Os subscritores, professores e funcionários do Agrupamento de Escolas João
de Deus, ao tomarem conhecimento do plano da DRELVT para constituir um mega-agrupamento sedeado em Alcabideche, consideram que esta medida:
1. Vem destruir um projecto educativo de agrupamento, a sua
coordenação, e uma prática pedagógica que vêm patenteando, ano após ano, níveis de aproveitamento acima de 90% nas provas de aferição a nível nacional e baixas taxas de abandono escolar (entre 0 e 1%), forçando a sua diluição num agrupamento desproporcionado e complexo, facto que compromete a qualidade pedagógica e os níveis de aproveitamento até aqui patenteados.
2. Não permite vislumbrar qualquer vantagem em termos pedagógicos
para além de óbvios objectivos administrativos, centralizadores, provocando o afastamento físico da direcção, a dispersão e a inoperância dos órgãos pedagógicos, ao não “observar o primado dos critérios de natureza pedagógica sobre os critérios de natureza administrativa nos limites de uma gestão eficiente dos recursos disponíveis para o desenvolvimento da sua missão.” (alínea e) do art.º 4º do Decreto-Lei 75/2008).
3. Concorre para prolongar a situação de constante instabilidade vivida
nas escolas nos últimos anos, devido a sucessivas reformas do sistema, em prejuízo dos processos educativos que nela têm lugar;
4. Vem destruir a cultura e a dinâmica pedagógica própria do
Agrupamento de Escolas João de Deus, laboriosamente apurada e construída ao longo dos últimos anos;
5. Não resulta de um processo partilhado e acompanhado pelas
comunidades em que se inserem, devendo “Assegurar a participação de todos os intervenientes no processo educativo, nomeadamente dos professores dos alunos, das famílias, das autarquias e de entidades representativas das actividades e instituições económicas, sociais, culturais e científicas, tendo em conta as características específicas dos vários níveis e tipologias de educação e de ensino” (alínea c) do Art. 3º do Decreto-Lei 75/2008);
6. Resulta de um processo artificial realizado a partir de gabinetes e
alheio aos interesses pedagógicos e comunitários, ignorando as opiniões das direcções das escolas, das associações de pais, dos professores, e dos funcionários e da autarquia, não assegurando “o pleno respeito pelas regras da democraticidade e representatividade dos órgãos de administração e gestão da escola, garantida pela eleição democrática de representantes da comunidade educativa.” (alínea d) do Art. 3º do Decreto-Lei 75/2008) 7. É de esperar ainda que a diversidade e complexidade dos problemas que, necessariamente surgirão, favoreçam um aumento da indisciplina e da violência.
Na qualidade ainda de cidadãos preocupados com a situação do país – que,
para mais, se encontra numa situação financeira tão crítica – estranham que, depois de todo um trabalho de investimento, quer em instalações e equipamentos, quer na construção de projectos e documentos a nível educativo (Regulamento Interno, etc.) para responder às várias solicitações impostas pelas recentes reformas, se desperdice tanto tempo e dinheiro partindo para novos e dispendiosos megaprojectos, sem que se tenha feito uma experimentação/avaliação prévia dos mesmos.
Estranham ainda que, num curto período de tempo, não só se contrarie o
previsto na lei nos seus princípios gerais e orientadores, mas também se anulem os mandatos do Conselho Geral e do Director, quando estes foram eleitos para um período de quatro anos.
Assim, os professores e funcionários abaixo assinados manifestam o seu
apoio incondicional à posição veiculada pelo Conselho Geral do Agrupamento de Escolas João de Deus e solicitam ao Senhor Presidente da Câmara de Cascais que, em nome do direito dos munícipes a um ensino público de qualidade, interceda junto do Governo da República para garantir:
− Que o processo decorra de forma faseada e negociada, em diálogo
com o município e os agentes educativos (encarregados de educação e profissionais) o que implica a sua suspensão imediata;
− Que a constituição e reconstituição de agrupamentos só possa ter
lugar quando observadas as características geográficas, sociais e culturais do concelho, o que implica ter como permanente referência a Carta Educativa do Concelho de Cascais.
NOME Nº Bilhete Identidade
SUBSCRITORES DO ABAIXO-ASSINADO AO PRESIDENTE DA CÂMARA DE CASCAIS COM VISTA A SUSPENDER A ANEXAÇÃO DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS JOÃO DE DEUS A UM MEGA-AGRUPAMENTO EM ALCABIDECHE (ESCOLA SECUNDÁRIA IBN MUCANA).