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Se soubesses, minha esperana,

Que anelar ardente e incerto


Na aridez deste deserto
Me fazia esperar e crer!

Ai, bem-vinda, mensageira


De uma indizvel ventura!
A uma vida de amargura,
Ridente imagem, pe fim!
Para longe esta tristeza,
Vejo enfim formosos dias!
Oh! d-me, d-me alegrias,
Que me cansa a vida assim!

Qual a terra desflorida


Pelas mos do Inverno agreste,
Que de gelos a reveste,

E lhe afrouxa a luz do Sol;


Cinge as vestes de verdura,
Toda de amor palpitante,
Qual virgem junto do amante
Tal minha alma envolta
em trevas

Da Primavera ao arrebol;

De um passado de incerteza,
Rasga o seu vu de tristeza,
Ao ver-te surgir, amor!
E num hino de alegria
Sada a risonha aurora,
Que deslumbrante a namora
Com fatdico fulgor,

Bela flor, fragrante rosa


Nos agros campos da vida,

Entre as outras escondida,


Como pudeste florir!
Como os vendavais furiosos
Das tempestades humanas,
Em suas frias insanas
Te no puderam ferir?

Foi condo do Cu por certo,


Foi talvez aura celeste
Que, ao nasceres, recebeste
E em ti se difundiu;
E, forte, desceste ao mundo,
Brilhando de luz divina;
Essa luz que me fascina,
Que nas trevas me sorriu!

Tambm, tu, bela, aspiravas


A um futuro vago ainda?

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