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A DURAÇÃO DOS DIAS DE GÊNESIS 1

Dr. Kenneth L. Gentry, Jr.

Qualquer tentativa de negar um processo de criação envolvendo uma série de fiats


divinos ao longo de um período limitado de seis dias literais é manifestadamente
contrária ao sentido claro e histórico da Escritura. Isto pode ser demonstrado a partir de
uma variedade de ângulos. A palavra hebraica yom (“dia”) no relato da criação de
Gênesis 1 deveria ser entendida num sentido normal de um período de 24 horas, pelas
seguintes razões:

(1) Argumento a partir do significado primário. O uso predominante da palavra yom


(“dia”) no Antigo Testamento é de um dia normal como experimentado regularmente
pelo homem (embora possa ser limitado às horas de luz, conforme o entendimento
comum). A palavra ocorre 1704 vezes no Antigo Testamento, a maioria esmagadora da
qual tem a ver com o ciclo normal do tempo terreno diário. O uso predominante do
termo deveria ser mantido na análise exegética, a menos que forças contextuais nos
compilam a agir de outra forma. Este é particularmente o caso na narrativa histórica.

R. L. Dabney assinala que:

A narrativa parece histórica, e não simbólica; e, portanto, a forte pressuposição inicial é


que todas as suas partes devem ser tomadas em seu sentido óbvio...Admite-se
livremente que a palavra dia é com freqüência usada nas Escrituras gregas bem como na
hebraica (como em nossa maneira comum de falar) como significando uma época, um
período, um tempo. Mas, todavia, este uso é confessadamente derivativo. O dia natural
é seu significado literal e primário. Agora, é apreendido que na construção de qualquer
documento, embora estejamos prontos a adotar, dada a exigência do contexto, o
significado derivado ou metafórico, revertemos para o primeiro significado, quando
nenhuma demanda semelhante existe no contexto” (Lectures in Systematic Theology,
Grand Rapids: Zondervan, 1878, rep. 1972, 254-5).

(2) Argumento a partir de qualificação explícita. Moisés qualifica cuidadosamente cada


um dos seis dias criativos com a fraseologia: “tarde e manhã”. A qualificação é uma
definição deliberada do conceito de dia. Fora de Gênesis 1, as palavras “tarde” e
“manhã” ocorrem juntas em trinta e sete versos. Em cada exemplo ela fala de um dia
normal.

Exemplos de Moisés incluem:

Êxodo 18:13: No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava
em pé diante de Moisés desde a manhã até ao pôr-do-sol.
Êxodo 27:21: Na tenda da congregação fora do véu, que está diante do Testemunho,
Arão e seus filhos as porão em ordem, desde a tarde até pela manhã, perante o
SENHOR; um estatuto perpétuo será este, pelas suas gerações, aos filhos de Israel.

R. L. Dabney argumenta que apenas esta evidência já deveria compelir a adoção de uma
visão de dia literal: “O autor sagrado parece estabelecer a interpretação literal,
descrevendo o dia composto de partes naturais, ‘manhã e tarde'... É difícil ver o que um
escritor pode querer dizer, ao chamar tarde e manhã o primeiro ou o segundo ‘dia'; a não
ser que ele queira que entendamos o tempo que inclui justamente cada um desses
períodos sucessivos: — um princípio de noite, e um princípio de dia. Estes cavalheiros
não podem explicar de forma alguma a expressão. O leitor sincero não tem problema
com o relato. Quando tivermos uma tarde e uma manhã, saberemos ter um dia civil;
porque as horas passadas compuseram este tempo” (Dabney, Lectures in Systematic
Theology, 255).

(3) Argumento a partir do prefixo ordinário. Nos 119 casos nos escritos de Moisés onde
a palavra hebraica yom (“dia”) permanece em conjunção com um adjetivo numérico
(primeiro, segundo, terceiro, etc.), ela nunca significa outra coisa que não um dia literal.
O mesmo é verdadeiro dos 357 exemplos fora do Pentateuco, onde o adjetivo numérico
ocorre.

Exemplos incluem:

Levítico 12:3: E, no dia oitavo, se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.

Êxodo 12:15: Sete dias comereis pães asmos; ao primeiro dia, tirareis o fermento das
vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado, desde o primeiro até ao sétimo
dia, aquela alma será cortada de Israel.

Êxodo 24:16: E habitava a glória do SENHOR sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu
por seis dias; e, ao sétimo dia, chamou o SENHOR a Moisés do meio da nuvem.

O relato da criação de Gênesis 1 consistentemente aplica o prefixo ordinário a


descrições de dias, juntamente com os qualificadores “tarde e manhã” (Gênesis 1:5, 8,
13, 19, 23, 31).

(4) Argumento a partir do uso coerente. A palavra yom é usada do quarto, quinto e
sexto dias criativos, que ocorrem após a criação do sol, que foi expressamente
designado para “governar” o padrão dia/noite (Gênesis 1:14). A palavra (yom) e
fraseologia (“tarde e manhã”, adjetivos numéricos) idêntica associada com o quarto dia
até o sexto são empregadas do primeiro dia até o terceiro, o que nos compele a entender
aqueles dias como dias terrenos normais.

(5) Argumento a partir do exemplo divino. Em Êxodo 20:9-11 (o Quarto Mandamento)


Deus especificamente modela a semana de trabalho do homem segundo a semana da
Sua obra de criação original. A semana de trabalho do homem está expressamente
ligada à de Deus: “Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra” (Êxodo 20:11).

Este raciocínio é usado duas vezes nos escritos de Moisés:

Êxodo 20:11: Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que
neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o
santificou.

Êxodo 31:15-17: Seis dias se fará obra, porém o sétimo dia é o sábado do descanso,
santo ao SENHOR; qualquer que no dia do sábado fizer obra, certamente morrerá.
Guardarão, pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por
concerto perpétuo. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em
seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e restaurou-se.

Os comentários de Dabney são úteis: “Em Gênesis 2:2,3; Êxodo 2:11, Deus criando o
mundo e suas criaturas em seis dias, e descansando no sétimo, é dado como o
fundamento de Sua santificação do dia de descanso. O último é o dia natural; por que
não o primeiro? As evasões disto parecem peculiarmente fracas” (Dabney, Lectures in
Systematic Theology , 255).

(6) Argumento a partir da expressão plural. Em Êxodo 20:11, a semana da criação de


Deus é expressa como envolvendo “seis dias” (yammim), plural. Nos 608 exemplos do
plural “dias” no Antigo Testamento, nunca encontramos qualquer outro significado
além de dias normais. Eras nunca são expressas como yammim.

(7) Argumento a partir do idioma alternativo. Tivesse Moisés intentado expressar a


noção de que a criação cobriu eras, ele poderia ter empregado o termo olam . Até
mesmo o descanso de Deus no “sétimo dia” não expressa Seu descanso eterno, porque
ele também implica não somente Seu contínuo descanso, mas também Sua contínua
bênção sobre a criação, como se o pecado nunca interferisse: Gênesis 2:3, “E abençoou
Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus
criara e fizera”.

Quaisquer tentativas de re-interpretar Gênesis 1 para permitir enormes intervalos de


tempo são manifestadamente contra-escriturísticas. Se a Bíblia tem algum significado,
nós que professamos crer nela devemos reconhecer seu claro ensino com respeito a
criação em seis dias de vinte e quatro horas.

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