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1 O CINEMA ANTES DO CINEMA (1966) e Mannoni (1995), autores dos volumes mais espeitados sobre técnica do cinema, assinalam como significativos a invengio dos por Giovanni della Porta (séulo XVI), das projgoes criptologicas Kircher (século XVII, dalanterna mégica por Christiaan Huygens, Johannes Zahn, Samuel Rhanaeus, Petrus vin Musschenbroek e ppetsisténcia retiniana por Joseph Plateau (século XIX) ‘Etienne-Jules Marey Por gue 0 Was excuras quand f a deren re cpr dermis 50S ag perposi ere dedicam a0 estudo da cultura do periods «aos antepassados iam 3S CaVErnas para fy eameas das imagens encontradas Mas Paredcr econhaoenoe mio tern guvidas eassistir a las .Gaum ha © 05 se ue o observador se locomove na, nae obscurece parte dos de los desenhos Oe cin A pdesuatmoelaneraiuminac obs nde scores to ea el, 90 paso que cx seems Poi echo em determin aparece mi sombre a configura do animal represetado (py pas a de bors digi para ent), 20 PSD qe, em pois 1 Sent do mes ania (po xem, oe cn Lee ada paar) Eas, & medida que oobservadorcaminha pert ss se a pennant etree 0 eve evn sr recor srosimasio do Dome) «toda cena parce {Gfarem imagen snimadas.“O que estou tentando demonstra € que os ariss aan ham orinsruments do pot, mas solhos ea mente docineasa ‘Nes enanhas da terra, eles construiam imagens que parecem se mover, imagens Be Gat pra outs imagens ou dislvam.se em outras images, ov anda Faden deep ‘Numa palavra, eles j faziam cinema underground” {ice 1953p. - ‘Quanto mais os historiadores se afundam na hist6ria do cinema, na tentativa desenterrar 0 primeiro ancestral, mais cles sao remetidos para tras, até 0 mitos € ritos dos primérdios. Qualquer marco cronol6gic ae logico que possam eleger como er spr brio plo deo ea procura do cinema soto veo Be oe: Ofc de Werner Nekes, Wor geek itl evn dn Ber? (0 fle antes do flmel185)€ mito ins ‘Sone os tein om ena ard GiPetdcullos de massa (os prestdigitadores de feiras equermestes o teatro dptico de Reynaud), 01 fabricantes de brintradne eens 0 teatro op bbringuedos e adornos de mesa ¢ até mesmo charlaties de todas as espécies. Co a \dornos d asia Lami me Leo Sauvage demonstra em seu iconoclast flare Lami as histrias do cinema pecam porque soem geal esrtas por grupos (oa Por indviduos sob sua inagnci)interesados em promover aspectos soiopoliticos Particulares (uma certa concepgdo “industrial” de cinema que, todavia, 6 se impos partir da segunda década deste século), quando néo se fazem veicuos de propaganda ‘nacional-chauvinist, privilegando os “seus” inventors (Sauvage 1985). Mas n40 € 86: tals histrias do cinema sio sempre a histria de sua postvidade tecnica, a historia das teoriascientficas da percepgio e dos aparehos destinados a operar a analise/sintese do movimento, cegas entretanto a toda ma acumulacio subterrinea, ‘uma vontade milenar de intervirno imaginério, letra que faz André Bazin do livro de Sadoul sobre as origens do cinema, apesar de seu indsfargvelidealsmo, uma excesio solitiria, Diz Bazin (1981, p. 24): “Os fandticos, os maniacos, 0s piloneiros desinteressados, capazes, como Bernard Plissy, de botarfogo em sua casa por alguns segundos de imagens tremeluzentes, nao sao cintistas ou indusriais, ‘mas individuos possuidos pela imaginagio” Portanto, © que fica reprimido na ‘grande maloria dos dscursoshistéricos sob o cinema éo que. sociedade reprimiu za propria histéria do cinema: 0 devir do mundo dos sonhos, o afloramento do fantasma, a emergéncia do imaginario e 0 que ele tem de gratuito, excentrico e desejante, tudo isso, enfim, que constitu 0 motor mesmo do movimento invisivel ‘que conduza0 cinema. A historia técnica do cinema, ou seja, a histéria de sua produtividade industrial, pouco tem a oferecer a uma compreensio ampla do nascimento e do ‘desenvolvimento do cinema. As pessoas que contribuiram de alguma forma para 0 “sucesso disso que acabou sendo batizado de “cinematigrato” eram, em sua maioria, curiosos, bricoleurs, lusionistas profssonais e oportunstas em busca de um bom negécio. Paradoxalmente, os poucos homens de cigncia que por ai se aventuraram. ‘caminhavam na dire¢ao oposta de sua materializagio. -Etienne-Jules Marey, por exemplo, isiologista francés cujas pesquisas sobre 0 ‘movimento animal o acabaram conduzindo deforma inesperada ao cinema, nunca Jes sto diferentes: - jesenrolando-se depois mun mp d * sucessivas que d gx sone propia inal songs ita de i ce otra € 0 12 ft0griico de Mary per fe pra poder compara ret © MOVTN contin coy faa foografico son andlise cong Zomo 0 fops que s¢ ft permite observa Um ma que ele utiliza € circu echada sobre sey ada. A pelicul rtiidios de dublagem cinematograf xn cee oop — Gea Pa Se: ovine gus anima eam Mazo qu das most, o alo ode vo dictanen, Ora verdadeio carter dem método, cientifico é superar a insuficiéncia de nossog i roared memo (apd Destanecs 1966, p. 44) reeNlaryarecostigaonatralistadomenimentoerasntidacomo" dei alors devetetanaroiado pl “eisms damage inate Py cares “asc ele fventavaexpedientes dstinados a desnaturazar a cenz ‘i seus“atores” contra umn fundo negro, vestia-osinteiramente de pret par que dessconfunisse com ofundo e, como tinico elemento de dstingo, costars fan brancasrefletoras em seus bragos e pernas, bem como pontos metiicos nas “aticulagbes dos 0550s. Quando o modelo se locomovia diante do eronofotigraia,« triguina regstava apenas trao desenhado por essasfitase pontos, 0 que signi, elation grifico em que o movimento era digranad sere 0 fisilogista podia no apenas red 0 intervalo entre os reitros, sem se preacupar com as superposicBes dos corpos. como também lograva superar o “realismo” (indesejével) da fotografia, resgatando, em poe ‘am —- poderia ser submetido posteriormente a uma anal aaa movimento do seu suporte material ¢ el a eestor je sectarian e¢ fargamente pet a cepaero, ‘grafica para permitir, por exemplo, analisar mae sh peak ¢ revelar qualquer desvio, por menor que OE eaplaaeeten atlaclo do onl bie eet desaparece, dando lugs Um poco mas tad, ie Fhe Chabot no hosel a ne, Albert Londe (que vita trabalat lo ta valor Salpétriére de Paris), declarou também 4% ° i nnn eréatrice -trabalha com um de ete eo gor ce bx ¢ omit Btn ento & 0 que se da ene ests © cinema nao mostra. Dai por it? 0, uniforme & = existe “na” aparclho eon 0@2 ‘© corrige nesse pormenor, afirmando que nao se pode pressuporaartifiialidade dos resultados com base na artifcialidade dos meios, acrescentando ainda que o cinema ‘nos oferece imediatamente uma “imagem-moviment, uma imagem em que 08 «lementos varidveis intererem uns nos outros ecujo recrte temporal congelado ‘pelo obturador €jé um “corte mével ; aaa eres Spikes eee smith Grandma’ looking glass (1590) onto a (Burch fa orginalmente nn espetaculo de an ser peecocidade” do cinema inglés ou sea, wih cae nce mene de cinema com os cia itados as iam qualquer Novidade ee pra Projeconstaseciadors de plcts para lANETTas pics ely téenica de construir narrativas audiovisuas.O cinema para eles como um meio de expressio e uma forma de Rial moves mas to somente como um increment (mal Um ent tntos que Sarg todos os dias) dos recursos expessvos da lantern. ‘io por cas, ohistoriadornorte-americano Charles Musser (190, pp. 15, 4) chegn mesmo a defender aidela de que nlo exist, na verdade, uma hiss do cinema que comesa, por exemplo, em 1895, mas uma histria das imagens em novimento projetadas em sala escura, que remonta, pelo menos no Ocidente, = eados do século XVII, com a generalizagao dos espetaculos de lanterna magica, {© cinema, tal como o entendemos hoje, nio seria sendo uma etapa dessa longa historia, Se considerarmos que as placas das lanternas jé incluiam, desde pelo menos o século XVIII, mecanismos engenhosos para simular 0 movimento dda figuras na tela (acionados por manivelas ou outros dispositivos cinétcos), ‘recursos de transformasio e sobreposicio de fontes de luz para produair fuses ¢ dissolvencias, tcnicas sofisticadas de roteiros para transformar historias orais ou ‘escritas em sequéncias de imagens, sincronizagdo dessas imagens com vor ¢ som, ‘se consderarmos ainda a exsténcia de um piblico potencial frequentador deses ‘speticulos, institugBes encarregadas de promové-los ¢ até mesmo a produio ‘semi-industrial de placas transparentes para distribuigao em larga escala, devemos forgosamente concluir que 0 cinematdgrafo dos Lumiére e de seus outros clezas 4 representar propriamente um corte, uma virada na historia dos 990, p. 87) 1860 explica ug abedoria muito particular -expressivos do homem. Tanto isso é verdade que, nos primeiros anos do "movimento pela projesdo na sala escura, deram a linha dominante. Supunham fs intelectual do sésulo XIX que o cinema seguiria a fotografia na sua fungdo se “Texistro” documenta, mas fi 0 contririo que aconteceu. O novo sistema de ‘expressdo, assim que ganhou forma industrial, impos-se esmagadoramente como terntrio das manhas do imaginirio, mantendo-se fil as seus ancestais migicos _réindusriis (que o diga Melis, argonauta por exceléncia dos mares ¢ abismos Interiores). ‘A historia efetiva do cinema deu preferéncia& iusto em detrimento do

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