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Tenho um quarto aberto a oriente
E uma f pag como uma pedra
onde convivo com todos os deuses naturais
que me oferecem incensos e fruta
a troco da minha lngua
tive numa outra terra
um quarto fechado escuro
sem deuses anjos ou nascentes
e gentes que no eram gente
mas simulacros espantalhos do quotidiano
sem sequer um cruz para as novenas ou via-sacra
larguei esse porto a rebentar de lodo
no convs de um batelo
e acabei em Sanchoo
a rezar ao sol ao cu ao universo
que uniu o que fora sempre disperso
l baptizaram-me por tradio
mas aqui beijaram-me pela minha crena
a minha esperana num deus que no pensa nem sente
mas que existe em toda a sua beleza no mais simples gesto
do mendigo ou no homem do riquex
que nunca me deixou na berma
ali entregue a mim prprio e s
como se fora um encapuado sem destino
L (j no me lembro onde) nessa terra tinha um s deus
Porm nenhuma f no sol na lua
Mas neste quarto aberto
Tenho as catorze estaes sem cruz:
Apenas uma flor em cada uma delas
que rego com a minha lngua
delta de todos os braos de todos os deuses
por isso que neste quarto aberto
Com uma janela virada ao mar e montanha
Tenho todo o tempo que os deuses me emprestam
E fao de tudo o que me resta uma imensa festa.