A Menina Gotinha de gua

Era uma vez uma gotinha de gua que vivia no mar sem fim.
Juntamente com as suas irmzinhas formavam o Mar.
Um dia, a menina Gotinha de gua estava a dormir, a sonhar,
Ento o Sol beijou-a e logo ela subiu no ar.
No cu, olhou sua volta e viu milhes de gotinhas como ela boiarem
no ar.
Vieram os ventos e comearam a empurrar aquelas nuvens e a
gotinha viajou por muitas terras.
Depois o vento parou. As nuvens escureceram como breu. A gotinha olhava para
baixo e via a terra seca e pensou:
E se fosse dar de beber s flores, aos campos,
E deixou-se cair, frente de milhes de gotinhas em forma de chuva.
Ento a menina Gotinha de gua, com as suas irmzinhas, desceu aos caminhos
escondidos na terra, passou entre as razes das plantas, desceu, desceu sempre
at que encontrou um palcio maravilhoso que havia no seio da terra.
Quando acordou, sentiu saudades do Mar e disse:
- So horas, irmzinhas.
E ps-se a saltar, de pedra em pedra, a correr, a saltar, a cantar toda contente.
Atrs dela vinham suas irmzinhas, e todas vinham muito contentes e felizes.
At que um dia chegaram ao esturio de um grande rio.
Eram agora milhes e milhes de gotinhas de gua, a correr, a brincar, a cantar
a caminho do Mar.
A menina Gotinha de gua ps-se a correr mais ligeira, juntamente com as suas
irmzinhas e disse:
- Vamos, toca a andar, que estamos a chegar nossa casa no Mar.
O cu estava cheio de gaivotas que brincavam com o fumo dos navios e
alegremente cumprimentavam a gotinha.
Ento, a linda menina Gotinha de gua viu que chegara finalmente ao Mar e
desatou a cantar:
Eu sou a Menina Gotinha de gua,
Gotinha azul do mar,
Que fui nuvem no ar,
Chuva abenoada,
Fonte a cantar,
Ribeiro a saltar,
Rio a correr, e que volta sua casa
Casa no mar
Onde vai descansar
Dormir e sonhar
Antes que de novo
Torne a ser
Nuvem no ar,
Chuva abenoada,
Fonte a cantar,
Ribeiro a saltar,
Rio a correr
E mar
Uma vez mais.
Papiniano Carlos
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