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USP ‘gis Mia Pete de Bao reine) int Aniens fe, Tip Gane Conta DOAGAO DA FAMILIA DO PROF, RAUL CID LOUREIRO Cone 01986 ty Be Fats Sean me acne yee rte ‘Bette ava, (scien Sifu SP Tad Taso) 21088 ‘re (oyniss0 sae Ae Pidatintaat 1935 ep ea SUMARIO ‘tau co Lourane Introdugio 1 1 “1. 13. 14 . 1s. 16. 24 22, 23, 24, 25. ‘As Causas da Expansto Martima e a Chegada dos Portugueses 0 Brasil © gosto pela aventura, O desenvolvimento das técnicas de navegacio. A nova mentalidade. ‘A atragdo pelo ouro e pelas especiarias, A ocupacio da costa africana e as feitorias ‘A ocupagio das ilhas do Atlintico A chegada ao Brasil (© Brasil Colonial (1500-1822) 0s indios wees s periodos do Brasil coloni ‘Tentativas iniciais de exploragio . Inicio de colonizagdo — as capitanias hereditirias (© governo geral 13 ” 23 2s 26 28 29 30 35 7 a a a 46 ar 00 ase + mi co toureno 2.6, A colonia se consotida ” 5. Segundo Reinado (1840-1889) 13 2.1. O trabalho compuls6rio “8 51, O"Regresso” 175 2.8. A escravidao ~ indios ¢negros ” 5:2. Auta contra o Impéro centalizado "7 176 29, Omercantlisme 54 53. Oacordo das elites o "parlamentari 179 2:10. 0 "exclusivo” colonial 38 5, Os partidos: semelhangas ediferengas 180 2.11, A grande propriedade e a monacultura de exportagio. 38 55. A preservagdo da unidade territorial 183 2.12, Bsiadoe Tpreja 39 56. A estrtura sécio-econimica € a escravidd0 186 2.13. O Estado absolutista € o “bem comum" 62 51. A Guerra do Paraguai : 208 2.14, As insituigdes da administragio colonial “a 58. Acrise do Segundo Reinado 27 2:15, As dvisbessociais 65 59. Balango econ6mico e popolacional 236 2.16, Estado e Sociedade ” . 2.17, As primeira aividades econdmicas 76 6. _APrimeiza Repiblica (1889-1930) ez] 2.18. As iavasdes holandesas a 6. A primeira Consiuigéo republicana 29 2.19, A colonizagto do Norte : 0 62, 0 Encilhamento, 252 220. 9 63, Deodoro na presidéncia, 232 221, Ouro diamantes 98 64. Floriano Peixoto 254 2.22. Arise do Antigo Regime 5 106 65. ARevolugio Federalista 255 12.23. A erse do sistema colonial 108 66, Pradente de Morais 256 2.24, Os movimentos de rebeldia 13 © 67. Campos Sales. 258 2.25. A vinda da famfia real para o Brasil . 10 68. Caractersticas politics da Primeira Rep6blica 261 2.26, A Tndependéncia . . . +. 19 69, O Estado e a burguesia do café ne] 2.21, O Brasil no fim do periodo colonial 45 6.10. Principais madangas socioecon6micas ~ 1890 a 1930. 25 6.11, Os movimentos socais . 295 3. O Primeito Reinado (1822-1831) mr 6.12. 0 processo politico nos anos 20 sos 2.1, Aconsolidagio da Independéncia 143 613. A Revolugio de 1930 319. 3.2. Uma ransigdo sem abalos 146 33. A Constituinte tee M7 7. OBstado Getwnsta (1980-1945) . ne 34. A Consttuigdo de 1824 : 9 7A. A colaboragto entre 0 Estado ea Igreja, 332 35. A Confederagio do Equador 132 12, & cenwalizagio 333 3.6. A abdicagso de Dom Pedro 1 I | 73, Apolitiado café. . . cece 333 . TA. A politica tfabathista 335 4. A Regdacia (1831-1840) . . eee 1S, A-educagio 336, 4.1, As reformasinstitucionais BAoo 162 16. O processo politi (1930-1934) 340 42, Asrevollab provincials 164 17. A gestagio do Estado Novo 352 43. A politica no perfodo regencial a 18. DEstado Novo 304 79. 81 82 83, 8a, 85 86 80. 88 89, 8.10. 94 92. 93, 94 9s. 96. 97. 98 99, 10. 101. 102. 103. 104, 105. 0 11a, m2. sronn oo wma. ‘As mudangas ocortidas no Brasil entre 1920 ¢ 1940 (0 Period Demacritico (1943-1964) A cleigio de Dutra A Constituigao de 1946 © governo Dutra ‘Onovo governo Vargas A eleigo de Juscelino Kubitschek © governo IK. A sucesso presidencial © governo Janio Quadros A sucessiio de Jnio © governo ozo Goulart © Regime Militar (1964-1985) Ato Institucional nt I a repressio. © governo Castelo Branco 0 governo Costa e Silva A junta militar 0 governo Médici 0 governo Geisel (© governo Figueiredo Caracterizago Geral do Regime Militar Morte de Tancredo Neves, Completa-se a Transigao: 0 Governo Samey (1985-1989) Politica econdmica Plano Cruzado As cleigbes de 1986 ‘A Assembléia Nacional Constituinte A transigdo avalieda . Principais Mudangas Ocorridas no Brasil entre 1950 ¢ 1980 Popalagio Economia 389 395 397 399 401 108 “9 422 436 87 482 “a 463 465 468 5 43 482 488 500 sR su 317 520 522 su 524 526 529 331 335 / 113. Indicadores cis Yt | 12. A Nova Oxdein Mundial eo Bras ‘Cronologi Historica Gloss Referéncas Bibliogrfcas Fonte Iconogrifica . jo Biografico 543 Sst 37 sor 641 609 INTRODUGAO ‘0 cm Loureno Esta Histbria do Brasil se dirige 20s estudantes do 2° grau e das uni- ‘versidades tem a esperanga de atingir também o publico letrado em geral. A ambigio de abrangéncia parte do principio de que, sem ignorar a complexidade do processo histérico, a Histéria € uma disciplina acessfvel a pessoas com diferentes gras de conhecimento, Mais do que isso, € uma disciplina vital para a formagio da cidadania, Nao chega a ser cidado quem nio consegue se orientar no mundo em que vive, a partir do conhecimento da vivéncia das geragées passadas Qualaquer estudo histérico, mesmo uma monogeafia sobre um assunto bastante delimitado, pressupde um recorte do passado, feito pelo historiador, 1 partir de suas concepges e da interpretagio de dados que conseguiv reunit. “A propria selecio de dados tem muito ver com as concepeSes do pesquisador. Esse pressuposto revela-se por inteiro quando se trata de dar conta de uma seqiiéncia hist6rica de quase quinbentos anos, em algumas centenas de pé- sinas. Por isso mesmo, o que © letor tem em mio nfo € a Hist6ria do Brasil - tarefa pretensiosa e aliés impossfvel ~ mas uma Historia do Brasi, narrada © interpretada sinteticamente, na 6ptica de quem a escreveu 0 recorte do passado, seja ele qual for, obedece a um critério de rele- vancia e implica 0 abandono ou o tratamento superficial de muitos processos « episédios. Como todo historiador, fago também um recorte, deixando de Jado temas que por si s6s mereceriamn monografias. Entre tentar “incluir tudo", com o risco da incongruéncia, ¢ imitar-me a estabelecer algumas conexes de sentido bésicas, preferi a segunda op¢do. Com esse objetivo, procurct integrar o: axpectos econdmicos, politico-sociais e, em cesta medida, ideo l6gicos da formagio social brasileita, deixando de lado as manifestagées da cultura, tomada a expressio em sentido estrito. Essa exclusio nao se baseou ‘em um critério de relevineia, mas de outra natureza que é necessirio esclare- cer: Parti da constatagio de que o inter-relacionamento entre a estrutura socio: econdmica ¢ as manifestagées da cultura € por si s6 um problema especifico, que demanda seguir outros ¢ dificeis caminhos. Como ndo poderia percorté Tos, preferi deixar de lado os fatos da cultura, em vez de simplesmente env- ‘meré-tos, em um esforgo de mera catalogagdo. Por exemplo: ao falar das Minas Gerais dos thtimos decénios do século XVI, deixei de lado 0 aca: Sets ee chygtatncan stow vo stash Brasil Coldnia, por volta de 1800 eum LA 320 mil habitantes, os negros representavam 52,2%; os mulatos, 25,7%%; € 0s bbrancos, 22,1%. ‘Ao longo dos anos, houve intensa mesticagem de rags cresceu a pro: porgdo de mulheres, que em 1776 era de cerca de 38% do total, e ocorreu um fendmeno cuja interpretacio € um ponto de controvérsia entre os historiadores: © grande mimero de alforras, ou seja, de libertagio de escravos. Para se ter ‘uma idéia da sua extensio, enquanto nos anos 1735-1749 os libertos repre- sentavam menos de 1,44 da populagio de descendéncia africana, em torno, de 1786 passaram a ser 41,4% dessa populagio e 34% do ndmero total de habitantes da capitania, A hip6tese mais provavel para explicar 9 magnitude dessas pfoporedes, que superam por exemplo as da Bahia, 6 de que a pro- _gressiva decadéncia da mineragdo tommou desnecesséria ou impossivel para muitos proprietérios a posse de escravos. ‘A sociedade das minas foi uma sociedade rica? Aparentemente, como associamos ouro a riqueza, a resposta pareceria fic. Mas ndo € bem assim. Para comegar, devemos distinguir entre 0 perfodo cial de corrida para 0 ouroe a fase que se seguiu, No perfodo inicial, isto, na dtima década do séeulo XVII no inicio do sécilo XVIN, a busca de metais preciosos sem o suporte de outras atividades gerou falta de alimentos e uma inflagio que atingiu toda a Colénia. A fome chegou a limites extremos € ‘muitos acampamentos foram abandonados. Com o correr do tempo. 0 cultive de rogas e a diversificagio das atividades econGmicas mudaram esse quadro de privagbes. A sociedade mincira acabou por acumular riquezas, cujos ves- ligios estZo nas construgSes e nas obras de arte das hoje cidades histéricas. Lembremos porém que essas riquezas ficaram nas mios de uns poucos 1um grupo dedicado nfo s6 a extragio incerta do ouro mas 20s vérios negécios «© oportunidades que se formaram em torno dela, inclusive o da contratagio de servigos com a administragio pOblica. Abaixo desse grupo, a ampla camada de populagdo livre foi constituida de gente pobre ou de pequenos funcionsrios, ‘empreendedores ou comerciantes, com limitadas possibilidades econémicas. Certamente, a sociedade mineira foj mais aberta, mais complexa do que a do agéear, Mas nem por isso deixou de ser, em seu conjunto, uma sociedade pobre. Se nilo cabe falar em um ciclo do apicar, podemos falar de um cicto do ‘ouro, no sentido de que houve fases marcadas de ascenso ¢ de decadéncia. O

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