Aula 1 – Teorias, Atores e Níveis de Análise Teoria x Realidade Teorias, de uma forma geral, são representações da realidade. Essas representações selecionam aspectos, fatos e eventos a partir de critérios objetivos e buscam explicar fenômenos (sociais, no nosso caso). Podem ser empíricas, normativas, críticas, constitutivas, etc. O que é realidade? Para grande parte das pessoas, realidade é aquilo que pode ser captado pela conjugação de nossos sentidos.
Em muitos casos, no entanto, a realidade
depende de elementos subjetivos, como nosso entendimento sobre algo. O problema do nível de análise
Toda ciência implica uma escolha:
explicar o mundo pela parte (unidade) ou pelo todo (sistema)?
Em Relações Internacionais, essa
discussão começou no fim dos anos 50 e gerou uma importante reflexão. Kenneth Waltz – Man, the State, and War (1959) Três “imagens” das Relações Internacionais: o indivíduo, o Estado e o Sistema Internacional
Em qual dos níveis focar? Waltz aponta vantagens
e desvantagens de cada um.
O todo é maior que a soma das partes?
J. David Singer – The Level-of- Analysis Problem in IR (1961)
Nível macro (sistêmico): mais
abrangente, coerente e geral.
Nível micro (individual): menos
coerente, mas mais detalhado, profundo e intenso. O problema dos atores em Relações Internacionais Indivíduos Órgãos burocráticos Estados Organizações Inter-Governamentais (OIGs) Organizações Não-Governamentais (ONGs) Atores não-estatais: Igreja, grupos terroristas, empresas transnacionais, etc. Evolução da percepção dos atores relevantes em RI Anos 20, 30, 40: Estados e indivíduos Anos 50 e 60: Órgãos burocráticos (Graham Allison) Anos 70: Empresas (Keohane & Nye) Anos 80: OIGs e ONGs
Para grande parte das teorias de RI, o
principal ator continua sendo o Estado. Como explicar a invasão nazista à Polônia, em 1939? Nível individual: vontade de Hitler
Nível societal: diretrizes do Partido Nazista,
características da sociedade autocrática alemã (III Reich)
Nível estatal: “espaço vital” da Alemanha
Nível sistêmico: incentivos gerados pela dinâmica
internacional européia/mundial
Lembrando: atores e níveis de análise são coisas
diferentes. Podemos focar em qualquer um dos níveis e considerar, por exemplo, que o Estado continua sendo o ator principal. Os três paradigmas das Relações Internacionais (Viotti & Kauppi) Paradigmas ou “imagens”, para os autores, são grandes “guarda-chuvas” teóricos dentro dos quais situam-se as principais teorias de RI.
Eles têm função didática: prover
orientações gerais para que o estudante possa, mais tarde, refinar suas distinções. Realismo Estados são os principais atores das RIs: atores não-estatais sempre vinculam-se ao Estado. Estados são a unidade básica de análise. Estados são racionais: selecionam decisões que maximizem sua utilidade. A segurança nacional é o assunto mais importante na pauta dos Estados (high politics). Pluralismo Atores não-estatais são entidades cruciais na dinâmica internacional. O Estado não é unitário: decisões de PE são resultados da interação entre burocracias, grupos de pressão, indivíduos. Racionalidade não é útil para as RI: resultados inesperados gerados pela racionalidade dos atores. Agenda dos Estados é múltipla e extensa. Globalismo Ênfase na estrutura internacional: o que importa são os condicionantes estruturais do sistema (no geral, o capitalismo). Visão histórica das RI. Ênfase nos mecanismos de dominação que unem Estados centrais e periféricos, burguesia e proletariado. Economia é referencial mais importante na agenda internacional. Os demais temas são subprodutos da economia.