Você está na página 1de 2

1

TODA CRIANÇA TEM O DIREITO DE PARTICIPAR DA SELEÇÃO DO


VESTIBULAR.

Adriano Celestino ribeiro Barros

Advogado e autor de artigos de jornal, revistas especializadas, informativos, sites, dentre outros

“UNE reage a aprovação de garoto de 8 anos para curso de Direito

Brasília, 08/03/2008 - A aprovação do garoto João Victor Portellinha de Oliveira, de oito


anos, para o curso de direito da Universidade Paulista (Unip), de Goiânia, despertou
reação da União Nacional do Estudantes (UNE). A presidente da UNE, Lúcia Stumpf,
divulgou texto no qual critica a falta de critérios para a admissão de novos alunos nas
universidades particulares e afirmou que o fato é exemplo da "mercantilização da educação".

Para Lúcia "aquele estudante foi visto apenas como mais uma soma em dinheiro a entrar no
caixa da universidade. Não se trata de indagar sobre a capacidade intelectual da criança, mas
sim o tratamento massificado e sem critérios pedagógicos despendido aos estudantes das
instituições particulares, vistos apenas e tão somente como consumidores". A presidente da
UNE também questionou o fato de o garoto ter sido matriculado sem ter concluído o ensino
médio”.

Disponível em: http://www.oab.org.br/noticia.asp?id=12825

Em nossa opinião, toda criança tem o direito de participar da seleção do vestibular. E se


passar deve fazer o curso porque mostrou conhecimento para cursar a Universidade.

Esse, com certeza, será o leading case sobre esse assunto. Procurem por favor também
assuntos como: células-tronco, o preço do abandono afetivo, o "estatuto das famílias", dentre
tantos outros que estão porvir.

Os Princípios que norteiam o intérprete para os fatos da vida a interpretar e integrar as normas
jurídicas. A estrutura legal do sistema jurídico nada mais é que um grande conjunto de
hipóteses de fato ao qual tem de um lado um grande conjunto de conseqüências jurídicas.

Se um “janeleiro”, devido à família ter dinheiro, pode fazer o vestibular facílimo em outro
Estado da Federação passando tranqüilamente. E depois é transferido para uma Faculdade
Particular perto de sua família. Não tem motivo justo para que impeçam uma criança de
boa-fé, que fez a prova e passou não cursar a Faculdade somente porque não concluiu o
ensino médio.
2

O Mestre Rui Barbosa em ORAÇÃO AOS MOÇOS na célebre definição do princípio


da igualdade dá um norte para interpretar essa questão, se não vejamos:

A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar


desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam

Isso com fundamento na responsabilidade civil pela perda de uma chance.

A Responsabilidade Civil por Perda de Chance é uma teoria que reconhece a possibilidade
de indenização nos casos em que alguém se vê privado da oportunidade de obter um lucro ou
de evitar um prejuízo. A teoria tem como característica principal reconhecer a existência de
uma nova categoria de dano indenizável, um dano autônomo consistente na oportunidade (ou
chance) perdida, o qual independe do resultado final. Atribui-se um valor econômico, de
conteúdo patrimonial, à probabilidade de obter um lucro, sem que jamais se saiba se aquela
probabilidade efetivamente se verificaria no caso concreto, pois um fato interrompe o curso
normal dos acontecimentos antes que se pudesse constatar se aquela oportunidade se
concretizaria. Não se concede a indenização pela vantagem perdida, mas sim pela
possibilidade séria e real de conseguir esta vantagem. Para tanto, a teoria faz uma distinção
entre resultado perdido e a chance de consegui-lo.

Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/v1/index.php?id=entrevistas&identrevista=41

Impedir que uma pessoa não faça vestibular por não ter concluído o ensino médio é
esconder a total incapacidade e mercantilização do atual ensino brasileiro.

Defendemos a tese de que toda criança se passar deve fazer o curso que foi aprovada.
Isso fere os princípios da razoabiliadade assim como o princípio da vedação do
retrocesso com fundamento na dignidade da pessoa humana.

e-mail: acrbadv@uol.com.br

Você também pode gostar