Deleuze e Guattari falam em trs tipos de animal: o primeiro o animal
familiar, edipiano, psicanaltico, o animal incorporado na famlia, animal de
estimao; o segundo o animal de o animal de classificao, simblico, estatal, animal que representa algo ou algum: a bandeira ou braso; a terceira possibilidade diz respeito aos animais demonacos, que fazem multiplicidade, devir (Deleuze e Guattari 1997). Qualquer animal pode ser pensado das trs maneiras. A ona, por exemplo, em seus enredamentos com aqueles que a seguem. H um elemento familiar nos nomes que os cientistas do s onas. Por mais que esses nomes sejam apenas apelidos usados no campo, e no digam respeito ao rigor do mtodo cientfico empregado, eles dizem respeito a um elemento familiar, a uma espcie de domesticao simblica: botar a coleira na ona e dar-lhe um nome, princpio de domesticao. No por acaso havia onas com nomes de parentes, amigos. A ona tambm uma espcie bandeira em muitas instncias diferentes, um smbolo ou cone para a conservao, ou para o turismo, ou at mesmo, como vimos, para propostas de uma pecuria sustentvel. A terceira possibilidade diz respeito s linhas de fuga, s relaes que escapam tanto da incorporao famlia quanto da incorporao ao Estado. Mas quais so elas? Deleuze d uma pista a esse respeito no Abecedrio, quando fala na diferena entre as relaes humanas com os animais e as relaes animais com os animais. As primeiras so aquelas que se estabelecem em geral entre os ces em seus donos, que o filsofo despreza. O exemplo que utiliza para falar das relaes animais com os animais so as pistas que os caadores so capazes de seguir; relaes com os animais que se do nos termos do animal, e no nos termos do humano. Todo um campo de possibilidades que descrevi aqui diz respeito a essas pistas ou rastros a partir dos quais humanos e animais entram relao.