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Interrogatório.

No escritório de policia, um menino de aproximadamente oito anos de idade estava sentado numa cadeira
de frente para um policial na qual tentou conversar com a criança, mas não obteve êxito. O menino parecia não
entender o que a pessoa a sua frente dizia.

Um outro guarda adentrou o local, fitou o moleque e reparou que ele não tinha os traços da maioria das
pessoas do país em que ele estava. A criança, também tinha cabelos curtos e cacheados.

O vigia ficou curioso. Perguntou ao seu outro se conseguiu alguma informação da boca do garoto, mas o
chefe disse que não. Então, o outro decidiu tentar.

Tentou falar japonês e o inglês, mas não obteve sucesso, até que tentou usar o português.

- Olá?

O menino virou lentamente seu rosto para quem o chamou. Era possível ver seus olhos totalmente negros.

- O... Olá – Disse a criança, assustada.

-Qual é o seu nome?

- Dan... Daniel. E o seu?

- Ricardo - Ele se aproximou mais um pouco de quem acabará de conhecer e continuou – Você sabe aonde
você está?

Antes que o moleque respondesse, o outro trabalhador saiu do recinto, achou que seria melhor deixar
Ricardo fazer o trabalho.

- Aqui... Seria onde os policiais ficam, não é? – Perguntou o Garoto.

- Isso mesmo – Respondeu o interrogador – Ouça-me. Eu preciso que você me fale, onde estão seus pais?

- Eles... – Daniel abaixou a cabeça e ficou quieto. - Eles...? – Reforçou o rapaz.

- Eu não sei. Eu não lembro.

Ricardo ficou perplexo com aquilo. Como alguém pode se esquecer das pessoas na qual o criou? Começou a
se perguntar várias coisas em sua mente, até que Daniel continuou. - Tudo que lembro foi de fugir daquele
hospital.

- Como você conseguiu sair daquele hospital sem ser visto?


Nesse momento, o de cabelos cacheados tomou uma expressão séria, fitou Ricardo e respondeu.

- Quer mesmo saber? – Usou uma voz mais grossa desta vez que assustou o policial.

- Bem...Se não quiser, não precisa me contar.

Com isso, o guarda levantou. Quando estava colocando a mão na maçaneta da porta, ouviu novamente a
voz do menino.

- Há coisas que você, meu amigo, não merece saber. Pelo menos não agora.

O homem saiu da sala um pouco assustado e pensativo.

Passado alguns minutos, Ricardo voltou para a sala onde Daniel ficou. Ricardo permaneceu parado na porta
e proferiu.

- Daniel. Tenho más noticias para você, meu amigo. Infelizmente não podemos fazer nada a não ser...

- Me enviarem para um orfanato – O menino completou. Vagarosamente, ele virou o rosto para trás e olhou
para Ricardo com um olhar morto.

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