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1 - Introdução

Para Hely Lopes Meirelles o serviço público envolve a atividade prestada pela Administração e não pelo
Estado, ficando excluídas as atividades jurisdicionais e legislativas.
Assim: Serviço Público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples
conveniências do Estado.
As atividades que caracterizam o serviço público vão variar conforme o povo e a época.
Não caracteriza o serviço público apenas as atividades de caráter vital, também não é atividade em si, que
o caracteriza.
A determinação de serviço público está na vontade do Estado que diz ser a atividade serviço público,
permitindo a sua exceção direta ou indireta. Alguns são privativos do Poder Público e outros podem ser
realizados juntamente com os particulares.
É sempre uma incumbência do Estado, conforme o artigo 175 da Constituição Federal e sempre depende
do poder público.
Assim, a sua criação é do Estado e a gestão também depende dele, que pode fazê-lo direta e
indiretamente.
Criação e gestão são elementos subjetivos que o caracterizam.
Sob o aspecto material, o serviço público deve envolver sempre uma atividade de interesse público.
Com exclusão dos serviços comerciais ou industriais, o regime jurídico do serviço público será sempre
definido em lei, é de direito público, sendo este seu elemento formal.

1.1 - Classificação
A classificação dos serviços públicos vai variar conforme o critério analisado.
Tratando-se da sua essencialidade, adequação , finalidade, destinatários, podemos classificar os serviços
públicos em: público, utilidade pública, próprios e impróprios do Estado, uti universi e uti singuli.

1.1.1 - Quanto a sua essencialidade


Serviços Públicos propriamente dito, a Administração presta diretamente à comunidade tendo em vista a
sua essencialidade e necessidade.
São privativos do poder público.Não serão delegados a terceiros. A sociedade necessita destes serviços
para subsistir e desenvolver e por isto são chamados pró-sociedade. Quanto mais o Estado tiver tendências
liberais menos serviços vai possuir.
Exemplos: defesa nacional, polícia, preservação de saúde.

1.1.2 - Serviços de utilidade pública:


Sendo serviços convenientes à sociedade a Administração os presta diretamente ou permite que sejam
prestados por terceiros dentro das condições que estabelece e sob seu controle, mas com risco dos
prestadores e remuneração através de tarifas.
Estes serviços facilitam a vida do indivíduo, proporcionando mais conforto, mas não são essenciais. Podem
ser chamados de serviços pró-cidadão.
Exemplos: transporte coletivo, gás, telefone, energia elétrica.

1.1.3 - Quanto a sua adequação


Serviços Próprios do Estado: São aqueles prestados pelo Estado que o faz usando da sua supremacia sobre
os administrados. Sua prestação só cabe a órgãos e entidades públicas.
Exemplos: segurança, polícia, higiene. Normalmente, devido a sua necessidade são de remuneração bem
baixa ou gratuitos.
Serviços Impróprios do Estado: Não envolvam necessidades da sociedade, a Administração os presta
exigindo remuneração ou os transferem a terceiros.
Regulamentação e Controle

A regulamentação e controle do serviço público ou de utilidade pública caberão sempre ao Poder Público,
qualquer que seja a forma de prestação ao usuário.

O fato de serem prestados por terceiros não vai retirar da Administração o seu poder de exigir a
atualização e eficiência ao lado do cumprimento das condições do contrato. Se o serviço não estiver sendo
prestado devidamente o Poder Público pode intervir e até mesmo retirar-lhe a prestação.

1.2 - Requisitos do serviço


São cinco os requisitos do serviço público modernamente admitidos:
Permanência: Onde se exige a continuidade do serviço;
Generalidade: serviço igual para todos;
Eficiência: atualização dos serviços;
Modicidade: pagamento de tarifas razoáveis;
Cortesia: bom tratamento para com o público.
A falta de qualquer destes requisitos envolve o dever da Administração de intervir regulamentando sua
prestação.

1.5 - Competência para a prestação de serviços púbicos


A Constituição Federal estabeleceu a competência da União , dos Estados e os interesses de cada esfera
administrativa, a natureza dos serviços públicos, levando em conta os interesses de cada esfera
administrativa, a natureza dos serviços e a capacidade de executá-los de acordo com o interesse do
usuário. Ficam determinados os poderes da União e dos municípios, sendo remanescentes os do Estado.

1.6 - Formas de prestação do Serviço Público


A prestação do serviço público é feita de forma centralizada, descentralizada ou desconcentrada.
O serviço Centralizado é aquele prestado pelo Poder Público pelos seus próprios órgãos, em seu nome e
sob sua exclusiva responsabilidade.
No serviço descentralizado o Poder Público transmite a sua titularidade às entidades da administração
indireta por outorga ou a sua execução por delegação, ao particular.
O serviço Desconcentrado é aquele distribuído entre vários órgãos da mesma entidade administrativa,
tendo em vista facilitar a sua realização e obtenção. É uma técnica de simplificação e aceleração do serviço
dentro da mesma pessoa jurídica. A desconcentração liga-se a hierarquia.

A descentralização pode ser política e administrativa.


A Descentralização política ocorre quando o ente descentralizado possui capacidade legislativa
própria independente do ente central. Esta capacidade lhe é dada pela Constituição Federal. Estas
entidades tÊm autonomia. É o caso dos Estados-membros, Municípios e Distrito Federal.
Na Descentralização Administrativa não existe autonomia, as entidades não podem legislar. O
ente central é que dá validade às suas atribuições, que não tem força própria e não decorrem da
Constituição. É própria dos Estados unitários. Embora cuidando dos seus próprios negócios, isto é, feito
com subordinação à entidade central.
Na descentralização administrativa podem ser consideradas três modalidades: territorial, por serviço e por
colaboração.

Descentralização por serviços


A descentralização por serviço se faz através da lei, quando o Poder Público cria uma pessoa jurídica e a ela
dá o encargo da titularidade e execução de determinado serviço. A entidade criada corresponde às
autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas públicas.
A estas entidades são transferidas a titularidade e a execução de serviço do serviço, existindo
independência quanto ao ente criador, na forma da lei instituidora, que exercerá o controle da entidade
criada.
A pessoa jurídica criada terá personalidade jurídica, capacidade de auto-administração, patrimônio próprio,
capacidade específica para determinado trabalho (princípio da especialização), e controle pelo órgão
instituidor, nos limites da lei.
A entidade criadora só pode retomar o serviço através de outra lei.
1.8 - Serviços Concedidos
São executados por particulares em seu nome, conta e risco e remunerado por tarifa mediante contrato
com o Poder Público.
A concessão é um ajuste de Direito Administrativo, bilateral, oneroso, comutativo e intuito personae. Trata-
se de um acordo com encargos e vantagens recíprocas em que são firmadas as condições de realização do
serviço.
Sendo um contrato fica sujeito a todas as imposições da Administração.
A concessão envolve apenas a execução do serviço sem que a Administração perca qualquer direito ou
prerrogativa. A execução fica sujeita à regulamentação e fiscalização do cedente. O serviço pode ser
retomado a qualquer tempo, mediante indenização.
O concessionário se obriga a obedecer aos regulamentos e o contrato nas suas relações com o público,
dispondo o particular de meios judiciais para exigir a prestação do serviço, conforme contratado.
Os serviços concedidos são regulamentados pelo Poder Público em vista de determinação constitucional e
legal, sendo sempre feitos no interesse da coletividade.

A Lei nº 8.987/05 e a Lei nº 9.074/95 trazem as normas do regime de concessão.


Os Estados-membros e Municípios aprovarão suas próprias leis, respeitando as normas gerais das leis
acima citadas ou as adotarão, mediante lei.
Toda concessão fica sujeita a normas regulamentares, que disciplinam o modo e forma de prestação de
serviço e normas contratuais, que determinam a remuneração do concessionário.

As regulamentares são também denominadas leis de serviço e são alteráveis unilateralmente pela
Administração e as contratuais chamadas de econômicas são fixas, só sofrendo mudanças por acordo entre
as partes.
Conforme já dito, a concessão já se faz através de contrato escrito que vai definir o objeto do serviço,
delimitar sua área, estabelecer os direitos e deveres das partes e dos usuários. Dispõem também sobre a
fiscalização, reversão, encampação e indenização.
Permite-se a alteração unilateral do contrato e o controle, fiscalização e intervenção pelo Poder Público.

1.10 - Serviços permitidos


Serviços permitidos são aqueles em que a Administração estabelece os requisitos para a sua prestação e
por ato unilateral admite a execução por particulares, que tiverem condições de desempenhá-los.
A permissão é discricionária e precária, contudo pode estabelecer prazos e condições para a exploração do
serviço, permitindo que seja recuperado o investimento feito pelo particular.
Na permissão condicionada, em que é fixado prazo, o Poder Público deve respeitar as cláusulas por ele
impostas.
Fora desta hipótese as condições iniciais podem ser modificada ou revogada a permissão, sem oposição do
permissionário.
Pelo seu caráter precário seria ela utilizada quando não fosse preciso movimentar grande capital, quando o
equipamento fosse de fácil locomoção.

São características da permissão:


É o ato unilateral, discricionário, precário, intuito personae, podendo ser gratuito ou oneroso;
Depende de licitação;
Envolve apenas a execução do serviço ficando a titularidade com o Poder Público;
O serviço é executado por conta e risco do permissionário;
O ato pode ser alterado ou revogado pela Administração, a qualquer momento;
Embora seja em princípio sem determinação de prazo, a doutrina tem admitido a fixação de prazo, caso em
que a revogação antes da ocasião determinada permitirá ao permissionário a indenização. Trata-se da
permissão condicionada.
O estabelecimento de prazo desnatura a permissão e a aproxima da concessão, assim torna difícil a
utilização do instituto.
A diferença entre concessão e permissão está na forma de constituição. A concessão decorre do acordo de
vontades e a permissão é ato unilateral.
1.11 - SERVIÇOS AUTORIZADOS
Serviços autorizados são aqueles que o Poder Público por ato unilateral, precário e discricionário consente
na sua execução pelo particular para atender interesses coletivos." ( Hely Lopes Meirelles, Direito
Administrativo Brasileiro fls. 357).
Os interesses coletivos devem ser instáveis ou de emergência transitória para que não seja fraudada a
licitação,
São serviços que envolvem constantes modificações e comportam supressão a qualquer momento.
Exemplos.: táxi, despachante, guarda particular.

A remuneração será por tarifa. Seus executores não são agentes públicos, apenas prestam serviço de
interesse da comunidade, que por isso deve ser controlado pela Administração. A contratação destes
serviços se faz diretamente com o usuário, sem a responsabilidade do Poder Público.

1.12 - CONVÊNIO E CONSÓRCIO ADMINISTRATIVOS


CONVÊNIOS - Em vista da ampliação das funções estatais cada vez se tomam necessárias novas formas
de prestação de serviços de responsabilidade do Estado.
Assim, a soma de forças permite que um serviço fora do alcance de uma administração de posses limitadas
se torne possível, através dos convênios e consórcios.
O convênio é um acordo realizado entre entidades públicas de qualquer espécie ou entre estas e as
particulares.

Trata-se de acordo e não de contrato, pois os envolvidos têm os mesmos interesses, não são partes, mas
partícipes com as mesmas pretensões.
A posição jurídica entre os participes é a mesma, a diferença pode estar na cooperação de cada um. Assim
é possível que se retirem do consórcio , conforme desejarem, ficando com a obrigação e as vantagens do
período em que eram participantes. Entram e se retiram do convênio com liberdade.
CONSÓRCIOS - São acordos firmados entre entidades estatais da mesma espécie, com objetivos comuns.
Aos consórcios são aplicados os mesmos princípios dos convênios.

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