordo com Sanches et al. (2021), os resíduos apresentam lipídeos,
carboidratos e proteínas em sua composição devido a complexa estrutura, sendo
importantes para o metabolismo microbiano.
As espécies do gênero Mucor sp. são de grande interesse biotecnológico por possuir
potencial de produção de biomoléculas como enzimas (proteases e lipases) com aplicação
na área alimentícia e em processos de biorremediação (Lima et al., 2018). O presente
estudo busca avaliar a capacidade biotecnológica das novos isolados de Mucorales
isoladas da Caatinga pernambucana na produção de biomoléculas e sua aplicação em
diversas áreas.

OBJETIVOS
Investigar a capacidade dos isolados Mucor circinelloides Tiegh UCP 0005 e
Mucor circinelloides UCP 0006 em bioconverter resíduos industriais em metabólito como
os biossurfactantes.

METODOLOGIA

177
Micro-organismos
Os fungos filamentosos Mucor circinelloides UCP 0005 e Mucor circinelloides
UCP 0006 foram gentilmente cedidos pelo Banco de Culturas da Universidade Católica
de Pernambuco (UNICAP) com registro na World Federation of Culture Colletions
(WFCC) número 927 após sua coleta realizada na caatinga pernambucana.

Resíduos industriais
Os resíduos de origem industrial utilizados para produção foram o resíduo de
macarrão instantâneo (gentilmente cedido pela indústria local), a milhocina (obtida da
indústria de processamento de milho Corn Products Brasil localizada no município de
Cabo de Santo Agostinho/PE) e o óleo de soja pós fritura (disponibilizado pelo comércio
informal local) (Andrade et al., 2018).

Preparo do inóculo
Para preparo do inóculo, esporos jovens dos isolados foram adicionados em frascos
de Erlenmeyer contendo 100mL de água estéril. Em seguida, foi realizada contagem dos
esporos em câmara de Neubauer até a obtenção de 107esporos/mL. Desta suspensão, 5%
(5 mL) foi utilizado como inóculo no meio de produção.

Composição do meio de produção


Para compor o meio foi utilizado o resíduo de macarrão instantâneo (2%), óleo pós
fritura (0,5%) e milhocina (2%) de acordo com Andrade et al. (2018). O resíduo de
macarrão foi macerado e suas partículas foram uniformizadas a 500 nm em peneira 32
Mesh.

Produção de Biossurfactante
A produção de biossurfactante foi investigada utilizando os isolados UCP 0005 e
UCP 0006 de Mucor circinelloides. Para tanto, a produção foi realizada em frascos de
Erlenmeyer contendo 100mL do meio de produção composto por resíduos industriais
conforme a metodologia de composição do meio relatada e pH do meio ajustado para 5,5.
Os frascos foram mantidos em agitação orbital de 150 rpm durante 96h a 28ºC. Após esse
período, o meio de produção foi filtrado e centrifugado para separação da biomassa do
líquido metabólico.

Determinação da tensão superficial


A tensão superficial foi medida no líquido metabólico após o cultivo dos fungos
utilizando o método anel de Nuoy em tensiômetro automático Tensitech® em triplicata
de acordo com Kuyukina et al. (2001). As amostras foram mantidas em temperatura de
28ºC e a tensão superficial da água foi utilizada como controle.

Planejamento fatorial
O planejamento fatorial completo de 23 foi realizado para definir as concentrações
ótimas dos componentes do meio de produção para redução da tensão superficial. A
variável resposta foi a tensão superficial e os diferentes níveis foram nível mínino (-1),
intermediário (0) e máximo (+1) conforme Tabela 1. Foram realizados 12 ensaios e os
dados obtidos analisados pelo Statistica® 12 (StatSoft Inc., USA), testando a
significância dos resultados (p<0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

178
Os isolados do gênero Mucor sp. se mostraram capazes de bioconverter resíduos
industriais em biossurfactantes. A máxima redução da tensão superficial foi alcançada
pelo isolado UCP 0006 nas condições 3 (1% resíduo de macarrão instantâneo e 4% de
milhocina), e nos pontos 11 e 12 (2% de resíduo de macarrão, 2% de milhocina e 0,5%
de óleo pós fritura). Este isolado conseguiu também manter a tensão superficial abaixo
de 30 mN/m em diferentes concentrações dos substratos, conforme demonstra Tabela 1.
Deve destacar-se também o isolado UCP 0005 que reduziu a tensão superficial da água
de 72 para 27 mN/m no ponto 11.

Tabela 1. Resultado da tensão superficial de Mucor circinelloides UCP 0006 e UCP 0005 e a composição
do meio produtivo contendo substratos industriais
Tensão superficial (mN/m)
Condições Mucor circinelloides Mucor circinelloides
UCP 0005 UCP 0006
1 40 39
2 37 36
3 41 27
4 34 29
5 33 34
6 34 32
7 29 28
8 31 28
9 31 30
10 32 29
11 27 27
12 30 27

Ao comparar os resultados da tensão superficial dos isolados após o cultivo em


diferentes concentrações dos meios de produção com a literatura (Tabela 2) nos últimos
cinco anos (trabalhos que também utilizaram substratos industriais como matéria-prima
nos meios de produção), observa-se que o presente estudo tem resultado promissor. Em
seu trabalho utilizando os mesmos resíduos (2% resíduo de macarrão, 0,5% óleo pós
fritura e 2% milhocina), Andrade et al. (2018) obteve tensão superficial de 34 mN/m com
Cunninghamella echinulata Thaxt UCP 1299 também em fermentação submersa. Já ao
utilizar resíduos de óleo de girassol e ácido oleico (10%) como fonte de lipídeos, Jadhav
et al. (2019) conseguiu reduzir a tensão superficial da água de 72 a 35 mN/m utilizando
o micro-organismo Starmerella bombicola Rosa & Lachance MTCC 1910 e obtendo
melhor rendimento do biossurfactante soforolipídeo obtido.
Oliveira et al. (2020) conseguiu obter resultado parecido enquanto utilizou em seu
estudo os resíduos soro de leite (4%) e cevada (2%) com Penicillium sclerotiorum Beyma
UCP 1361. Comparando ainda o mesmo isolado de Mucor circinelloides Tiegh UCP
0005, Santiago et al. (2021) obteve tensão superficial de 34 mN/m utilizando cascas de
jatobá (10%) e milhocina (1%) como substratos no meio de produção, resultado mais
eficaz do que o surfactante químico Dodecil sulfato de sódio (37 mN/m) extensamente
comercializado. Mucor hiemalis Wehmer UCP 0039 manteve a tensão superficial em 40
mN/m utilizando apenas o substrato hidrofóbico óleo pós fritura (5%) como meio de
obtenção de nutrientes para o isolado fúngico, apresentando também rendimento
significativo de biomassa (2,18 g/L) (Ferreira et al., 2020).

Tabela 2. Tensões superficiais de fungos produtores de biossurfactantes utilizando diferentes resíduos


industriais como substratos

179
Micro-organismos Substratos Tensão Referências
Superficial
(mN/m)
Mucor circinelloides Resíduo de macarrão 27 Este estudo
UCP 0005 e UCP 0006 instantaneo, milhocina e óleo
pós fritura.
Mucor circinelloides Cascas de jatobá e milhocina 34 Santiago et al. (2021)
UCP 0005
Mucor hiemalis Óleo pós fritura 40 Ferreira et al. (2020)
UCP 0039
Penicillium Soro de leite e cevada 27 Oliveira et al. (2020)
sclerotiorum UCP
1361
Starmerella bombicola Óleo de girasol e ácido oleico 35 Jadhav et al (2019)
MTCC1910
Cunninghamella Resíduo de macarrão 32,4 Andrade et al. (2018)
echinulata UCP 1299 instantaneo, milhocina e óleo
pós fritura

Entretanto, a natureza dos substratos empregados pode interferir na rota metabólica


de produção de biomoléculas, de forma que a fonte nutricional de nitrogênio e carbono
podem induzir a produção de biossurfactantes e influenciar sua estrutura e propriedades
físico-quimicas, podendo vir a produzir vários tipos diferentes de surfactantes biológicos
(Da Silva et al., 2018; Marcelino et al., 2020). De acordo com análise estatística da Figura
1, o Diagrama de Pareto evidenciou que as variáveis independentes que atuaram
efetivamente na redução da tensão superficial foram diferentes para cada isolado, sendo
o resíduo de macarrão instantâneo para UCP 0005 e milhocina para UCP 0006.

Figura 1: Avaliação da influência dos resíduos agroindustriais na produção de biossurfactante por isolados
de Mucor circinelloides UCP 0005 e 0006

CONCLUSÕES
Os isolados Mucor circinelloides UCP 0005 e Mucor circinelloides 0006 foram
capazes de bioconverter resíduos industriais em biossurfactante, uma biomolécula
importante e bastante utilizada em vários produtos e processos industriais. Novos ensaios
são necessários para isolamento e purificação do produto obtido para que seja possível
avaliar sua estrutura e classificá-lo quanto ao seu potencial de uso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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181
REXP05 - DESENVOLVIMENTO DE
Alternaria alternata EM RESPOSTA AO
USO DE FUNGICIDAS DO GRUPO
TRIAZOL
Sérgio Batista Ramos1; Marcelo Garcia de Oliveira2; Igor Alexsander de Melo
Pimentel2; Iwanne Lima Coelho2 & Delson Laranjeira2.
1Departamento de Antibióticos, PPGBiotec, UFPE.
2Departamento de Fitossanidade, PPGF, UFRPE.
Autor para correspondência: sergiobaptistaramos@gmail.com

INTRODUÇÃO
O gênero Alternaria, agrupa espécies saprofíticas, endofíticas e patogênicas,
apresentando-se como fitopatógenos competentes capazes de provocar doenças sobre
uma extensa gama de hospedeiros (Woudenberg et al., 2013). A espécie Alternaria
alternata é uma das mais frequentes em sistemas agrícolas, causando sintomas de
manchas em folhas e em caules e, consequentemente, severos danos às plantas (Solfrizzo
et al., 2005).
Tsuge et al. (2013) relataram que A. aternata está associada a sete tipos de doenças
em plantas, tais quais: mancha de alternaria de maçã, mancha preta de morango, mancha
preta de pera, mancha marrom de tangerina, mancha de folha de limão, cancro do caule
de tomate e mancha marrom de tabaco. Diferentemente dos tipos de doenças, que são
facilmente numerados, a quantidade de hospedeiros vegetais que podem ser acometidos
por A. alternata é bem vasto, como observado na Tabela 1.

Tabela 1. Doenças causadas por A. alternata e respectivas culturas/hospedeiros suscetíveis aessa espécie
(MAPA, 2021)
Doenças Culturas
Mancha-de-Alternaria Algodão, aveia, caqui, cevada, feijão,
crisântemo, mamão, fumo, maçã,
maracujá, trigo, romã e arroz
Queima-das-folhas Mandioquinha-salsa e batata doce
Mofo-preto Sorgo e milho
Pinta-preta Batata yacon
Mancha-foliar Kiwi

O principal método de controle das doenças causadas por Alternaria se dá pela


utilização de insumos químicos. Aproximadamente 34% dos fungicidas que são
utilizados em sistemas agrícolas pertencem ao grupo dos triazóis, desses, 99%
caracterizam-se como inibidores de desmetilação (Chodhary et al., 2012). Os triazóis
atuam na biossíntese do ergosterol, um constituinte fundamental da membrana plasmática
fúngica (Brent et al., 1995), inibindo por ligação a enzima do citocromo P450, envolvida

182
em reações oxidativas do metabolismo do fungo (Ma & Michailides, 2005; Becher &
Wirsel, 2012). A privação de ergosterol, somado ao aumento de compostos que
desconfigurama integridade da membrana dos fungos, assim como a morfologia celular,
promove a inibição do crescimento fúngico.

OBJETIVOS
Avaliar o efeito de doses de fungicidas do grupo triazol, difenoconazol e flutriafol,
sobre o desenvolvimento de Alternaria alternata in vitro, bem como classificar esses
produtos quanto o seu efeito fungitóxico sobre o isolado utilizado.

METODOLOGIA
Obtenção e manutenção da Alternaria alternata
O isolado CFS 140 foi cedido pela Coleção de Fungos de Solo – CFS, do
Laboratório de Fungos de Solo da Universidade Federal Rural de Pernambuco –
LAFSOL/UFRPE. Discos cilíndrico de meio PDA, contendo estruturas de Alternaria
alternata (0,5 cm Ø), foram transferidos do tubo de preservação e depositados em placas
de Petri, sobre o meio de cultivo batata, dextrose e ágar – BDA (Kasvi®, São José dos
Pinhais, Brasil). As placas foram acondicionadas por sete dias, a 28 ± 2°C, sob
fotoperíodo de 12 h e, após confirmação quanto a pureza das colônias fúngicas, utilizadas
nos testes de crescimento sob diferentes doses dos fungicidas.

Teste com triazol


Na padronização de doses, foram atribuídas as doses 2, 4, 6, 8, 10 e 12 que
representam: 750; 187,5; 47,25; 12; 3 e 0 ppm para o fungicida difenoconazol (Score® -
EC, Syngenta, São Paulo, Brasil) e 208; 52; 13,1; 3,33; 0,83 e 0 ppm para o fungicida
flutriafol (Tenaz 250 SC, Sumitomo Chemical, São Paulo, Brasil). Em ambos os
produtos, a dose 2 é o valor máximo de difenoconazol e flutriafol, regulamentado pelo
Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento – MAPA, no controle de A. dauci
em cenoura e A. alternata em batata, respectivamente (AGROFIT, 2021).
Os fungicidas foram adicionados ao meio BDA aquecido (47 ± 2 °C) e
homogeneizados por agitação manual. O meio+produto (15 ml / placa de 90x15 mm) foi
transferido para placas de Petri (4 placas/tratamento). Um disco cilíndrico de meio BDA
(0,5 cm Ø), contendo estruturas fúngicas de CFS 140 cultivado por sete dias, foi
depositado no centro da placa, sobre o meio + produto. As placas foram acondicionadas
por oito dias, sob temperatura de 28±2 °C e fotoperíodo de 12 horas, em delineamento
inteiramente casualizado - DIC. Acada 48 h, foram aferidos os valores médios do
diâmetro de crescimento micelial do patógeno – DCM e determinada a porcentagem de
inibição de crescimento micelial – PIC (%) pela equação: , sendo Cf
= crescimento final e Cc = Crescimento final tratamento controle.

Determinação da CE50 e da fungitoxicidade


Os valores de PIC e do logaritmo de cada dose foram utilizados para determinar as
equações lineares, representativas a cada isolado testado, sendo: Y = porcentagem de
inibição de crescimento micelial e x = Log (dose de inibição). A equação obtida foi
utilizada para a determinação da Log (CE 50), sendo: e a os valores de CE 50 foram

183
determinados pela transformação: CE50 = (Log CE 50 ) 10. A Classificação quanto a
fungitoxicidade seguiu os critérios de Edginton & Klew (1971).

Análise de dados
As diferenças de ação inibitória de difenoconazol e flutriafol sobre o
desenvolvimento de A. alternata foram inferidas por análises de variância – ANOVA em
fatorial 2x6 (2 produtos x 6 doses) das médias de DCM e PIC. Nas análises
significativamente diferentes (p ≤ 0,05), as médias foram comparadas pelo teste Scott
knott a 5 % de probabilidade, utilizando software Sisvar v5.6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após 48 h, as doses 2, 4, 6 e 8 de ambos os produtos proporcionaram inibição no
diâmetro de crescimento micelial - DCM de A. alternata (Figura 1 A eB). No tratamento
controle houve um DCM de 2,16 cm contra um DCM nulo dos tratamentos com
químicos. Reuveni & Sheglov (2002) avaliaram os efeitos inibitórios de difenoconazol
sobre o crescimento micelial de Alternaria alternata e evidenciaram uma inibição
significativa no DCM após 48 h, utilizando a dosagem recomendada pelo produto.
Nesse trabalho, observamos valores de inibição significativos do DCM utilizando
a partir da dose 10, equivalente a 0,39% da dosagem recomendada pelo Ministério de
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Iacomi-Vasilescu et al. (2004)
comprovam a capacidade inibitória de difenoconazol e flutriafol sobre o desenvolvimento
do DCM de espécies de Alternaria, incluindo A. alternata.

Figura 1. Crescimento micelial de A. alternata influenciado pelas dosagens de difenoconazol (A) e flutriafol
(B) ao longo de 10 dias de avaliações.

Difenoconazol e flutriafol, compostos do grupo dos triazóis, apresentam,


respectivamente, alta e moderada fungitoxicidade sobre Alternaria alternata. Os
resultados alcançados em nosso estudo demonstram níveis elevados de controle no
desenvolvimento micelial de A. alternata com ambos os produtos, mesmo com a redução

184
progressiva das dosagens, partindo da dose recomendada até a representação de 0,39%
(dose 10).
A utilização de difenoconazol proporcionou uma porcentagem de inibição de
crescimento micelial- PIC de 92,72 e 80,25 % nas doses 2 e 10, respectivamente. Com
flutriafol, houve 92,73 e 28,40 %, nas doses 2 e 10, respectivamente (Tabela1).
Rosenzweig et al. (2019) evidenciam o potencial inibitório do grupo triazol em espécies
de Alternaria a partir de testes utilizando apenas a dosagem recomendada pelos produtos
comerciais.

CONCLUSÕES
Difenoconazol e flutriafol, compostos do grupo dos triazóis, apresentam, ação
inibitória sobre o desenvolvimento de A. alternata, bem como proporcionam alta
porcentagem de inibição de A. alternata in vitro, mesmo em doses abaixo da
regulamentação estabelecida para o controle desse patógeno.

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186
REXP06 - ANÁLISE DA EXTRAÇÃO DO
DNA DE AMOSTRAS DE FUNGOS
UTILIZANDO TRÊS DIFERENTES
PROTOCOLOS EM UMA AULA
PRÁTICA DO ENSINO SUPERIOR
Janaina Dias Ferreira1; Matheus de Jesus Sá Silva1; José Fredson da Silva Alves
dos Prazeres1; Ana Paula Borges da Silva1& Marcela Alves Barbosa1
1
Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos, UFPE. Centro de Biociências,
Departamento de Micologia, UFPE.
Autor para correspondência: janainaf2305@gmail.com

INTRODUÇÃO
Os fungos fazem parte de um reino extremamente diverso, o reino Fungi. Eles
estão presentes no solo, no ar, na água, causando doenças em animais, nas plantas e nos
seres humanos, vivendo em associação simbiótica com as raízes de vegetais ou com as
algas, além de habitarem os lugares mais inóspitos do planeta e serem capazes de tolerar
baixas e altas temperaturas (RICHARDS et al., 2017; STAJICH, 2017).
Devido a sua diversidade, existem muitas espécies de fungos ainda para serem
descritas e descobertas. A sua identificação está fundamentada, principalmente nas
características morfológicas, e até hoje são muito usadas. Porém essas características não
são suficientes para a delimitação de um táxon. Atualmente, tem sido empregada a
abordagem integrativa que utiliza a ecologia, fisiologia e bioquímica, aliadas a
genealogia, biológica, fenotípica e outras abordagens para delimitação de espécies
(LÜCKING et al., 2020).
Apesar de ser relatado o uso das técnicas moleculares para a identificação de
fungos em muitos estudos de taxonomia, ecologia, diversidade e outros, existem alguns
problemas relacionados com a aplicação dessas técnicas, e grande parte estão na extração
do DNA (DEMEKE & JENKINS, 2010). Estas etapas necessitam do cuidado para não
contaminar o DNA com RNA, lipídios, proteínas, polifenóis e polissicarídeos, que são
pré-requisitos importantes a fim de obter uma extração de DNA puro e de boa qualidade
para qualquer análise molecular (ABDEL-LATIF & OSMAN, 2017).
Os protocolos abordados neste estudo são usados com rotina no Laboratório de
Biologia Molecular, do Departamento de Micologia, da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). São métodos tradicionais de extração de DNA derivados do
protocolo descrito por Doyle & Doyle (1990) com adaptações, que utilizam brometo de
cetiltrimetilamônio (CTAB).

OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi avaliar três diferentes protocolos para a extração de
DNA a partir da cultura de fungos filamentosos e levedura liofilizada, a fim de auxiliar
nos estudos taxonômicos, ecológicos e diversidade de fungos para estudantes de
graduação e pós-graduação.

METODOLOGIA
Durante a realização de uma aula prática em biologia molecular, no departamento
de micologia da UFPE em 2020, foram testados três diferentes protocolos de extração de

187
DNA e utilizadas 12 amostras de fungos, descritos na Tabela 1. A biomassa micelial foi
colocada em meio sólido ágar suco de tomate [(ágar V8) 150 ml de suco de tomate
industrializado, 20g de ágar, 1 ml de antibiótico, pH 6.2, volume para 1 L]. Com um
auxílio de uma alça de platina, o material foi transferido para tubos de extração. Para a
extração dos fungos filamentosos foi adicionado aproximadamente 0,5 g do micélio e
para a extração da da levedura liofilizada (Saccharomyces cerevisiae) cerca de 0,2 g foi
adicionada nos tubos.
Os produtos resultantes da extração de DNA foram analisados em gel de agarose
a 1%, preparado em tampão 1X Tris-Ácido acético-EDTA (TAE). A eletroforese foi
conduzida a 100 V, 500 mA por 30 minutos em solução TAE 1X. Os géis foram
analisados e fotografados em transiluminador de luz UV.
A quantificação do DNA foi realizada em espectrofotômetro (NanoDrop) no
Laboratório de Genética de Microrganismos pertencente ao Departamento de Genética
da UFPE.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos padrões de bandas visualizados no gel de agarose a 1% em tampão
1X (TAE), foi possível verificar a eficácia dos métodos de extração por CTAB 2% e
5%. A Figura 1 mostra a resolução das bandas (ver Tabela 1). A Tabela 2, mostra os
valores das concentrações de DNA e as razões verificadas a partir do Nanodrop.

Figura 1. Eletroforese em gel de agarose 1 % em TAE 1x com produto de extração de DNA de fungos
filamentosos (FF) e levedura liofilizada Saccharomyces cerevisiae (SC). M – Marcador de peso molecular
1KB Plus. Amostras 1, 3, 4, 5, 6, e 11 são FF e as amostras 2, 7, 8, 9, 10 e 12 são SC

De acordo com a imagem do gel é possível visualizar que as bandas 1, 2, 3, 4, 6 e


12 apresentaram baixa intensidade, porém pouco ou nenhum resíduo. A banda 7
apresentou alta intensidade, mas muito resíduo, e as bandas 5, 8, 9, 10 e 11 apresentaram
baixa intensidade e muitos resíduos, esse fato que pode estar relacionado à coleta de
proteínas e resto celular agregado com o sobrenadante, uma vez que a extração foi
realizada por alunos com e sem experiência da técnica e que podem ter colocado muito
ou pouco material no tubo para extração de DNA, além disso, a maioria das amostras de
SC apresentaram muito resto celular, a composição do fermento biológico seco pode ter
contribuido para esse resto de material observado, pois sua composição apresenta outros
componentes além das células das leveduras. Berbert et al. (2018) testando um protocolo
de extração de DNA em uma aula prática com alunos, verificaram que as amostras
extraídas a partir do fermento biológico seco (S. cerevisiae) deixaram muito resíduo, o

188
que pode ser indício da composição do fermento e também da falta de experiência dos
alunos.

Tabela 1. Táxons de fungos com os respectivos protocolos de extração de DNA


Amostras Protocolos
1 Aspergillus sp. Liu et al., 2000
2 S. cerevisiae Liu et al., 2000
3 Cladosporium sp. Liu et al., 2000
4 Penicillium sp. Doyle & Doyle, 1990
5 Penicillium sp. Doyle & Doyle, 1990
6 Cladosporium sp. Griffiths et al., 2000
7 S. cerevisiae Liu et al., 2000
8 S. cerevisiae Doyle & Doyle, 1990
9 S. cerevisiae Doyle & Doyle, 1990
10 S. cerevisiae Griffiths et al., 2000
11 Trichoderma sp. Griffiths et al., 2000
12 S. cerevisiae Griffiths et al., 2000

Tabela 2. Concentrações obtidas com o Nanodrop para os extratos de DNA e razões A260/A280 e
A260/A230.
Amostras Razão A260/A280 Razão A260/A230 Concentração ng/µL
1 1,16 2,30 0,8
2 1,35 0,30 18
3 1,13 0,20 20,3
4 1,57 0,62 21,1
5 1,46 1,79 421,9
6 1,68 2,36 144,2
7 2,07* 1,7 594,6
8 1,88* 2,01* 201,1
9 1,39 0,56 29,4
10 1,74 0,81 299,1
11 2,01* 1,67 15,6
12 1,60 1,75 11,5
*DNA puro.

A razão A260/A280 variou de 1,16 a 2,07, valores abaixo de ~1,8 é um indicativo


de contaminação por proteínas, valor maior indica, geralmente, contaminação com fenol
(SAMBROOK et al., 1989; SAMBROOK & RUSSEL, 2001). Para a razão A260/A230
houve uma variação de 0,30 a 2,30, valores abaixo de ~ 2,0 pode indicar a presença de
agentes contaminantes que a absorvem luz a 230 nm, como EDTA, fenol, carboidrato,
glicogênio ou guanidina (NANODROP, 2008).
Foi observado que as amostras 7, 8 e 11 apresentaram um alto grau de pureza para
a razão entre as absorbâncias de A260/A280 nm. Segundo Pasakinskiené &
Pasakinskiené (1999), Brown (2003) e Weising et al. (2005) o padrão esperado para a
relação A260/A280 nm deve ser entre 1,8 - 2,0. Martínez-González et al. (2017) relatam
que conforme a composição de bases do DNA, a leitura da razão A260/A280 nm entre
1,6 e 1,9 é indicativa de DNA de alta pureza. Estes mesmos valores são reforçados por

189
Sambrook et al. (1989) como taxas de absorbâncias ideais entre 1,6 e 1,9 para
A260/A280.
Para a razão entre as absorbâncias A260/A230 nm foi verificado que a amostra 8
apresentou alto grau de pureza. Fang et al. (1992) e Sambrook et al. (1989) relatam que
o valor desejado para a relação A260/A230 deve está entre 2,0 e 2,2. Valores inferiores a
1,8 sugerem contaminação da amostra com sais, polissacarídeos e fenol (STEFFAN et
al., 1988; GLASEL, 1995; MANCHESTER, 1996).
Com base nos resultados analisados, os três protocolos apresentaram eficácia,
embora o protocolo de Griffihts et al. (2000) mostrou um resultado melhor. As amostras
7 e 8 extraídas com os protocolos de Liu et al. (2000) e Doyle & Doyle (1990),
respectivamente, apresentaram DNA puro. Os resultados obtidos neste estudo mostram
pureza do DNA para as amostras 6, 7, 8, 10, 11 e 12 na razão A260/A280 nm, ou seja,
metade das extrações apresentaram um nível aceitável de pureza, pode-se considerar uma
boa proporção, uma vez que as extrações foram realizadas por alunos com e sem prática
da técnica de extração.

CONCLUSÕES
O método de extração de Griffiths et al. (2000) mostrou o melhor resultado a partir
da quantificação no Nanodrop pela razão A260/A280; o método de Liu et al. (2000)
apresentou bandas íntegras por eletroforese em gel de agarose e o método de Doyle &
Doyle (1990) deixou muitos resíduos. É interessante que seja avaliado o grau de pureza
do DNA pela razão A260/A280, assim como, observar a sua integridade por eletroforese
em gel de agarose. Sendo assim, os três protocolos mostraram-se eficazes para as
amostras de fungos testadas.
Com base nesses dados é necessário analisar o método antes de extrair as
amostras, ver os componentes e sua funcionalidade a fim de obter um alto grau de pureza
do DNA, RNA ou proteína.

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191
REXP07 - SELOS POSTAIS NO ENSINO
DE MICOLOGIA
Jorge Luiz Fortuna1
1
Projeto Fungus Extremus, Laboratório de Biologia dos Fungos, Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas BA.
Autor para correspondência: magoofortuna@gmail.com

INTRODUÇÃO
Fungos são encontrados em diversos ambientes, sendo seres vivos heterotróficos
uni ou multicelulares que apresentam grande variação morfológica. São seres vivos
importantes ao ecossistema, principalmente na reciclagem da matéria orgânica na
natureza, mantendo o equilíbrio ecológico.
Filatelia é um termo formado etimologicamente por duas palavras gregas, phylos
(amigo, ou que ama) e telia (taxa), sendo o estudo e/ou hábito de colecionar selos postais,
prática bastante difundida mundialmente (López-Diaz & Gómez, 2020; Zagkotas &
Niaoustasb, 2020). O termo filatelia foi cunhado pela primeira vez em 1864 na revista
“Le Collectioneur de Timbres-Poste” (Penereiro & Ferreira, 2011). Já o termo selo
origina-se do latim sigillum ou sigillu, com diversos significados, tais como: sinal, sinete,
chancela, selo, marca, estampilha, cunho, carimbo, distintivo, imagem pequena, símbolo,
emblema, etc. (Costa, 2018; Ferreira, 2018; Penereiro & Ferreira, 2019).
Para Penereiro & Ferreira (2011); Turienzo (2018); Salazar & Turienzo (2018), a
filatelia pode ser um poderoso meio de divulgação científica para sensibilizar a sociedade
sobre a importância da pesquisa científica e, ao mesmo tempo, como recurso didático,
apresentando múltiplas vantagens, além de ser inédito para os estudantes. Sendo assim, a
filatelia representa um importante meio de divulgação cultural e científica (Welker,
2010), aliada ao fato de poder representar um importante recurso didático em diferentes
níveis de ensino (Zagkotas & Niaoustas, 2019), por exemplo, ensino de certas ciências
como a Biologia (Calver et al., 2011), ou então um tema específico dessa ciência, como
a Micologia (Coetzee, 1993).
Segundo Langhi & Nardi (2009), a filatelia pode ser utilizada como um elemento
para “educação informal”, pois não possui intencionalidade e tampouco é
institucionalizada, uma vez que é decorrente de momentos não organizados e espontâneos
do dia-a-dia. Raramente utiliza-se os selos no ambiente acadêmico. Entretanto, tais
elementos representam uma importante contribuição, já que apresentam uma riqueza de
detalhes em suas estampas, além do seu estimado valor cultural. Portanto, o uso dos selos
no ensino-aprendizagem e na pesquisa pode favorecer o estreitamento entre as ciências
(Penereiro & Ferreira, 2019).

OBJETIVOS
Este trabalho teve como objetivo demonstrar o potencial dos selos postais que
apresentam imagens e/ou temas fúngicos para o uso didático nos ensinos fundamental,
médio e superior no estudo da Micologia.

METODOLOGIA
Utilizou-se o “Catálogo de Selos do Brasil RHM” (Meyer & Meyer, 2020),
principal obra de referência filatélica do país. Foram analisados os selos postais emitidos
pela Empresa de Correios e Telégrafos do Brasil (ECT) durante o período de 1900 a
2019. Após a análise foram selecionados os selos que apresentavam estampas com

192
fungos. Além do catálogo foi realizado uma pesquisa na internet em busca de imagens
de selos postais de diversos países com a temática funga.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Desde o ano de 1900 até 2019, o Brasil emitiu apenas dez selos com estampas de
fungos, distribuídos em três diferentes séries: três selos da série Fungos, lançados em 22
de outubro de 1984; um selo da série Estação Ecológica do Taim-RS, lançado em 12 de
outubro de 1995, e seis selos da série Diversidade de Fungos, lançados em 05 de junho
de 2019, em homenagem ao Dia do Meio Ambiente (Figura 1). Apesar desta ínfima
quantidade de selos brasileiros com o tema fungos e/ou cogumelos, o/a professor/a pode
utilizar diferentes imagens de selos com figuras, desenhos e fotos de selos a partir da
pesquisa de busca de selos realizada pela internet.
Também foram descritas algumas formas de utilização dos selos com a temática
funga no ensino, ratificando que selos com figuras de fungos podem e devem ser usados
no ensino de Micologia, tanto no ensino fundamental e médio, quanto no ensino superior
(Penereiro et al., 2015; Da-Silva & Coelho, 2016; Pantarotto, 2018; Penereiro & Ferreira,
2018; Salcedo & Bezerra, 2018; Turienzo, 2018; Zagkotas & Niaoustas, 2019, Ribeiro
Jr., 2020).
O uso de selos pode ser uma ajuda didática útil em quase todas as
matérias/disciplinas/áreas em todos os níveis educacionais. Cada selo pode levar a um
pequeno projeto de ensino-aprendizagem onde estudantes podem processar um conceito
ou conteúdo de forma interdisciplinar (Zagkotas & Niaoustas, 2019).

Figura 1. Selos brasileiros com imagens de fungos (Fotos: Coleção pessoal do autor).

193
Diversas outras imagens de selos com a temática fúngica (ou cogumelo) podem
ser encontradas fazendo pesquisas (buscas) de imagens pela internet. Os selos com
estampas de fungos podem ser usados no ensino de Micologia, tanto nos ensinos
fundamental e médio, quanto no ensino superior. Várias estratégias podem ser utilizadas
para despertar o interesse dos(as) discentes sobre os fungos a partir dos selos, tais como:
estudo da espécie; taxonomia e filogenia; relações ecológicas; origem dos conceitos e
conteúdos; preservação ambiental; etnomicologia; e relação com outras áreas.
Aumentando, assim, a curiosidade e, consequentemente, o interesse sobre o tema da
funga, levando os(as) discentes ao maior conhecimento sobre os fungos de uma forma
lúdica, significativa e inovadora.
Os aspectos visuais contidos nos selos podem despertar a curiosidade e o interesse
do estudante e, consequentemente, ampliar o seu conhecimento. Por meio desse material
filatélico é possível instigar o(a) estudante a descobrir a origem de um determinado
conteúdo, tornando a aprendizagem não apenas significativa, mas também motivadora
(Fortuna, 2021). Por ser um material didático não convencional e de fácil manuseio, é
possível utilizar o selo como opção para o ensino-aprendizagem, auxiliando docentes que
desejam estimular seus estudantes a apreciar, analisar e estudar as imagens neles contidas
(Penereiro & Ferreira, 2018).
Alguns selos trazem informações microscópicas, tais como: himênio; reprodução
sexuada e assexuada; formato de esporos. Além disso, é possível observar como existem
diversos formatos e cores que os diferentes grupos de fungos podem se apresentar (Figura
2).

Figura 2. Exemplos de selos estrangeiros com diferentes imagens de fungos (Fotos: Coleção pessoal do
autor).

CONCLUSÕES
Os selos podem e devem ser usados como instrumentos de divulgação científica e
nos processos de ensino-aprendizagem, tanto no ensino fundamental, médio e superior.
Assim sendo, o uso de selos no ensino-aprendizagem pode aguçar a aptidão pelo estudo
e pela construção de seu próprio conhecimento, de seu pensamento crítico e estimular sua
criatividade e curiosidade.

194
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PENEREIRO, J. C.; FERREIRA, D. H. L.; MESCHIATTI, M. C. O meio ambiente
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RIBEIRO JR., G. A. Porque colecionar? ABRAFITE (Associação Brasileira de
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SALAZAR, L. V.; TURIENZO, P. Filatelia mundial de peces como recurso didáctico
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SALCEDO, D. A.; BEZERRA, V. C. A. A gênese do repositório filatélico brasileiro:
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Estudos – Periódicos UFPB, v. 28, n. 3, p. 69-80, 2018.
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ZAGKOTAS, V.; NIAOUSTASB, G. Philately as a teaching aid through the
implementation of a small-scale project in a Greek primary school. International Journal
of Primary, Elementary and Early Years Education (Education 3-13), v. 48, n. 1, p. 12-
21, 2020.

196
PREMIAÇÃO
197
MENÇÃO HONROSA Resumos Simples
EIXO AUTOR TÍTULO
Larissa Trierveiler- FANC NA CABEÇA: ESPORULANDO CONHECIMENTO SOBRE
Pereira OS FUNGOS ALIMENTÍCIOS NÃO CONVENCIONAIS
DIVULGAÇÃO E
POPULARIZAÇÃO DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E PRODUÇÃO DE PÔSTERES E
DA MICOLOGIA Poliana Gonçalves
MODELOS DIDÁTICOS NO ÂMBITO DO COMPONENTE
Guimarães1
BIOLOGIA DOS FUNGOS
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA DISTRIBUIÇÃO
Ailton Matheus
GEOGRÁFICA De Dacryopinax Maxidorii Lowy (Fungi:
Avelino De Oliveira
Basidiomycota)
ECOLOGIA DE
FUNGOS AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DE TRÊS
Milena Vieira De
ESPÉCIES BRASILEIRAS DE FUNGOS FALOIDES
Miranda
(PHALLALES, BASIDIOMYCOTA)

José Fredson Da A GAMIFICAÇÃO EM AULAS REMOTAS NA DISCIPLINA DE


Silva Alves Dos ECOLOGIA DE FUNGOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
Prazeres PERNAMBUCO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
ENSINO DE
MICOLOGIA
PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
Thiago Correia Da
DIGITAL “Joana, Rafael E Os Amigos Invisíveis” PARA O ENSINO
Silva
E POPULARIZAÇÃO DOS HIFOMICETOS DE FOLHEDO

Maria Clara de GENÓTIPOS DE PALMA FORRAGEIRA E TIPOS DE ÁGUA


Macedo Neves AFETAM A ESPORULAÇÃO E COLONIZAÇÃO MICORRÍZICA?
FUNGOS NA
AGRICULTURA
DENSIDADE DE Fusarium sp. EM SOLOS DE POLICULTIVOS
Thiago Vitor da Silva
AGROECOLÓGICOS DO SERTÃO DO PAJEÚ - PE

PRODUÇÃO DE BIOMASSA POR Penicillium Sclerotiorum UCP


FUNGOS NA Thayná Rhomana Da
1631 E APLICAÇÃO NA DESCOLORAÇÃO DE CORANTE
BIOTECNOLOGIA Silva Cândido
VERMELHO REMAZOL

Mayara Bárbara Da ANÁLISE CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICA DE CASOS DE


MICOLOGIA E Silva ESPOROTRICOSE HUMANA EM PERNAMBUCO
SAÚDE
Roberta Laine De SCREENING DA MICROBIOTA FÚNGICA DE Tropidurus sp. EM
Souza AMBIENTE SILVESTRE NO PIAUÍ

PRIMEIRA OCORRÊNCIA DE Diaporthe Pseudomangiferae R.R.


TAXONOMIA DE Elaine Cristina Da
GOMES, GLIENKE & CROUS (DIAPORTHALES,
FUNGOS Silva Muniz
ASCOMYCOTA) NO BRASIL

Phlebopus Beniensis (SINGER & DIGILO) HEINEM. &


RAMMELOO (BOLETINELLACEAE, BASIDIOMYCOTA,
ETNOMICOLOGIA Amanda Prado-Elias
FUNGI): PRIMEIRO REGISTRO PARA SÃO PAULO (BRASIL) E
NOTAS ETNOMICOLÓGICAS

198
MENÇÃO HONROSA Prêmio Jovem
Micologista Maria Auxiliadora De Queiroz
Cavalcanti
CATEGORIA AUTOR TÍTULO
Nathalia U, Ferretti- O FUNGO ECTOPARASITA Mattirolella silvestrii S. COLLA NO
Cisneros BRASIL
Graduação POPULARIZAÇÃO DOS FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS
Julie Erica Da
NO BRASIL: DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ROMPENDO AS
Rocha Alves
BARREIRAS DA PANDEMIA.
REVELANDO A MICOBIOTA DA ESCURIDÃO: FUNGOS
Vitória Cristina
ANEMÓFILOS DA CAVERNA ABRIGO DO LETREIRO NA
Santiago Alves
Pós-Graduação CAATINGA
Igor Alexsander De COMPORTAMENTO MICELIAL DE CURVULARIA
Melo Pimentel ERAGROSTIDIS SOB A AÇÃO DE LEVEDURA DO INHAME

199
GANHADORES Prêmio Jovem Micologista
Maria Auxiliadora De Queiroz Cavalcanti
• GRADUAÇÃO
SELEÇÃO DE ÁREAS PARA CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES COM POUCOS
REGISTROS DE OCORRÊNCIA DA ORDEM POLYPORALES
Ailton Matheus Avelino de Oliveira

• PÓS-GRADUAÇÃO
UTILIZAÇÃO DE BIOMASSA FÚNGICA OLEAGINOSA COMO MATÉRIA-
PRIMA PARA A PRODUÇÃO DE ÉSTERES ETÍLICOS: OTIMIZAÇÃO DAS
CONDIÇÕES REACIONAIS POR PLANEJAMENTO FATORIAL
Ana Karine Furtado De Carvalho

200
CONCURSO FOTOGRÁFICO

I CONCURSO FOTOGRÁFICO E ILUSTRÇÃO DA SEMANA


MICOLOGICA

Com muito prazer que a comissão organizadora da Semana Micológica, tornou


público durante a realização da semana micológica, o primeiro Concurso Fotográfico e
Ilustração da Semana Micológica 2021. Sendo todas as fotografias e ilustrações
submetidas avaliadas por uma comissão formada por fotógrafos, ilustradores e biólogos,
onde observaram os termos e regras listados no edital do presente concurso.
Ao todo foram submetidas 11 imagens autorais e inéditas, sendo sete fotografias
e quatro ilustrações. Junto a cada imagem submetida também foi apresentado por parte
do autor um título e descrição, observando a sua originalidade e conexão com o tema a
seguir.

Tema do concurso: “A beleza majestosa de uma Funga diversificada”

Contextualização do tema: Assim como a semana micológica, o objetivo desta chamada


foi de criar conexões de diálogos através da divulgação científica por meio da expressão
artística. Onde, o fungo assume o papel central da produção, mostrando todo o seu poder
de protagonista e a sua diversidade. Apresentando as diferentes formas, padrões,
tamanhos e cores, e em especial, observando a realidade que pode ser um reflexo direto
do real ou do imaginário. Podendo ser abordado em espaços naturais, urbanos ou através
da expressão artística.

Com isso convidamos você a conhecer os finalistas de cada categoria nas páginas a seguir.

201
CATEGORIA: Fotografia

AMANDA PRADO (1o lugar)

AMANDA PRADO (2o lugar)

202
JOSÉ FREDSON (3o lugar)

MÁRCIA BOTON (3o lugar)

203
CATEGORIA: Ilustração

THIAGO CORREIA (1o lugar)

THIAGO CORREIA (2o lugar)

204
FRANCIELDO QUEIROZ (3o lugar)

205
AGRADECIMENTOS

As comissões organizadoras do IV SIMS, VI EPEM e II FUNGMA agradecem


imensamente a todos os participantes, monitores, coordenadores de mesa, professores de
minicursos, palestrantes e apoiadores que cederam tempo ou recursos para enriquecer a
Semana Micológica. Graças a dedicação e comprometimento de todos os envolvidos foi
possível compartilhar momentos únicos de troca de saberes e experiências, fortalecendo
a micologia nacional, sobretudo do Nordeste. Desejamos a todos um 2022 repleto de
realizações e esperamos que esse encontro se repita em breve.

Atenciosamente
Comissões Organizadoras do IV SIMS, VI EPEM e II FUNGMA

206

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