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Trem é o caminho

Intelog - Porto Alegre/RS - EDITORIAL - 12/08/2010 -


22:43:13
Ministro dos Transportes defende a mudança de modelo no País, tendo a ferrovia como
prioridade.

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, voltou a defender ontem a mudança da
matriz de transporte no País, hoje concentrada no sistema rodoviário, para o ferroviário.

Na abertura do 4º Brasil nos Trilhos, encontro promovido pela Associação Nacional dos
Transportes Ferroviários (ANTF), o ministro disse que o trem de alta velocidade (TAV)
ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, é uma das prioridades do setor, e que o
desafio será ampliar de 5 mil para 12 mil quilômetros a extensão da atual malha
ferroviária.

A mudança na matriz, afirmou, implicará em um transporte ambientalmente mais


sustentável, com custos mais baixos, além de ser mais viável do ponto de vista
energético.

“A licitação do TAV já está em curso. É natural que surjam dúvidas e questionamentos,


pois no Brasil não é diferente do que aconteceu no restante do mundo. Os grandes
projetos ensejam sempre a polêmica”, afirmou.

Mas há oposição à ideia. A opção pela matriz ferroviária em curto prazo, segundo
Orlando Fontes Lima Jr., coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e
Transportes da Unicamp, não tem muito sentido.

Essa opção, disse, implicaria em investimentos gigantescos, com mobilização muito


grande de capital. Para ele, faz muito mais sentido investir na conexão entre transporte
ferroviário e cabotagem, ou seja, na navegação realizada entre portos interiores do País
pelo litoral ou vias fluviais. “Se a intenção é dar mais agilidade e fluidez às cargas, não
vejo sentido nas ferroviais, porque se olharmos os pontos de origem e destino das cargas,
há uma grande concentração no litoral, o que pode ser bem resolvido com investimentos
em cabotagem”, disse.

Para o engenheiro Carlos Rodriguez Brandes, especialista em transporte ferroviário, o


desejo do governo em mudar a matriz de transporte é louvável, mas exige investimentos
muito altos para dotar o país de ferrovias confiáveis cruzando todo o território nacional.
“É um trabalho que tem que começar, mas os resultados serão de longo prazo”, afirmou.
Segundo o ministro, com investimentos no setor ferroviário será possível transportar
mais cargas gastando menos energia, com custo de fretes menores. “Isso abre uma
perspectiva para alargar a base de competitividade da estrutura produtiva brasileira”,
ressaltou.

Proposta de nova estrutura - Entre as principais obras do setor ferroviário, o ministro


citou a Ferrovia Norte-Sul, com 1.575 quilômetros, ligando Açailândia (MA) a Anápolis
(GO) e que deverá estar concluída até dezembro.

E a Anápolis-Estrela do Oeste, com investimentos de R$ 2,7 bilhões, que já está em fase


de licitação. Ele citou a Nova Ferrovia Transnordestina, com 2.278 quilômetros, em
construção de Eliseu Martins (PI) a Suape (PE).

O transporte por meio de rodovias no Brasil representa, segundo o Ministério dos


Transportes, um total de 60% em relação às demais modalidades, enquanto que outros
países como Rússia, China, Estados Unidos e Canadá, optam por sistemas de transporte
alternativos, como o ferroviário e o hidroviário.

“Nós submetemos ao Congresso Nacional um projeto de lei que repense a estrutura do


sistema ferroviário, tendo como central a ferrovia Norte-Sul e eixos transversais a Leste
e a Oeste. Essa medida irá preparar o País para fazer a circulação de grandes volumes e,
portanto, em condições economicamente mais baratas do que o transporte que fazemos
hoje, que é o transporte rodoviário”, afirmou.

Entre as diretrizes desenvolvidas para a implementação da malha ferroviária estão a


extensão e o aumento da capacidade da malha ferroviária, desenvolvimento de estudos e
implantação de trens de alta capacidade, criação de um novo modelo para as concessões
ferroviárias e formulação de ações regulatórias ao aprimoramento do modelo existente.

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