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Transportes

Diário do Nordeste - Fortaleza/CE - OPINIÃO -


29/08/2010 - 10:24:13
29/8/2010

O Brasil caiu no erro de substituir totalmente o transporte ferroviário pelo rodoviário. Hoje,
trafegam pelas nossas estradas carretas transportando toneladas de produtos diversos
arrebentando os respectivos asfaltos a ponto de deixarem-nos aos frangalhos. Em
consequência, não dispõe o governo de verbas para estar sempre reparando as nossas
rodovias, e, em vista de se acharem quase em petição de miséria, acidentes e mais acidentes
se dão quase todos os dias, deixando sempre centenas de mortos e feridos. Seria bom
voltássemos ao sistema misto, ou seja, de trens, caminhões e até mesmo de navios. Só assim
os acidentes, as mortes, e os estragos em nossas estradas, não seriam tantos, com a vantagem
de fretes mais baratos. O bom senso recomenda que fosse dado prioridade ao transporte
ferroviário, restaurando os velhos caminhos. Agora, apenas terá sentido se tudo partir da
iniciativa privada, pois, antes era estatal. E por isso mesmo, superlotaram de empregados a
ponto de a nossa RVC ter, nos seus quadros, nada menos de três mil servidores, sendo que só
dispunha de uns 10 comboios ferroviários. E o mar? Ah! essa imensidão d´água que
encantava as nossas vistas, da qual ainda hoje temos saudade, é uma estrada natural que
dispensa quaisquer despesas com reparos. O Lloyd dispunha de vários navios, e também, por
ser estatal, cada um tinha uma superlotação. Por isso mesmo faliu. Ademais, tínhamos a
classe ITA, constituída de navios mistos, ou seja, conduziam passageiros e cargas. Saíam de
Belém e iam até Porto Alegre. Era até divertido para quem quisesse fazer turismo interno.
Isto é, como sempre passeava pelas principais capitais do País, quem quisesse embarcava em
Fortaleza, e podia ir até a capital que pretendia desembarcar, visitando aquelas por onde teria
que passar com uma demora de dois dias, tendo o navio como hotel, posto que na passagem
estava incluído tudo. Esses navios seguiam as nossas costas, por isso a empresa era chamada
costeira. Veio a II Guerra Mundial, tendo os submarinos de Hitler começado a torpedear os
nossos navios. E, por isso, acabou. Por que os nossos empresários não se dispõem a reiniciar
tudo?

Edgar Carlos Amorim - escritor e jurista

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