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QUEM LÊ

SABE
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Numa aldeia, à beira de uma montanha, havia uma
pequena casa coberta de musgo. Junto da casa havia uma
horta.

Na horta havia uma laranjeira que dava laranjas muito doces,


um limoeiro que dava limões muito grandes, uma cerejeira
que dava cerejas brancas, três videiras que davam enormes
cachos de uvas saborosas, uma capoeira que tinha galinhas,
galos, perus, codornizes e patos.
Na horta havia também um tanque. Por cima do tanque,
havia uma bica que deitava água sempre muito fresca
durante todos os dias do ano.

Avançar
Na casa viviam duas pessoas: um velho muito
velhinho, magro e baixinho; e a sua mulher, alta, gorda e
velhota.

O velho, muito velhinho, magro e baixinho, desde


menino que sachava, semeava, regava, mondava, colhia
e comia o que a terra dava. E também repartia com as
galinhas, os galos, os perus, as codornizes e os patos
que viviam na capoeira.

Avançar
Um ano, quando os primeiros dias da Primavera
trouxeram sol e calor, os pássaros começaram a voar sobre a
terra à procura de raízes finas, penas, trapinhos e ervas
secas. Coisas leves que levavam no bico para cima das
árvores, para os buracos dos muros, para os telhados e para
os beirais para aí construírem os ninhos. Caminhas fofas
onde haviam de pôr e chocar os ovos para que outros
passarinhos nascessem bem protegidos e agasalhados.

E o velho, muito velhinho, levantou-se muito cedo,


tomou o pequeno-almoço e foi trabalhar para a horta.
Encheu uma carreta com o estrume do galinheiro e levou-o
para a horta. Com um ancinho espalhou o estrume sobre a
terra e cavou-a com a sua enxada muito velha, muito pesada,
muito usada. Avançar
Pôs a terra muito lisinha e, muito transpirado, tirou do
bolso das calças um pacotinho de papel amarelo.

Dentro do pacotinho havia sementes de nabo que ele


semeou no chão cultivado, delicadamente, com muitos
vagares e muito amor. Depois cobriu as sementes com a terra
e regou-as com água do tanque. E antes de se ir embora
disse assim:
- Façam favor de crescer, está bem?
Os dias passaram muito devagar, os passarinhos
nasceram nos ninhos e começaram a pedir comida aos pais
que voavam todo o dia, muito atarefados.
O sol aquecia a terra e fazia desabrochar as folhas e
as flores das árvores.
Avançar
As sementes de nabo, bem estrumadas, bem regadas
e bem mondadas transformaram-se em pequeníssimos
rebentos verdes e, mais tarde, em plantas grandes, com
enormes folhas.
Numa tarde, o velho, muito velhinho, descobriu que no
seu nabal havia um nabo que crescia muito mais que os
outros. Ficou curioso. Contou à mulher e todos os dias, mal
acordava, corria para a horta ver o que tinha acontecido ao
nabo. E ficava muito espantado: o nabo cada vez estava
maior que os outros.
O nabo ia crescendo, crescendo e já não era duas
vezes, nem três vezes, nem quatro vezes, nem cinco vezes,
nem dez vezes maior. O nabo era gigante. Tinha a mesma
altura do velho e continuava a crescer de hora a hora, de dia
a dia.
Avançar
Como o nabo já estava a incomodar as alfaces, os
tomates, os pepinos, as abóboras e as couves que serviam
para fazer caldo verde, a mulher do velho, muito velhinho,
disse-lhe assim:
– Marido, é preciso ir à horta arrancar o nabo gigante!
– Boa ideia – disse o velho, muito velhinho. – Vou tirá-
lo da terra imediatamente. Não demoro nada.
O velho, muito velhinho, foi para a horta, agarrou-se
muito bem ao nabo gigante e puxou um bocadinho. Mas o
nabo... não se mexeu.
O velhinho puxou outra vez, mas com muita, muita,
muita força. Mas o nabo...
não se mexeu.
Avançar
O velhinho resolveu chamar a mulher para o vir
ajudar.
A velhota veio, puxou o velhinho e o velhinho
puxou o nabo. Fartaram-se de puxar mas o nabo...

não se mexeu.

Avançar
A velhota resolveu chamar uma menina, que vivia
lá perto.
A menina puxou a velhota, a velhota puxou o
velhinho e o velhinho puxou o nabo. Fartaram-se de
puxar, mas o nabo...
não se mexeu.

Avançar
A menina resolveu chamar o irmão que andava a
brincar.
O rapaz puxou a menina, a menina puxou a
velhota, a velhota puxou o velhinho e o velhinho puxou o
nabo. Fartaram-se de puxar, mas o nabo...

não se mexeu.

Avançar
O rapaz resolveu chamar o seu cão, que era
grande, meigo e muito forte. O cão veio a correr para
ajudar a tirar o nabo.
O cão puxou o rapaz, o rapaz puxou a menina, a
menina puxou a velhota, a velhota puxou o velhinho e o
velhinho puxou o nabo. Fartaram-se de puxar, mas o
nabo...
não se mexeu.

Avançar
O cão ladrou a um gato e o gato veio a correr para
ajudar a tirar o nabo.
O gato puxou o cão, cão puxou o rapaz, o rapaz
puxou a menina, a menina puxou a velhota, a velhota
puxou o velhinho e o velhinho puxou o nabo. Fartaram-se
de puxar, mas o nabo...
não se mexeu.

Avançar
Então o gato pôs-se a miar e apareceu um rato
muito pequenino.
O rato puxou o gato, o gato puxou o cão, cão
puxou o rapaz, o rapaz puxou a menina, a menina puxou
a velhota, a velhota puxou o velhinho e o velhinho puxou
o nabo. Puseram-se a puxar, a puxar, a puxar...

e de repente o nabo saiu.

Avançar
O nabo saiu da terra com tanta velocidade
que o gato caiu sobre o rato, o cão sobre o gato,
o rapaz sobre o cão, a menina sobre o rapaz, a
velhota sobre a menina, o velhinho sobre a
velhota e o nabo ao lado de todos.

Avançar
A velhota, que era uma grande cozinheira, cortou o
nabo em pedacinhos e fez um cozinhado muito apetitoso,
muito saboroso. Mas o velhinho e a velhota não o
comeram sozinhos.

Nessa noite tinham muitos convidados à mesa.


O rato, o gato, o cão, o rapaz, a menina, a velhota e
o velhinho deliciaram-se a comer um fabuloso e
gigantesco cozinhado de...

nabo gigante
JOGO DO NABO

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