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H seis meses ele passou por aquela porta e me disse Adeus.

No disse
que eu ficaria bem, que seria feliz, que me desejava o melhor. No disse o
porqu. Simplesmente adeus.
Agora andando por esse apartamento que por anos foi testemunha do
quanto nos dvamos bem, vejo o quanto vazio ele est. Nada mudou,
aquela estante que dividamos continua no mesmo lugar, aqueles LPS,
aqueles quadros na parede. Coloco um disco para tocar e me sento no
parapeito da janela. Gosto de observar por horas, me perco nesse labirinto
que essa vida moderna e tecnolgica. Todas essas pessoas nos celulares,
quando se encontram nos bares, restaurantes chiques e com suas vidas
sociais movimentadas. Desisti desses encontros com amigos faz tempo.
Eles mesmo pararam de me procurar. Suponho que me acham deprimente,
acho que o meu estilo de vida simplesmente no bate com o deles. Devo
viver com meus livros, meus filmes e meus gatos. Eu sou feliz, mas falta
algo. Viajarei.
Mas enquanto escrevo isso nesse moleskine, um desses que custam bem
caro, na qual tive que ralar naquele emprego de atendente de
supermercado, percebo o quanto escrever me d prazer, me alivia. Sei que
no tenho talento mas escrever me d uma sensao de paz interior,
diferente daquele marasmo sentimental que se tornou frequente na minha
vida. Assim como viajar. Ir para um lugar onde eu no conheo e ningum
me conhece. Gosto de viajar de trem, enquanto olho pela janela todas
aquelas paisagens. Amanh eu saio daquele emprego horrvel e vou viajar.
Eu e uma cmera fotogrfica por a.

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