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Beatriz Helena Pinheiro


José Luiz Barbosa
Maria Teresa Ramos Caramez
Rosângela Moreira Pinheiro

Blogs como ferramenta pedagógica: rompendo o quadro-


negro e o giz

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Especialização em


Tecnologias em Educação como requisito parcial para obtenção de título
de Especialista em Tecnologias em Educação.

Erica dos Santos Rodrigues


CCEAD PUC-RIO

Rio de Janeiro, novembro de 2007.


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Beatriz Helena Pinheiro


José Luiz Barbosa
Maria Teresa Ramos Caramez
Rosângela Moreira Pinheiro

Blogs como ferramenta pedagógica: rompendo o quadro-


negro e o giz

Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Especialização em


Tecnologias em Educação como requisito parcial para obtenção de título
de Especialista em Tecnologias em Educação aprovada pela Comissão
Examinadora abaixo assinada.

__________________________________________
Erica dos Santos Rodrigues
Orientadora
CCEAD PUC-RIO

__________________________________________
Fernando César Ferreira Gouvêa
CCEAD PUC-RIO

__________________________________________
Tito Tortori
CCEAD PUC-RIO

__________________________________________
Sérgio Amaral
CCEAD PUC-RIO

__________________________________________
Ângela Martins
MEC

Rio de Janeiro, novembro de 2007.


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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do


trabalho sem autorização da universidade, dos autores e da orientadora.

Beatriz Helena Pinheiro


Professor docente II - Rede Pública Estadual, cursando Letras com Licenciatura
em Português/Literatura (Último Período). Atuou como tutora no
SEDUC/SEERJ/MEC em 2006. Participação em diversos congressos na área de
Tecnologias da Informação e Comunicação. Atualmente lotada como
Multiplicadora no Distrito de Tecnologia Educacional (DTE/RJ01).

José Luiz Barbosa


Graduado em Letras (Português/Inglês) pela Fafita e Especialista em Docência do
Ensino Superior e Educação Fiscal. Professor regente desde 1988, lotado
atualmente no Centro Interescolar de Agropecuária de Itaperuna onde ministra
Língua Portuguesa nos Ensinos Fundamental e Médio.

Maria Teresa Ramos Caramez


Graduada em Educação Física na Faculdade de Educação Física de Batatais-SP
em 1978. Pós-graduada em Neurofisiologia da Motricidade-IBMR-RJ-1987,
especialização em Psicomotricidade-IBMR-RJ-1994. Professora regente de
Educação Física no Colégio Estadual Aragão Gomes-Mendes-RJ e Colégio
Estadual João Kopke - Eng. Paulo de Frontin-RJ, ambos os segmento de ensino
fundamental e médio. Professora regente de Educação Física no Colégio
Cenecista Marechal Rondon - Mendes-RJ.

Rosângela Moreira Pinheiro


Graduada em Pedagogia (Supervisão Escolar de 1° Grau e Magistério das
Matérias Pedagógicas de Segundo Grau) - Faculdade de Filosofia de Campos
(FAFIC) em 1983. Extensão em Informática Aplicada à Educação (CEDERJ) em
2004; aperfeiçoamento em Objetos de Aprendizagem-RIVED pela Fundação de
Apoio à Faculdade de Educação - USP e pela Secretaria de Ensino à
Distância/MEC em 2006; atuou como tutora no SEDUC/SEERJ/MEC em 2006.
Professor regente desde 1979 em todos os segmentos de ensino: fundamental,
médio e EJA. Atuou também como Orientadora Pedagógica do EM, gestora
escolar e supervisora de estágio para Normalistas. Trabalha no Distrito de
Tecnologia Educacional (DTE/RJ01) como Multiplicadora. Os principais
interesses de pesquisa estão relacionados aos seguintes tópicos: ensino de Libras,
uso de Tecnologias Assistivas, Inclusão Digital e Educação a Distância.
Ficha Catalográfica
Barbosa, José Luiz
Caramez, Maria Teresa Ramos
Pinheiro, Beatriz Helena
Pinheiro, Rosângela Moreira
Blogs como ferramenta pedagógica: rompendo o quadro-negro e o giz
Beatriz Helena Pinheiro; José Luiz Barbosa; Maria Teresa Caramez; Rosângela
Pinheiro Moreira; Orientadora: Erica dos Santos Rodrigues. Rio de Janeiro: PUC,
CCEAD, 2007.
1. Monografia - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Coordenação
Central de Educação à Distância - PUC-RJ.
Inclui referências bibliográficas e ilustrações.
1. Leitura e escrita 2. Internet 3. Educação
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Aos professores e alunos que, acreditando nas TICs - enquanto ferramentas


educacionais -, gastaram o melhor de suas energias em busca de estabelecer
um nexo utilitário entre as ferramentas tecnológicas e uma pedagogia de
autoria, a fim de fomentar uma educação que atenda a emergência de um
mundo cada vez mais democrático e de uma sociedade complexa e exigente.
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Agradecimentos

Às professoras Izabella e Keite, que nos acompanharam nesta viagem louca pelo
ciberespaço à cata de informações e conhecimento que nos fizessem sair do
mesmismo de uma prática pedagógica velha e incompetente.

A nossa orientadora Érica, por ter confiado que pilotaríamos esta nau por mares
nunca dantes navegados e aportaríamos com êxito nesse porto impreciso da
construção monográfica a distância.

As nossas famílias e amigos que acreditaram e nos apoiaram neste período tão
conturbado de nossas vidas quando trocamos suas presenças pela navegação, às
vezes incompreendida, pelo e-proinfo.
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Resumo

Barbosa, José Luiz; Caramez, Maria Teresa Ramos; Pinheiro, Beatriz


Helena e Rosângela Moreira. Blogs como ferramenta pedagógica:
rompendo o quadro-negro e o giz; Erica dos Santos Rodrigues
(Orientadora). Rio de Janeiro, 2007. 49p. Monografia de Conclusão do
Curso de Especialização Tecnologias em Educação - Departamento de
Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Na sociedade contemporânea nasce uma nova cultura que envolve o aluno em


inovações na área de comunicação, influenciando sua forma de ver, pensar e
aprender. Novas modalidades de leitura e escrita inserem-se no cotidiano tornando
a escola um lugar especial de ensino e aprendizagem auxiliada por esses novos
gêneros textuais. O objetivo central deste trabalho é debater a necessidade de
preparação dos educadores, da escola e da própria educação para atender ao aluno
que já traz para o espaço educacional um contingente de informações e
experiências adquiridas no seu cotidiano e nas suas relações sociais. Reflete-se
sobre os novos caminhos da formação com o uso do conhecimento de modo não
linear, a apropriação das novas tecnologias e o encanto que estas exercem sobre os
jovens, cujo entusiasmo para projetos cresce de forma proporcional à amplitude
das possibilidades oferecidas. Trata-se ainda da conscientização e adequação do
professor a seu novo papel de orientador - o propulsor que colabora com o aluno
na construção do seu próprio conhecimento. Ao final, enfoca-se, teoricamente, a
importância do uso do blog na educação como poderosa ferramenta interativa,
identificando as vantagens e as limitações de seu uso.

Palavras-chave: Leitura, escrita, aprendizagem, educação.


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ABSTRACT

Barbosa, Jose Luiz; Caramez, Maria Teresa Ramos; Pinheiro, Beatriz


Helena and Pinheiro, Rosângela Moreira. Blogs as pedagogical tool:
breaching the blackboard and the chalk. Erica dos Santos Rodrigues
(Orienting). Rio de Janeiro, 2007. 49p. Monograph of Conclusion of the
Course of Specialization Technologies in Education - Department of
Education, Pontifical University Catholic of Rio de Janeiro."

In the environment of contemporary society, a new culture is born and surrounds


students in innovations in communication area, affecting their way to see, think
and learn. New modalities of read and write get inserted into their day-by-day,
transforming schools into special places to teach and learn assisted by these new
text sorts. The goal of this work is to debate the need of preparation of schools
environmental, teachers, and to improve students skills. The students already
bring a lot of information to the educational scenario with their own experiences
acquired in their daily lives and in their social relationship. It reflects about the
new ways of formation, their use of less traditional knowledge, their tools of
recent technologies and the fascination they develop specially over the teenagers,
who has enthusiasm for projects grows proportionally to the amplitude of
available means. This work also discusses about teachers awareness and
adjustment to their new role collaborating with the students in their own learning
of knowledge. Finally, we also bring to the theoretic discussion, the importance of
using 'blogs' as an interactive tool for formation purposes, pointing out the
advantages and limitations on their use.

Keywords: reading, writing, learning, education.


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Sumário

1. Introdução 9

2. A Sociedade da Informação 11

2.1. A Internet e o Fazer Pedagógico 13

3. A Leitura na Sociedade da Informação 14

3.1. Do Analógico ao Digital 16

3.2. O Uso da Internet na Escola e as Novas Práticas de Leitura 17

4. O Blog como Ferramenta Pedagógica 24

4.1. Análise do Discurso de Blogs Educacionais 32

5. Conclusão 44

6. Referências Bibliográficas 46
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Lista de Ilustrações

Figura 1 - Reprodução da tela inicial do blog “Lendo Histórias”. 28

Figura 2 - Reprodução da tela inicial do blog “Lousa Digital”. 29

Figura 3 - Reprodução da tela inicial do blog “Blog Educacional - 30


CIAPI”.
Figura 4 Reprodução parcial da tela inicial dos comentários da atividade 31
“Nelson Motta entre nós!”.
Figura 5 - Reprodução da tela inicial do blog “Educação e Tecnologia”. 34

Figura 6 - Reprodução da tela inicial do blog “Amor pela Educação”. 35

Figura 7 - Reprodução da tela inicial do blog “Historinhas”. 36

Figura 8 - Reprodução da tela inicial do blog “Palavra Aberta: 37


intercâmbio de idéias no ciberespaço”.
Figura 9 - Reprodução da tela inicial do blog “Espanglês”. 38

Figura 10 - Reprodução da tela inicial do blog “GEOMETRIA”. 39

Figura 11 - Reprodução da tela inicial do blog do “ift”. 41

Figura 12 - Reprodução da tela inicial do blog Tecnologias Assistivas e 42


Inclusão.
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1.
Introdução

As novas tecnologias invadem o espaço do lazer e do trabalho das pessoas a


cada dia. Nesse sentido, novas formas de leitura e escrita inserem-se no cotidiano
e fazem da escola um local especial de ensino e aprendizagem desses novos
gêneros textuais.
A escolha do tema do presente trabalho se deu pelo reconhecimento da
necessidade de desenvolver no jovem o hábito da leitura, tornando-a mais atraente
nas suas diferentes formas, garantindo o seu direito de ler e escrever de forma
crítica para que possa transformar a sua realidade e colaborar na construção de
uma sociedade mais humana e igual.
Os relatórios dos principais sistemas de avaliação da qualidade do ensino
como os do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e do Programa Internacional de
Avaliação dos Estudantes (PISA) indicam, em síntese, que é abaixo da média o
nível de compreensão, interpretação e reflexão dos alunos do Ensino Fundamental
e Médio. Esta realidade não é distinta quando se analisa os resultados dos exames
de acesso à universidade.
A Mídia, em conjugação com a Internet, traz uma nova concepção de
leitura, diferente daquela realizada nos textos lineares que parecem não mais
atender aos anseios e à realidade dos jovens, cujo cotidiano caracteriza-se pelo
dinamismo e pela profusão de sons, cores e informações. É a era do visual na qual
o mundo é percebido, cada vez mais, por meio de imagens, ícones, símbolos,
gráficos e desenhos. A linguagem escrita, tradicional e linear cede espaço para a
mensagem-imagem - a imagem cria, reproduz, comunica valores, crenças e
ideologias.
É um maravilhoso mundo novo, fascinante, com o predomínio da imagem e
da interatividade e de constantes e aceleradas mudanças. As novas tecnologias
disponibilizam este mundo e todo o seu acervo de conhecimento através de acesso
a hiperlinks e comunicação digital.
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Entretanto, só pelo fato de existir, a Internet não trará o conhecimento às


pessoas sem as habilidades e as ferramentas necessárias para tal. Portanto, para
que seja um processo produtivo, algumas questões se impõem tais como: o
significado do “ler” nos ambientes digitais, as mudanças impactantes que as novas
mídias trazem para a leitura e as habilidades que precisam ser desenvolvidas para
que o aluno interaja com elas.
Este trabalho tem como objetivo pesquisar, através de literaturas específicas,
o quanto a comunicação pela internet, sobretudo aquela realizada nos blogs, pode
contribuir em termos de inovação para o desenvolvimento de habilidades de
leitura e de escrita.
No bojo das reflexões sobre os gêneros textuais emergentes da revolução
que as Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs - têm propiciado, e as
quais esta pesquisa provavelmente nos levará, caberá apontarmos alternativas de
uso pedagógico desses novos instrumentos de comunicação para o aproveitamento
de seu potencial e para a inserção dessas tecnologias no processo educacional.
Para tanto, esta monografia está organizada em cinco capítulos. Nesta
introdução apresentamos a justificativa para a escolha do tema e dos textos
selecionados para o estudo. O Capítulo II é dedicado às resenhas dos textos que
constituem o arcabouço teórico do corpus desse estudo. No Capítulo III será feito
um estudo aprofundado da literatura selecionada e a especialização do tema. Já no
Capítulo IV o objeto de estudo é a ferramenta virtual chamada BLOG. Nele se
demonstrarão os dados da pesquisa realizada na internet e uma análise do
potencial de portador de texto de alguns blogs voltados para a educação regular. E
no capítulo V será feita a conclusão em consonância como o objetivo proposto por
este estudo.
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2.

A Sociedade da Informação

Vive-se hoje em um mundo dominado pela busca constante da informação


cujo poder jamais foi tão intenso quanto agora. Um mundo no qual a escola
precisa se inserir para construir novos espaços de aprendizagem. Pessoas e
instituições buscam adaptar-se a esses novos tempos.
Com a crise de valores morais e éticos a partir dos anos 60 e frente a novas e
estranhas relações sociais, o homem se sente inseguro e sem sustentação,
desestabilizado, passivo e indiferente ao imenso fluxo de informação recebido.
Vive à mercê do acaso e do imprevisível, não tendo mais o controle dos produtos
que é levado a consumir. Tem, assim, uma visão limitada da realidade diante deste
excesso de informação que recebe.
É acelerado o caminhar para uma sociedade completamente diferente da
atual. Como será o futuro? Como fazer previsões dentro de uma realidade em
constantes e aceleradas mudanças? É, pois, uma incógnita, cheio de surpresas.
Como serão os processos de educação a serem implantados? Com certeza serão
profundamente diferentes dos atuais, e, apesar de não se saber exatamente como,
uma coisa é certa: a aprendizagem será o alicerce da nova sociedade. A
informação estará disponível a todos; as formas de aprender serão muito variadas
e as formas de organizar o ensino também. Todos os alunos estarão conectados às
redes digitais por celulares, computadores portáteis, TVs digitais interativas,
independentes da classe social ou de equipamentos mais ou menos sofisticados.
Todos estarão conectados. Cidades, escolas e alunos terão acesso às redes digitais
dentro e fora da escola. As salas de aula estarão abertas para o mundo. O espaço é
o cibernético, como ensina Lévy:

O que seria o espaço cibernético? O espaço cibernético é um terreno onde está


funcionando a humanidade, hoje. É um novo espaço de interação humana que já
tem uma importância enorme, sobretudo no plano econômico e científico e,
certamente, essa importância vai ampliar-se e vai estender-se a vários outros
campos, como por exemplo na Pedagogia, Estética, Arte e Política. O espaço
cibernético é a instauração de uma rede de todas as memórias informatizadas e de
todos os computadores. Atualmente, temos cada vez mais conservados, sob forma
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numérica e registrados na memória do computador, textos, imagens e músicas


produzidos por computador. Então, a esfera da comunicação e da informação está
se transformando numa esfera informatizada. O interesse é pensar qual o
significado cultural disso. Com o espaço cibernético temos uma ferramenta de
comunicação muito diferente da mídia clássica, porque é nesse espaço que todas as
mensagens se tornam interativas, ganham uma plasticidade e têm uma
possibilidade de metamorfose imediata. E aí, a partir do momento que se tem o
acesso a isso, cada pessoa pode se tornar uma emissora, o que obviamente não é o
caso de uma mídia como a imprensa ou a televisão.1

Portanto, aprender a usar as novas tecnologias, sobretudo a internet, é condição


de sobrevivência numa sociedade cada vez mais digitalizada, cibernética. Aqui,
aproveitamos o sentido integral de “aprender” que significa não apenas “tomar
conhecimento”, “mas de retê-lo na memória, em conseqüência de estudo, observação,
experiência, advertência, etc.”2 É no sentido principalmente de saber discernir e
selecionar as informações - exigência da comunicação nesta sociedade
contemporânea.
O principal predicado da chamada Sociedade da Informação é certamente a
excessividade. Vive-se em mundo em que a informação é crônica, isto é, pode se
tratar de uma notícia ou de rumores sobre um determinado acontecimento que nos
chega muitas vezes em tempo real. Por isso, a educação tem aí um papel
preponderante: mediar - orientar, esclarecer e otimizar o percurso entre a informação
e o conhecimento.
É preciso lembrar sempre quem é o sujeito nessa Sociedade da Informação.
Esse novo ser humano que tem acesso a informações, que é a um só tempo espectador
e ator, aprendiz e professor, agente e paciente dos fatos e dos acontecimentos da
dinâmica social - coerente e contraditória.

1
LEVY, P. A Emergência do Cyberspace e as Mutações Culturais. Disponível em
http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/paradigmas/pierrelevy/emerg.html. Acesso em
stembro de 2007.
2
Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI. Versão 3.0. Novembro de 1999. Lexikon Informática
Ltda.
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2.1.

A Internet e o Fazer Pedagógico

Mas, não basta colocar computadores na sala de aula para inserir a tecnologia
nas escolas, isto porque novas formas de ler e de escrever estão sendo introduzidas no
cotidiano das pessoas, fazendo da escola um lugar especial de ensino e aprendizagem
de novos gêneros textuais.
O fazer pedagógico precisa ser construído e reconstruído continuamente. Deve-
se adotar uma atitude crítica, que permita reconhecer as possibilidades e os limites,
das novas tecnologias, seus aspectos positivos e negativos, de modo a permitir a
estruturação de uma nova forma de pensar - o pensar hipertextual -, o qual estabelece
associações e conexões não lineares. Esta nova forma de pensar caracteriza-se pela
interatividade, possibilitando uma troca virtual com outros indivíduos, criando novos
espaços de aprendizagem, fazendo nascer uma Inteligência Coletiva construída
principalmente no ambiente de rede pela necessidade que o ser humano tem, através
do intercâmbio, de trocar e construir novos saberes.
O educador precisa encontrar formas adequadas de integração das variadas
tecnologias e dos procedimentos metodológicos, ampliando e dominando as
formas de comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação
audiovisual/telemática, diversificando as formas de dar aula, de realizar
atividades, de avaliar, integrando as dinâmicas tradicionais com as inovadoras, a
escrita com o audiovisual, o texto seqüencial com o hipertexto, o encontro
presencial com o virtual.3 Com uma visão pedagógica inovadora e com a
participação dos alunos, o professor pode usar algumas ferramentas da Internet
para melhorar a interação presencial-virtual entre eles. É possível ensinar e
aprender através de programas que integrem a educação presencial com as novas
formas de educação virtual, valorizando o melhor de cada um deles.
A participação de pais, alunos, professores e comunidade é de grande
importância na organização, no gerenciamento e nos rumos de cada instituição

3
MORAN, José Manuel. Ensino e Aprendizagem inovadores com Tecnologia. Revista
Informática na Educação: Teoria & Prática. Porto Alegre, vol. 3, n.1 (set. 2000) UFRGS.
Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação, pág. 137-144. Disponível: <
http://www.eca.usp.br/prof/moran/inov.htm >. Acesso em: agosto/2007.
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escolar. Tal participação é também de grande importância no desenvolvimento e


acompanhamento das inúmeras possibilidades de aprendizagem que a integração
das novas tecnologias com as já conhecidas oferece para facilitar o processo de
ensinar e aprender participativamente.
Maria Nélida Sampaio Ferraz - Doutora em Comunicação e Cultura pela
ECO/UFRJ -, em seu artigo “Um novo sujeito para um novo espaço”, destaca a
urgência de se pensar um novo conceito de espaço e do sujeito que o freqüenta
uma vez que com a Internet surgiu o Ciberespaço - um meio heterogêneo e sem
fronteiras de comunicação. Constituindo-se em um lugar de trocas e permutas, o
Ciberespaço permite questionamentos sobre o papel do sujeito neste novo espaço,
propiciando ao indivíduo a aproximação da realidade, a saída de um estado de
alienação, continuando a ser o criador da sua própria realidade.
A Internet é o suporte para uma pluralidade de falas que garante, através da
interatividade entre os seus usuários, um espaço de desenvolvimento humano e de
saberes coletivos. Logo, o caminho a ser percorrido é o desenvolvimento de novos
contextos que possibilitem ao aluno alternativas criativas que estimulem o
aprendizado e, para tal, a Internet disponibiliza ferramentas que oferecem
inúmeras possibilidades de uso pedagógico.4

4
SAMPAIO, M. N. F. Um novo Sujeito para um novo Espaço. Conect@ - Revista on-line de
Educação a Distância - número 3 - novembro 2000, Disponível em: <<
http://www.eca.usp.br/prof/moran >>. Acesso em: setembro/2007.
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3.

A Leitura na Sociedade da Informação

“O impacto das tecnologias digitais na vida contemporânea está apenas se fazendo


sentir, mas já mostrou com força suficiente que tem enorme poder, tanto para
construir como para devastar.”
MARCUSCHI5

Parece-nos que a comunicação enquanto fenômeno de interações entre as


pessoas se fez na esteira do desenvolvimento da raça humana nos primórdios da
diáspora, como diria Morin6. Agora, o que temos é que a nossa forma de ver, de
pensar e de aprender se faz a partir de uma comunicação possibilitada por
artefatos tecnológicos sempre emergentes e novos.
Impactada por esses artefatos, a leitura tem nos hiperlinks um
redimensionamento peculiar. Diferentemente das possibilidades criadas pelos
hipertextos tradicionais em um livro, por exemplo - o rodapé, as capitulares, as
ilustrações etc - os hiperlinks descortinam “janelas” outras iguais ou maiores do
que o próprio livro, ou melhor, o e-book7. Em termos práticos, é o que demonstra
Monteiro em seu estudo do hipertexto como espaço de representação.

Assim sendo, a estrutura física do livro impresso, em função da rigidez da palavra


estática não permite que a estrutura lógica realize interações (in locum, na mesma
página ou texto a possibilidade de aparecer e desaparecer informações e/ou
linguagens) além das quais que já estejam previamente registradas, embora possa
permitir uma leitura não-linear, como no caso de alguns textos narrativos, ou
estabelecer conexões, como no caso das enciclopédias. Ou seja, a tecnologia
impressa é fundadora da lógica linear, mas sem determiná-la, apenas configurando
uma ecologia cognitiva para Lévy (1996), ao contrário de McLuhan (1972).
Por outro lado, a tecnologia multimídia só pode ser desenvolvida em suas
potencialidades interativas não-lineares. Portanto, juntamente com o conceito de
não-linearidade no hipertexto vem o princípio de interatividade, premissa não

5
MARCUSCHI, Luiz Antônio, XAVIER, Antônio Carlos. Hipertexto e Gêneros digitais. 2ª
edição. Rio de Janeiro. p.14.
6
MORIN, E. et al. Educar na Era Planetária: O Pensamento Complexo como Método de
Aprendizagem pelo Erro e Incerteza Humana. São Paulo; Brasília: Cortez; UNESCO, 2003.
7
A palavra ebook é uma abreviação de "eletronic book" ou "livro eletrônico" numa tradução
literal. E realmente, ebooks são livros, com a única diferença de estarem no formato digital e não
em papel como no livro tradicional. Disponível em http://www.abc-commerce.com.br/ebook.htm.
|Acesso em: outubro de 2007.
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verdadeira para o texto impresso, apesar deste ter conexões, porém conexão não é
necessariamente sinônimo de interatividade.8

3.1.

Do Analógico ao Digital

A característica da sociedade humana é a convivência. Convivência esta que


se realiza através das interações entre os sujeitos, em espaços vinculados,
geralmente, a um território.
A sociedade contemporânea caracteriza-se por uma intensa mobilidade
espacial e temporal graças aos avanços acelerados da tecnologia. As pessoas estão
partilhando, a distância, o mesmo espaço trazendo mudanças relevantes no ver, no
pensar, no sentir o mundo e no agir, e interação é a palavra de ordem.
Hoje é possível fazer o que sempre foi feito, através de diferentes maneiras
criadas pelas novas tecnologias - computação, multimídia e as redes de alta
velocidade. Sua aplicação nos processos de ensino-aprendizagem determina
estratégias de instrução diferentes das tradicionalmente usadas nas salas de aula.
O surgimento de equipamentos de informática e o potencial cada vez maior
de criação de um mundo virtual, aliados ao desenvolvimento e a crescente
aproximação dos diversos meios das formas de comunicação - escrita, imprensa,
fotografia, cinema, rádio, televisão, informática e da internet através da
conjugação de textos, sons e imagens em um único suporte, modificaram a
organização do cotidiano nos vários segmentos da sociedade, exigindo um novo
olhar e outra leitura do mundo.
É a nova ordem mundial, imposta pela globalização, que ao derrubar as
fronteiras do conhecimento cultural, social e histórico cria novos ambientes de
aprendizagem a partir dos quais as pessoas vêem o mundo, partilhando
8
MONTEIRO, S. D. As Linguagens e o Hipertexto: uma introdução às possibilidades discursivas
na forma hipertextual. Disponível em http://www.pucsp.br/~cimid/8inf/monteiro/linghipe.pdf.
Acesso em: outubro de 2007.
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informações e construindo conhecimento.


A popularização de novas ferramentas tecnológicas (computador, internet,
cartão magnético, caixa eletrônico etc.) bem como de outros recursos que
possibilitam o fluxo contínuo de informação tem exigido do homem
contemporâneo o desenvolvimento de comportamentos e raciocínios. Seu
cotidiano sofreu uma verdadeira revolução com a presença da Internet, das redes,
da multimídia, permitindo a superação de distâncias físicas, a redução do tempo
de realização de várias tarefas, a criação de espaços de socialização através de
bate-papos virtuais, possibilitando maior acesso às informações.
Nesses cenários as TICs têm criado novas possibilidades de
desenvolvimento tecnológico, trazendo ganhos extraordinários para a rapidez e
eficiência na comunicação, para a organização, o armazenamento e a recuperação
de informações, disponibilizando um colossal acervo de conhecimentos através de
acesso a hiperlinks digitais, possibilitando a circulação da informação em tempo
real. É imperativo, portanto, que se desenvolvam novas habilidades de leitura, de
interação com a informação para que se possa utilizar das vantagens e benefícios
das inovações tecnológicas.

3.2.

O Uso da Internet na Escola e as Novas Práticas de Leitura

O mundo da leitura e da aprendizagem tem sido invadido pelas novas TICs


exigindo novas competências do leitor.

É um leitor revolucionariamente novo (...) O internauta está num estado


permanente de prontidão perceptiva e sua atividade mental deve estar em perfeita
sintonia com as partes motora e cognitiva. A linguagem do mundo digital só existe
quando o usuário atua e interfere na mensagem.
SANTAELLA9

9
SANTAELLA, L. Navegar no Ciberepaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo:
Contexto, 2003.
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O uso da tela do computador como suporte textual proporciona liberdade ao


leitor contemporâneo, possibilitando usos, manuseios e intervenções infinitas, e
permitindo uma real e ativa participação na construção do hipertexto que é -
segundo Lévy - citado pela professora Magda Soares “...um texto móvel,
caleidoscópico, que apresenta suas facetas, gira, dobra-se e desdobra-se à vontade
frente ao leitor” 10. Desta forma, os textos estão inseridos na vida dos jovens e
adultos com palavras, imagens e sons além do hipertexto que, através de links,
permite a navegação para outros textos propiciando a escolha do que vai ser lido.
E é assim que funciona o pensamento humano, uma vez que não há limites nem
fronteiras para a imaginação que se organiza e reorganiza a cada nova leitura
através de associações em rede. Por isso, ainda segundo Magda Soares em seu
trabalho monográfico, “a tela, como novo espaço de escrita, traz significativas
mudanças nas formas de interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto,
entre leitor e texto e até mesmo, mais amplamente, entre o ser humano e o
conhecimento.”11
A Internet revolucionou a escrita e a leitura. Os textos escritos foram se
tornando cada vez mais curtos ou sendo substituídos por imagens. A mídia em
conjugação com a Internet traz uma nova concepção de leitura, mais adequada à
realidade dos jovens, cujo cotidiano caracteriza-se pelo dinamismo e pela
profusão de cores, imagens e informações. É um mundo maravilhoso, fantástico,
de rápidas, aceleradas e constantes mudanças onde predomina a interatividade.
Uma das maiores conquistas da humanidade é, sem dúvida alguma, a
leitura, que proporciona prazeres, reflexões e ações, tornando-se, muitas vezes, o
elemento diferencial na vida do homem.
Para que haja um processo produtivo de leitura, algumas questões se
impõem, entre elas o significado do ler nos ambientes digitais, as mudanças
impactantes que as novas mídias trazem para a leitura e as habilidades que
precisam ser desenvolvidas para que os alunos interajam com elas.

10
SOARES, M. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educação&
Sociedade. Campinas, dez2002. vol. 23, n.81. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php.
Acesso em: setembro/2007.
11
Op. cit.
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19

A leitura na Internet não é apenas decifrar de letras, ler palavras. É ler o


significado contido nas letras e estabelecer a relação entre palavra, imagem, foto,
malha textual e diagramação. Ler na Internet é ler o sentido verbal e o sentido
visual do texto. É uma leitura do não verbal, aberta a possibilidades, permitindo
ao leitor maior participação na construção do seu significado. É buscar e localizar
a informação, interagindo na forma. É conhecer o processo de leitura em
ambientes virtuais, na comunicação digital e na mídia.
Neste mundo globalizado, que vive a rapidez e a velocidade das mudanças e
o acesso a informações, é preciso considerar os novos caminhos complexos que
surgem como desafio para a educação, ampliando seu papel de forma
considerável, fundamental para um pleno desenvolvimento da sociedade da
informação e do conhecimento. Cabe à Escola assumir a alfabetização digital de
seus futuros cidadãos para que eles possam usar os recursos da internet com
liberdade e responsabilidade, pois manejar com desenvoltura as novas tecnologias
é condição sine qua non para o futuro dessa sociedade cada vez mais
informatizada. Nesse contexto, preparar o aluno para que possa ler e escrever com
proficiência é mais do que capacitá-los à aprendizagem; é proporcionar a ele a
faculdade de se tornar, também, produtor de conhecimento. A escola é o espaço
social responsável pela aprendizagem e cabe a ela capacitar o aluno para interagir
em qualquer outro espaço social e, assim, ela precisa, baseada nas formas como o
aluno aprende, transformar-se em espaço de experiência de aprendizagem, em que
se priorizem as relações interpessoais que levam à produção, ao compartilhamento
e à socialização do conhecimento.
As transformações sociais, econômicas e tecnológicas trazem mudanças na
prática do letramento 12, antes realizada apenas com material impresso, agora
também baseada na informática e no letramento eletrônico. É um novo tipo de
letramento - digital - que vai ao encontro da necessidade dos indivíduos de
dominarem informações e habilidades mentais que precisam ser trabalhadas pela
escola, pois a ela cabe a responsabilidade de preparar seus alunos para viverem

12
O termo “letramento”, de uso recente no campo da pedagogia e da educação, deriva do inglês
litteracy,referindo-se não à acepção de “condição de quem sabe ler e escrever”( ao que corresponde o termo
“alfabetismo”, mas à condição, capacidade de e disposição para, uma vez dominada a técnica de ler e
escrever, usá-la para assimilar e transmitir informação e conhecimento. Assim, o letramento é uma
continuação possível e desejável da alfabetização, e é através dele que o potencial do alfabetismo
pode se transformar em conhecimento e cultura. Mini Dicionário Caldas Aulete. Rio de Janeiro.
Ed. Nova Fronteira. 2004.
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20

como verdadeiros cidadãos em um mundo cada vez mais cercado por máquinas
eletrônicas e digitais.
Embora sempre presente nos diversos ambientes sociais, a tecnologia está,
cada vez mais, influenciando os meios educacionais, isto porque as ferramentas e
mídias digitais oferecem instrumentos que permitem a renovação de situações de
interação, expressão, criação, comunicação, informação, cooperação e
colaboração.
A aprendizagem precisa ser vista sob uma nova ótica. Isto é fundamental
para que não corra o risco de ser absorvida por essa tecnologia extremamente
encantadora para as novas gerações que, crescendo com fontes de mídia
multidimensional e interativa, têm perspectivas e visão de mundo diferente das
gerações que as precederam, levando os professores a olharem como um meio
para novos fins, novas formas de percepção e novas definições do que significa
produzir conhecimento. Portanto é de suma importância que se compreendam, em
profundidade, a mídia e os recursos tecnológicos para que se tornem caminhos
para a informação e construção do conhecimento. Com o uso da mídia descobre-
se uma gama de contextos que permitem mediar a formação da consciência
crítica, da opinião e da capacidade intelectual do jovem.
O ensino da leitura e da escrita são atribuições da escola que precisa ser um
ambiente inteligente, criado para a aprendizagem, rico em recursos, que
proporcione aos alunos as condições necessárias para se apropriarem do
conhecimento constituído e para se tornarem, também, produtores de
conhecimento. A escola, portanto, é o espaço social responsável pela
aprendizagem e cabe a ela capacitar o aluno para interagir em qualquer outro
espaço social e, assim, ela precisa, baseada nas formas como o aluno aprende,
transformar-se em espaço de experiência de aprendizagem, em que se priorizem
as relações interpessoais que levam à produção, ao compartilhamento e à
socialização do conhecimento.
Mas, ensinar não é apenas transmitir informações e, a simples existência da
Internet não trará o conhecimento entre as pessoas sem as habilidades e as
ferramentas necessárias para tal. Na sociedade da informação o processo
ensino/aprendizagem acontece quando se integram todas as tecnologias. Toda
atividade humana se realiza com a mediação de ferramentas que facilitam a ação e
alteram o fluxo e a estrutura das funções mentais.
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21

A grande contribuição da Internet, portanto, é o fato de oferecer novas


opções de espaço e de tempo, que não existiam na prática pedagógica e que ainda
não estão plenamente exploradas, constituindo-se em ferramenta de fundamental
importância para que a escola se abra para a compreensão do mundo através da
adequação de seus currículos às exigências dessa nova sociedade.
Para Moran, o uso da internet na escola vai permitir ao aluno traçar o seu
próprio caminho na busca do conhecimento e fazer do professor um orientador
esclarecedor e otimizador do percurso do aluno, garantindo-lhe espaço para
encontrar a sua forma de aprender, interagindo com diversos conceitos e
intensificando novas relações sentindo-se responsável pelo seu próprio destino.
O ensino da leitura e da escrita é um dos caminhos para solucionar
problemas de baixo aproveitamento e de fracasso escolar. Cabe à escola promovê-
lo, garantindo ao aluno sua inclusão na sociedade letrada e o direito de se
apropriar do conhecimento constituído, tornando-se produtor de conhecimento.
Fica claro, portanto, que a principal condição para a apropriação do letramento
digital é o domínio do letramento alfabético. Há uma interdependência do “novo”
tipo de letramento em relação ao “velho”. Dependência essa que demonstra a
importância do letramento alfabético em razão da chegada do digital.
O grande desafio, contudo, que se coloca para o educador é letrar
digitalmente uma nova geração de aprendizes, crianças e adolescentes que estão
crescendo e vivenciando os avanços das tecnologias de informação e
comunicação. É de fundamental importância que reformule a sua prática docente
incorporando uma nova forma de ensino-aprendizagem que lhe permita criar e
recriar uma renovadora estratégia de ensino tecnológico, tendo como proposta
pedagógica a valorização do saber significativo, através de experiência e da ação
construída pelo educando.
O professor deixa de ser o transmissor de conhecimentos tornando-se um
condutor da aprendizagem e, ao utilizar os conhecimentos repassados pelos livros,
como um instrumento auxiliar, estes se tornam base para aprofundamento e
criação de novas técnicas e não apenas um detentor de conhecimentos corretos.
Novos ambientes de aprendizagem são necessários. Cabe ao educador
incentivar, motivar, propor novos caminhos. O mundo fora da escola é dinâmico,
atraente, com atividades mais interessantes que a sala de aula, entre elas o acesso
à internet oferecendo inúmeros prazeres. Unir esses apelos à prática pedagógica é
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22

o caminho a ser buscado incessantemente. As crianças e os adolescentes estão se


autoletrando pela Internet, desafiando os sistemas educacionais tradicionais,
propondo, com o uso constante da rede mundial de computadores, uma forma
diferente de aprender que se caracteriza pelo dinamismo, por ser participativa,
descentralizada da figura do professor e baseada na independência, na autonomia,
nas necessidades e nos interesses imediatos de cada um dos aprendizes que são
usuários freqüentes das tecnologias de comunicação digital.
O Brasil encontra-se diante deste desafio: formar professores preparados
para o uso das ferramentas oferecidas pela tecnologia na sua prática docente;
professores com um novo perfil e uma nova prática oriunda da mediação
pedagógica entre a integração de novas tecnologias e a construção do
conhecimento; professores pesquisadores, articuladores do saber, motivadores e
orientadores da aprendizagem auxiliando o aluno na sua comunicação virtual
digital, colaborando para tornar a escola mais motivada e atualizada. Faz-se
necessário encarar a realidade deste mundo moderno e trazer para dentro da escola
esta outra forma de ensinar e aprender com entusiasmo e significado, cientes de
que a aprendizagem é um processo em constante construção e que, de acordo com
Piaget, sua construção fundamenta-se na experiência, no uso das tecnologias
educacionais e no fazer do professor.
A incorporação das TICs nesse novo fazer pedagógico deveria ser encarada
como uma evolução natural. Uma mudança que se contextualiza na realidade.
Quanto a isso, é preciso que lembremos Freire na abertura do Congresso
Brasileiro de Leitura em 1981: “Fui alfabetizado no chão do quintal de minha
casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo
maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz.”1314
Vinte e seis anos depois, nossas crianças, nossos jovens e adultos poderiam
perfeitamente dizer que a tela do computador é seu quadro-negro e o teclado o seu
giz. Não se trata de uma ruptura, mas de uma superação dos meios.
Que os jovens são amigos das novas tecnologias é indiscutível e que a
escola precisa incorporar as TICs ao seu cotidiano é fator fundamental para atraí-
los em seu campo de interesse, sob o risco de se distanciar ainda mais do seu

13
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 43 ed. São Paulo,
Cortez, 2002.
14
Grifo nosso.
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23

cotidiano e de sua realidade.


São inúmeras as ferramentas oferecidas pelas tecnologias existentes na
comunicação virtual digital na aprendizagem do aluno. Esta monografia vai dar
ênfase ao uso do Weblog - muito utilizado pelos jovens - como estratégia
educacional na aprendizagem da leitura e escrita. E, também, como instrumental -
um caderno-livro virtual.
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4.

O Blog como Ferramenta Pedagógica

... a aquisição de conhecimento se dá a partir do momento em que os alunos


participam ativamente no processo de aprendizagem como parceiro entre si e com
o professor.
CONCEIÇÃO A. e CLÁUDIA A.15

Recentes pesquisas como o levantamento realizado pela MTV Networks e


pela Microsoft confirmam o que já faz parte do senso comum: que os jovens são
amigos das novas tecnologias16. É o que sintetiza o vice-presidente de uma
divisão da MTV, a VBD International Insight, Andrew Davdison: “Os jovens não
consideram a tecnologia como uma entidade em separado. Ela é parte integral de
suas vidas.” Basta-nos isso para afirmar, convictamente, que a Escola precisa
incorporar as TICs ao seu dia-a-dia a fim de cooptar os alunos e alunas em seu
próprio campo de interesse. Caso isso não se dê, a tendência é afastarmos cada
vez mais a escola do cotidiano e da realidade de seu público.
Uma das TICs muito utilizada pelos jovens é o Weblog. Mas, o que é um
Weblog? As professoras Conceição A. Pereira Barbosa e Cláudia Aparecida
Serrano da Fundação Armando Álvares Penteado definem-no assim:

Blog: é uma abreviação de weblog, ou registro eletrônico, e apresenta um caráter


dinâmico e de interação possibilitados pela facilidade de acesso e de atualização. O
que distingue o blog de um site convencional é a facilidade com que se pode fazer
registros para a sua atualização, o que o torna muito mais dinâmico do que os sites,
pois sua manutenção é mais simples e apoiada pela organização automática das
mensagens, ou posts17, pelo sistema, que permite que novos textos sejam inseridos
sem a dificuldade de atualização de um site tradicional. Seus registros aparecem
em ordem cronológica inversa (o último lançamento aparece sempre em primeiro

15
BARBOSA, C. A. P. e SERRANO, C. A. O Blog como Ferramenta para Construção do
Conhecimento e Aprendizagem Colaborativa - Fundação Armando Álvares Penteado. Relatório de
Pesquisa. 2005. Disponível em http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/011tcc3.pdf.
Acesso em setembro de 2007.
16
REVISTA TECNOLOGIA. Internet. 25 de julho de 2007. Disponível em
http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI1784983-EI4802,00.html. Acesso em setembro/2007.
17
Palavra inglesa que significa correio, daí o neologismos “postar” que é deixar uma mensagem,
um comentário na linguagem dos blogueiros.
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25

lugar) e utiliza programas simples que praticamente exigem apenas conhecimentos


elementares de informática por parte do usuário.18

A manutenção de um blog requer pouca perícia, pois o sistema oferecido


pela maioria dos sítios organiza automaticamente as mensagens dos usuários. Ele
possui livro de visitas onde é possível postar mensagens e enviar e-mail para os
responsáveis.
Como é próprio das novas tecnologias, o Weblog vem evoluindo e se
prestando às mais variadas intenções. Na rede, há blog para praticamente tudo
mantidos por diferentes tipos de usuários; desde executivos que o usam como
agenda virtual a jovens, os quais criam páginas pessoais à moda dos antigos
diários - nesse caso, ao contrário dos diários tão secretos das jovens dos séculos
passados, agora são publicados na rede como uma espécie de book, ou portfólio
publicitário - passando, claro, mais recentemente por profissionais da educação
que têm experimentado o uso pedagógico desta ferramenta.
É exatamente na Educação, que o blog tem se tornado uma coqueluche:

...E esta febre começa a contagiar professores e educadores, que já vêem nos Blog
uma alternativa para comunicação na educação e um excelente meio para oferecer
uma formação descentralizada.
De acordo com educadores, não há limite para a utilização dos Blog na escola.
Primeiro, pela facilidade de publicação, que não exige nenhum tipo de
conhecimento tecnológico dos usuários, e segundo, pelo grande atrativo que estas
páginas exercem sobre os jovens. ‘É preciso apenas que os professores se
apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as várias possibilidades
deste novo ambiente de aprendizagem. O professor não pode ficar fora desse
contexto, deste mundo virtual que seus alunos dominam. Mas cabe a ele direcionar
suas aulas, aproveitando o que a internet pode oferecer de melhor’, afirma a
educadora Gládis Leal dos Santos.19

Acreditamos que o Blog seja uma ferramenta com vocação pedagógica. Ele
é um espaço privilegiado de interação com os alunos - uma ou mais turmas -, pois
se pode participar enviando e-mail, através do livro de visitas ou ainda abrindo
autorização para que os alunos possam apresentar seus trabalhos, comentários,
frutos de pesquisa, indicações, links. Há algo muito importante que não pode
18
Op cit. 2005.
19
UNIVERSO EAD. Blogs como ferramentas pedagógicas. Destaque. Disponível em:
http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/agosto05/destaque/destaque.htm. Acesso em:
setembro/2007.
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26

passar despercebido pelos educadores: no blog, os trabalhos podem ficar mais


bonitos e agradáveis de olhar! Os alunos ficam orgulhosos por verem suas obras,
eles sentem que são autores. Isso é fundamental para a auto-estima.
O grande atributo do blog é a liberdade, pois quem escreve expressa suas
idéias e pensamentos sem se preocupar com críticas ou censura. Além do mais, o
blog, salvaguardadas as devidas proporções, pode parecer uma grande e singela
editora disposta a publicar quaisquer “livros” e de graça. Obviamente, por ser um
espaço livre e democrático, os blogs estão a merecer um código de ética do
mesmo modo que a rede como um todo. De qualquer forma, essa ferramenta
também reproduz as mazelas que a sociedade tem: o vilipêndio do direito autoral,
a pirataria, a fofoca etc. Como disse a psicanalista Izelise Campos: “Criou-se um
tipo de voyeurismo na rede, como um reality show”20. Mas todas essas
características não impedem que o blog se transforme numa ferramenta
pedagógica.
Além de objeto pedagógico, uma outra face do blog é a sua existência
enquanto gênero textual. A defesa do blog enquanto espaço de escrita é uma
obviedade ululante visto que é exatamente o texto escrito que torna possível a
costura dos elementos semióticos que, em profusão, povoam este espaço de
interação virtual. Mas nos interessa sobremaneira, pois é o objetivo desta
pesquisa, a apresentação do blog enquanto espaço de leitura. E é assim que, na
abordagem interacionista sócio-descritiva, as pesquisadoras Cláudia Cristina Gatti
Felis e Elvira Lopes Nascimento21, com base em Bronckart22, descrevem os blogs
como sendo um gênero textual, pois apresentam em sua produção os elementos
constituintes de um discurso, em especial o propósito comunicativo.
As pesquisadoras ainda destacam a presença de elementos de organização
nos blogs - “visível no processo de leitura” - que os insere na categoria de gênero
textual. Desta forma, podem-se destacar os elementos: Lugar social - onde o texto
é produzido; Posição social do emissor - qual é o papel do enunciador? aluno?

20
VICÁRIA. L. Blogs indiscretos. Intimidades reveladas em diários virtuais começam a causar
constrangimentos na rede. Internet. Sociedade. Revista Época. Disponível em
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT546252-1664,00.html. Acesso em:
setembro/2007.
21
FELIS, C. C. G. e NASCIMENTO, E. L. Blog: um gênero textual a ser desconstruído e
descrito na abordagem do interacionismo sócio-discursivo. Disponível em
http://www.faccar.com.br/desletras/hist/2005_g/2005/textos/013.html. Acesso em: setembro/2007.
22
BRONCKART, J. P. Atividades de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-
discursivo. A. Rachel Machado; P. Cunha (trad.). São Paulo: EDUC, 1999.
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27

professor? etc.; Posição do receptor - quem é o destinatário?; Objetivo da


interação - o que se pretende com a comunicação.
Ademais, o blog apresenta as dimensões essenciais ao gênero conforme
ensina Bakhtin, citado em Costa:

a) os conteúdos , que são e se tornam dizíveis pelo gênero (conversa, carta,


palestra, entrevista, resumo, notícia...) e não por frases ou orações;
b) a estrutura/forma específica dos textos (narrativo, argumentativo, descritivo,
explicativo ou conversacional) pertencentes a ele;
c) as configurações específicas das unidades de linguagem (estilo): os traços da
posição enunciativa do locutor e os conjuntos de seqüências textuais e de tipos
discursivos que constituem a estrutura genérica (por exemplo, construir um texto
instrucional - ensinar a jogar xadrez - é diferente de construir um texto
argumentativo - defender o jogo de xadrez como atividade importante para o
desenvolvimento mental).23

A interação autor/leitor nos blogs é diferente da que ocorre na leitura


convencional. Nesta, a interação fica no plano das idéias. Como defende Eco 24: os
textos seriam reinventados por cada leitor, ou mais raramente num improvável
contato pessoal ou por correspondência - que não modifica a obra impressa. Já nos
blogs, a interação autor/leitor é dinâmica e síncrona. Este potencial reproduz
razoavelmente as interações que ocorrem numa sala de aula com as relevantes
vantagens da escritura. Um bom exemplo desse tipo de interação é o blog “Lendo
histórias”.

23
COSTA, S. R. Gêneros Discursivos e Textuais: uma pequena síntese teórica. RECORTE -
REVISTA DE LINGUAGEM, CULTURA E DISCURSO. Ano 3 - Número 5 - Julho a
Dezembro de 2006. Disponível em
http://www.unincor.br/recorte/artigos/edicao5/5_artigo_sergio.htm. Acesso em: setembro/2007.
24
ECO, Umberto. O Pêndulo de Foucault. Tradução de Ivo Barroso. 2 ed. Rio de Janeiro:
Record, 1988.
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28

Figura 1 - Reprodução da tela inicial do blog Lendo Histórias. Disponível em


http://lendohistorias.blogspot.com/. Acesso em setembro de 2007.

Neste blog, a professora Maria de Fátima Franco 25 se propõe a contar e a


recontar histórias a partir das sugestões dos leitores com o claro propósito de
incentivar a leitura e a autoria em seus visitantes. Desta forma, os visitantes
podem sugerir o que querem ver disponibilizado e também podem intervir no
andamento e no rumo da trama das histórias. A professora Fátima começa
contando uma história e faz uma interrupção proposital com uma pergunta do tipo
“O que será que as crianças fizeram para ajudar a princesa Lú?”. Então, cada
visitante faz suas sugestões e postam nos comentários. A professora continua
contando a história, adotando uma ou outra sugestão e dando o crédito, às vezes,
em forma de link ao autor. E, assim, os visitantes podem ir vendo suas
contribuições e conhecendo melhor os outros participantes.
É nos blogs criados por educadores e alunos a partir do 3º ciclo do Ensino
Fundamental que a leitura - e a escrita, é claro - encontra a “lousa digital”
(metáfora para esses tempos de gêneros hipertextuais) que, aliás, é o nome de um
blog muito interessante onde se encontram professores exatamente para discutir o
uso da internet como ferramenta pedagógica.

25
Mestre em Lingüística pela UFMG, Fátima Franco é escritora de Literatura Infantil e consultora
pedagógica. Pode-se inferir traços de sua personalidade a partir da imagem que postou em seu
perfil - “Mulher em frente ao Sol" de Juan Miró.
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29

Figura 2 Reprodução da tela inicial do blog Lousa Digital. Disponível


http://lousadigital.blogspot.com /. Acesso em setembro de 2007.

Neste blog - Lousa Digital: Espaço para reflexão coletiva sobre o uso
pedagógico da Internet -, cuja autora é a professora Sônia Bertocchi26, a leitura é
o foco. Nele as apresentações e os comentários podem ser feitos por gravação de
voz - uma novidade. O blog é atualíssimo, os comentários demonstram isso. Há
um software - Sing Generator - para a criação de histórias em que o visitante pode
usar os personagens do “Snoopy” para inventar textos e personalizar seu próprio
blog ou sítio.

26
A professora, apesar de postar sua fotografia no perfil, não disponibilizou maiores informações
biográficas, mas diz ter interesse por “uso pedagógico das novas tecnologias da informação e
comunicação”. O blog foi criado em dezembro de 2005 e é constantemente atualizado.
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30

Figura 3 Reprodução da tela inicial do blog “Blog Educacional – CIAPI”. Disponível em


http://ciadeitaperuna.weblogger.terra.com.br/2007/9/index.htm./ Acesso em setembro de 2007.

O blog foi construído pelo professor Zeluiz para as turmas de 1ª série - EM -


do Colégio Agrícola de Itaperuna e se apresenta com o seguinte perfil:

“Este é um espaço interativo para as turmas de 1ª série do Centro Interescolar de


Agropecuária de Itaperuna. Pretendemos que este BLOG se torne uma ferramenta
pedagógica que possa levar os alunos e alunas a uma busca pela produção de textos
autorais.”

À primeira vista, é um blog ainda em construção que apresenta falhas no


uso da linguagem HTML27. Entretanto, há uma efetividade de uso como
ferramenta encontrada em poucos blogs desta pesquisa. O professor posta
atividades explorando a linguagem semiótica que desafiam os alunos à
participação através de comentários. Um bom exemplo da estratégia usada é a
atividade “Nelson Motta entre nós!”...

27
Acrônimo para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa Linguagem de
Marcação de Hipertexto) é uma linguagem de marcação utilizada para produzir páginas na Web.
http://pt.wikipedia.org/wiki/HTML. Acesso em outubro de 2007.
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31

No dia 19 último, tivemos a grata satisfação de receber a visita de Nelson Motta.


Eu, infelizmente, não pude estar presente. Por isso, peço a vocês que reconstituam
o discurso que ele fez no nosso refeitório. A tarefa é a seguinte: cada um escreva
aqui, nos comentários, um trechinho que se lembre daquele montão de coisas que
esse importante músico e crítico musical falou e disse. Depois a gente tenta
organizar na seqüência da enunciação do "Nelsinho", ok?!28

Chama-nos a atenção o dinamismo com o qual a tarefa foi postada: a visita


referenciada - da qual o responsável pelo blog não participou - ocorreu no dia
19/10 e logo no dia 23/10 a atividade estava no blog encimada por uma fotografia
do evento. Neste mesmo dia registra-se o 1º comentário:

23.10.2007 | Eu gostei muito da palestra do Nelson Motta. Ele falou sobre


a musica popular brasileira (mpb), sobre suas composições, entre outros
assuntos. E também cotamos com uma belíssima coreografia feita por nos
alunos... Parabéns Nelson Motta!
Andreia Cristina - rany_deia@hotmail.com |
Figura 4 Reprodução parcial da tela inicial dos comentários da atividade “Nelson Motta entre
nós!”. Disponível em http://weblogger.terra.com.br/comments/?id=36560126. Acesso em outubro
de 2007.

Parece-nos que os blogs se inserem numa emergência comunicativa. Haja


vista serem também chamados de “Diários de Bordo”, pois, em muitos casos, são
registradas comunicações dinâmicas que revelam uma atividade síncrona.
Chama a atenção nos blogs, em geral, o fato de serem ambientes que exigem
leitor. Assim como o livro nunca aberto é um desconhecido, o blog que ninguém
lê tende a ficar abandonado e pode-se até datar este “abandono”. Mesmo entre os
blogs em atividade há certa carência de “comentários”, de forma que muitos deles
têm adotado apelos - através de chamadas visuais - para que os visitantes postem
comentários.
Mas o que leva pessoas a criar indiscriminadamente blogs para depois os
abandonarem?

28
Disponível em http://www.ciadeitaperuna.weblogger.terra.com.br/index.htm. Acesso em
outubro de 2007.
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32

Há razões para se crer que, um espírito narcísico povoa o mundo dos blogs.
A professora Flavia Di Luccio 29 pontua, em sua pesquisa de dissertação de
Mestrado, que a maioria dos blogueiros entrevistados confessa sentir prazer em
publicar posts nos blogs. Este é um dado indispensável para entender o porquê da
popularidade desta ferramenta. A grande questão é que, segundo o mesmo
documento, “publicar é ter o que dizer, é ter opinião e atitude.” Assim,
acreditamos que a oportunidade oferecida ao educando de ter suas idéias
disseminadas na web é algo que se revela muito atrativo, sobretudo para os
adolescentes. E, ainda, em busca do “ter o que dizer”, o jovem poderá sentir-se
impulsionado à pesquisa.
Entretanto, somente a tecnologia não irá resolver as grandes questões
educacionais; ao contrário, o uso das TICs sem uma renovação pedagógica só irá
ampliar o desencontro que pode haver mesmo em uma pequena sala de aula.
Isso reforça a idéia de que no ambiente virtual, professores e alunos terão
que formar uma comunidade de colaboração, pois, segundo Moran30, aprendemos
melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos, quando relacionamos,
estabelecemos vínculos, laços, entre o que estava solto, caótico, disperso,
integrando-se em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo
sentido. Aprendemos pelo pensamento, pelo encontro com o significado, quando
interagimos com o mundo, pelo interesse, pela necessidade, pelo desejo de
conhecer, de interagir com o meio social e cultural diverso.

4.1.
Análise do Discurso de Blogs Educacionais

Com o intuito de pôr em discussão a efetividade dos blogs como ferramenta

29
DI LUCCIO, F. As múltiplas faces dos blogs: um estudo sobre as relações entre escritores,
leitores e textos. 2005. 113 f. Monografia (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Departamento de Psicologia. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em http://www2.dbd.puc-
rio.br/pergamum/biblioteca/php/mostrateses.php?open=1&arqtese=0410562_05_Indice.html".
Acesso em: setembro/2007.
30
http://br.geocities.com/tecno_educ2003/Ensino1.pdf. Acesso em setembro de 2007.
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33

pedagógica, buscamos no principal sítio de criação, publicação e manutenção


gratuitas de blogs do Brasil - o Weblogger, criado em 29 de agosto de 2001 -, sob
os títulos “Educação” e “Educacional”, os blogs com esse perfil.
Dos 20 primeiros blogs, sob os dois títulos, 50% não tinham nenhuma
relação efetiva com o assunto “educação”. Outros 40% eram diários pessoais com
textos sobre educação e links do assunto. Apenas 10% tratavam de prática
pedagógica do tipo registro de pesquisa, formação de equipe de trabalho,
orientação para desenvolvimento de trabalhos e projetos etc. Ou seja, a grande
maioria dos blogs, mesmo tendo sido criados com perfil educacional, não passam
daquilo que Flavia Di Luccio 31, citando Prange, chama de “escritas de si”.
Dois outros detalhes nesta pesquisa chamaram particularmente a atenção: A
maioria dos blogs parece estar “abandonada”, isto é, os blogs datam sua criação
nos anos de 2004 e 2005 - talvez tenha havido aí um surto bloguista - e não há
atualizações. Há uma ausência quase absoluta de “comentários” aos post, mesmo
entre aqueles 10% que tratam de prática pedagógica.
À guisa de exemplo, nos propusemos a analisar, ainda que superficialmente,
alguns desses blogs.

31
Op.cit.
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34

Figura 5 - Reprodução da tela inicial do blog Educação e Tecnologia disponível em


http://educacaoetecnologiadigital.weblogger.terra.com.br/. Acesso em setembro de 2007.

Trata-se de um blog criado para “Planejamento da Pesquisa de campo no


Colégio São Lázaro - estabelecimento particular, localizado no Cabula que
trabalha do Ensino Infantil ao Ensino Médio.” Não pode passar despercebida a
imagem escolhida para fundo do blog: em primeiro plano um disc-jóquei em ação
tendo ao fundo a figura de uma mulher sob efeito de iluminação especial,
maquiada e em pose sensual. Não faremos uma análise semiótica, mas essa
imagem e o fundo preto da página não parecem sintonizar com a proposta
científica do Planejamento da Pesquisa de Campo para “Perceber a utilização das
atuais tecnologias no projeto pedagógico da escola.” Ademais, foram postados
quatro textos, mas nenhum deles recebeu algum “comentário”.
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35

Figura 6 Reprodução da tela inicial do blog Amor pela Educação disponível em http://aparecida-
paulo.weblogger.terra.com.br/200705_aparecida-paulo_arquivo.htm /. Acesso em setembro de
2007.

É um blog construído pela professora Aparecida da Silva Paulo, pós-


graduada em psicopedagogia, que “sonha em fazer Psicologia”. O blog foi criado
em fevereiro de 2007 e é, na verdade, um diário de bordo. A professora conta o
que fez com sua turma de alfabetização e o que pretende fazer - projetos - coloca
muitas imagens dos cartazes que confeccionou para ajudar nas aulas, fotografias
de colegas professores, das crianças, gifs32 infantis etc. Os comentários foram
sempre feitos pela mesma visitante e foram escasseando mês a mês. Na verdade,
não se pode dizer que este blog faça uma interação educacional, já que não parece
haver um relacionamento virtual entre educando e educador mediado pela
ferramenta que funciona apenas como “escritas de si”.

32
Imagens animadas.
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36

Figura 7 Reprodução da tela inicial do blog HISTORINHAS disponível em


http://fatimafrancohistorinhas.weblogger.terra.com.br/. Acesso em setembro de 2007.

Criado pela professora Fátima que adora “escrever para crianças”, o blog já
fez um ano de rede e parece longevo. A proposta é a contação de histórias e a
criação de histórias com a participação dos visitantes. Segundo a criadora, até a
presente data, foram desenvolvidas 7 histórias, mais de 5800 visitas, 702
comentários, 52 recadinhos no mural. Com orgulho, a professora Fátima fala que
para o objetivo do blog - incentivar a leitura - os números são muito bons e que,
“ao contrário do que dizem por aí, as pessoas gostam de ler.”
A proposta do blog é realmente muito interessante. É um espaço interativo
de escrita colaborativa. Os visitantes postam contribuições à história que está
sendo contada de modo que esta pode tomar outros rumos e mesmo mudar
completamente o enredo. Por isso é um bom exemplo de incentivo à leitura e à
escrita.
No decorrer das visitações a blogs, constatamos que, sob o tema
“educação”, o Weblogger se assemelha a um grande museu de blogs. E, também,
observamos que uma sintonia fina na pesquisa sobre “educação e blogs” revelava
outros sítios hospedeiros como, por exemplo, o Yahoo e o Google que, além de
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máquinas de busca, têm evoluído para a prestação de outros serviços como sítios
hospedeiros. Por isso, foi um passo curto descobrir que muitos blogueiros se
juntaram em grandes comunidades de interesse tais como Educação, Música,
Fotografia etc. Particularmente no Yahoo há até mesmo um grupo dedicado a
blogs educacionais: blogs_educativos (“Este grupo destina-se à troca de
experiências entre professores, do ensino fundamental e médio, sobre o uso da
Internet e da Web como ferramentas de aprendizagem colaborativas, além de
discutir as inúmeras possibilidades educacionais dos weblogs”) que já tem 352
associados desde fevereiro de 2005. Neste grupo pudemos apreciar blogs feitos
por educadores que têm experimentado esta ferramenta em sua prática
pedagógica. Aqui, de fato, as páginas estão sempre atualizadas e os comentários
são em profusão. Um bom exemplo é o blog, bastante interativo, da professora
Gládis.

Figura 8 Reprodução da tela inicial do blog Palavra Aberta: intercâmbio de idéias no ciberespaçõ
disponível em http://palavraaberta.blogspot.com/. Acesso em setembro de 2007.
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38

Criado pela professora Gládis, o blog é muito sugestivo, pois é


didaticamente ilustrado. A proposta é ser um espaço de divulgação e leitura de
textos de autoria de alunos de várias escolas. Assim, a proposta é ser uma editora
a céu aberto. Fica-nos a impressão de que os alunos, vendo seus textos ali
postados, com cuidado editorial, ficam profundamente entusiasmados. Ademais, o
blog apresenta também outros textos educacionais com autoridades autorais e é
profícuo na apresentação de links especializados. Por isso acreditamos que este
blog se enquadra naquilo que Moran diz ser uma ferramenta pedagógica:

O blog pode ser uma ferramenta pedagógica para um professor quando interferir
direta ou indiretamente no aprendizado do aluno. Ou seja, diretamente quando os
próprios alunos o manuseiam, e indiretamente quando o professor, fora do horário
de aula, troca informações e/ou experiências com demais profissionais da
educação, norteando-o para um bom desempenho em sala de aula. 33

Figura 9 Reprodução da tela inicial do blog Espanglês: Sugestões de atividades para trabalhar nas
aulas de língua estrangeira. Disponível em http://blogspangles.blogspot.com/. Acesso em outubro
de 2007.

33
MORAN, J. M. Educação e Tecnologias: Mudar para valer! Disponível em
http://www.eca.usp.br/prof/moran/educatec.htm. Acesso em: agosto/2007.
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39

As criadoras desse blog se identificam apenas como “Assessoras


Pedagógicas - Carla, Gerusa e Luana. As boas vindas são dadas com o seguinte
texto:

“Fiquem à vontade neste espaço de interação criado especialmente para os


professores de língua estrangeira e todos os interessados em espanhol e inglês.
Aproveitem para contribuir com sugestões e comentários, enriquecendo nosso
blog.”

Apesar de recentemente criado, o blog apresenta um bom número de visitas


- 10501, até 22/10/2007 - e sua principal proposta é a postagem de atividades para
o estudo das línguas espanhola e inglesa. Trata-se, pois, de um blog voltado para
professores de língua estrangeira. As professoras blogueiras utilizam, quase
exclusivamente, letras de música em suas propostas de atividades.

Figura 10 - Reprodução da tela inicial do blog GEOMETRIA. Disponível em


http://geometrias.blogspot.com /. Acesso em outubro de 2007.
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É um blog totalmente voltado para a discussão, ensino e aprendizagem da


geometria. Não há perfil dos criadores, apenas “contatos” com os nomes de
Arsélio Martins, Aurélio Fernandes e Mariana Sacchettid que apresentam o blog
dizendo terem colocado...

“alguns problemas, construções e animações de geometria que nos foram sugeridos


pelo estudo ou por necessidades do ensino - básico e secundário. As ilustrações e
construções dinâmicas são feitas, sempre que possível, com recurso ao Cinderella -
o programa de geometria dinâmica disponibilizado pelo Ministério da Educação -
ou a outras ferramentas gratuitas como é o caso de Zirkel und Lineal do prof. R.
Grothmann É certo que há muitos problemas que não sabemos resolver nem
ilustrar. E é, também por isso, que aceitamos tanto sugestões para novos problemas
como propostas de solução...”

É um blog português extremamente rico em imagens gráficas que está no ar


desde o ano de 2004 e registra 118588 visitas a partir de 4/11/2005. São propostos
exercícios interativos de geometria através de imagens estáticas e/ou animações -
gifs e outros.
O blog é muito bem organizado e se constrói por categorias como: lugares
geométricos, círculos, exercícios interativos etc., que os autores dizem estar
“ainda (e sempre!) em construção”. É mais do que uma fonte de consulta, é uma
proposta de interatividade e colaboração entre alunos e professores.
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41

Figura 11 - Reprodução da tela inicial do blog do ift. Disponível em


http://blogdoift.blogspot.com /. Acesso em outubro de 2007

Blog mantido pelos pós-graduandos do Instituto de Física Teórica da Unesp


se apresenta como “lugar para novidades e discussões relacionadas à Ciência,
Física e seu dia-a-dia”.
A riqueza de informação e o bom humor das notícias gerais são o ponto
forte deste blog feito por estudantes desde 2005. Outro ponto importante é a
profusão de links espalhados pelo texto. Essa perspectiva hipertextual faz desse
blog um grande incentivador de leituras sobre Física e ciências afins.
Observamos também, entre os blogs pesquisados, que existe uma espécie
que se pode classificar de “blog de serviço”. Mesmo no campo da Educação, não
objetivam lidar a priori com o aluno, mas - como uma fonte de pesquisa,
informação e troca de conhecimento - com professores. É o caso do blog
“Tecnologias Assistivas e Inclusão Digital”.
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Figura 12 - Reprodução da tela inicial do blog Tecnologias Assistivas e Inclusão.. Disponível em


http://sf.puc.zip.net /. Acesso em outubro de 2007.

Criado, em maio do corrente ano, pela professora Rosângela Pinheiro para


realização de atividade do curso de Especialização em Tecnologias em Educação,
o blog, desde o inicio objetiva apresentar uma vasta pesquisa bibliográfica no
campo das Tecnologias Assistivas, sobretudo de notícias dirigidas aos portadores
de deficiência auditiva. Dadas a seriedade e a importância da matéria tratada, o
blog foi indicado pela PUC para visitação e incentivo aos Pós-graduandos do
Curso de Especialização em Tecnologias em Educação e posteriormente
publicado no sítio Net Educação (globo.com) por dois meses consecutivos (09 e
10/2007) em http://neteducacao.globo.com/site/index.jsp.
Esta pesquisa revelou um gênero textual novíssimo, que nós estamos
apelidando de blônica, uma crônica típica dos blogs. Um jeito de escrever que,
além de narcísico, é profícuo em imagens e até mesmo sons para completar-lhes o
sentido e possibilitar aos leitores outros e diversos sentidos. Nele, certamente, há
um norteamento subjetivo dado pela premissa do romancista Daniel Pennac, em
seu livro “Como um romance”, que propõe os Direitos Inalienáveis do Leitor:
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43

O direito de não ler


O direito de pular páginas
O direito de não terminar um livro
O direito de reler
O direito de ler qualquer coisa
O direito ao bovarismo (doença textualmente transmissível)
O direito de ler em qualquer lugar
O direito de ler uma frase aqui e outra ali
O direito de ler em voz alta
O direito de calar34

A esses direitos de leitor, queremos atribuir também o caráter de direitos de


escritor com a troca textual do verbo “Ler” pelo binômio “ler e escrever” - para
Freire, indicotomizáveis - a fim de experimentarmos asserções como: o direito de
reler-reescrever, o direito de ler-escrever qualquer coisa etc.
Com essa premissa, os blogs têm se imposto como portadores de texto dessa
nova biblioteca - a webloteca - da pós-modernidade, com tudo que isso significa
para o olhar sobre a leitura e a escrita não apenas de jovens, mas de toda sorte de
autores e autoras.

34
PENNAC, D. Como um romance. Tradução de Leny Werneck. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
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5.
Conclusão

Todo mundo tem determinado conhecimento; ninguém sabe tudo. O conhecimento


está no coletivo.
Michel Serres35

Após análise de material específico, concluiu-se que a ocupação de espaços


presenciais, virtuais e profissionais em detrimento do espaço físico da sala de aula
caracteriza a complexidade da educação.
A sala de aula virtual derruba os muros da escola, extrapola seu espaço
físico e se mostra para o mundo através das TICs. Nela, o professor deixa de ser o
detentor do conhecimento e assume papéis diferenciados: mediador, facilitador,
gestor, mobilizador da aprendizagem colaborativa.
Toda mudança traz em seu bojo o receio, o temor gerado pelo novo. E não
poderia ser diferente com as inovações trazidas pelas novas tecnologias na
educação que, deslocando e ampliando um domínio já existente, revela uma nova
sala de aula: a sala de aula eletrônica que envolve atributos e discussões do
Ciberespaço e os limites pedagógicos impostos.
O processo de informatização da sociedade brasileira é irreversível e o papel
da educação neste processo é fundamental. Por tal motivo o uso dos computadores
e da internet no dia-a-dia exige um olhar mais crítico sobre a produção e recepção
dos gêneros chamados “digitais”, pois a linguagem é fundamental para envio e
recebimento de e-mails, nos diálogos mantidos nos chats, na construção dos blogs,
através dos quais se materializam as ações do escrevente/leitor das páginas
hipertextuais.
Os blogs são de fato ferramentas pedagógicas cujo potencial ainda não é
totalmente conhecido. As experiências efetivas de seu uso na educação são
razoavelmente tímidas - se levarmos em conta que a Escola brasileira, mesmo a

35
Acolhimento e Redes de Conversações: O desempenho dos serviços de saúde da perspectiva da
Inteligência Coletiva. Comunidade Virtual. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em
http://cv-acolhimento.bvs.br/tiki-index.php? Acesso em: outubro/2007
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pública, caminha ao encontro da inclusão digital com a informatização das


Unidades Escolares e a Formação Continuada de professores, inclusive no nível
de especialização - e recentes.
A despeito da profusão de experiências com uso de blog na área de
Linguagem, Códigos e suas Tecnologias, pode-se dizer que também nas outras
áreas do conhecimento há como propiciar aos profissionais de educação um
espaço de interações de ensino e aprendizagem. Além do que, nos blogs, a
intertextualidade tem o ponto de encontro, pois todo e qualquer conteúdo
disciplinar poderá ser objeto de discussão, estudo e aprendizagem. Por isso,
acreditamos que antes - ou pelo menos concomitantemente - da execução da
iniciativa do Governo Federal - que é louvável! - de colocar um laptop nas mãos
de cada aluno brasileiro, é urgente que todo professor tenha um blog. Com isso
estamos dizendo que é necessário capacitar os professores para a utilização das
TICs de forma a que elas sejam aliadas do seu fazer pedagógico.
O Blog tem, de fato, potencial pedagógico, pois nele há a possibilidade de
interação entre professor e aluno e entre alunos. Nele é possível realizar a
exposição de conteúdos e as tarefas de experimentos práticos dos mesmos.
Também o processo de avaliação pode nele se dar. Tudo isso com as vantagens de
uma dinâmica de relacionamento - através dos registros (posts) - em que os
indivíduos envolvidos podem rever os caminhos percorridos, desconstruir os
procedimentos adotados, perscrutar os possíveis erros tanto individualmente como
no coletivo.
Infelizmente, entretanto, para esta ferramenta, e para tantas outras que a
modernidade cria, ainda há um lapso entre o invento e a invenção, isto é, uma
distância entre a novidade e a inovação imposta pelo temor ao novo - fobia da
Escola. Por isso, vimos, em tantos blogs visitados, o paradoxo da ferramenta nova
a serviço da prática carcomida.
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6.
Referências Bibliográficas

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