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Quinta-feira 3 Marco 2008. Didrio Econémico 49 COLUNA VERTEBRAL hee JOAO PAULO GUERRA Cedéncia Afinal o coriaceo Governo cede, senao a alguns argu- mentos pelo menos a alguns interesses, conveniéncias ou oportunidades de agenda e calendario. E cedeu, inespe- radamente, consentindo uma oportunidade de dialo- go com os professores e ad- mitindo reabrir uma urgén- cia hospitalar. Claro que aqueles mais “secratistas” que Socrates, pregoeiros dos méritos e da bondade de tudo 0 que venha da gover- na¢gdo como bom e justo e necessario e oportuno e ur- gente e inevitavel, vao dizer " que nfo se trata de uma ce- déncia mas de um mero re- cuo. Dirao mesmo eventual- mente que se trata de um re- cuo... em frente. Mas a ques- tao nao € sobre palavras, an- — tes sobre actos. OPINIAO O Governo cedeu agora mas anteriormente j4 cede- ra, por exemplo, ao deixar os magistrados de fora do novo regime de vinculos, carrei- ras e remuneracoes dos fun- cionarios ptblicos. Nesse caso foram raz6es institu- cionais que determinaram a cedéncia. Mas 0 Governo ja havia cedido aos juizes, como aos militares, na sua propalada politica contra os “privilégios”. Ou seja: em matéria de ce- déncias do poder politico, como em tudo 0 mais em Portugal, ha regras mas so- bretudo ha excep¢Ges. Tam- bém ha regras excepcionais e excepcdes regulamenta- res. E em todos os casos contam as questdes da rela- cao de forcas, do peso das corporagoes, da influéncia das clientelas e até da man- cha humana e dos decibéis das manifesta¢des. E tudo uma questao de forea, de barulho e, acima de tudo, de tempo. E que 0 ca- lenddrio nao para, daqui a pouco mais de um ano have- rA eleicdes, a campanha elei- toral até j4 tem um comicio marcado. Dado o exemplo, e como toda a sociedade se rege pelo mesmo calendario, é de prever que daqui as elei- ces se faga ouvir um alarido dos diabos. Funciona. jpguerra@economicasgps.corr

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