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Teoria de Relações

Internacionais I

Prof. Guilherme Casarões


Aula 1 – Teorias, Atores e
Níveis de Análise
Teoria x Realidade
 Teorias, de uma forma geral, são
representações da realidade.
 Essas representações selecionam
aspectos, fatos e eventos a partir de
critérios objetivos e buscam explicar
fenômenos (sociais, no nosso caso).
 Podem ser empíricas, normativas,
críticas, constitutivas, etc.
O que é realidade?
 Para grande parte das pessoas, realidade é
aquilo que pode ser captado pela
conjugação de nossos sentidos.

 Em muitos casos, no entanto, a realidade


depende de elementos subjetivos, como
nosso entendimento sobre algo.
O problema do nível de análise

 Toda ciência implica uma escolha:


explicar o mundo pela parte
(unidade) ou pelo todo (sistema)?

 Em Relações Internacionais, essa


discussão começou no fim dos anos
50 e gerou uma importante reflexão.
Kenneth Waltz – Man, the
State, and War (1959)
 Três “imagens” das Relações Internacionais: o
indivíduo, o Estado e o Sistema Internacional

 Em qual dos níveis focar? Waltz aponta vantagens


e desvantagens de cada um.

 O todo é maior que a soma das partes?


J. David Singer – The Level-of-
Analysis Problem in IR (1961)

 Nível macro (sistêmico): mais


abrangente, coerente e geral.

 Nível micro (individual): menos


coerente, mas mais detalhado,
profundo e intenso.
O problema dos atores em
Relações Internacionais
 Indivíduos
 Órgãos burocráticos
 Estados
 Organizações Inter-Governamentais (OIGs)
 Organizações Não-Governamentais (ONGs)
 Atores não-estatais: Igreja, grupos terroristas,
empresas transnacionais, etc.
Evolução da percepção dos
atores relevantes em RI
 Anos 20, 30, 40: Estados e indivíduos
 Anos 50 e 60: Órgãos burocráticos
(Graham Allison)
 Anos 70: Empresas (Keohane & Nye)
 Anos 80: OIGs e ONGs

 Para grande parte das teorias de RI, o


principal ator continua sendo o Estado.
Como explicar a invasão nazista à Polônia, em
1939?
 Nível individual: vontade de Hitler

 Nível societal: diretrizes do Partido Nazista,


características da sociedade autocrática alemã (III
Reich)

 Nível estatal: “espaço vital” da Alemanha

 Nível sistêmico: incentivos gerados pela dinâmica


internacional européia/mundial

 Lembrando: atores e níveis de análise são coisas


diferentes. Podemos focar em qualquer um dos
níveis e considerar, por exemplo, que o Estado
continua sendo o ator principal.
Os três paradigmas das
Relações Internacionais (Viotti
& Kauppi)
 Paradigmas ou “imagens”, para os
autores, são grandes “guarda-chuvas”
teóricos dentro dos quais situam-se as
principais teorias de RI.

 Eles têm função didática: prover


orientações gerais para que o estudante
possa, mais tarde, refinar suas
distinções.
Realismo
 Estados são os principais atores das RIs:
atores não-estatais sempre vinculam-se
ao Estado.
 Estados são a unidade básica de análise.
 Estados são racionais: selecionam
decisões que maximizem sua utilidade.
 A segurança nacional é o assunto mais
importante na pauta dos Estados (high
politics).
Pluralismo
 Atores não-estatais são entidades cruciais na
dinâmica internacional.
 O Estado não é unitário: decisões de PE são
resultados da interação entre burocracias,
grupos de pressão, indivíduos.
 Racionalidade não é útil para as RI:
resultados inesperados gerados pela
racionalidade dos atores.
 Agenda dos Estados é múltipla e extensa.
Globalismo
 Ênfase na estrutura internacional: o que
importa são os condicionantes estruturais
do sistema (no geral, o capitalismo).
 Visão histórica das RI.
 Ênfase nos mecanismos de dominação que
unem Estados centrais e periféricos,
burguesia e proletariado.
 Economia é referencial mais importante na
agenda internacional. Os demais temas
são subprodutos da economia.

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