UMA PERFORMANCE DO COLETIVO ES3 COM CHRYSTINE SILVA E ANDR BEZERRA A figura do amor transita entre muitos espaos, desde a arte aos atos e contos espalhados pela histria, o amor est sempre presente sobre diferentes olhares e compreenses. A ao proposta se encontra nesse meio, e pra por um momento sobre a idia de uma promessa de amor, um ato performativo, uma sentena que implica numa ao: "eu prometo...". O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a gua morta dos mangues, aboliu a mar. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde cido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chamins. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu at essas coisas de que eu desesperava por no saber falar delas em verso. Eu estava pra pegar um avio. Um mdium previu que eu no pegaria o avio mas que a pessoa que eu amava iria pegar. O avio cairia e ele morreria. Eu no sabia o que fazer. Se eu perdesse o vo eu estaria alimentando a profecia e arriscando a vida do meu amado. Mas para quebrar a profecia eu teria que pegar o avio que parecia estar predestinado a cair. Antes de amar-te, amor, nada era meu Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome: O mundo era do ar que esperava. E conheci sales cinzentos, Tneis habitados pela lua, Hangares cruis que se despediam, Perguntas que insistiam na areia. Tudo estava vazio, morto e mudo, Cado, abandonado e decado, Tudo era inalienavelmente alheio, Tudo era dos outros e de ningum, At que tua beleza e tua pobreza De ddivas encheram o outono. Cada um ao nascer traz sua dose de amor, mas os empregos, o dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do corao. Sobre o corao levamos o corpo, sobre o corpo a camisa, mas isto pouco. Algum imbecilmente inventou os punhos e sobre os peitos fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem. A mulher se pinta. O homem faz ginstica pelo sistema Muller. Mas tarde. A pele enche-se de rugas. O amor floresce, floresce, e depois desfolha. Voc est to longe que s vezes penso que nem existo. Nem fale em amor que amor isto. Amar solenemente as palmas do deserto, o que entrega ou adorao expectante, e amar o inspito, o spero, um vaso sem flor, um cho de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.