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AMAZÔNIA
olhares sobre o território e a região
Macapá, 2017
Conselho Editorial
Ana Paula Cinta Luis Henrique Rambo
Artemis Socorro do N. Rodrigues Marcus André de Souza Cardoso da Silva
César Augusto Mathias de Alencas Maria de Fátima Garcia dos Santos
Cláudia Maria do Socorro C. F. Chelala Patrícia Helena Turola Takamatsu
Daize Fernanda Wagner Silva Patrícia Rocha Chaves
Elinaldo da Conceição dos Santos Robson Antonio Tavares Costa
Elizabeth Machado Barbosa Rosilene de Oliveira Furtado
Elza Caroline Alves Muller Simone de Almeida Delphim Leal
Jacks de Mello Andrade Junior Tiago Luedy Silva
José Walter Cárdenas Sotil
Inclui bibliograia
ISBN: 978-85-518-0542-8
SOBRE OS AUTORES 7
INTRODUÇÃO – AMAZÔNIA: OLHARES SOBRE O TERRITÓRIO E A REGIÃO 15
Jodival Mauricio da Costa
1. SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E POLÍTICAS DE ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS NA AMAZÔNIA 21
Jodival Mauricio da Costa e Lúcio Cunha
2. ORGANISMOS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS: AVANÇOS E CONTRADIÇÕES 43
Pedro Roberto Jacobi
3. POLÍTICAS DE ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
NAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS 71
Neli Aparecida de Mello-Théry e Vincent Dubreuil
4. GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS NA BACIA AMAZÔNICA 113
Fernanda Mello Sant’Anna
5. MALÁRIA NAS FRONTEIRAS INTERNACIONAIS DA AMAZÔNIA 151
Paulo Cesar Peiter, Vivian da Cruz Franco e Martha Suárez Mutis
6. PAISAGISMO ECOLÓGICO E PLANEJAMENTO DA PAISAGEM
EM AMBIENTE URBANO AMAZÔNICO 179
José Marcelo Martins Medeiros, Géssica Nogueira e Mariana Martins Medeiros
7. UMA REGIÃO EM QUESTÃO: A AMAZÔNIA NAS LENTES DA ESCOLA
USPIANA DE GEOGRAFIA 199
Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior
8. MANEJO DE MUNDOS E GERENCIAMENTO COSTEIRO NA AMAZÔNIA:
REFLEXÕES A PARTIR DE UM DIÁLOGO ENTRE
ETNOOCEANOGRAFIA E ETNODESENVOLVIMENTO 257
Gustavo Goulart Moreira Moura
9. O DIREITO NA CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DOS POVOS
E COMUNIDADES TRADICIONAIS: AS CHAMADAS QUEBRADEIRAS
DE COCO BABAÇU 297
Joaquim Shiraishi Neto e Luane Lemos
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INTRODUÇÃO
Criar políticas de mitigação, adaptação, monitorização e controle das
alterações climáticas2 deve ser uma prioridade dos Estados em escala
global, por meio dos acordos multilaterais. Como os efeitos da emis-
são de gases de efeito estufa não possuem fronteiras, ou seja, não obe-
decem aos acordos de linearidade terrestre estabelecidos entre os Es-
tados, essa questão passa a ser tratada como um problema comum
a todos os países, embora, como discutido nos espaços de negocia-
ção internacional, incluindo o documento Acordo de Paris, com res-
ponsabilidade diferenciada, com transparência na monitorização das
práticas de todos os países e com respeito pelos direitos humanos
(TELES et al., 2016).
Estados líderes em ações de combate às alterações climáticas, tais
como os relatados e analisados por Giddens (2010), Grã-Bretanha,
Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia, dentre outros, estão criando
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INTRODUÇÃO
Abordam-se neste texto os alcances das práticas participativas na go-
vernança da água nos organismos de bacias-comitês e consórcios,
que apesar de controversos, apontam, a partir da manifestação do co-
letivo, para uma nova qualidade de cidadania – que institui o cidadão
como criador de direitos para abrir novos espaços de participação so-
ciopolítica – e para os aspectos que coniguram as barreiras que pre-
cisam ser superadas para aperfeiçoar iniciativas que articulam eicaz-
mente a complexidade com a práticas democratizantes.
A relexão está centrada nos impactos das práticas participativas
na gestão, apesar de controversas, apontam para uma nova qualidade
de cidadania, que abre novos espaços de participação sociopolítica e
inluencia qualitativamente na transformação do estado atual da go-
vernança da água no Brasil.
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1. Dados elaborados a partir da pesquisa Marca D’Agua realizada em 2004 por equipe multi-institu-
cional sobre Gestão das aguas no Brasil atraves dos organismos de bacias. Foram estudados 18 organis-
mos de bacias e entrevistados 626 membros de comitês e consórcios.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Gestão das Aguas: análise preliminar do survey Marca D’Agua. Trabalho
apresentado no XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. ABRH, São
Paulo, 2007.
DOUROJEANI, A. e JOURALEV, A. Evolución de Políticas Hídricas en Amé-
rica Latina y Caribe. In: Serie Recursos Naturales e Infraestructura – nº51.
CEPAL, Santiago do Chile, 2002.
FRANK, B. e SCHULT, S. A complexidade da gestão de recursos hídricos e a ex-
periência proissional dos membros de organismos de bacia hidrográica:
uma análise com base na pesquisa Marca D’Agua. Trabalho apresentado
no XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. ABRH, São Paulo, 2007.
GIDDENS, A. Consequências da Modernidade. São Paulo: UNESP Edito-
ra, 1992.
GLASSER, H. Minding the gap- the role of social learning in linking our sta-
ted desire for a more sustainable world to our everyday actions and poli-
cies. In: WALS, A. Social Learning- towards a sustainable world. Wagenin-
gen Academic Publishers, Wageningen, Holland, 2007.
GUIVANT, J. e JACOBI, P.R. Da hidrotécnica à hidro-política: novos rumos
para a regulação e gestão dos riscos ambientais no Brasil. In: Cadernos
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INTRODUÇÃO
Muitos países e blocos geopolíticos têm incentivado e promovido o
surgimento de políticas de adaptação às mudanças climáticas. Não
foi um movimento espontâneo, mas originado a partir do quinto re-
latório do IPCC quando o foco das ações se alterou, de mitigação para
adaptação. Seria esta alteração um melhor caminho, aquele capaz de
promover um maior envolvimento político, cientíico e social?
Para melhor compreender os caminhos adotados no país e desta-
car a situação brasileira quanto aos cenários climáticos, suas relações
e impactos na agricultura e a percepção pelos produtores locais, ana-
liso um retrato do clima e os cenários futuros de mudanças como um
dos grandes desaios contemporâneos como ponto de partida, desta-
cando as interações do clima com a agricultura dentro dos cenários
previstos, em escala nacional.
Um segundo item trata de apreciar as políticas e os processos de
adaptação da agricultura à tais mudanças, dando um zoom em ter-
ritórios amazônicos, especialmente no Mato Grosso, ressaltando os
prováveis deslocamentos dos produtos, ainda que sejam cenários de
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INTERAÇÕES CLIMA-AGRICULTURA
Dentre os cenários previstos, são signiicativos para o Mato Grosso
o que está previsto para a Amazônia no IPCC WGII AR5 - aumentos
na temperatura, no uso de terras cultiváveis e nas condições do ha-
bitat para vetores de doenças; há reduções na cobertura vegetal e
variabilidade para os indicadores de precipitação e vazão dos rios –
e para o Sudeste sul-americano – aumentos na temperatura, preci-
pitação, vazão dos rios, no uso de terras cultiváveis e nas condições
do habitat de vetores de doenças e, sobretudo, reduções na cobertu-
ra lorestal.
As interações entre clima e agricultura foram destacadas no capí-
tulo 27 do IPCC WGII AR5 que aponta não haver, ainda, uma queda
na produção agrícola em decorrência das mudanças observadas, mas
os autores brasileiros participantes do Painel reforçam que os riscos
apresentados no estudo estão relacionados à agua, devendo os preços
das commodities reletir a escassez da água.
Para o Banco Mundial, no estudo de caso de Baixo Carbono para
o Brasil considera que poderá haver uma expansão em até 50% da
área atual com recuperação de pastagens, sem necessidade de des-
matamento, ao mesmo tempo em que se resolve boa parte da recu-
peração do passivo ambiental. Em termos de transição para uma
agricultura “ecológica”, o Banco Mundial aponta algumas ações
públicas engajadas recentemente como a redução do uso de agro-
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5. Consideram-se varietais os vinhos que contém mais de 85% de uma uva principal. Exemplo de uvas
usadas em varietais: Cabernet Sauvignon, Merlot, Tempranillo, Chardonnay, etc.
6. Http://www.agricultura.gov.br. Acesso em 16/09/2013.
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7. http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/projecoes%20-%20versao%20atualizada.pdf ). Acesso
em 16/09/2013.
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Tabela – Comportamento de diversas culturas agrícolas nacionais frente ao aumento progressivo da temperatura
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10. Comunicação pessoal em entrevista com Rodrigo Pasqualli, coordenador de pesquisa da Funda-
ção, em Lucas do Rio Verde, janeiro de 2014. A Fundação Rio Verde tem como missão “ser um centro
de excelência em geração e difusão tecnológica para proissionalizar a região e promover o desenvol-
vimento sustentável e ambientalmente correto”. Originada como uma Fundação de apoio à pesquisa
e desenvolvimento integrado Rio Verde, com o objetivo de criar e validar tecnologias para promover
o desenvolvimento sustentável da atividade agrícola em 1992, mas por problemas deixou de funcionar
entre 1994 e 1997. Depois desta data se reestruturam e a partir do ano 2000 consolidou um corpo técni-
co para trabalhos de pesquisa e desenvolvimento agrícola.
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Figura 2
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12. A origem do movimento é atribuída a 8 estudantes que queriam uma escolta de honra, gaúcha, tí-
pica para acompanhar os restos mortais de um herói da Guerra dos Farrapos, a caminhada entre o Co-
légio Júlio de Castilhos e o centro de Porto Alegre. Atualmente há centros em 17 dos estados brasileiros
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e também no exterior e dispõem de uma presidência nacional. Os CTG movimentam pessoas e re-
cursos e têm áreas esportivas, recreativas, sociais e campeiras. Envolvem mais de 1 milhão de pessoas
apenas no aspecto artístico (dançarinos de roupas típicas, participantes de fandangos, pessoas com
roupas a caráter). http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2011/04/centro-de-tradicoes-
-gauchas-completa-63-anos-de-idade.html
13. Dados obtidos no site http://culturanativa.no.comunidades.net/index.php?pagina=1383430976
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CONCLUSÕES
Os cenários das mudanças climáticas globais e suas repercussões são
condicionantes para a elaboração de políticas públicas em escala na-
cional. Entrelaçam-se as escalas internacionais, europeias, nacionais
e locais. Contudo, a concretização das mesmas depende de informa-
ções e estudos mais detalhados e aprofundados, adequados à esca-
la local.
Mas, há poucas estações meteorológicas (sequer forma uma ma-
lha) e os dados não permitem precisão. No Mato Grosso as pesquisas
de cultivares adaptadas e a pressão dos produtores para este im são
ainda incipientes, visto que os mesmos não reconhecem a variação
climática, tendo somente impressões sobre a variabilidade das preci-
pitações. Todos dizem que o clima estável é a grande vantagem.
No entanto, pesquisadores da Embrapa airmam que todas as cul-
turas perderão em torno de 15% sendo a soja a mais afetada e que há
necessidade de rápidos avanços (bio)tecnológicas. Para que os pro-
dutores se adaptem e possam manter as condições de sustentabili-
dade de seus sistemas produtivos, dependem de conhecimento es-
pecíico que integre o sistema técnico produtivo às condições locais;
dependem de vontade política que assuma a complexidade da temá-
tica e de meios para adaptar os processos produtivos às variações e às
variabilidades climáticas.
Outros problemas preocupam mais os produtores locais que as mu-
danças climáticas. A logística, seja a infraestrutura rodoviária ou a de
armazenagem na propriedade e nos portos, seja a necessidade de mão
de obra qualiicada seja na organização de formas coletivas de união
dos produtores, é o grande desaio, pois a cada dia há mais tecnologia
no campo, o mercado valoriza e o trabalhador migra de uma fazenda
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Estudos Econômicos. Instituto de Pesquisas Econômicas. São Paulo. v. 24,
p. 157-182. 1994.
ANDEREGG, W. R. L.; GOLDSMITH, G. R. Public interest in climate change
over the past decade and the efects of the ‘climategate’ media event. En-
vironmental Research Letters. 2014.
ARRAUT, J. M.; NOBRE, C.; BARBOSA, H. M. J.; OBREGON, G.; MARENGO, J.
Aerial Rivers and Lakes: Looking at Large-Scale Moisture Transport and
Its Relation to Amazonia and to Subtropical Rainfall in South America.
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ARVOR, D.; DUBREUIL, V.; MENDEZ, P. D.V.; MAGRI, C. F.; MEIRELLES, M.
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<http://conins.revues.org/5934> Acesso em 02.mai.2014.
ARVOR D., DUBREUIL V., RONCHAIL J., MEIRELLES M.S., FUNATSU B. Spa-
tial patterns of rainfall regimes related to levels of double cropping agri-
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SITES
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Disponível em: <http://www.aprosoja.com.br/>. Acesso em: 09.jan.2014.
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CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Na-
turais). Disponível em: <http://www.cemaden.gov.br/>. Acesso em:
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em: <http://faostat.fao.org/>. Acesso em: 08.mar.2013.
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em: <http://www.febrapdp.org.br>. Acesso em: 27.mar.2014.
FUNDAÇÃO MT (Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato
Grosso). Disponível em: <http://www.fundacaomt.com.br>. Acesso em:
07.out.2013.
FUNDAÇÃO RIO VERDE (Fundação de Apoio a Pesquisa e Desenvolvimen-
to Integrado Rio Verde). Disponível em: <http://www.fundacaorioverde.
com.br>. Acesso em: 24.02.2014.
INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Rede Clima. Disponível
em: <http://redeclima.ccst.inpe.br>. Acesso em: 30.jan.2014.
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INTRODUÇÃO
A maioria dos trabalhos sobre a gestão dos recursos hídricos da Bacia
Amazônica centram-se no direito das águas de cada país amazônico
e também no Direito Internacional (tratados internacionais e regio-
nais), e também no desenho institucional da gestão desses recursos
nos países amazônicos. Ainda que sejam estudos muito importantes
para entender a dinâmica institucional da gestão desta Bacia, pou-
cos são os estudos que adentram a hidropolítica de forma mais abran-
gente e também buscam entender a dinâmica espacial. São poucos os
trabalhos sobre o processo político do acesso e uso da água e sua re-
lação com o território, sobre as fronteiras onde os países se encon-
tram e os rios que cruzam esses limites políticos. Muitos são os desa-
ios para a governança e gestão dos recursos hídricos na maior bacia
hidrográica do mundo, a Bacia Amazônica. Se são poucos os estudos
que adentram o território e se embrenham pelos rios e igarapés, para
entender essa hidropolítica, também são poucas e limitadas as infor-
mações e dados sobre os aspectos físico-naturais desta Bacia. Soma-
-se a isso o paradoxo abundância x baixa qualidade da água nesta re-
gião, impactando sua população. Os estudos mais aprofundados em
geral abarcam pequenas áreas da bacia, em geral, regiões mais den-
samente povoadas como as grandes cidades. Os dados sobre o sanea-
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País Norma
Bolívia Lei 1.333, de 27.04.1992
Decreto 24.176, de 08.12.1995
Lei 1.604, de 21.12.1994
Lei2.066, de 11.04.2000
Brasil Lei 9.433, de 08.01.1997
Colômbia Lei 99, de 22.12.1993
Decreto 1.729, de 06.08.2002
Equador Decreto 1.088, de 15.05.2008
Lei 2004-16, de 20.05.2004
Projeto de Lei Orgânica dos Recursos Hídricos, uso e aproveitamento de águas
Guiana Lei de Águas e Esgoto, 2002
Peru Lei 29.338, de 31.03.2009
Venezuela Lei 38.595, de 02.01.2007
Fonte: DOURADO JUNIOR, 2015, adaptado.
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- En el año 2007, los asháninkas del río Tambo (Ucayali) tomaron las ins-
talaciones del campamento base de Repsol YPF. El lote 57 concesionado a
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nosso conceito de bem viver deve ser respeitado como alternativa legíti-
ma de bem-estar em equilíbrio com a natureza – que, na língua Quechua,
chamamos “Sumaq Kawsay/Sumaq Qamaña – e é algo muito distante da-
quilo que a IIRSA quer nos transformar: em territórios de trânsito de mer-
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one of the major platforms against IIRSA has formed among northern
NGOs, spearheaded by the Bank Information Center (BIC). With funding
from the Moore Foundation, BIC has developed a major civil society ini-
tiative called BICECA (Building Informed Civic Engagement for Conser-
vation in the Andes-Amazon). […] he primary outgrowth of this initiative
is the generation of a transnational activist network. BIC hosted a mee-
ting of northern and southern civil society organizations in Lima, Peru in
July 2005, which culminated in the Articulación Frente a IIRSA (Platform
against IIRSA) (PIECK, 2011, p. 188-189).
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14. A UNAMAZ foi criada em 1987 como uma rede de instituições de educação superior, e é deinida
como “uma sociedade civil, não governamental, sem ins lucrativos, que visa objetivos essencialmente
educativos e culturais, mediante cooperação cientíica, tecnologia e cultural como meio de integração
das universidades e instituições dos países amazônicos para o aprofundamento da solidariedade ama-
zônica e como instrumento de promoção para o desenvolvimento em benefício das populações huma-
nas e da ecologia amazônica, sem discriminação de nenhuma índole” (LOURENÇO, 2003, p. 79).
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as the only multilateral inancing mechanism available for long term sus-
tainable development interventions, GEFAM plans to respond to these
shortcomings by looking at reconciling competing resource uses and for-
mulate agreed actions by the Basin’s governments and their communi-
ties in order to resolve shared transboundary concerns. his will include
three central axes, the irst one being geared towards understanding the
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Gerenciamento Integrado e Sustentável dos Recursos Hídricos Transfronteiriços da Bacia do rio Amazonas
considerando a Variabilidade e as Mudanças Climáticas
Componente Subprojeto
I. Entendendo a Socie- I.1. Visão para a Bacia Amazônica
dade Amazônica
I.2. Fortalecimento dos contextos institucional e legal da Bacia Amazônica
II. Compreender a base II.1. Pesquisas focalizadas
dos recursos naturais
da Bacia Amazônica
II.2. Avaliação da vulnerabilidade hidroclimática da Bacia Amazônica
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17. Em outro trabalho trato de dois casos especíicos com maiores detalhes, ver SANT’ANNA, 2013.
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Todas essas obras têm pontos em comum: são propostas sob o estigma
da “segurança energética” em cada um dos países envolvidos nesses pro-
jetos. E todos os projetos são apresentados com a participação direta ou
indireta com empresas e bancos brasileiros. Nos anos recentes, esta di-
mensão tem sido apresentada como projetos de integração energética
elaborados dentro da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Re-
gional Sul-Americana (IIRSA). Os rios amazônicos (Madeira, Tocantins,
Araguaia, Xingu e Tapajós) respondem por cerca de 63% do assim chama-
do “potencial hidrelétrico” não aproveitado no Brasil, ou quase dois ter-
ços desse total, estimado em 243.362 MW (SIPOT/ELB, 2010) (BERMANN,
2012, p. 6).
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INTRODUÇÃO
A Amazônia é uma das regiões de maior biodiversidade e conjunto
contínuo de lorestas tropicais do planeta. Entretanto, a história re-
cente de sua ocupação tem sido marcada por graves problemas so-
ciais e ambientais, tais como o desmatamento, a poluição dos rios, os
conlitos por terras com invasão de terras indígenas com sérias conse-
quências para a saúde das populações autóctones e migrantes (MEI-
RA FILHO, 2004).
A fragilidade da relação sociedade-ambiente na Amazônia coloca
para o Brasil o desaio de criar novas formas de ocupação e desen-
volvimento econômico e social includentes e equitativos. A situação
de saúde da população Amazônica é um excelente indicador desse
processo, pois os problemas de saúde estão intimamente relaciona-
dos com o processo de ocupação e as mudanças na relação ambien-
te-sociedade.
A riqueza da biodiversidade Amazônica se revela na variedade da
lora e da fauna incluindo a grande variedade de espécies de insetos
e microrganismos conhecidos e ainda desconhecidos. Cada mudan-
ça na dinâmica da ocupação e uso do território implica em novas pos-
sibilidades de contato humano com esses insetos, sendo alguns deles
vetores de microrganismos patogênicos, podendo resultar em surtos
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Figura 6. Mudança relativa das incidências parasitárias anuais (IPAs) dos municípios da área de
fronteira brasileira na região Amazônica comparando o ano 2010 com o ano 2003.
Fonte: SIVEP-malária, 2015
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Tabela 2. Diferença dos casos de malária importada nos municípios de estudo entre 2010 e 2015.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos as seguintes instituições e projetos pelo inanciamento
desta pesquisa: Capes pela bolsa da doutoranda, Projeto Guyamazon
III, Projeto PAPES VI (Fiocruz/CNPq), Fundo Global. Agradecemos ao
bolsista PIBIC Rafael dos Santos Pereira pela confecção dos mapas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE BCJ, SUÁREZ-MUTIS MC. A malária no Amazonas. In: IÑI-
GUEZ-ROJAS, LB; TOLEDO, LM (orgs.). Espaço e doença: um olhar sobre
o Amazonas. Atlas de geograia médica. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz;
1998. p. II.2.1-10.
BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL. Secretaria de Progra-
mas Regionais. Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira. Pro-
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INTRODUÇÃO
O planejamento da paisagem nasce junto à necessidade de com-
preender as mudanças que ocorrem no meio natural devido às ações
antrópicas, sendo essas ações possíveis geradoras de danos ambien-
tais. Portanto, no ambiente urbano, cogitar-se o ambiente natural
clássico e estático não parece ser apropriado. O espaço urbano é sin-
gularmente antrópico, apropriado de forma desigual por diferentes
grupos sociais e por atividades ligadas a produção, consumo, comér-
cio, prestação de serviços, circulação, lazer e habitação, fatores funda-
mentais na ocupação do território e na determinação de suas caracte-
rísticas ambientais (SCAGLIUSI e SANTOS, 2011).
Historicamente é possível observar a inluência das águas na dis-
tribuição da população no território Amazônico. As populações tradi-
cionais (ribeirinhos) há séculos residem nas margens de canais e iga-
rapés e por serem extrativistas, utilizam esses recursos como fonte de
água, alimento, transporte e para escoamento de produtos.
Este capítulo discute as novas formas de planejamento de parques
urbanos em margens de rios, voltando-se para a interação social des-
tes espaços com as comunidades carentes, sobretudo nas capitais da
região Norte do Brasil. Na Amazônia, a migração da população rural e
ribeirinha em direção aos maiores núcleos urbanos em busca de me-
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Figura 2: Aningal e belvedere às margens do rio Guamá. Fonte: MACEDO, 2010, p. 78.
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Figura 3: Arranjo geral do parque naturalístico Mangal das Garças. Fonte: MACEDO, 2010, p. 78.
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Figura 6: Moradias dentro da APA da Fazendinha. Fonte: Foto dos autores, 2013.
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Figura 7: Igarapé da Fortaleza com embarcações. Fonte: Foto dos autores, 2013.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões a respeito da sustentabilidade ambiental crescem no
cenário mundial, garantir a sobrevivência de ecossistemas e atender
as demandas do crescimento populacional acelerado e seu consumo
desenfreado tem se mostrado uma equação difícil de equilibrar. No
presente trabalho foram vistos alguns planos e projetos considerados
técnicas ambientalmente responsáveis que intencionam dar um start
no processo de balanceamento desta equação. O paisagismo ecoló-
gico e o planejamento ambiental foram discutidos como meios de
manejo do plano de ação para a área da comunidade do Igarapé da
Fortaleza e endossam projetos de parques ecológicos brasileiros que
dinamizam esses conceitos, valorizando áreas verdes e contemplan-
do a sociedade com infraestrutura de lazer, cultura e esporte, além de
promover a educação ambiental.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABSY, M. Demanda de instrumentos de gestão ambiental, zoneamento am-
biental. Documento desenvolvido na implementação do Projeto Tecnolo-
gias de Gestão Ambiental, RGA, do Programa Nacional do Meio Ambiente
(PNMA). Brasília: Ibama, 1997.
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INTRODUÇÃO
A relevância do espaço amazônico tem sido cada vez mais destacada
nas diversas preocupações de estudos no âmbito da ciência geográi-
ca. Diante disso, faz-se mister veriicar como essa região e suas ques-
tões têm sido tratadas nas diversas interpretações empreendidas por
aquela ciência; interpretações essas que não são necessariamente ex-
cludentes entre si, mas, muitas vezes, complementares. Na presente
relexão1, tem-se em vista uma análise que busca situar a Amazônia
no pensamento geográico brasileiro, tendo como foco de discussão
o conhecimento produzido no interior da Escola Uspiana de Geogra-
ia (EUG)2.
1. Este trabalho sistematiza resultados de investigação dos projetos de pesquisa “O urbano e o regio-
nal na compreensão geográica do espaço amazônico: leituras e abordagens em perspectiva” - desen-
volvido como parte de estágio de pós-doutorado nos anos de 2015 e 2016 no Departamento de Geo-
graia da Faculdade de Filosoia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo
(USP), sob supervisão da Profa. Dra. Sandra Lencioni - e “Um olhar geográico em perspectiva: a Ama-
zônia na abordagem do espaço como instância social” - desenvolvido com bolsa de produtividade de
pesquisa -; ambos sob nossa responsabilidade e inanciados pelo Conselho Nacional de Desenvolvi-
mento Cientíico e Tecnológico (CNPq), entidade do governo brasileiro voltada para o desenvolvimen-
to cientíico e tecnológico.
2. De inluência europeia, essa escola tem como marco de fundação a presença de geógrafos france-
ses na Universidade de São Paulo na época da criação de sua graduação em Geograia em 1934, consi-
derado o primeiro curso dessa natureza no Brasil (SILVA, 2012).
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3. O recorte temporal tem como referência o primeiro e o último trabalho em nível de pós-gradua-
ção defendidos no PPGH-USP, considerando o ano de 2015 como o ano limite para a realização da
pesquisa.
4. Notadamente o Laboratório de Geograia Urbana (LABUR), o Laboratório de Geograia Política e
Planejamento Territorial (LABOPLAN), o Laboratório de Estudos Regionais em Geograia (LERGEO),
o Laboratório de Geograia Política (GEOPO) e o Laboratório de Geograia Agrária (AGRÁRIA), que
abarcam boa parte de subáreas da Geograia Humana, como a Geograia Urbana, a Geograia Regio-
nal, a Geograia Econômica, a Geograia Política, a Geograia do Turismo e a Geograia Agrária.
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5. De acordo com Silva (2012), o desmantelamento do império colonial francês não impediu a pre-
sença dos geógrafos franceses nos novos estados formados em África, Ásia e América Central. Assim, a
Geograia Tropical, utilizada por geógrafos franceses, substituiu em parte a presença daquele país nas
ex-colônias após o processo de descolonização (SILVA, 2012, p. 50).
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6. Em Bordeaux foi criado, por Guy Lasserre, o Centre d’Études de Géographie Tropicale (CEGET)
sobre os auspícios do Centre National de la Recherche Scientiique (CNRS) da França (SILVA, 2012).
7. Conforme Penteado (1963), seu interesse pela abordagem da Geograia Tropical se deu desde o
ano de 1948, mas se tornou ainda maior quando de sua estada em França e em África, em trecho tro-
pical desta.
8. As pesquisas em Geograia Humana elaboradas na USP nesse período parecem enfatizar essa for-
ma de interpretação da Geograia Regional e seus desdobramentos. Penteado (1963, 1966, 1968), admi-
te a inluência da escola francesa em suas análises, como a dos pesquisadores Roger Dion, Louis Papy,
Pierre Defontaines, Pierre Gourou e Pierre Monbeig; e a de ex-alunos deste último, como João Dias da
Silveira, Aroldo de Azevedo, Ary França, Maria Conceição Vicente de Carvalho, Nice Lecocq Muller e
Elina de Oliveira Santos.
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9. Tal postura iniciava, sem dúvida, uma tradição na EUG, pautada na formação humanista e apoiada
em elementos da história, tidos como imprescindíveis para a relexão geográica; e que iriam perma-
necer nos trabalhos elaborados sobre a Amazônia em décadas seguintes. Essa tradição foi responsável
também, posteriormente, por deinir o peril da disciplina no Brasil como uma ciência da sociedade.
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10. Uma das pioneiras nos estudos amazônicos no interior da USP, Iraci Palheta orientou, já na pers-
pectiva da Geograia Crítica, um conjunto de trabalhos principalmente em temas relacionados à ques-
tão agrária na Amazônia. Juntamente com outros professores formados pela mesma escola, passou a
liderar, no interior da USP, um movimento de ruptura com a chamada Geograia tradicional na qual
foi formada.
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Quadro 2 – PPGH-USP: primeiras teses e dissertações sobre a Amazônia na perspectiva da geograia crítica (1983-1994)
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11. Das contribuições de Monbeig (1984), a de “franja pioneira”, como parte de uma “frente de colo-
nização”, parece inspirar muitos geógrafos preocupados em entender a chamada “marcha para oes-
te” no Brasil, ora mais elucidada por condicionantes naturais, ora por elementos históricos e econômi-
cos, como a produção, a mão de obra e o transporte. Trata-se de “uma região instável e incerta, onde
manchas de loresta subsistem às vezes por muito tempo, envolvidas por culturas e pastagens, mes-
mo quando já bem mais distante o solo abriga os primeiros cultivos. É uma fronteira que progride ir-
regularmente e em condições confusas” (MONBEIG, 1984, p. 165). A partir dos pressupostos de Mon-
beig, conforme ressalta Droulers (2006), o conceito geográico de “frente pioneira” foi amplamente
revisto para aplicar-se à Amazônia no momento de sua integração à nação, especialmente por meio
das rodovias: “mesmo que se trate, pela forma, de uma repetição histórica do processo de apropriação
territorial, ela vem acompanhada de novas ideologias de conquista, mais voltada para o crescimento
econômico do que para o desenvolvimento. Além disso, a Amazônia propiciaria uma aceleração do fe-
nômeno” (DROULERS, 2006, p. 180).
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12. A noção de Amazônia como complexo regional geoeconômico e/ou geopolítico perpassa essas di-
versas análises e contribuições. Nesse caso, busca-se sempre evidenciar o regional diante dos proces-
sos que se manifestam em nível nacional, distanciando-se do entendimento de Amazônia como sen-
do homogênea. Assim, por meio de levantamentos empíricos distintos mostra-se a heterogeneidade
e diversidade de uma região que não é tida apenas como exemplo de localização de processos mais
gerais que ocorrem no Brasil e no mundo, mas como um espaço que revela particularidades e singu-
laridades.
13. No PPGH-USP essa lente de leitura está traduzida especialmente na linha de pesquisa “Território,
Agricultura e Sociedade”, preocupada com diferentes formas territoriais em que se expressa a questão
agrária no Brasil e no mundo, situando-a principalmente no pressuposto do desenvolvimento contra-
ditório e desigual do capitalismo no campo. Abarca temas e discussões como: transformações territo-
riais desencadeadas pelo capitalismo no campo em suas faces industrial e inanceiro-corporativa; pro-
cessos de privatização e produção da natureza; mobilidade do trabalho; subordinação da agricultura
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camponesa e sujeição da renda da terra ao capital; formas de resistência que emergem das contradi-
ções capitalistas no campo; movimentos sociais em suas diferentes manifestações; formas alternati-
vas de territorialização e organização da produção no campo; e mudanças na relação campo-cidade
(PPGH-USP, 2016).
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à primeira vista é o lugar do encontro dos que por diferentes razões são di-
ferentes entre si... Mas o conlito faz com que a fronteira seja essencialmen-
te, a um só tempo, um lugar de descoberta do outro e do desencontro. Não
só o desencontro e o conlito decorrentes das diferentes concepções de vida
e visões de mundo de cada um desses grupos humanos. O desencontro na
fronteira é o desencontro de temporalidades históricas, pois cada um des-
ses grupos está situado diversamente no tempo da História (...). A fronteira
só deixa de existir quando o conlito desaparece, quando os tempos se fun-
dem, quando a alteridade original e mortal dá lugar à alteridade política,
quando o outro se torna a parte antagônica do nós. Quando a História pas-
sa a ser a nossa História, a História da nossa diversidade e pluralidade, e nós
já não somos nós mesmos porque somos antropofagicamente nós e o outro
que devoramos e nos devorou (MARTINS, 1996, p.27).
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14. Elementos da natureza e da ruralidade são ressaltados em vários estudos, chamando a atenção para
a circulação luvial, para a loresta cortada pelas estradas, para a migração pendular por meio do rio, para
o tempo lento e o ritmo da natureza que não foram totalmente capturados pelos atributos da técnica.
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15. Na Geograia Agrária, a menção às dinâmicas urbanas e aos processos de formação de cida-
des mostra a articulação rural-urbano na região e a relevância da cidade para a produção do espa-
ço agrário.
16. As cidades gêmeas, o urbano e as políticas de integração regional, as migrações (inter) nacio-
nais, e as cidades como “nós” da estrutura regional se fazem presentes em vários estudos de Geogra-
ia Política.
17. Os trabalhos se situam em boa parte na linha “Geograia da Cidade e o Urbano” que analisa criti-
camente a produção do espaço urbano, a difusão da sociedade urbana e o contexto histórico de mo-
dernização capitalista em seus fundamentos e contradições sociais. Pautada na teoria do valor e do
trabalho abstrato, discute as condições concretas de formação e funcionamento das cidades, eviden-
ciando suas contradições e problematizando temas como: as práticas institucionais e as políticas pú-
blicas relacionadas às cidades, os movimentos sociais urbanos, a compreensão do cotidiano da vida
moderna associada ao processo de urbanização da sociedade, os processos sociais e os usos do espaço
na urbanização latino-americana e brasileira em suas diferentes escalas (local, metropolitana, regio-
nal, nacional e global) (PPGH-USP, 2016).
18. Inclui grupo de professores e pesquisadores que estabelecem preocupações teórico-metodológi-
cas assentadas na leitura de Henri Lefebvre, como Sandra Lencioni, Ana Fani Carlos, Glória Alves, Jú-
lio César Suzuki, dentre outros; todos com formações em Geograia no interior da própria Universida-
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de de São Paulo. Essa abordagem não está restrita, entretanto, aos estudos urbanos, mas se expressa
igualmente em outros domínios da disciplina, a exemplo da própria Geograia Agrária.
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19. A abordagem teórica ou pragmática só aparece de maneira muito tímida e pontual dentre os tra-
balhos sobre a Amazônia realizados no interior da EUG.
20. A metageograia proposta, particularmente nos estudos urbanos e urbano-regionais, traz a inten-
ção de “elaborar ‘um modo de pensar a cidade’ e o urbano através da Geograia, enquanto possibili-
dade de ir além da situação de fragmentação que ela vive” (CARLOS, 2004, p 138). Busca-se, com isso,
por meio da noção de totalidade, superar parcialidades na leitura da sociedade, da cidade e do urba-
no, através da Geograia.
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21. Tipo de urbanismo associado à colonização agrária das rodovias, que tinha na hierarquia urbana e
na polarização das atividades e serviços uma concepção de ordenamento territorial orientada pela ra-
cionalidade de novas forma urbanas - agrovilas, agrópolis e ruropólis – responsáveis por deinir novos
conteúdos socioespaciais de natureza rural-urbana.
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22. Além daqueles temas clássicos da Geograia Política – “Estado, políticas territoriais e estratégias
de integração regional”; “formação, dinâmica e fragmentação político-territorial”; “planejamento, ges-
tão e desenvolvimento territorial” –, outras questões sobre a região se tornam motivos de estudo, como
“fronteiras políticas, controle e cooperação internacional”; “meio ambiente, recursos naturais e ques-
tões socioambientais”; e, ainda, “territórios, territorialidades e modos de vida de populações tradi-
cionais”.
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23. Inseridos principalmente na linha de pesquisa “Geograia Política, Planejamento e Recursos Na-
turais”, que considera a Geograia Política e a Geopolítica em seus diferentes contextos históricos e na
trajetória do pensamento geográico, inclui-se o debate teórico a propósito de sua renovação crítica e
de sua abordagem multiescalar. Abarca ainda a análise da chamada nova ordem mundial sob o impul-
so da globalização e outras questões correlatas – a questão nacional, as nacionalidades, o federalismo,
os movimentos autonomistas e a nova regionalização do mundo -, além de temas contemporâneos,
como o planejamento em suas múltiplas possibilidades, o zoneamento territorial como forma de orde-
namento e de ação política, os recursos naturais à luz das novas tecnologias e de suas implicações geo-
políticas, a crise atual diante do paradigma socioambiental, a ordem ambiental internacional e a inser-
ção do Brasil nos acordos internacionais em torno dela (PPGH-USP, 2016).
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24. Temas de estudos mais recentes, a sustentabilidade, a conservação e a preservação dos recursos,
são levados em conta ao serem destacados os novos arranjos políticos e territoriais que buscam pensar
a região para além de um espaço de reserva de recursos, remetendo a discussão para esforços interpre-
tativos que ultrapassam a abordagem econômica em geograia.
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25. Para Contel (2014), a intenção de Milton Santos em propor uma metageograia está mais bem de-
marcada nas seguintes obras: “O trabalho do geógrafo no terceiro mundo” (SANTOS, 1971), “Por uma
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Geograia nova” (SANTOS, 1978), “Metamorfoses do espaço habitado” (SANTOS, 1988) e em “A nature-
za do espaço” (SANTOS, 1996).
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26. Os trabalhos, em grande parte, integram a linha “Território, Economia e Dinâmicas Regionais”,
que destaca a dimensão socioespacial da economia e da política e se preocupa com: a reconiguração
do território e a dinâmica dos luxos, a reestruturação produtiva e as mudanças nos processos de tra-
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Quadro 7 – PPGH-USP: outras abordagens interpretativas em teses e dissertações sobre a Amazônia (1995-2015)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BECKER, B. Novos rumos da política regional: por um desenvolvimento sus-
tentável da fronteira amazônica. In: BECKER, B. K.; MIRANDA, M. A geo-
graia política do desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Editora
UFRJ, 1997. p. 421-44.
_____. Amazônia: geopolítica na virada do III milênio. Rio de Janeiro: Gara-
mond, 2004.
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INTRODUÇÃO
O gerenciamento costeiro no Brasil é regulamentado pelo Plano Na-
cional de Gerenciamento Costeiro que está inscrito dentro do marco
do desenvolvimento sustentável. Com o objetivo de propor um outro
gerenciamento costeiro inclusivo a povos e comunidades tradicionais
costeiras da Amazônia, este capítulo constrói uma perspectiva crítica
à ideia governamentalizada de desenvolvimento sustentável e, con-
sequentemente, às premissas do atual modelo nacional de gerencia-
mento costeiro.
Para atingir este objetivo, este capítulo está estruturado em cin-
co partes. A primeira delas lança as bases teóricas para analisar, nos
itens 2 e 3, a governamentalização do ambientalismo moderno no
mundo e no Brasil, respectivamente, e como as premissas da ideia
governamentalizada de desenvolvimento sustentável gera a destrui-
ção de territórios de povos e comunidades tradicionais. No item 4,
discute-se o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro enquanto
um instrumento de governo que expande para o mar o ideal de de-
senvolvimento sustentável, com consequências semelhantes às de
terra. Por im, discute-se um gerenciamento costeiro dentro do mar-
co do etnodesenvolvimento onde mundos entram em cena na ges-
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1. Simon Kuznets recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1971 por formular a correlação entre cres-
cimento do PIB e a desigualdade de renda ilustrado por um gráico em forma de parábola (‘U’). Em re-
ferência ao autor, o gráico icou conhecido como curva de Kuznets. Como o raciocínio dos ultra-oti-
mistas era semelhante a correlação formulada por Kuznets para crescimento e desigualdade social, a
hipótese por eles defendida icou conhecida como curva ambiental de Kuznets. Para mais detalhes so-
bre o trabalho que valeu o Prêmio Novel, ver Kuznets (1955).
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2. Neste ano, Gro Harlen Bundtland, então presidente da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento, caracterizou perante a Assembleia Geral das Nações Unidas o desenvolvimento
sustentável como um conceito político e um conceito suicientemente amplo para o progresso econô-
mico e social (VEIGA, 2008).
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7. Há controvérsias entre os autores quanto ao marco do início destas políticas ambientais. Medei-
ros (2006), Freitas (2009) e homas e Foleto (2013) defendem que ela teve início com o Código Flores-
tal instituído em 1965. Já Sousa (2011) defendem que foi após a Conferência de Estocolmo em 1972. Sán-
chez (2008), por uma terceira via, defende que as políticas ambientais no Brasil foram inauguradas
pos-Revolução de 1930. Como pode ser visto no texto deste capítulo, adota-se a via de Sánchez (2008).
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13. Lei no 9985 de 2000. A partir do SNUC, Área Protegida passa a ser chamada de Unidade de Con-
servação.
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19. O conde Cloude Henri Saint Simon (1760-1825) é o fundador do positivismo social, cujo objetivo
era utilizar a ciência e a ilosoia como fundamento de uma reorganização radical da sociedade (AB-
BAGNANO, 2007).
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20. Segundo Marroni e Asmus (2005, p. 57), a melhor forma de se ter um “planejamento coerente” é
manter-se aberto às contribuições e acréscimos dos “grupos mistos de decisão”, onde se opõe explicita-
mente “comunidade vs pessoal técnico”.
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21. A expressão manejo de conhecimentos é utilizado por Almada e Moura (2012). No entanto, esta ex-
pressão é equivalente a outras já existentes na literatura cientíica como mobilização de mundos (AN-
JOS; LEITÃO; 2009) e manejo do mundo (CABALZAR, 2010).
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22. Para uma discussão sobre as modalidades de conhecimentos citadas, ver MOURA (2014; 2017b).
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INTRODUÇÃO
Os conlitos gerados nas áreas de ocorrência do babaçu surgiram no
processo de privatização das lorestas. A atividade extrativa do baba-
çu remonta de várias décadas e é uma das principais fontes de ren-
da para milhares de famílias em mais de quatro estados brasileiros
(Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará). Há relatos no meio das quebra-
deiras de coco de que a prática da extração da amêndoa e do uso da
farinha do mesocarpo teria sido transmitida às famílias pelos ante-
passados indígenas. Nos primórdios da prática extrativa, não havia
“donos” e nem proprietários das palmeiras. As palmeiras eram con-
sideradas “livres” e utilizadas pelas quebradeiras de coco e suas famí-
lias de acordo com suas necessidades e capacidade de trabalho.
Na década de 1960, visando à colonização do Maranhão e a atra-
ção de empreendimentos para o Estado, foi editado a chamada “Lei
de Terras do Sarney”, que disponibilizou as terras devolutas estaduais
ao mercado. Tal processo gerou a apropriação legal e ilegal das terras
através do cercamento advindos da alienação efetuada pelo Institu-
to de Terras do Estado ou por meio da chamada ¨grilagem¨. Nos esta-
dos do Piauí, Tocantins e Pará ocorreu processo, que muito se asse-
melhou ao do Maranhão, ou seja, as terras devolutas estaduais foram
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Quando a gente aprendeu a comer palmito, nossa vó dizia que foi uma ín-
dia que ensinou (...) Da década de 50 pra cá que nós começamos a ouvir
essa coisa de não pode pra nós que somos as populações tradicionais (...)
Esse nossos parentesco [com os índios] não foi em vão, eles nos ensina-
ram a tirar o mesocarpo... (Dona Maria Alaídes. Quebradeira de Coco Ba-
baçu. Região do Médio Mearim. Município de Lago do Junco, Maranhão).
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Agente já fazia essa lei antes dela ser criada no papel, antes da gente botar
no papel agente já praticava ela. É uma moda que tem no mundo de ter al-
guma coisa escrita... Uma das coisas pra gente fazer a lei é essa moda de
ter as coisas escritas, e a outra era que a gente vivia muito oprimida e hu-
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Tem algumas leis que deram mais trabalho. Em São Pedro da Água Bran-
ca (MA) nós izemos duas audiências públicas, mas o Prefeito nunca san-
cionou essa lei. Eu acho que tá faltando um ponta pé, não sei pelo lado
de quem. Não sei se falta uma reunião com o Promotor Público... Em São
Pedro da Água Branca e em Amarante (MA) foi uma euforia muito gran-
de, porque as mulheres nunca tinham visto nem tinham participado de
uma votação de lei. Elas nem sabiam que o povo podia participar de uma
votação de projeto de lei. Agente sentiu que vale a pena agente conti-
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A nossa lei agente negociou. Eles pediram só pra gente não fazer caiei-
ra dentro das fazenda, nem cortar as cercas, e agente aceitou. Eles colo-
caram as coisas de não sujar o rio, mas icou ótima a nossa lei, icou óti-
ma. Nosso trabalho não foi difícil, nem com as companheiras nem com
eles da Câmara. Nós não tinha diiculdade em pegar o coco, mas tinha as
queimadas e as matança. A gente incluiu tudo porque pensou em ajudar
as outras dos outros povoados também. GN. (Dona Socorro. Quebradeira
de Coco Babaçu. Município de Praia Norte, Tocantins).
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Mesmo dizendo que a lei era imoral, eles [os vereadores] conseguiram
aprovar. Eles diziam que a lei não era boa porque esse negócio da gente tá
invadindo as terras não era certo... teve um que disse que a lei era imoral,
mas ele ia assinar. Pra mim a lei é justa sim. GN. (Dona Dió. Quebradeira
de Coco Babaçu. Região do Médio Mearim. Município de Lago dos Rodri-
gues, Maranhão).
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A gente sabe que tem um artigo na Constituição que o cidadão não pode
privar os recursos como a água. Então o babaçu eles pode privar? Porque
não foi ele que plantou. Eu acho que a lei é correta. Como você não pode
privar pra pegar água, você também não pode privar pra pegar o coco...
mas também tem o outro lado que a gente não pode causar dano na pro-
priedade. Mas eu tenho clareza que a lei é justa. GN. (Dona Maria Queru-
bina. Quebradeira de Coco Babaçu. Município de Imperatriz, Maranhão).
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Tem que esclarecer às pessoas que a lei existe. Na nossa região, quase
todo mundo já sabe que existe a lei. Pra cada proprietário nós saímos le-
vando uma cópia da lei. Teve uns que aceitou numa boa, outros rasga-
ram e jogaram na nossa cara, mas depois acabaram vendo que é coisa do
município e pediu até desculpa pra gente GN. (Dona Dió. Quebradeira de
Coco Babaçu. Região do Médio Mearim. Município de Lago dos Rodri-
gues, Maranhão).
Era um sonho nosso que essa lei viesse a resolver as necessidades das
quebradeiras, mas no papel, a lei, ela é morta. No nosso município nós
não temos lei, a lei do nosso município é a lei da sobrevivência. Agente faz
valer na marra. GN. (Dona Maria Adelina. Quebradeira de coco babaçu.
Região do Médio Mearim. Município de Lima Campos, Maranhão).
Hoje a gente aplica a lei nas roças orgânicas, que a gente tá chamando
de roça crua, mas com isso a gente não tá livre do embate. A gente tá en-
frentando muitos desaios e os desaios agora é com o próprio marido da
quebradeira. É um novo momento, uma nova luta, e é um novo jeito de
aprender conviver essa situação. (...) Com a lei mudou, a lei só chegou a
botar no papel e legitimou com o voto dos vereadores lá na câmara, e a
gente sempre usa ela pra fazer campanha. Quando a gente vai num emba-
te, por exemplo, ano passado agente foi derrubar uma carrada de coco in-
teiro que tava saindo... a gente usou a lei. (...) O pior de tudo é que a gen-
te chega lá e tá o ilho da companheira derrubando, cortando o cacho...
quando eu falo que agora é um novo jeito de lutar, é porque agora a gente
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O surgimento do movimento das quebradeiras de coco rompe, assim,
com a organização social dentro e fora das famílias, permitindo a evi-
denciação da mulher e alterando a divisão de tarefas e o papel desem-
penhado por elas em todos os espaços, do público ao privado. É nesse
papel, de mulher, que as quebradeiras de coco iniciam sua organiza-
ção, buscando um espaço próprio e diferenciado dentro dos Sindi-
catos para discutir os conlitos relacionados às suas práticas sociais.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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mobilização. São Luís: MIQCB, 1995.
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campo jurídico. O Poder Simbólico. Lisboa: Difel, 1989. p.209-254.
BARTH, Fredrik. Os grupos étnicos e suas fronteiras. O guru, o iniciador e
outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2000.
pp. 25-67.
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INTRODUÇÃO
Falar de Amazônia, inevitavelmente, conduz-nos a um imaginário ic-
cional, representado pela sua loresta, rios e animais; o lugar distan-
te de tudo e de todos onde todos podem tudo. Fonseca (2011) caracte-
riza-a de um laboratório vivo de múltiplas diversidades, começando
pelas naturais, continuando pelas antrópicas e inalizando com ideias
acerca das diversidades que precisam ser inventadas a im de criar
princípios e fundamentos, ainda que utópicos, para um horizonte de
desenvolvimento sustentável.
Um processo de “civilização” questionável, relações conlitantes
entre homem e natureza, descompasso entre colonizadores e indí-
genas, cobiça humana sobre as riquezas da região, desconhecimento
cultural e produção de opinião deturpada, tem levado a que a região,
ainda nos dias de hoje, seja marcada por representações de subde-
senvolvimento ou de selvageria da região e das suas gentes. “Muito
se tem falado sobre Amazônia, quem a conhece e outros nem tanto,
quem mora lá e outros que passaram em seus aeroportos e hotéis de
selva” (OLIVEIRA, 2006, p. 171)
O modelo de desenvolvimento, globalizado e desconexo das es-
pecificidades culturais, alicerçado na produção e no consumo de
massa, a sociedade que, embora mais esclarecida e com acesso a in-
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Eldorado para uns, inferno verde para outros; paraíso para os que a vêem
como objeto de estudos, tortura para quantos a tomam como objeto de
conquista ou ambição [...] senão o agigantado cenário de uma das mais
indigentes experiências tropicais do homem (SALLES, 1990, p. 24).
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A AMAZÔNIA NA CIDADE
Escrever sobre a Amazônia, seja no campo da história, da ilosoia,
da arquitetura, do urbanismo, ou sob o viés de outra ciência, é par-
tir de pressupostos criados através de um olhar dos estrangeiros, por
conseguinte uma construção que agrega resquícios das mais diver-
sas origens, e que o seu resultado oscila em termos de profundidade
das descrições. Para muitos autores, a presença estrangeira na Ama-
zônia, principalmente a Portuguesa e Espanhola, muito mais contri-
buiu para desagregar a cultura indígena, pela desconstrução das suas
práticas e a imposição de novas, do que propriamente para estudar e
descrever a Amazônia com uma intenção de entendê-la e explicá-la
a partir de si. Estudando Djalma Batista, em Complexo da Amazônia,
acerca da airmação portuguesa o autor coloca:
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A CIDADE NA AMAZÔNIA
O estudo dos fenômenos que ocorrem no meio urbano tem como pal-
co uma dimensão física que se designa por Cidade, e esta, pode ser
classiicada de diversos modos, consoante fazemos uma avaliação em
termos de dimensão, económica, costumes, grau de desenvolvimen-
to, etc. Assim, num primeiro momento, para entender o conceito de-
senvolvemos uma descrição do processo de surgimento das cidades
até chegarmos às várias perspectivas, segundo os autores apresenta-
dos, do conceito de cidade. Ao pensar, inicialmente, a estrutura deste
ensaio era nossa pretensão concluir este trabalho fazendo uma carac-
terização das cidades da Amazônia, mas duas situações limitaram a
nossa intenção: a dimensão do ensaio e o prazo para a sua conclusão.
Historicamente, os primórdios do fenómeno urbano surgem há
cerca de 10.000 anos, quando os habitantes da faixa temperada conse-
guem produzir os seus alimentos através do cultivo de plantas e pela
criação de animais. Assistimos a uma organização e ixação, o que re-
sulta no surgimento das primeiras aldeias.
Esta transformação, que ocorre ao im de aproximadamente qua-
tro milhões de anos de evolução da raça humana, assinala a mudança
do caçador-recolector, com características de nomadismo, para uma
sociedade sedentária com a intenção de produzir biomassa almejan-
do a sua sobrevivência. Um dos primeiros exemplos que podem ser
apontados destas condições são as cidades que surgiram no crescen-
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Assim, antes mesmo que a cidade seja um lugar de residência ixa, come-
ça como um ponto de encontro (grifo nosso) onde periodicamente as
pessoas voltam: o ímã precede o recipiente, e essa faculdade de atrair os
não residentes para o intercurso e estímulo espiritual, não menos do que
para o comércio, continua sendo um dos critérios essenciais da cidade,
testemunho do seu dinamismo inerente, em oposição à forma da aldeia
mais ixa e contida em si mesma, hostil e forasteiro (1998, p. 16).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Amazônia, estudada e explorada desde tempos antigos, é marcada
na contemporaneidade por uma quantidade signiicativa de estudos
acerca de si. Foram vários autores e diversas disciplinas que produzi-
ram estudos, e ainda produzem, sobre os mais variados temas apesar
das questões ligadas ao imaginário e à natureza serem uma constante.
Não criticamos a temática, mas sim, a constante reiicação da condi-
ção ribeirinha, cabocla, étnica e estática. Como se essa condição fosse
sinônimo de rejeição ao conceito de “evolução eurocêntrica”.
Não entender a cultura Amazônica e objetivar conhecer e inter-
pretar as cidades e o urbano da região resultará, sem qualquer dúvi-
da, numa leitura distorcida. A falta de sensibilidade para tal fato terá
como consequência, o repasse de informações que na maior parte
das vezes vêem repetir as intenções e os erros dos colonizadores e dos
viajantes. Prova disso, na contemporaneidade, é o desconhecimento
que se tem da Amazônia, mesmo dentro do próprio brasil. A falta de
entendimento e conhecimento de muitos curiosos sobre a região leva
a que seja alimentada a questão da imagética, da iccionalidade e de
todas as questões selváticas.
Problematizado alguns pontos da Amazônia, desenvolvemos um
caminho de análise teórica sobre os conceitos de cidade e de urbano.
— 335 —
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ções, 1998.
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LOUREIRO, J. D. J. P. Cultura Amazônica - Uma poética do imaginário. Ma-
naus: Valer, 2015.
— 336 —
— 337 —
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma breve aná-
lise sobre a implantação do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) no estado de Rondônia, localizado na Amazônia brasileira, e a
construção de obras de infraestrutura energética e logística, as quais
culminaram em grandes efeitos territoriais na localidade. Entre as
principais obras, estão as hidrelétricas do Madeira, Jirau e Santo An-
tônio, e a reforma e ampliação de trechos das BRs 364 e 319. Além da
amplitude de tais obras, elas também foram e têm sido responsáveis
pela criação de uma reconiguração territorial em Rondônia, reestru-
turando relações sociais, econômicas e políticas, além de criar novos
circuitos produtivos, novas cadeias de produção, normas locais di-
ferenciadas em função desses novos objetos inseridos nesse espaço
geográico.
O PAC originalmente surgiu através da Lei Nº. 11.578 de 26 de no-
vembro de 2007 que “[...] dispõe sobre a transferência obrigatória de
recursos inanceiros para a execução pelos Estados, Distrito Federal
1. O conteúdo deste capítulo é parte dos estudos realizados durante o curso de mestrado em Geogra-
ia Humana, intitulado Políticas Territoriais na Fronteira: O Programa de Aceleração do Cresci-
mento e as transformações em Rondônia no início do séc. XXI. Cf. Borges (2012).
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Quadro 01: Principais obras de infraestrutura (logística e energia) em Rondônia no período entre 2007 e 2010*
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2. Cerca de onze toneladas de peixes morreram no lago de Santo Antônio entre 2008 e 2009, na cons-
trução da ensecadeira da usina. A autuação é de 19/01/2009, através do processo 1.31.000.000054/2009-
90 do Ministério Público Federal (ZAGALLO e LISBOA, 2011, p. 35). Houve também a emissão pelo Mi-
nistério Público de Rondônia e o Ministério Público Federal do Termo de Ajustamento de Conduta
– Usina Hidrelétrica Santo Antônio, pelo Inquérito Civil Público Nº. 1.31.000.000054/2009-90, em que
“[...] a Santo Antônio concorda com a celebração deste Termo de Ajustamento de Conduta, mas não
reconhece qualquer culpa ou responsabilidade pelos eventos discutidos neste inquérito civil público
[...]” e “[...] a empresa se compromete a apresentar um projeto de reposição de 150.000 (cento e cin-
quenta mil) peixes, bem como o cronograma de execução, no prazo de 6 (seis) meses, a contar des-
ta data [...]”.
3. Denominação dada ao fenômeno de intensa erosão que ocorre nas margens dos rios devido ao lu-
xo de água.
4. Para essa informação, cf. goo.gl/0KVy8R e goo.gl/L2uAhe, acesso em 04 de fevereiro de 2017.
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5. Expressão utilizada por historiadores e geógrafos em geral, tais como Caio Prado Jr. e Bertha
Becker, além de intelectuais e pesquisadores locais, para se referirem à colonização das décadas de
1970 e 1980.
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(...) os lugares (...) eleitos como verdadeiros recursos pelas grandes em-
presas, porque eles contêm os meios para auxiliar e mesmo efetivar as
suas ações, os seus interesses. Assim, as grandes empresas, antes de ins-
talar-se, acirram diferentes localidades e empreendem esforços para que,
aquele lugar que fora inalmente eleito para a instalação, lhe conceda
uma série de incentivos que nada mais são do que recursos disponíveis
no território. No Brasil atual, estes recursos territoriais entregues às gran-
des empresas se apresentam na forma de isenção total ou parcial de im-
postos, doação de terrenos e demais infraestruturas territoriais (facilida-
des de acesso e de distribuição do que é produzido, informação, etc.), sem
contar as condições de mão-de-obra barata encontradas praticamente
em todo o território nacional (grifo do autor) (2006, p. 65).
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Eixo 2007-2010*
Empreendimentos exclusivos (em mi- Empreendimentos de caráter regional
lhões) (em milhões)
Logística 579,3 179,9
Energética 11.831,5 512,9
Social e Urbana** 1.727,3 -
Total 14.677,1 710,8
* O quadro do documento original possui também a previsão para o pós-2010. Nesse caso, recortamos
apenas para 2007-2010 devido ser esse período pertencente ao nosso recorte temporal de pesquisa.
Fonte: Brasil (2010, p. 3). Organizado por Luciana Riça Mourão Borges.
6. Esse valor é estimado devido aos reajustes tanto para mais quanto para menos realizados durante
o período de vigência do PAC-1. O mesmo valor inclui não somente os eixos “Logística e a Energética”,
mas também os investimentos para Social e Urbana.
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7. Sobre esse assunto, cf. “Asfaltamento da BR-429 não está cumprindo compensações ambien-
tais”, disponível em http://migre.me/w0cZC. Acesso em 25 de janeiro de 2017.
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11. Cf. “ELEFANTES BRANCOS - Conheça a verdade no caso dos Viadutos de Porto Velho, uma
trama milionária”, disponível em http://migre.me/w0drM, e “Obras de viadutos com verba do PAC
estão atrasadas em Porto Velho”, disponível em http://migre.me/w0dsd. Acesso em 23 de janeiro
de 2017.
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15. As informações foram retiradas da página de internet oicial do consórcio Energia Sustentável do
Brasil: http://www.energiasustentaveldobrasil.com.br/. Acesso em 23 de janeiro de 2017.
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16. Sobre essas questões, o Ministério Público de Rondônia e o Ministério Público Federal elabora-
ram a Recomendação Conjunta Nº. 001/2011-GT, na qual se recomenda “(...) ao estado de Rondônia
e ao município de Porto Velho (...) que sejam implementadas, no Distrito de Jacy-Paraná, ações so-
ciais efetivas, notadamente para reduzir a alarmante prostituição e tráico de drogas, bem como nas
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Veriicamos no decorrer desse estudo que Rondônia passa por uma
nova coniguração territorial. Contudo, sabemos que se trata de um
processo longe de estar consolidado, frente aos acontecimentos diá-
rios dentro e fora da cidade de Porto Velho.
Em termos locais, há os impactos nas populações moradoras dos
lugares onde as obras se encontram. Populações que são beneiciadas
ou expulsas, que chegam para morar naquele espaço ou que ali per-
manecem, que transferem seu modo de vida à adaptação das novas
normas estabelecidas por um conjunto de empresas capitalistas me-
diadas pelo Estado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORGES, Luciana. Riça. Mourão. Políticas territoriais na fronteira: O Progra-
ma de Aceleração do Crescimento e as transformações em Rondônia no
início do séc. XXI. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Programa de Pós-
-Graduação em Geograia Humana – FFLCH/USP, 2012. Disponível em
http://migre.me/sWiMo. Acesso em 20 de janeiro de 2016.
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Disponível em goo.gl/0lokoj. Acesso em 05 de fevereiro de 2017.
BRASIL, Presidência da República. Lei Nº. 11.653, de 7 de abril de 2008. Dispo-
nível em goo.gl/s06krr. Acesso em 05 de fevereiro de 2017.
BRASIL. Programa de Aceleração do Crescimento – PAC: Balanço de 3 anos.
Brasília, Março de 2010. Disponível em http://www.pac.gov.br/. Acesso
em 11 de janeiro de 2017.
BRASIL, Governo Federal. Programa de Aceleração do Crescimento. 10º Ba-
lanço do PAC. Maio de 2010b. Disponível em http://www.pac.gov.br/.
Acesso em 11 de janeiro de 2017.
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gov.br/. Acesso em 11 de janeiro de 2017.
CAVALCANTE, M. M. de A. Transformações Territoriais no Alto Rio Madeira:
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Porto Velho: Fundação Universidade Federal de Rondônia, 2008.
IBAMA. Parecer Técnico Nº. 014/2007. Brasília, 2007
HARVEY, D. O novo imperialismo. 5 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2011.
MELLO, N. A. de. Políticas Territoriais na Amazônia. São Paulo: Annablu-
me, 2006.
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INTRODUÇÃO
O interesse dos militares do Exército Brasileiro (EB) na Amazônia é
nítido por diversas razões. Um primeiro aspecto é a questão do lega-
do histórico luso-brasileiro na conquista territorial da região ama-
zônica. Esse trabalho de discriminação da fronteira, numa região de
difícil acesso, fez que o EB procurasse apresentar a empreitada com
uma tonalidade nacionalista evidente. Por isso, a região foi objeto de
grande preocupação pelos militares. De acordo com Castro e Souza, a
Amazônia é a região que merece atenção particular das Forças Arma-
das, pois “tem-se a percepção militar da existência de ameaças à so-
berania nacional decorrentes de uma “cobiça internacional” de paí-
ses mais ricos e poderosos sobre a Amazônia que poderia levar, no
limite, ao risco de sua internacionalização” (CASTRO e SOUZA, 2006,
p. 64-65).
A presença física de brasileiros na região está no cerne da lógica
militar: Marques explicava que no “cerne do ideário militar sobre a
defesa da Amazônia, reside a crença de que a soberania brasileira so-
bre a região pode ser garantida somente através de sua colonização”
(MARQUES, 2007, p. 47). Dessa forma, a presença dos pelotões espe-
ciais de fronteira forma a ponta do EB na Amazônia mantendo a pre-
sença de forma simbólica das Forças Armadas nas áreas mais afasta-
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1. Dados bibliográicos sobre o general Leônidas Pires Gonçalves são disponíveis no site do CPDOC/
FGV em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biograico/leonidas-pires-goncalves-1
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2. De acordo com o renomado cientista político Guillermo O’Donnell: “o processo de transição cons-
ta de duas etapas. A primeira ocorre quando um governo é democraticamente eleito e abre o caminho
para o início da segunda etapa: de um governo democraticamente eleito para um regime democráti-
co, ou seja, para uma democracia institucionalmente consolidada”. Portanto, uma democracia tutela-
da pode se manter por um longo tempo, desde que um retrocesso autoritário não ocorra ou um regi-
me democrático não seja instalado, segundo Zaverucha (ZAVERUCHA, 1994, nota de rodapé n. 20).
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A democracia tutelada pode surgir seja porque os civis não são capazes
de suplantar o comportamento autônomo dos militares, seja porque os lí-
deres civis nem mesmo tentaram controlar os militares, tal como ocorreu
com José Sarney (ZAVERUCHA, 1994, p.12).
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Já a Jamaica e Granada,
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Alocação de verbas do Projeto Calha Norte por órgão da administração federal (em %)
Órgão Min. Mari- Min. Exér- Min. Aeronáu- Funai Outros Total Min. Mili- Total
nha cito tica tares
Verbas 21,4 46 10,5 18,9 3,2 77,9 100
Fonte: Oliveira Filho, 1991, p. 326-329
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A região era vista como área de interesse das Forças Armadas, não
só pela questão da segurança da faixa de fronteira, mas também pela
sua localização privilegiada, como foi o caso do Centro de Lançamen-
to de Alcântara, situada no Maranhão, e que inaugurou suas ativida-
des com um lançamento bem-sucedido em 1990. A Força Aérea Bra-
sileira começou a planejar a construção da base a partir de 1979, no
inal do regime militar. A situação geográica excepcional (2° ao sul
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5. Durante os anos 1980, perante as denúncias de desmatamento, o Estado começou negando esse
fato, depois negou as manifestações estrangeiras, e, inalmente, começou a falar da teoria de conspira-
ção de cunho internacional. Porém, no jornal da Folha de S. Paulo de 26 de julho de 1996, o INPE (Insti-
tuto Nacional de Pesquisa Espacial) revelou que 2 milhões de hectares tinham sidos desmatados entre
1988 e 1991. Os números aumentaram entre 1992 e 1994, anos nos quais o Ministério de Ciência e Tecno-
logia (MCT) avaliou em 15 milhões o número de hectares de loresta amazônica degradada.
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6. Sobre essa questão de “intervenção por motivo ecológico”, ver a dissertação de mestrado produzido
por Oswaldo Caninas em 2010 no Programa de Pós-graduação em Estudos Estratégicos da Defesa e da
Segurança. Diversos elementos podem ser encontrados para ilustrar esse aspecto importante que ali-
menta a narrativa da conspiração nos círculos militares.
7. Ver o artigo completo na Revista Veja do dia 19 de fevereiro de 1992, com a entrevista do administra-
dor da EPA, agência de proteção ambiental dos EUA, William Reilly.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, o cenário da crise brasileira colocava o país numa situa-
ção desvantajosa na relação de poder com as potências centrais. As-
sim, os Estados Unidos representavam o maior risco para os oiciais
do Exército (Revista Isto É, 2000, p.41). Questões como a transferên-
cia de dados tecnológicos sensíveis necessários para superar as limi-
tações de desenvolvimento do Brasil alimentavam o discurso nega-
tivo em torno da presença estrangeira na Amazônia. O governo dos
Estados Unidos levantou também o argumento da “guerra às drogas”,
no começo da década de 1990 para reforçar sua pressão em países vi-
zinhos ao Brasil, através do Plano Colômbia, por exemplo (PROST,
2003, p.35). Outro aspecto importante na produção do discurso nacio-
nal-conservador naquele período foi a maneira como políticos brasi-
leiros, como Cristovam Buarque, airmavam em 2000 estar a favor da
internacionalização da Amazônia, e reproduziam também esse tipo
de argumentos, o que preocupava ainda mais os oiciais das Forças
Armadas (MEDEIROS, 2012, p.168). Para os militares conservadores
do Exército, a única diferença entre a visão da conspiração com a épo-
ca da Doutrina de Segurança Nacional (DSN) é que o inimigo tinha
trocado de lado. Não se tratava do comunismo, mas de vontade de in-
ternacionalização da Amazônia por parte das grandes potências in-
dustrializadas.
No discurso militar, a defesa dos valores ocidentais invocados no
regime militar foi substituída por um novo nacionalismo, preocupa-
do em manter a soberania brasileira na integridade do território na-
cional. Esse novo nacionalismo é fruto também da resposta à crise de
identidade das Forças Armadas sobre o seu papel e seu lugar na so-
ciedade. Perante as críticas do alto escalão do Exército sobre a missão
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— 394 —
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERT, B. Indians lands, environmental policy and military geopolitics in
the development of the Brazilian Amazon: the case of the Yanomami. In:
Development and Change. v.23. p. 35-70, 1992.
ALBERT, B. ; LE TOURNEAU, F-M. Florestas Nacionais na Terra Indígena Ya-
nomani: um cavalo de Troia ambiental? F. Ricardo. Terras Indígenas e
— 395 —
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— 397 —
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INTRODUÇÃO
A busca pela compreensão da dinâmica territorial e da forma(ta)ção
da fronteira amapaense inserida em um sistema-mundo, tem estimu-
lado análises que envolvem ações expansionistas territoriais, interes-
ses comerciais, articulações geopolíticas e geoeconômicas, articula-
ções de interesses internacionais e construções de políticas públicas
nacionais.
O Estado do Amapá possui por origem como integrante da federa-
ção brasileira o ente federativo Território Federal (1943)1. Como ente
autônomo, é um dos entes mais recentes do Brasil (juntamente com
Roraima e Tocantins, transformados em estados pela Constituição
Brasileira de 1988).
Este trabalho parte do pressuposto que o Amapá possui a conigu-
ração geográica de um território estratégico recomposto periférico
e tardio. Cujas propostas de “desenvolvimento” ligam-se às criações/
1. Os Territórios Federais foram resultados de ações que conduziram à formação de estruturas capa-
zes de inseri- los em um mundo globalizado e em rede; que envolveram relações de políticas econô-
micas; que expuseram condições para atender as elites locais delimitando um espaço juridicamente
deinido e; territorializando suas relações de poder (PORTO, 2005). Sobre os Territórios Federais, vide
Medeiros (1944; 1946); Mortara (1944); Benevides (1946); Capes (1957); Rosa (1972); Temer (1975); Mayer
(1976); Freitas (1991) e; Porto (2003).
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2. Os sistemas de engenharia são entendidos aqui como “um conjunto de instrumentos de trabalho
agregados à natureza e de outros instrumentos de trabalho que se localizam sobre estes, uma ordem
criada para e pelo trabalho” (SANTOS, 1997, p. 79).
3. A expressão no original é “uneven geographic development”. Na versão mexicana, o termo é conhe-
cido como “desarollo geográico poco uniforme”.
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5. Segundo Harvey, (2005, p. 9), “a tese do ajuste espacial somente tem sentido se relacionada com a
tendência expansiva do capitalismo, entendida teoricamente mediante a teoria marxista da queda da
taxa de lucros que produz crises de super-acumulação”. Na versão brasileira dos “Limites do capital”
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(2013), na introdução à edição inglesa de 2006, Harvey indica que “ajustes espaciais” são entendidos
como expansões reestruturações geográicas (p. 22). Porto et. al. (2007), por sua vez, interpretaram que
“ajustes espaciais”, são as adaptações que são efetivadas no espaço, visando a garantia da instalação,
existência, luidez, manifestação e reprodução do capital.
6. Para Harvey, “O ‘ajuste’ espaço-temporal, por outro lado, é uma metáfora para soluções das crises
capitalistas mediante adiamento temporal e expansão geográica. A produção do espaço, a organização
de novas divisões territoriais de trabalho, a abertura de novos e mais baratos complexos de recursos, de
novos espaços dinâmicos de acumulação de capital, e a penetração em formações sociais pré-existentes
pelas relações sociais capitalistas e acordos institucionais são formas de absorver excedentes de capital e
mão- de-obra” (2005, p. 1).
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7. Análises mais aprofundadas sobre o assunto, vide: Silva (2008; 2013); Carvalho e Almeida (2009);
Santos (2013); Scheibe (2013).
8. Através de seu espaço amazônico, o Brasil faz fronteira com: Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela,
Guiana, Suriname, além do Departamento Ultramarino Francês.
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9. Esses eixos seriam construídos, resumidamente, a partir dos critérios: malha multimodal de trans-
portes; hierarquia funcional das cidades; identiicação dos centros dinâmicos e os ecossistemas exis-
tentes. Os eixos totalizam em nove grandes cortes espaciais: Arco Norte; Araguaia – Tocantins; Madeira
– Amazonas; Oeste; Rede Sudeste; Sudoeste; Sul; São Francisco e Transnordestino.
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13. Cidades-gêmeas são “adensamentos populacionais cortados pela linha de fronteira – seja esta seca
ou luvial, articulada ou não por obra de infra-estrutura – apresentam grande potencial de integração
econômica e cultural assim como manifestações ‘condensadas’ dos problemas característicos da frontei-
ra, que aí adquirem maior densidade, com efeitos diretos sobre o desenvolvimento regional e a cidada-
nia” (BRASIL, 2005, p. 152).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adoção do pensamento de David Harvey sobre Desenvolvimento
Geográico Desigual (DGD) para explicar o uso e o acesso da frontei-
ra corrobora para o entendimento do esforço do capital em derrubar
qualquer barreira espacial para o intercâmbio e conquistar espaços a
im de acionar suas potencialidades, seus produtos e expandir a área
de inluência e de interesse do capital externo sobre o local.
A tentativa de se elaborar um instrumento jurídico que reconhe-
cesse a natureza transfronteriça da Amazônia, iniciou com o Tratado
de Cooperação Amazônica - TCA (1978), prevendo criar uma infraes-
trutura física adequada entre seus respectivos países, bem como inte-
grar plenamente seus territórios amazônicos às suas respectivas eco-
nomias nacionais. Contudo, tanto este documento como o IIRSA não
reconhecem a Guiana Francesa como amazônica e como espaço sul-
-americano, este espaço ultramarino francês não é insirida nessas ini-
ciativas de políticas públicas de integração na América do Sul.
A articulação da Guiana Francesa em políticas públicas que visas-
sem a integração no Norte da América do Sul somente foi efetivada
com a proposta de integração regional da União Europeia conheci-
da como INTERREG IV (2007), através do Programa de Operação da
Amazônia - PO Amazonie, 30 anos após a assinatura do TCA, ao in-
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICOS
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INTRODUÇÃO
As políticas para a fronteira brasileira abrangem um complexo uni-
verso de uma faixa de 16.886 km de extensão, que perpassa onze es-
tados da federação. Estados que possuem realidades diversas, capa-
cidades dispares e também níveis de presença de aparatos de Estado
federal variáveis, o que impõe desaios à implementação das políti-
cas públicas de segurança e defesa nos moldes atuais. Dessa forma,
as políticas formuladas em Brasília se reletem de maneira diversa
nos espaços fronteiriços.
Este cenário é ainda mais particular quando observamos a rea-
lidade dessas políticas na região amazônica. De acordo com Raza
(2014), em função da extensão e das condições topográicas, pode-se
dizer que as fronteiras políticas da Amazônia constituem, sobretu-
do, uma fronteira imaginária, uma vez que o bioma amazônico está
presente em nove países, sendo praticamente impossível visualizar
o limite exato entre os países. Nesse sentido, as políticas de seguran-
ça e defesa são destinadas a controlar os rios e os aeródromos na re-
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1. A lei n° 6.634 de 1979 dispõe sobre a faixa de fronteira do Brasil e determina que esta corresponde
à faixa interna de 150 Km (cento e cinqüenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terres-
tre do território nacional.
2. De acordo com a regionalização utilizada pelo Ministério da Integração Nacional, a faixa de frontei-
ra do Brasil é dividida em três arcos: Norte, Central e Sul.
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3. Em novembro de 2016 foram realizadas entrevistas com o Comandante Geral do 34° Batalhão de In-
fantaria de Selva, tenente coronel Robson Monteiro Mattos; o ex-Secretário Adjunto de Segurança Pú-
blica do Amapá, Fernando Lourenço Nunes da Silva; com o tenente da Companhia de Fronteira de
Clevelândia do Norte; com o agente da Polícia Federal Luam na Delegacia da Polícia Federal no Oia-
poque; com o auditor da Receita Federal, Marcos Priotto de Oliveira; e com o delegado da Polícia Ci-
vil, Fabio Araujo de Oliveira.
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4. Os servidores federais alocados na fronteira têm sido obrigados a judicializar o recebimento do adi-
cional de fronteira e muitos têm perdido.
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5. Como prosseguimento das ações que visavam garantir o controle da Amazônia foi proposto o SI-
VAM. Tal projeto teve como origem a Exposição de Motivos nº 194, do Ministério da Aeronáutica, da
Secretária de Assuntos Estratégicos e do Ministério da Justiça, ao então presidente Fernando Collor
de Mello (1990-1992) no ano de 1990, sobre a necessidade de haver um sistema eiciente de produção
e processamento de informações qualiicadas sobre a região amazônica. A implementação do projeto
foi concluída em 2005, mas o sistema começou a operar em 2002.
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INTRODUÇÃO
Este texto pretende, através da apresentação de breves aportes teó-
rico-metodológicos, ensejar a discussão sobre o papel do Empreen-
dedorismo e da Inovação nas Micro e Pequenas Empresas (MPEs)
da cidade de Macapá, estado do Amapá (AP) diante da sua poten-
cial contribuição para o desenvolvimento regional. O estudo baseia-
-se na premissa de que o empreendedorismo inovador desenvolvido
pelas MPEs da cidade de Macapá gera resultados signiicantes para o
desenvolvimento regional, como por exemplo, competitividade, co-
nhecimento, aprendizagem, novas técnicas e tecnologias e melhores
condições de vida para a sociedade local. O impacto do empreende-
dorismo inovador no mercado é discutido em diversos estudos rea-
lizados por instituições públicas, empresas privadas e pesquisadores
(SEBRAE, 2009; LEMOS, 1999; OCDE, 2005).
Portanto, considera-se que com a implementação de inovações as
MPEs possuem papel fundamental no crescimento e desenvolvimen-
to econômico da região em que atua. Considera-se que ao programar
a inovação as MPEs adquirem maiores possibilidades de competir e
crescer localmente, pois ao inovar elas desfrutam de novas oportu-
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1. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm, de 2 de dezembro de
2004. Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa cientíica e tecnológica no ambiente produti-
vo e dá outras providências.
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