Cedência
João Paulo Guerra
Diário Económico, 13 de Março de 2008
"É tudo uma questão de força, de barulho e, acima de tudo, tempo. É que o calendário não pára, daqui a pouco mais de um ano haverá eleições..."
Cedência
João Paulo Guerra
Diário Económico, 13 de Março de 2008
"É tudo uma questão de força, de barulho e, acima de tudo, tempo. É que o calendário não pára, daqui a pouco mais de um ano haverá eleições..."
Cedência
João Paulo Guerra
Diário Económico, 13 de Março de 2008
"É tudo uma questão de força, de barulho e, acima de tudo, tempo. É que o calendário não pára, daqui a pouco mais de um ano haverá eleições..."
Quinta-feira 3 Marco 2008. Didrio Econémico 49
COLUNA
VERTEBRAL
hee
JOAO PAULO
GUERRA
Cedéncia
Afinal o coriaceo Governo
cede, senao a alguns argu-
mentos pelo menos a alguns
interesses, conveniéncias ou
oportunidades de agenda e
calendario. E cedeu, inespe-
radamente, consentindo
uma oportunidade de dialo-
go com os professores e ad-
mitindo reabrir uma urgén-
cia hospitalar. Claro que
aqueles mais “secratistas”
que Socrates, pregoeiros dos
méritos e da bondade de
tudo 0 que venha da gover-
na¢gdo como bom e justo e
necessario e oportuno e ur-
gente e inevitavel, vao dizer
" que nfo se trata de uma ce-
déncia mas de um mero re-
cuo. Dirao mesmo eventual-
mente que se trata de um re-
cuo... em frente. Mas a ques-
tao nao € sobre palavras, an- —
tes sobre actos.
OPINIAO
O Governo cedeu agora
mas anteriormente j4 cede-
ra, por exemplo, ao deixar os
magistrados de fora do novo
regime de vinculos, carrei-
ras e remuneracoes dos fun-
cionarios ptblicos. Nesse
caso foram raz6es institu-
cionais que determinaram a
cedéncia. Mas 0 Governo ja
havia cedido aos juizes,
como aos militares, na sua
propalada politica contra os
“privilégios”.
Ou seja: em matéria de ce-
déncias do poder politico,
como em tudo 0 mais em
Portugal, ha regras mas so-
bretudo ha excep¢Ges. Tam-
bém ha regras excepcionais
e excepcdes regulamenta-
res. E em todos os casos
contam as questdes da rela-
cao de forcas, do peso das
corporagoes, da influéncia
das clientelas e até da man-
cha humana e dos decibéis
das manifesta¢des.
E tudo uma questao de
forea, de barulho e, acima de
tudo, de tempo. E que 0 ca-
lenddrio nao para, daqui a
pouco mais de um ano have-
rA eleicdes, a campanha elei-
toral até j4 tem um comicio
marcado. Dado o exemplo, e
como toda a sociedade se
rege pelo mesmo calendario,
é de prever que daqui as elei-
ces se faga ouvir um alarido
dos diabos. Funciona.
jpguerra@economicasgps.corr