Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Métodos: Este estudo envolveu duas amostras distintas: 64 gestantes com gravidez gemelar
que frequentaram as consultas do Serviço de Obstetrícia do Hospital de São João – Porto
entre Janeiro de 2006 e Agosto de 2007; 50 gestantes com gravidez unifetal que frequentaram
as consultas do Serviço de Obstetrícia do Centro de Saúde de Canelas – Vila nova de Gaia.
Tratou-se de uma pesquisa quantitativa do tipo descritivo que utilizou como instrumento de
recolha de dados, questionários adaptados aos objectivos estabelecidos. O processamento de
dados foi realizado com o auxílio do software SPSS versão 15.0. Na avaliação da relação
entre as variáveis foi aplicado o teste Qui-quadrado de Pearson.
Resultados: A média de idades das gestantes com gravidez gemelar obtida foi de 31,6 anos, e
verificou-se que a maioria das gestantes (53,1%) se inclui na categoria de Índice Massa
Corporal normal. A percentagem de partos efectuados por cesariana foi de 78,7% em relação
aos 19,7% de partos eutócicos. Relativamente à prevalência da doença nas amostras
estudadas, verificou-se que 42,2% das gestantes com gravidez gemelar apresentaram anemia
ferropénica, contra 10% de casos verificados nas gestantes com gravidez gemelar. Verificou-
se que a maioria das variáveis não apresentaram uma relação significativa (p> 0,05) com a
presença de anemia ferropénica.
I
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Agradecimentos
Quero também agradecer à Doutora Teresa Rodrigues por se ter disponibilizado para me
acompanhar durante toda a recolha de dados efectuada no Hospital de São João – Porto.
II
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Lista de Abreviaturas
Hb – Hemoglobina
Ht – Hematócrito
PLT – Plaquetas
III
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Índice
Introducão……………………………………………………………………………………..1
I – Fundamentação Teórica.........................................................................................................4
0.1. Metabolismo do Ferro ......................................................................................................5
0.1.1. Distribuição do Ferro no Organismo .........................................................................5
0.1.2. Absorção e Transporte de Ferro .................................................................................6
0.1.3. Ciclo do Ferro no Organismo .....................................................................................8
0.2. Anemia Ferropénica: Conceitos e Epidemiologia ...........................................................9
0.3. Etiologia da Doença .......................................................................................................10
0.3.1. Dieta Pobre em Ferro ...............................................................................................11
0.3.2. Má Absorção de Ferro ..............................................................................................11
0.3.3. Hemorragias ............................................................................................................12
0.3.4. Latência e Adolescência............................................................................................13
0.4. Fases de Evolução da Doença ........................................................................................13
0.5. Apresentação Clínica da Doença ...................................................................................14
0.6. Diagnóstico.....................................................................................................................14
0.6.1. Testes Laboratoriais .................................................................................................14
Hemograma..........................................................................................................................14
Esfregaço sanguíneo ...........................................................................................................15
Ferritina sérica .....................................................................................................................16
Capacidade total de ligação do ferro....................................................................................16
Saturação da transferrina .....................................................................................................17
Níveis de protoporfirina ......................................................................................................17
Avaliação das reservas de ferro na medula óssea................................................................17
0.7. Medidas de Combate à Doença .....................................................................................18
0.8. Anemia Ferropénica na Gravidez ..................................................................................19
0.8.1. Necessidades de Ferro Durante a Gravidez .............................................................19
0.8.2. Aumento do Volume Sanguíneo: Implicações no Desenvolvimento da Doença ....20
0.8.3. Consequências na Saúde Materna ............................................................................21
0.8.4. Consequências no Desenvolvimento Fetal ..............................................................21
0.9. A Gravidez Gemelar: Incidência ...................................................................................23
0.10. Factores que Tendem a Aumentar a Incidência da Gravidez Gemelar..........................24
0.10.1. Técnicas de Reprodução Medicamente Assistidas ................................................24
IV
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
V
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Índice de Figuras
VI
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
VII
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Índice de Tabelas
VIII
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
IX
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Índice de Gráficos
X
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
XI
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Índice de Diagramas
XII
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Hemograma..........................................................................................................................14
Esfregaço sanguíneo ...........................................................................................................15
Ferritina sérica .....................................................................................................................16
Capacidade total de ligação do ferro....................................................................................16
Saturação da transferrina .....................................................................................................17
Níveis de protoporfirina ......................................................................................................17
Avaliação das reservas de ferro na medula óssea................................................................17
0.7. Medidas de Combate à Doença .....................................................................................18
0.8. Anemia Ferropénica na Gravidez ..................................................................................19
0.8.1. Necessidades de Ferro Durante a Gravidez .............................................................19
0.8.2. Aumento do Volume Sanguíneo: Implicações no Desenvolvimento da Doença ....20
0.8.3. Consequências na Saúde Materna ............................................................................21
0.8.4. Consequências no Desenvolvimento Fetal ..............................................................21
0.9. A Gravidez Gemelar: Incidência ...................................................................................23
0.10. Factores que Tendem a Aumentar a Incidência da Gravidez Gemelar..........................24
0.10.1. Técnicas de Reprodução Medicamente Assistidas ................................................24
0.10.2. Idade Materna .........................................................................................................25
0.11. Complicações Obstétricas na Gravidez Gemelar ..........................................................26
2.1. Metodologia....................................................................................................................28
2.1.1. População e Amostra................................................................................................29
2.1.2. Instrumento de Colheita de Dados............................................................................30
2.1.3 Período de Recolha de Dados.....................................................................................31
2.1.4 Tratamento dos Dados................................................................................................31
2.1.5 Considerações Éticas..................................................................................................32
2.2. Apresentação dos Resultados Referentes à Gravidez Gemelar......................................33
2.2.1. Caracterização das Gestantes e Condições de Parto Actual .....................................33
2.2.2. Caracterização dos Recém-Nascidos .......................................................................36
2.2.3. Acompanhamento Médico Pré-Natal .......................................................................38
2.2.4. Parâmetros Hematológicos Estudados......................................................................39
2.2.5. Prevalência de Anemia Ferropénica ........................................................................42
2.2.6. Relações Entre as Variáveis ........................................................................................45
2.3. Apresentação dos Resultados Referentes à Gravidez Unifetal ......................................50
2.4. Discussão dos Resultados ..............................................................................................51
XIII
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
XIV
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Introdução
A realização de uma monografia, para além da sua finalidade como instrumento de avaliação,
tem como principais objectivos os seguintes pontos: definir um trabalho de investigação
pertinente à área da licenciatura; aplicar conhecimentos sobre metodologias de investigação;
aprofundar conhecimentos na área da investigação científica.
Este estudo baseou-se numa reflexão, por parte do investigador, sobre duas problemáticas
verificadas na gravidez: a elevada prevalência de anemia ferropénica no período gestacional
(WHO, 2001); o aumento da incidência da gravidez gemelar, principalmente ao nível dos
países desenvolvidos (Ferreira et al., 2003).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que metade das mulheres grávidas em todo
mundos têm anemia (52% nos países sub-desenvolvidos e 23% nos países desenvolvidos), no
entanto nos países desenvolvidos a maioria das mulheres corre o risco de sofrer de deficiência
de ferro ao longo do período de gravidez (WHO, 2001). A deficiência de ferro durante o
período de gravidez, está associada a um aumento de complicações perinatais, das quais se
destacam a prematuridade e o baixo peso dos recém-nascidos (Cunningham et al., 2005).
1
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Para facilitar a consulta e a compreensão, este estudo foi dividido em três capítulos: a
fundamentação teórica, o trabalho de investigação e a conclusão:
I – O primeiro capítulo integra vários pontos, onde é abordada toda a revisão bibliográfica que
inclui os itens considerados essenciais para a compreensão do tema em estudo.
III – Por último, no terceiro capítulo serão apresentadas as possíveis conclusões referentes a
este estudo.
• Relacionar a presença de anemia ferropénica, com tempo de gestação e o peso dos recém-
nascidos.
2
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Para além dos objectivos anteriormente descritos, pretende-se ainda obter conhecimentos mais
profundos acerca da temática em estudo, nomeadamente factores que levam ao aumento da
prevalência da doença durante o período de gravidez, de forma a contribuir para o
melhoramento dos cuidados de saúde materno-fetais.
3
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
I – Fundamentação Teórica
4
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
O ferro é um nutriente essencial na função de todas as células, tendo como principal papel o
transporte de oxigénio para os diferentes tecidos, fazendo parte do grupo heme da
hemoglobina (Hb) (Braunward et al., 2002). O ferro também é um constituinte essencial de
várias enzimas, principalmente ao nível das mitocôndrias. Devido às suas propriedades de
oxidação-redução, permite às células o transporte de electrões durante a cadeia respiratória
para a obtenção de energia (Hoffbrand et al., 2005).
No entanto, o ferro pode provocar graves danos nos tecidos. A sua participação em reacções
químicas que produzem radicais livres de oxigénio são, muitas das vezes, a principal causa de
danos oxidativos ao nível das membranas celulares, proteínas e DNA (Andrews, 1999).
5
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Quando as reservas de ferro estão abaixo dos níveis normais, ou quando a eritropoiese
aumenta, ocorre um aumento da absorção. No entanto, 3 a 4 mg de ferro da dieta são o
máximo que pode ser absorvido em condições normais (Hardman et al., 1996).
O ferro é absorvido principalmente ao nível dos enterócitos duodenais (Figura 1), absorção
que é favorecida por factores intraluminias, como o pH e potencial redox. O ferro não-heme
(sais de ferro ionizáveis) e o ferro heme (ligado à Hb) são absorvidos por duas vias distintas
(Andrews et al., 1999).
Antes de ser absorvido, o ferro não-heme é reduzido inicialmente à sua forma ferrosa (fe2+).
Esta redução inicial é efectuada por uma ferriredutase (DCYTB) que se encontra localizada na
superfície apical do enterócito, ou por outros agentes redutores como o ácido ascórbico e o
suco gástrico. Na sua forma reduzida, o ferro atravessa a membrana apical dos enterócitos
através de um de um transportador de metais divalentes (DMT-1) (Zimmermann e Hurrell,
2007).
O ferro heme, apesar de o processo de absorção ainda não estar bem caracterizado, de acordo
com Zimmermann e Hurrell (2007), é absorvido através de um transportador específico
(HCP) situado na superfície apical dos enterócitos por um mecanismo de endocitose.
6
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Figura 1 – Representação da absorção do ferro ao nível dos enterócitos duodenais; (Adaptado de Zimmermann e
Hurrell, 2007).
Os níveis de absorção de ferro são influenciados por vários estados fisiológicos. Em situações
de deficiência de ferro, aumento da eritropoiese, hipoxia ou gravidez, a absorção aumenta
através do aumento dos níveis de expressão de DMT-1 por parte dos enterócitos. Níveis
elevados de ferro plasmático e um decréscimo da eritropoiese, fazem diminuir a sua absorção
através da redução da expressão de DMT-1 (Hoffbrand et al., 2005).
Quando ocorre uma ingestão elevada de ferro e a quantidade de ferro absorvida excede a
capacidade de ligação da transferrina plasmática, o ferro acumula-se na ferritina dos
enterócitos, sendo eliminado pelas fezes através da descamação dos enterócitos. A passagem
de ferro para além da capacidade de transporte da transferrina resulta sempre num processo
patológico, em que o ferro livre que pode atingir órgão vitais, como as células do músculo
cardíaco (Braunward et al., 2002).
7
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Uma vez que a maioria do ferro é reaproveitado, ele é usado várias vezes na síntese de Hb,
podendo os seus movimentos serem descritos como um ciclo (Figura 2) (Lee et al., 1998).
No final do ciclo de vida dos eritrócitos (cerca de 120 dias), estes são fagocitados pelos
macrófagos, principalmente ao nível do baço, e o ferro é extraído da Hb para ser
reaproveitado. Parte desse ferro é armazenado nos macrófagos, mas a maior parte regressa de
novo ao plasma onde se liga à transferrina, completando assim o ciclo (Lee et al., 1998).
O ferro plasmático é libertado da transferrina, para ser armazenado principalmente nas células
do parênquima hepático sob a forma de ferritina. As reservas são mantidas de acordo com um
mecanismo de regulação, que interactua com as necessidades fisiológicas de ferro no
organismo (Lee et al., 1998).
8
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
“A deficiência de ferro é a forma mais comum de deficiência nutricional tanto nos países em
desenvolvimento quanto nos desenvolvidos. É comprovadamente a causa mais comum de anemia tanto na
prática médica geral, quanto na prática de hematologia clínica (…)”
A OMS refere que deficiência de ferro no organismo ocorre quando as suas reservas
comprometem o fornecimento de ferro para os tecidos, limitando a produção de Hb. Salienta
ainda que a fase mais grave da doença está associada com a anemia (WHO, 2001).
De acordo com Hoffbrand et al. (2004), a deficiência de ferro é a causa mais comum de
anemia em todo o mundo, e é considerada como o factor mais importante de anemia
hipocrómica, microcítica.
Vemos assim que há consenso por parte de vários autores sobre o conceito de anemia
ferropénica. Sob o ponto epidemiológico, a OMS considera a anemia ferropénica o problema
nutricional com maior prevalência no mundo, que afecta um grande número de mulheres e
crianças, principalmente nos países sub-desenvolvidos. Ao nível dos países desenvolvidos, a
deficiência de ferro continua a ser o problema nutricional com alguma prevalência
significante (WHO, 2001).
Números globais de deficiência de ferro entre 1990 e 1995, usando a anemia como indicador
indirecto, mostram que a maioria das crianças com idade pré-escolar e mulheres grávidas nos
países sub-desenvolvidos, e pelo menos 30 a 40% nos países desenvolvidos apresentavam
deficiência de ferro (WHO, 2001).
Dados mais recentes (1999 a 2000), revelam que nos Estados Unidos da América, 7% das
crianças com idades entre 1 e 2 anos apresentavam anemia ferropénica, e nas mulheres em
idade reprodutiva a prevalência da doença situava-se nos 12% (Tabela 1). Verificou-se
também uma maior prevalência da doença em indivíduos de raça negra, em comparação com
os indivíduos de raça caucasiana (Killip et al., 2007).
9
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com Kumar et al. (2002), um balanço negativo de ferro e consequente anemia
resultam de várias causas, tais como uma dieta pobre em ferro, má absorção, demanda
excessiva de ferro (latência, adolescência) ou hemorragias crónicas que levam a uma
diminuição da taxa de Hb, caracterizando assim a anemia.
Andrews (1999) salienta ainda, que nos países em desenvolvimento, as causas mais
frequentes de anemia ferropénica são a deficiência de ferro na dieta e o aumento das perdas
deste elemento por infecções parasitárias, enquanto que nos países desenvolvidos a falta de
ferro está associada principalmente a uma má absorção e a hemorragias crónicas.
10
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
O ambiente gastrointestinal tem efeitos muito importantes sobre a absorção do ferro não-
heme. O baixo pH do estômago favorece a solubilização e a redução do ferro, facilitando
assim a sua absorção. Medidas usadas para reduzir a acidez gástrica (bloqueadores H2 e
antiácidos), prejudicam gravemente a absorção de ferro não-heme (Lee et al., 1998).
Em pacientes que foram sujeitos a cirurgias gástricas (gastrectomia total ou parcial) ou com
doença celíaca, a absorção de ferro está igualmente prejudicada, podendo estes, vir a sofrer de
deficiência de ferro (Lee et al., 1998).
11
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Certos alimentos facilitam a absorção de ferro não-heme, como a carne e alimentos ricos em
ácido ascórbico, que ajudam na sua redução. No entanto, alimentos ricos em fitatos,
polifenóis, e fosfatos, por formarem complexos estáveis com o ferro não heme, inibem a sua
absorção. Alimentos ricos em cálcio prejudicam igualmente a absorção de ferro ao nível do
duodeno, uma vez que o excesso de cálcio compete com o ferro para o para o transportador
DMT-1, impossibilitando assim a sua absorção (Zimmermann, e Hurrell, 2007).
0.3.3. Hemorragias
Uma mulher saudável perde em média 30 mL de sangue durante o período menstrual, sendo o
limite normal máximo cerca de 80 ml (Lee et al., 1998). No entanto, em 10% das mulheres, as
perdas ultrapassam os 80 mL e em 5% os 118mL, que se traduz num aumento de incidência
da doença (Cook, 2004).
12
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
A falta de ferro no organismo ocorre normalmente durante um processo evolutivo que pode
ser dividido em três fases distintas (Braunward et al., 2002):
1 - Numa fase inicial da doença ocorre um balanço negativo entre as demandas e a capacidade
de absorção de ferro pelo organismo. Nesta fase, embora as reservas de ferro como o nível
sérico de transferrina comecem a diminuir, a síntese de Hb não é afectada (Braunward et al.,
2002).
13
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
A) Queilose B) Coiloniquia
Figura 3 – Representação dos principais sinais de anemia ferropénica em fase avançada;
(Adaptado de Hoffbrand e Pettit, 2001).
0.6. Diagnóstico
Hemograma
14
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Esfregaço sanguíneo
15
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Ferritina sérica
O nível sérico de ferritina é o parâmetro mais específico para avaliar as reservas de ferro no
organismo. A concentração média de ferritina sérica varia entre os 15 e 300 μg/L. Valores
inferiores a 15 μg/L indicam uma elevada probabilidade de ocorrência de anemia ferropénica
(Hoffbrand et al., 2005).
• Ferro sérico
Os níveis de ferro sérico são uma medida da quantidade de metal ligado à transferrina. Apesar
da importância clínica, esta determinação apresenta alguma discrepância entre os resultados
obtidos, uma vez que os valores podem variar de 10 a 40% num único dia, devido à
concentração de ferro sérico ser muito pequena (cerca de 3 mg), tornando esta determinação
altamente sensível às variações de captação e fluxo de ferro ao nível da medula óssea (Lee et
al., 1998).
A capacidade total de ligação do ferro, é uma medição indirecta da quantidade de ferro que a
transferrina pode ligar (Lee et al., 1998). Em caso de anemia por deficiência de ferro, os
valores encontram-se elevados, uma vez que a carência de ferro não só se acompanha por um
aumento da síntese de transferrina, como também faz com que esta disponha de mais
receptores livres para o transporte de ferro (Hoffbrand et al., 2005).
16
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Saturação da transferrina
Níveis de protoporfirina
17
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Figura 5 – Imagens de medula óssea (coloração de Pearls); A) Depósitos normais de ferro indicados pela
coloração azul; B) Ausência de coloração azul; (Adaptado de Hoffbrand et al., 2004).
A deficiência de ferro, tal como a maioria das deficiências nutricionais, é essencialmente uma
consequência de pobreza, principalmente ao nível dos países sub-desenvolvidos. A OMS
apela a um vasto leque de organizações governamentais e não governamentais como a saúde,
educação, comunicação e o comércio na aplicação de medidas preventivas, a fim de reduzir a
elevada prevalência da doença (WHO, 2001).
Embora as medidas preventivas estejam cada vez mais a ser implementadas tanto a nível dos
países desenvolvidos, como ao nível dos países sub-desenvolvidos, a suplementação de ferro
continua a ser a medida mais eficaz no combate à doença (WHO, 2001).
A administração de sais ferrosos (sulfato, fumarato, succinato, citrato) por via oral é o
tratamento preferencial no combate à deficiência de ferro, devido aos seus baixos custos e à
elevada biodisponibilidade (Hardman et al., 1996).
18
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
As necessidades de ferro durante uma gravidez normal são cerca de 1000 mg (Tabela 3). Dos
1000 mg, cerca de 300 mg são activamente transferidos para o feto e placenta, e cerca de 200
mg são perdidos pelas várias vias normais de excreção maternas. A expansão da massa
eritrocitária consome cerca de 500 mg (Cunningham et al., 2005).
MÉDIA, mg VARIAÇÃO, mg
Perda externa de ferro 170 150 a 200
19
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
20
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Apesar de raramente ocorrer défice de ferro fetal, dado que a placenta transporta o metal de
forma activa e eficiente mesmo em situações de carência maternas graves, vários autores
correlacionam a anemia ferropénica com a incidência de recém-nascidos prematuros e de
baixo peso (Graça, 2002).
De acordo Gambling et al. (2003), existem vários factores associados ao baixo peso e à
prematuridade dos recém-nascidos, mas entre eles, uma deficiente nutrição associada a uma
falta de ferro materna, está cada vez mais a ser apontado como um importante contribuinte.
Graça (2002) refere que embora exista alguma evidência de que a anemia esteja associada a
complicações obstétricas perinatais (prematuridade, morte fetal, atraso de crescimento intra-
uterino), os estudos são muitas vezes contraditórias e, em alguns casos, com fraca associação
estatística.
Para além da prematuridade e baixo peso, a deficiência de ferro durante a gestação afecta
negativamente o desenvolvimento e funcionamento de múltiplos órgãos, como acontece com
o sistema músculo-esquelético, o coração e o cérebro. Altera também a função imunológica e
o mecanismo de auto-regulação da temperatura corporal (Rao e Georgieff, 2007).
21
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Rao e Georgieff (2007) consideram que o efeito adverso mais significativo da deficiência de
ferro no período perinatal é o desenvolvimento cerebral. Estudos efectuados em laboratório
demonstraram alterações estruturais e comportamentais ao nível cerebral, em animais (ratos)
submetidos a uma deficiência de ferro durante o período perinatal. Concluíram também que
embora algumas alterações recuperem com a administração de ferro, muitas delas tendem a
persistir na vida adulta.
22
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Gráfico 1 – Percentagem de partos gemelares ocorridos em Portugal entre 2000 e 2005; (Adaptado de INE,
2007).
23
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Das diversas técnicas de reprodução medicamente assistidas, as que mais se destacam são a
fertilização “in vitro” (FIV) e a utilização de indutores de ovulação.
Desde a sua criação em 1978, o número de nascimentos provocados pela FIV tem aumentado
em todo o mundo. Aproximadamente 1 em cada 50 nascimentos na Suécia, 1 em cada 60
nascimentos na Austrália e 1 em cada 80 nascimentos nos Estados Unidos resultam da FIV. O
risco de gravidez múltipla na FIV está relacionado com o número de embriões que são
transferidos para o útero da paciente. Em geral, a transferência de mais de um embrião resulta
numa taxa elevada de gravidez múltipla (Voorhis, 2007).
24
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com dados do INE, em Portugal cada vez mais se assiste ao adiamento da idade
das mulheres para o nascimento dos filhos. De acordo com o gráfico 2, entre 1980 e 2005
verifica-se um aumento da idade das mulheres para o nascimento dos filhos, atingindo uma
média de idades próxima dos 30 anos em 2005 (INE, 2007).
Gráfico 2 – Idades médias da mulher ao nascimento do primeiro filho e de um filho; Portugal – 1960 a 2005;
(Adaptado de INE, 2007).
Dados do INE relativos à percentagem de nados vivos provenientes de partos gemelares entre
2000 e 2005, revelam que a proporção de nascimentos gemelares nas mães com idade
elevadas tem aumentado. De acordo com a tabela 4, é possível verificar que a percentagem de
gravidez gemelar atinge valores de frequência mais altos nos grupos etários superiores a 30
anos de idade (INE, 2007).
Tabela 4 – Percentagem de nados vivos resultantes de partos gemelares distribuídos por grupos etários maternos
de 2000 a 2005; (Adaptado de INE, 2007).
25
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
26
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
II – Trabalho de Investigação
27
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
2.1. Metodologia
Este estudo desenvolveu-se no período compreendido entre Junho e Dezembro de 2007, tendo
como finalidade principal, determinar a prevalência de anemia ferropénica na gravidez
gemelar e estabelecer a sua relação com o tempo de gestação e o peso dos recém-nascidos.
• Que relação existe entre a prevalência de anemia ferropénica e a idade das gestantes
gemelares?
28
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
• Que relação existe entre a prevalência de anemia ferropénica e o IMC das gestantes
gemelares?
O local onde o estudo é realizado, segundo Fortin (1999), deve ser acessível e deve obter-se a
colaboração e as autorizações necessárias à realização do estudo. O presente estudo foi
realizado em duas Instituições de Saúde distintas: O Hospital de São João – Porto e o Centro
de Saúde de Canelas (Vila Nova de Gaia).
Este estudo incluiu duas populações distintas: a população de gestantes com gravidez gemelar
que frequenta as consultas do Serviço de Obstetrícia do Hospital de São João – Porto; a
população (controlo) de gestantes com gravidez unifetal que frequenta as consultas do Serviço
de Obstetrícia do Centro de Saúde de Canelas.
29
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
O método de amostragem escolhido foi o não probabilístico, que para Fortin (1999), é um
procedimento de selecção no qual cada elemento da população não tem a mesma
probabilidade de ser escolhido para formar a amostra. As gestantes com gravidez gemelar
foram seleccionadas através dos seguintes critérios: realização de pelo menos um hemograma
durante o período de gestação e o conhecimento de dados concretos relativos aos recém-
nascidos. As gestantes com gravidez unifetal seleccionadas, foram aquelas que apresentaram
uma idade igual ou superior a 18 anos.
A colheita de dados foi realizada através da elaboração de questionários específicos para cada
tipo de população em estudo (Anexo I). Nos questionários, contemplamos as variáveis
consideradas relevantes para responder aos objectivos propostos pelo estudo.
30
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Em relação à recolha de dados realizada na população de gestantes com gravidez unifetal que
frequentaram as consultas do serviço de obstetrícia do Centro de Saúde de Canelas, foi
realizada durante o mês de Novembro de 2007, com a colaboração da colega de Curso Maria
João Grilo, da Universidade Fernando Pessoa.
Relativamente a este estudo, o tratamento de dados foi efectuado através do recurso à análise
estatística, nomeadamente a estatística descritiva quantitativa. No que respeita à relação entre
as variáveis, recorreu-se à utilização do teste Qui-quadrado de Pearson, com um nível de
significância de 5%. Como recurso informático, utilizou-se o programa SPSS versão 15.0.
Para as variáveis contínuas calculou-se a média, desvio padrão (± dp) e os valores máximos e
mínimos.
No que diz respeito à categorização das variáveis, adoptou-se na análise dos resultados, os
parâmetros recomendados pela a OMS:
31
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
• Peso dos recém-nascidos: Normal (> 2500g); Baixo peso (2500-1500g); Muito baixo peso
(<1500g ) (WHO, 2006).
O IMC das gestantes foi calculado de acordo com a seguinte formula: IMC = Peso / (Altura)2
A recolha e o estudo dos parâmetros hematológicos, para além dos trimestres de gestação,
compreendeu também o período pós-natal, com um limite máximo de um mês após a data do
parto.
Pode-se destacar que esta pesquisa incorporou em todo o seu contexto, a confidencialidade e o
anonimato. As informações divulgadas pelos indivíduos implicados na investigação foram
protegidas de modo a não serem tornadas públicas nem partilhadas com terceiros, e procurou-
se não associar a identidade dos indivíduos aos dados utilizados para esta pesquisa.
32
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
A idade das gestantes (n=64) variou entre os 19 e os 46 anos, com uma distribuição a favor
das faixas etárias superiores aos 30 anos. Obteve-se uma média de idades de 31,6 anos (± 5,7
dp) e uma moda de 30 anos (Gráfico 3).
Quando se procedeu à distribuição das gestantes por grupos etários (Tabela 5), verificou-se
que o grupo etário predominante situou-se entre os 30 e 40 anos, com 60,9% (n=39) da
amostra, seguindo-se o grupo etário entre os 20 e 29 anos com 29,7% (n=19). O número de
33
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
gestantes com idade inferior a 20 anos situou-se nos 1,6% (n=1) e com idades superiores a 40
anos nos 7,8% (n=5).
Tabela 5 – Categorização das gestantes por faixas etárias
< 20 1 1,6
20 – 29 19 29,7
30 – 40 39 60,9
>40 5 7,8
Total 64 100,0
O peso corporal das gestantes variou entre os 40,0kg e os 95,0kg, apresentando um valor
médio de 60,7kg (± 11,9 dp). A altura variou entre 1,42m e 1,73m, mostrando um valor médio
de 1,64m (± 0,06 dp).
Através da categorização do IMC (Gráfico 4), verificou-se que a maioria das gestantes
(53,1%) se incluem na categoria de peso normal, 26,6% (n=17) incluem-se na categoria de
excesso de peso e 7,8% (n=5) na categoria de obesas. Verificou-se também a existência de
12,5% (n=8) de gestantes com baixo peso.
34
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com o gráfico 5, verificou-se que 78,7% (n=48) dos partos foram efectuados
através de cesariana e 19,7% (n=12) dos partos foram espontâneos (eutócicos). Em 1,6%
(n=1) dos casos foi necessário recorrer ao uso de ventosas.
35
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Das 64 gestantes com gravidez gemelar estudadas, resultaram 119 recém-nascidos e 9 nados
mortos. O diagrama 1 demonstra uma ligeira predominância de recém-nascidos do sexo
feminino 47,7% (n=61), relativamente ao sexo masculino 45,3% (n=58). A percentagem de
nados mortos foi de 7,0% (n=9) relativamente ao número total de nados vivos.
O peso dos recém-nascidos (n=119) variou entre as 995g e 3874g, apresentando um valor
médio de 2240g (± 566,4 dp). O peso médio dos recém-nascidos do sexo masculino foi de
2429g (± 484,9 dp) e do sexo feminino foi de 2138g (±563,1 dp).
Através da caracterização do peso dos recém-nascidos (Gráfico 6), foi possível verificar que
35,3% (n=42) apresentaram peso normal, 50,4% (n=60) apresentaram baixo peso e 14,3%
(n=17) dos recém-nascidos apresentaram muito baixo peso à nascença.
36
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
A idade gestacional média dos recém-nascidos foi de 35,6 semanas (± 2,3 dp) e variou entre
as 28 e 40 semanas de gestação. Através da caracterização da idade gestacional (Gráfico 7),
verificou-se que 52,5% dos recém-nascidos tiveram parto prematuro, 6,6% muito prematuro e
41,0% parto termo.
37
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com o gráfico 8, o número de consultas frequentadas pelas gestantes estudadas não
revela ser uniforme, variando entre 3 e 11 consultas, tendo como média 6,4 (± 2,3 dp) e uma
moda de 7 consultas.
Segundo a análise dos dados relativos à tabela 6, verificou-se que em todos os trimestres de
gestação mais de 50% das gestantes realizaram hemograma, embora exista uma tendência
para uma maior adesão no segundo (89,1%) e terceiro (98,4%) trimestre.
Realização de
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre
Hemograma
Realizado 62,5% 89,1% 98,4%
Não Realizado 37,5% 10,9% 1,6%
Total 100% 100% 100%
38
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Os dados relativos aos hemogramas efectuados pelas gestantes ao longo dos períodos
estudados, encontram-se representados graficamente de acordo com as médias obtidas para os
diferentes paramentos que caracterizam a anemia ferropénica. Foi também efectuada a recolha
do número de plaquetas (PLT).
39
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Relativamente aos valores médios do MCV (Gráfico 10), verificou-se uma subida pouco
significativa do primeiro (89,4 fL) para o segundo trimestre (89,6 fL), seguindo-se
posteriormente uma descida gradual desses valores até ao período pós-natal (87,3 fL).
Em relação à MCH, o gráfico 11 demonstra que no primeiro trimestre o valor médio obtido
foi de 30,9 pg, caindo para os 30,3 pg no segundo e terceiro trimestre. No período pós-natal
os valores de MCH atingiram um valor médio de 29,8 pg.
40
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
No gráfico 13 está representado a evolução do número PLT ao longo dos períodos estudados.
Verificou-se que entre o primeiro e o terceiro trimestre, o valor médio baixou
significativamente de 231 (x10 ^3/μL) para 199 (x10 ^3/μL) PLT. Ao longo do período pós-
natal o valor médio aumentou significativamente para as 219 (x10 ^3/μL) PLT.
41
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
42
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Das 35 (54,7%) gestantes que apresentaram anemia, em 27 (42,2%) casos a anemia foi
classificada como ferropénica e em 8 (12,5%) casos, foi classificada como anemia não
ferropénica (Diagrama 3).
43
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
44
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
45
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com a tabela 7, constatou-se que a presença de anemia ferropénica e a idade das
gestantes não estão significativamente associadas (p=0,74), verificando-se uma distribuição
equivalente entre a presença e a ausência de anemia ferropénica nas diferentes faixas etárias.
p=0,74
De acordo com a tabela 8, constatou-se que a presença de anemia ferropénica e o IMC das
gestantes estão significativamente associados (p=0,04), uma vez que tanto nas gestantes com
baixo peso como nas gestantes com peso normal, a percentagem de casos de anemia
ferropénica ultrapassou os 50%. Nas gestantes com excesso de peso e as consideradas obesas,
verificou-se uma diferença bastante significativa em relação à ausência e presença de anemia.
46
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
p=0,04
De acordo com a tabela 9, constatou-se que a presença de anemia ferropénica nas gestantes e
o peso dos recém-nascidos não estão significativamente associados (p=0,87), uma vez que
não se verificam diferenças significativas entre a presença e ausência de anemia ferropénica
nas diferentes categorias atribuídas ao peso dos recém-nascidos.
Tabela 9 – Relação entre a presença de anemia ferropénica nas gestantes e o peso dos recém-nascidos
47
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
p=0,87
De acordo com a tabela 10, constatou-se que a presença de anemia ferropénica nas gestantes e
a idade gestacional não estão significativamente associados (p=0,44), verificando-se uma
distribuição equivalente entre a presença e a ausência de anemia ferropénica entre as gestantes
com idade gestacional dentro do termo, e as gestantes com parto prematuro. Quanto aos
partos muito prematuros, embora se tenha verificado uma diferença significativa entre as
gestantes que apresentaram anemia ferropénica (75,0%) e as gestantes sem anemia (25,0%),
os resultados não são representativos devido ao número reduzido de elementos.
Tabela 10 – Relação entre a presença de anemia ferropénica nas gestantes e a idade gestacional
p=0,44
48
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com a tabela 11, constatou-se que o peso dos recém-nascidos e a idade gestacional
estão significativamente associados (p=0,01). Em relação aos recém-nascidos com peso
normal, verificou-se uma predominância pouco significativa de recém-nascidos com idade
gestacional dentro do termo. Quanto aos recém-nascidos de baixo peso, verificaram-se
diferenças significativas entre a percentagem de nascimentos prematuros (62,7%) e a
percentagem de nascimentos com idade gestacional dentro do termo (30,5%). Nos recém-
nascidos de muito baixo peso, embora se tenha verificado que 47,1% nasceram prematuros e
23,5% muito prematuros, os resultados não são representativos devido ao número reduzido de
elementos.
p=0,01
49
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Das 7 (14,0%) gestantes que apresentaram anemia, em 5 (10,0%) casos a anemia foi
classificada como ferropénica, e em 2 (4,0%) casos, foi classificada como anemia não
ferropénica (Diagrama 5).
Diagrama 5 –
Prevalência de
anemia
ferropénica na
amostra de
gestantes com
gravidez unifetal
50
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Neste ponto iremos proceder à discussão dos resultados obtidos, descrevendo as suas
possíveis implicações teóricas e práticas, tendo como pontos de referência a síntese
bibliográfica apresentada nos capítulos anteriores sobre o tema em estudo, e os objectivos
formulados inicialmente. Por uma questão metodológica, e no sentido de abordar os
objectivos estabelecidos anteriormente, procedeu-se à divisão deste ponto por temas que se
enquadram com os objectivos de estudo.
Apesar de o acompanhamento médico pré-natal ser um processo muito mais vasto do que o
que foi representado, procedeu-se apenas ao controlo do número de consultas pré-natais e ao
registo do número de hemogramas, por serem os factores que mais se enquadram com o
estudo efectuado.
De acordo com o protocolo estabelecido por Ramos et al. (2004), a periodicidade das
consultas a partir do segundo trimestre deve ser de 3 a 4 semanas até ao terceiro trimestre,
sendo posteriormente quinzenal até às 34 semanas de gestação, e semanal até ao fim do
período de gravidez, traduzindo-se assim num esquema de vigilância de 10 consultas por
gestante. Na amostra em estudo, o número de consultas frequentadas pelas gestantes revelou
ser bastante divergente, verificando-se apenas em 10,9% da amostra um registo igual ou
superior a 10 consultas.
51
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Quanto aos hemogramas registados entre os períodos estudados, os números revelam (com
agrado) uma vigilância genéricamente adequada. Embora em ambos os trimestres de gestação
se verifique que mais de 50% das gestantes realizaram hemograma, existe uma tendência para
uma maior adesão no segundo (89,1%) e terceiro (98,4%) trimestre de gestação. Estes
números reflectem uma vigilância mais intensiva das gestantes a partir do segundo trimestre
de gestação, e uma preocupação por parte dos profissionais de saúde, em salvaguardar a saúde
materno-fetal do aumento das exigências sanguíneas impostas pela gravidez em fases mais
avançadas (crescimento fetal e perdas sanguíneas associadas ao parto).
A evolução dos parâmetros hematológicos ao longo dos períodos estudados reflecte, na sua
maioria, as adaptações fisiológicas maternas à gravidez.
52
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Relativamente aos valores médios do MCV, verificou-se um ligeiro aumento do primeiro para
o segundo trimestre (89,4 fL – 89,6 fL), que apesar de não ser muito significativo, poderá
estar correlacionado com a presença de muitos eritrócitos jovens em circulação (reticulócitos)
levando assim a um aumento do MCV e a um certo grau de anisocitose (Graça, 2005). A
partir do segundo trimestre, os valores médios tendem a diminuir devido ao
comprometimento das reservas de ferro maternas, e consequente produção de eritrócitos com
tamanho reduzido (microcíticos), por parte da medula óssea.
A variação do número de PLT ao longo dos períodos estudados, embora seja um parâmetro
hematológico que não caracteriza a anemia ferropénica, a sua avaliação assume alguma
importância, uma vez que permite avaliar a expansão do volume plasmático (Cunningham et
al., 2005).
53
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com Graça (2002), a deficiência de ferro é a causa mais frequente de anemia na
gravidez, estando associada a 75-85% das anemias encontradas durante a gestação. Este
estudo vem de encontro ao que é referido na literatura, uma vez que a percentagem de
anemias verificadas em ambas as amostras estudadas resulta, na sua maioria, de uma
deficiência de ferro. Comparativamente com as gestações unifetais (10,0%), as gestações
gemelares apresentaram uma prevalência de anemia ferropénica de 42,2%.
Este aumento da prevalência de anemia ferropénica na gravidez gemelar está relacionado com
a grande expansão do volume plasmático (10 a 20% superior em relação à gravidez unifetal),
e a um aumento das necessidades de ferro para o desenvolvimento e crescimento fetal,
fazendo com que as reservas de ferro maternas se esgotem com mais frequência,
desenvolvendo assim a doença (Graça, 2002).
54
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Através da distribuição das gestantes com anemia ferropénica pelos períodos estudados,
verificou-se um aumento do número de casos com o prolongamento do tempo de gestação, o
que poderá ser atribuído ao facto de o volume sanguíneo materno ir aumentando
progressivamente ao longo do período de gravidez (atingindo um valor máximo no terceiro
trimestre), assim como a transferência de ferro para o desenvolvimento fetal ocorrer
principalmente durante o ultimo trimestre, o que predispõe a um aumento da prevalência da
doença em fases mais avançadas da gravidez (Beaton, 2000).
Quando se procedeu à relação entre a presença de anemia ferropénica e a idade das gestantes,
verificou-se que estas variáveis não estão significativamente associadas, indicando assim que
a idade não influencia a presença de anemia ferropénica durante o tempo de gestação.
55
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
De acordo com Riz e Laraia (2006), o estado nutricional materno assume grande importância
na saúde materno-fetal, uma vez que está associado a várias complicações, das quais se
destacam a hipertensão e anemia materna, e o nascimento prematuro e de baixo peso dos
recém-nascidos.
Através da relação do IMC das gestantes com a presença de anemia ferropénica, verificou-se
uma relação significativa entre estas variáveis, que se deve principalmente ao facto de 80%
das gestantes consideradas obesas apresentarem a doença. Apesar de Bodnar et al. (2004)
demonstrarem que as gestantes consideradas obesas constituem um grupo vulnerável à
presença de anemia, principalmente no período pós-parto, devido ao aumento de frequência
de hemorragias e de partos por cesariana, neste estudo esta associação assume valores pouco
credíveis, devido ao reduzido número de elementos que compõem este grupo.
Em relação às gestantes com baixo peso e peso normal, os resultados demonstram uma ligeira
tendência para estas gestantes desenvolverem anemia ferropénica, em relação às gestantes
com excesso de peso. Esta relação poderá estar associada ao facto das gestantes com um IMC
inferior esgotarem com mais frequência as suas reservas de ferro (aumento das necessidades
de ferro impostas pela gravidez gemelar), em relação às gestantes com um IMC mais elevado,
uma vez que nas gestantes com excesso de peso a percentagem de casos de anemia
ferropénica situou-se apenas nos 15,4%, contra os 84,6% das gestantes sem anemia.
• Tipo de parto
Quanto ao tipo de parto, verificou-se uma predominância de partos efectuados por cesariana
comparativamente com o número de partos normais (78,7% vs 19,7%). De acorro com Taylor
(2006), no Reino Unido as taxas de cesarianas na gravidez gemelar aumentaram de 28% em
1985 para 59% no ano 2000, o que traduz que o número de partos por cesarianas tem vindo a
aumentar ao longo dos anos.
56
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
O tipo de parto é um tema que apresenta algumas controvérsias, uma vez que a opção pelo
modo de parto está dependente de vários critérios médicos, dos quais se destacam a posição
dos gémeos dentro do útero materno e o tipo de gémeos presente. Um exemplo muito comum
ocorre nos casos de diagnóstico de gestação monoamniótica, em que o médico deve optar por
cesariana, a fim de evitar o entrelaçamento dos cordões (Siddiqui e McEwan, 2007). Uma vez
que os dados recolhidos (em relação ao tipo de parto) são pouco específicos, qualquer
discussão mais relevante acerca deste tema pode induzir ao erro.
Apesar do parto por cesariana estar associado a várias complicações maternas (maior
incidência de transfusões sanguíneas e infecções pós-parto), Taylor (2006) refere que num
estudo realizado a 8.000 nascimentos gemelares revelou que o planeamento por cesariana
reduz o risco de morte perinatal em cerca de 75%.
57
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Vemos assim que as gestações gemelares constituem um grupo vulnerável para o aumento da
frequência de recém-nascidos de baixo peso e prematuros, em relação as gestações unifetais.
• Relação entre a presença de anemia ferropénica nas gestantes com o peso dos recém-
nascidos e a idade gestacional
De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que o peso dos recém-nascidos e a idade
gestacional não estão significativamente associados com a presença de anemia ferropénica nas
gestantes. Embora existam algumas referências bibliográficas que abordem este tipo de
relação, estas referem-se apenas a estudos efectuados a gestantes com gravidez unifetal, e
muitas das vezes os resultados são contraditórios.
Scholl et al. (1992) demonstraram que a presença de anemia ferropénica durante o período
gestacional está associada a um aumento de cerca de duas vezes o risco de prematuridade, e
cerca de três vezes o risco de gerar recém-nascidos de baixo peso. No entanto, Sichieri et al.
(2006), referem uma ausência de associação entre a presença de anemia ferropénica e a
frequência de partos prematuros e de recém-nascidos de baixo peso.
58
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Quando se relacionou o peso dos recém-nascidos com a idade gestacional, verificou-se que os
recém-nascidos com parto prematuro tendem a nascer com baixo peso. Esta relação vem ao
encontro do que é referido por Rao et al. (2004), que associam a gravidez gemelar a um risco
de cerca de dez vezes superior de gerar recém-nascidos com baixo peso, em comparação com
a gravidez unifetal, derivado principalmente à elevada prevalência de partos prematuros. O
elevado peso ganho pelos recém-nascidos no último mês de gravidez (± 500g), faz com que
os recém-nascidos prematuros não desenvolvam o peso ideal, apresentando assim um baixo
peso à nascença (Sadler, 2001).
59
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
III – Conclusão
60
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Constatou-se que apesar de uma preocupação constante por parte dos profissionais de saúde
em manter uma vigilância pré-natal rigorosa nas gestantes, a gravidez gemelar está associada
a um aumento de complicações materno-fetais em relação à gravidez unifetal.
De acordo com o que é referido na literatura, este estudo revelou que a gravidez gemelar
aumenta a prevalência de anemia ferropénica nas gestantes em relação à gravidez unifetal,
devido às grandes quantidades de ferro exigidas neste tipo de gravidez.
Este estudo permitiu ainda fundamentar a ideia de que o adiamento dos filhos para idades
mais tardias, aumenta a prevalência de gravidez gemelar, embora não se tenha verificado
qualquer associação entre a idade materna e a presença de anemia ferropénica.
Os resultados relativos ao IMC das gestantes são pouco conclusivos, embora se tenha
verificado uma ligeira tendência para as gestantes com peso normal desenvolveram mais a
doença em relação às gestantes com excesso de peso.
Embora seja evidenciado que a anemia ferropénica durante o período de gravidez esteja
associada ao aumento da prevalência de partos prematuros e de recém-nascido de baixo peso,
neste estudo os resultados obtidos revelaram uma fraca associação estatística.
Não podemos deixar de referir que o aumento da prevalência da gravidez gemelar associado à
crescente utilização das técnicas de reprodução medicamente assistidas, e ao adiamento do
nascimento dos filhos para idades mais tardias, leva à necessidade de se implementarem
medidas efectivas de prevenção e estratégias que diminuam os resultados adversos associados
a este tipo de gravidez.
61
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Bibliografia
Allen, L. (2001). Biological Mechanisms That Might Underlie Iron’s Effects on Fetal Growth
and Preterm Birth. The Journal of Nutrition,132, pp. 581-589.
Andersen, A., et al. (2006). Assisted reproductive technology in Europe, 2002: Results
generated from European registers by ESHRE. Human Reproduction, Abril, pp.1-18.
Andrews, N. (1999). Disorders of Iron Metabolism. The New England Journal of Medicine,
341(26), pp.1986-1995.
Bakr, A. e Karkour, T. (2006). What is the optimal gestational age for twin delivery. BMC
Pregnancy and Childbirt, 6(3), pp. 1-4.
Beaton, G. (2000). Iron needs during pregnancy: do we need to rethink our targets?.
American Journal of Clinical Nutrition, 72(1), pp. 265-271.
Bodnar, L., Riz, A. e. Cogswell, M. (2004). High Prepregnancy BMI Increases the Risk of
Postpartum Anemia. Obesity Research,12(6), pp. 941-948.
Braunward, E., et al. (2002). Medicina Interna, Harrison – Volume I. 15 ª Edição. Rio de
Janeiro, McGraw-Hill.
62
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Cook, J. (2004). Diagnosis and management of iron-deficiency anaemia. Best Practice &
Research Clinical Haematology, 18(2), pp. 319-332.
Ferreira, I., et al. (2005). Corionicidade e Complicações Perinatais. Acta Médica Portuguesa,
18(3) pp. 183-188.
Gambling, L., et al. (2003). Iron and Copper Interactions in Development and the Effect on
Pregnancy Outcome. The Journal of Nutrition, 133, pp.1554-1556.
Goddard, A., et al. (2005). Guidelines for the management of iron deficiency anaemia. BSG
Guidelines in Gastroenerology, pp.1-6.
Hardman, J., et al. (1996). Goodman & Gliman: As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9ª
Edição. McGraw-Hill.
63
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Horiguchi, H., Oguma, E. e Kayama, F. (2005). The effects of iron deficiency on estradiol-
induced suppression of erythropoietin induction in rats: implications of pregnancy-related
anemia. Blood, 106(1), pp. 67-74.
Killip, S., Bennett, J. e Chambers, M. (2007). Iron Deficiency Anemia. American Family
Physicians, 75(5), pp. 672-678.
Kumar, V., Cotran, R. e Robbins, S. (2002). Robbins: Basic Pathology. 7th Edition. Elsevier
Saunders.
Lee, G., et al. (1998). Hematologia Clínica de Wintrobe – Volume I. São Paulo, Manole.
Lee, Y., Cleary-Goldman, J., e D’Alton, M. (2006). Multiple Gestations and Late Preterm
(Near-Term) Deliveries. Seminars In Perinatology, 30, pp. 103-112.
Lewis, S., Bain, B. e Bates, I. (2006). Hematologia Prática de Dacie e Lewis. 9ª Edição. Porto
Alegre, Artmed.
Luke, B. (2005). Nutrition and Multiple Gestation. Seminars In Perinatology, 29, pp. 349-
354.
Martin, J., et al. (2002). Births: Final Data for 2001. National Vital Statistics Reports, 51(2),
pp. 1-104.
Ombelet, W., et al. (2005). Multiple gestation and infertility treatment: registration, reflection
and reaction - the Belgian project. Human Reproduction Update, 11(1); pp. 3-14.
64
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Rao, A., Sairam S. e Shehata H. (2004). Obstetric complications of twin pregnancies. Best
Practice & Research Clinical Obstetrics and Gynaecology, 18(4), pp. 557–576.
Rao, R. e Georgieff, M. (2007). Iron in fetal and neonatal nutrition. Seminars in Fetal &
Neonatal Medicine, 12, pp. 54-63.
Riz, A. e Laraia, B. (2006). The Implications of Maternal Overweight and Obesity on the
Course of Pregnancy and Birth Outcomes. Matern and Child Health Journal, 10, pp. 153-156.
Rockey, D. (1999). Occult Gastrointestinal Bleeding. The New England Journal of Medicine,
341(1), pp.38-46.
Scholl, T., et al. (1992). Anemia vs iron deficiency: increased risk of preterm delivery in a
prospective study. The American Journal of Clinical Nutrition, 55, pp. 985-988.
Sichiery, R., et al. (2006). Lack of association between iron status at birth and growth of
preterm infants. Revista de Saúde Pública, 40(4), pp. 641-647.
65
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
Silva, V., Gonçalves, S. e Carvalho, J. (2005). Análise económica dos custos da gestação
múltipla consequentemente aos tratamentos de infertilidade como estimulação ovárica. [Em
Linha]. Disponível em: http://es2005.fe.uc.pt/files/resumos/orais/tc_co26.pdf [Consultado em
06/11/2007].
World Health Organization (WHO). (2006). Neonatal and perinatal mortality: country,
regional and global estimates. Geneva, WHO.
Zimmermann, M. e Hurrell, R. (2007). Nutritional iron deficiency. Lancet, 370, pp. 511-520.
66
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
67
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
I – IDENTIFICAÇÃO:
- Nome: ______________________________________
- Local de residência: ______________________________________
- Idade: ___________
- Altura: _________
- Peso antes da gravidez: ________
- Peso actual: ________
IV – RECÉM – NASCIDOS:
- Peso (gr): 1º ______ 2º ______
- Sexo: 1º ______ 2º ______
- Tempo de gestação (semanas): ______
- Tipo de parto:
68
Estudo da Anemia Ferropénica na Gravidez Gemelar
I – IDENTIFICAÇÃO:
- Nome: ______________________________________
- Local de residência: ______________________________________
- Idade: ___________
69