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O deserto do Atacama seria sinónimo de dificuldades, mas não foram as condições naturais, mas sim as
características das pistas da região que foram o maior adversário de Carlos Sousa. A extrema rapidez do
percurso impediu o piloto de Almada de acompanhar uma boa parte do pelotão, já que com o seu
Mitsubishi limitado a uma velocidade máxima de 170 km/h, em função do restritor que lhe foi aplicado
no motor, nada pôde fazer para contrariar os quase 200km/h que as viaturas dos adversários atingiram
durante a etapa.
À chegada a Copiapo, em pleno Chile, Carlos Sousa não conseguiu disfarçar o desalento: “Algum dia
tinha de ser e foi na etapa de hoje. Sendo o único piloto privado a ser obrigado a alinhar com um
restritor de 32mm (em vez do de 34mm que equipa as restantes equipas) e uma caixa de cinco
velocidades, sabia que numa etapa com percursos muito rápidos pouco podia fazer. Honestamente,
não pensei é que a diferença fosse tão grande”...
A vitória de Robby Gordon demonstra a rapidez das pistas da etapa disputada entre Fiambala e Copiano,
pois só com essas condições é que o impressionante Hummer do americano se consegue impor. Como
Carlos Sousa reconhece, “correr assim é muito inglório. É mesmo decepcionante. A etapa nem foi dura
e se nas zonas mais técnicas ainda cheguei a ultrapassar as Nissan, depois nada consegui fazer”. E o
sentimento de impotência estendeu-se “a muitas outras viaturas, nomeadamente em relação aos
meus colegas de equipa”.
Curiosamente, o piloto nacional até confessa que “esta até foi a etapa em que ataquei mais e onde
corri mais riscos, pelo que por aqui se pode explicar o quanto o dia foi inglório. Na primeira travessia
das dunas ainda estive cerca de sete minutos atascado, para evitar uma viatura de imprensa que
estava mal colocada, mas sinceramente não foi isso que impediu a conquista de um resultado mais
positivo”.
A caminho de Antofagasta, região mundialmente famosa pela quantidade de minas de ouro e carvão, os
concorrentes terão pela frente um percurso exigente, tanto física como psicologicamente. As pistas
abertas mas rochosas da primeira parte do dia não permitirão o mais pequeno deslize. Concentração
absoluta também nas zonas fora de estrada devido ao fesh-fesh (a mais fina poeira das dunas),
conhecido neste continente como ‘guadal’. No final, as mudanças no ritmo serão constantes e a noção
de endurance começará a ter verdadeiro significado. Afinal, serão quase 500 km de especial…
CURIOSIDADE DO DIA
Imbatível desde o início do novo Milénio, a Mitsubishi garantiu o seu 12º e último triunfo no Dakar em
2007, numa edição em que, curiosamente, não venceu qualquer etapa. Pelo contrário, a marca japonesa
nunca exerceu um domínio tão absoluto como em 1998, quando ganhou 16 das 17 etapas, perdendo
apenas a última para o Buggy Schlesser de Jutta Kleinschmidt.