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DIREITO COMERCIAL I

INTRODUÇÃO AO DIREITO COMERCIAL

NOÇÕES GERAIS

O comércio consiste na atividade humana que visa colocar em circulação riquezas


produzidas.

Segundo Rubens Requião, o comércio pode ser entendido sob os aspectos econômico
e o jurídico.

Sob o aspecto econômico, comércio “é uma atividade humana que põe em circulação
a riqueza produzida, aumentando-lhe a utilidade”.

Sob o aspecto jurídico, comércio, na clássica definição de Cesare Vivante, é “o


complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que, exercidos habitualmente com fins
de lucro, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para
tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta”.

Partindo do conceito jurídico, decorrem três características principais do comércio:


mediação (entre produtor e consumidor), lucratividade (visa a obtenção de vantagem econômica) e
habitualidade (hoje profissionalismo).

O direito comercial, em verdade, é derivado historicamente do direito civil. Sua


autonomia ocorreu em virtude das necessidades específicas da atividade mercantil.

O direito comercial surgiu na idade média em razão da necessidade imposta pelo


tráfico de mercadorias dos diversos povos, em especial dos europeus. Contudo, historicamente há
registros da existência de algumas normas antes mesmo da era cristã.

Podem ser distinguidas três fases no direito comercial: período subjetivo-


corporativista, período objetivo dos atos do comércio e período moderno do direito empresarial.

A. Período subjetivo-corporativista (século XII até meados do século XVII): o direito comercial era
um direito classista e fechado, privativo, em princípio, de pessoas matriculadas nas corporações
de comércio.
B. Período objetivo dos atos do comércio (a partir do fim do século XVII): em razão da incidência
do direito comercial sobre atos da vida civil, que nada tinham de comerciais, passou-se a entender
que comerciantes eram aqueles que praticavam determinados atos previstos em lei como
comerciais. O Código Comercial brasileiro de 1850 adotou a teoria dos atos do comércio, mas
não descreveu quais eram tais atos. Somente com a edição do Regulamento nº 737/1850 (art. 19),
hoje revogado, foram descritos os atos mercantis (compra, venda, troca ou locação de bem móvel
ou semoventes, operações de câmbio, banco e corretagem, seguros, fretamentos e riscos,
atividades marítimas e armação ou expedição de navios).
C. Período moderno do direito empresarial (a partir da década de 1940) – a atividade mercantil não é
mais caracterizada pela prática de atos do comércio, mas entendida como o “exercício
profissional de qualquer atividade organizada, exceto atividade intelectual, para a produção
ou circulação de bens e serviços”. Com essa teoria ampliou-se o campo de incidência do direito
comercial, que passou a abranger também os prestadores de serviços que se organizam
profissionalmente.

O direito civil e o direito comercial têm as suas próprias normas e princípios. No


Brasil, até a entrada em vigor do novo CC, em 10/01/2003, existia uma divisão marcante entre o direito
comercial e o direito civil. Inclusive, havia um Código Comercial, em vigor desde 1850, e um Código
Civil, editado em 1916, além de inúmeros diplomas sobre ambos os ramos do direito. Na atualidade, o
CC trata do direito civil e de diversos temas de direito comercial, mas ambas as matérias são estudadas de
forma distinta.

EMPRESAS NO DIREITO BRASILEIRO

As empresas são classificadas em Microempresa (ME), Empresa de Pequeno Porte


(EPP) e Empresa de grande porte (ou simplesmente “empresa”).

Atualmente, encontra-se em vigor a LC 123, de 14DEZ06 – Estatuto Nacional das


Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (a qual revogou as Leis 9.317/96 e 9.841/99), que
estabelece que a ME e a EPP recebem tratamento privilegiado em relação:

a) à apuração e recolhimento de impostos e contribuições sociais;


b) cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias;
c) acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência mas aquisições de bens e serviços
pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão (art. 1º).
Referido tratamento diferenciado é gerido pelo Comitê Gestor de Tributação (formado por dois
membros da Secretaria e dois da Receita previdenciária, como representantes da União, dois dos
Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios), quanto aos aspectos tributários, e pelo
Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (com participação de
órgãos federais competentes e de entidades vinculadas ao setor), em relação aos demais assuntos
(art. 2º).

De acordo com o sistema atual, consideram-se:

A) Microempresa (ME) – o empresário individual, a sociedade empresária ou sociedade simples que


aufira receita bruta no ano-calendário inferior ou igual a R$ 240 mil. Para efeitos legais, receita
bruta é o produto da venda de bens e serviços, não se incluindo as vendas canceladas e os
descontos incondicionais concedidos.
B) Empresa de pequeno porte (EPP) – o empresário individual, a sociedade empresária ou sociedade
simples que aufira renda bruta no ano-calendário superior a R$ 240.000,00 e inferior ou igual a
R$ 2.400.000,00, com exceção das vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
C) Empresa de grande porte – aquela que tem faturamento bruto anual superior a R$ 2.400.000,00.

Por força do art. 4º do Estatuto em exame, na elaboração de normas de sua


competência, os órgãos e entidades envolvidos na abertura e fechamento de empresas, dos três âmbitos de
governo, deverão considerar a unicidade do processo de registro e de legalização de empresários e de
pessoas jurídicas, para tanto devendo articular as competências próprias com aquelas dos demais
membros, e buscar, em conjunto, compatibilizar e integrar procedimentos, de modo a evitar a duplicidade
de exigências e garantir a linearidade do processo, da perspectiva do usuário.

Ademais, os mesmos órgãos deverão manter à disposição dos usuários de forma


presencial e pela rede mundial de computadores (world wide web – internet), informações, orientações e
instrumentos, de forma integrada e consolidada, que permitam pesquisas prévias às etapas de registro ou
inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, de modo a prover ao usuário certeza
quanto à documentação exigível e quanto à viabilidade do registro ou inscrição.

Não se inclui no regime diferenciado e favorecido da ME e EPP, para nenhum efeito


legal, a pessoa jurídica:

I- de cujo capital participe outra pessoa jurídica;


II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no
exterior;
III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra
empresa que recebe tratamento jurídico diferenciado, desde que a receita bruta global
ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada
pela mesma LC, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;
V- cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins
lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 2.400.000,00;
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa
econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário,
de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de
arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência
complementar;
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa
jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
X- constituída sob a forma de sociedade por ações.

No âmbito tributário, a LC 123/06 (art. 12) institui o Regime Especial Unificado de


Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas ME e EPP (Simples Nacional ou
“Supersimples”), abrangendo o recolhimento, mediante documento único instituído pelo Comitê Gestor,
do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social (COFINS), Contribuição para o PIS/PASEP, Contribuição para a Seguridade Social (art. 22 da Lei
8.212/91), Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de
Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza (ISS). As alíquotas variam conforme a atividade do empresário ou
sociedade (comércio, indústria, serviços e locação de bens móveis e serviços em geral), entre 4% e
17,42%, observado o faturamento (Anexo da LC 123/06). Assim, a ME que, por exemplo, atua no
comércio e tem faturamento bruno anual de R$ 120.000,00, deverá pagar 4% de Simples Nacional, sendo
que devem ser destinados 0,21% do total a CSLL, 0.74% a COFINS, 1,80% ao INSS e 1,25% ao ISS.

Contudo, não podem recolher os impostos e contribuições na forma do Simples


Nacional a ME ou a EPP:

I- que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,


gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento
de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis
a prazo ou de prestação de serviços (factoring);
II - que tenha sócio domiciliado no exterior;
III - de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual
ou municipal;
IV - que preste serviço de comunicação;
V- que possua débito com o INSS ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal,
cuja exigibilidade não esteja suspensa;
VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;
VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica;
VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas;
IX - que exerça atividade de importação de combustíveis;
X- que exerça atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas, cigarros, armas,
bem como de outros produtos tributados pelo IPI com alíquota ad valorem superior a 20% ou
com alíquota específica;
XI - que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade
intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua
profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor de corretor, de
despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios;
XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra;
XIII - que realize atividade de consultoria;
XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis (art. 17).

O Simples Nacional não exclui a obrigação dos empresários ou sociedades simples


enquadrados de recolherem outros tributos e contribuições, tais como o Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros (II), Imposto sobre a Exportação
para o Exterior de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE) e outros (art. 13, § 1º).

No âmbito das relações de trabalho, a ME e a EPP são dispensadas:

I- da afixação de Quadro de Trabalho em suas dependências;


II - da anotação das férias dos empregados nos respectivos livros ou fichas de registro;
III - de empregar e matricular seus aprendizes nos cursos dos Serviços Nacionais de
Aprendizagem;
IV - da posse do livro intitulado “Inspeção do Trabalho”;
V- de comunicar ao Ministério do Trabalho e Emprego a concessão de férias coletivas. Todavia,
elas não estão dispensadas de realizar as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência
Social – CTPS, o arquivamento dos documentos comprobatórios de cumprimento das
obrigações trabalhistas e previdenciárias, enquanto não prescreverem essas obrigações, da
apresentação da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP,
e da apresentação das Relações Anuais de Empregados e da Relação Anual de Informações
Sociais – RAIS, e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED (art. 51 e
52).

Em relação ao associativismo, a LC 123/06 estabelece que as ME e as EPP optantes


pelos Simples Nacional poderão realizar negócios de compra e venda, de bens e serviços, para os
mercados nacional e internacional, por meio de consórcio, por prazo indeterminado, nos termos e
condições estabelecidos pelo Poder Executivo federal (art. 56). Para propiciar o acesso aos mercados, as
ME e EPP poderão participar de licitações e comprovar a regularidade fiscal no momento da assinatura
do contrato (art. 42).

No que se refere ao estímulo ao crédito, o Poder Executivo federal deverá propor,


sempre que necessário, medidas no sentido de melhorar o acesso das ME e EPP aos mercados de crédito e
de capitais, objetivando a redução do custo de transação, a elevação da eficiência alocativa, o incentivo ao
ambiente concorrencial e a qualidade do conjunto informacional, em especial o acesso a portabilidade das
informações cadastrais relativas ao crédito. Os bancos comerciais públicos e os bancos múltiplos públicos
com carteira comercial e a Caixa Econômica Federal manterão linhas de crédito específicas para as ME e
EPP, devendo o montante disponível e suas condições de acesso ser expressos nos respectivos
orçamentos e amplamente divulgados (art. 58).

Para facilitar o acesso à justiça, a ME e a EPP devem ser admitidas como proponentes
de ações perante o Juizado Especial, na forma das Leis 9.099/95 (art. 8º, § 1º) e 10.259/01 (art. 6º, caput,
I).
Finalmente, quanto à recuperação judicial, os empresários individuais ou sociedades
empresárias enquadradas com ME e EPP podem se valer do plano especial previsto nos art. 70/72 da Lei
11.101/05. Referido plano abrange apenas créditos quirografários, poderá prever o parcelamento das
dívidas em até 36 parcelas mensais e tratará do pagamento da primeira parcela em até 180 dias contados
da distribuição do pedido, devendo a alienação ou oneração de bens ser autorizada pelo juiz universal.

FONTES DO DIREITO COMERCIAL

Fonte é o local de onde provém alguma coisa. As fontes do direito comercial são
classificadas em primárias (positivadas) e secundárias (não positivadas).

FONTES PRIMÁRIAS

Constituem fontes primárias do direito comercial a CF e as leis comerciais (Código


Comercial de 1850, CC/02 e leis esparsas). Há diversas leis esparsas regulando temas do direito
comercial, tais como a Lei de Falência nº 11.101/05, a Lei Uniforme de Genebra sobre letras de câmbio e
notas promissórias (Decreto 57.663/66), a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76) e outras.

FONTES SECUNDÁRIAS

São fontes secundárias do direito comercial a analogia, os costumes e os princípios


gerais do direito (art. 4º da LICC).

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.

A analogia constitui uma operação lógica pela qual as omissões da lei são supridas,
aplicando-se a uma determinada relação jurídica as normas de direito positivo disciplinadoras de casos
semelhantes.

São considerados costumes aquelas práticas geralmente observadas por uma


determinada classe de pessoas ou região. O costume não pode derrogar lei imperativa, mas pode levar o
legislador a positivá-lo. A Lei do Cheque, por exemplo, não permite que o título seja utilizado no
pagamento de prestação de obrigação a prazo, mas o dispositivo vem sendo derrogado paulatinamente
pelo costume da emissão dos famosos “cheques pré-datados”.

Os princípios são elementos predominantes na formação dos sistemas jurídicos e são


úteis na realização da justiça (por exemplo, o princípio pars conditio creditorum na falência).

CAPACIDADE E IMPEDIMENTOS EMPRESARIAIS

INTRODUÇÃO

Para praticar atos jurídicos validamente, o art. 104 do CC exige o preenchimento de


três requisitos:

Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:

I - agente capaz;

II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;

III - forma prescrita ou não defesa em lei.


O objeto da atividade empresarial pode ser produção ou circulação de bens ou de
serviços, não se falando atualmente na prática de atos de comércio.

A forma se refere ao modo pelo qual os atos empresariais podem ser praticados.
Somente são válidos os atos jurídicos praticados por empresários individuais e por sociedades
devidamente registrados.

A capacidade diz respeito à existência de aptidão legal para a pessoa adquirir e


exercer direitos e contrair obrigações.

Para que os atos empresariais sejam praticados validamente o empresário individual


não pode ser incapaz ou legalmente impedido (art. 973 do CC). Há pessoas que não podem exercer
atividades empresariais por faltar-lhes capacidade e outras por estarem legalmente proibidas.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer,
responderá pelas obrigações contraídas.

A capacidade do agente é condição de validade do ato jurídico. Quem tem capacidade


civil tem capacidade empresarial. A capacidade civil plena, válida para atos da vida civil e atos
empresariais, de acordo com o CC, começa aos 18 anos, e não mais aos 21 (art. 5º), ou pela emancipação,
que ocorre pelos seguintes motivos:

A. Concessão dos pais e autorização do juiz – possível se o menor de 18 anos tiver, pelo menos, 16
anos completos.
B. Casamento – a idade núbil mínima é de 16 anos. Se o menor não tiver 18 anos, necessita de
autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais para casar (art. 1.517).
Excepcionalmente, será permitido o casamento dos que não tenham 16 anos, em caso de gravidez
(art. 1.520).
C. Exercício de emprego público efetivo – na maioria dos casos, todavia, a Administração Pública
exige idade mínima de 18 anos.
D. Colação de grau em curso de ensino superior.
E. Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que o
menor com 16 anos completos tenha economia própria.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;

II - pelo casamento;

III - pelo exercício de emprego público efetivo;

IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que,
em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

O incapaz poderá continuar a exercer a empresa por meio de representante (se


absolutamente incapaz) ou devidamente assistido (se relativamente incapaz):
a) antes exercida por ele enquanto capaz;
b) antes exercida por seus pais;
c) antes exercida pelo autor da herança, se beneficiário em sucessão causa mortis.

Em tais casos, é necessária a autorização judicial, mediante alvará, após exame das
circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização
ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem
prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo
da sucessão ou da interdição judicial, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar
do alvará que conceder a autorização (art. 974 e §§ 1º e 2º).

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

§ 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos
riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo
juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos
adquiridos por terceiros.

§ 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da
sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará
que conceder a autorização.

Os absolutamente incapazes e os relativamente incapazes de exercer pessoalmente os


atos da vida civil não tem capacidade civil, motivo pelo qual não podem iniciar atividade empresarial (art.
3º e 4º do CC).

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a
prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o


discernimento reduzido;

III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

IV - os pródigos.

Nada impede que os incapazes adquiram, por intermédio de seus representantes, por
exemplo, ações preferenciais de companhias abertas. Mas não deve ser admitida a aquisição de quotas de
sociedades contratuais simples ou limitada, mesmo quando o capital encontrar-se totalmente
integralizado, pois em alguns casos existe a possibilidade de sua responsabilização, especialmente em se
tratando de dívidas trabalhistas, previdenciárias e tributárias.

IMPEDIDOS DE EXERCER ATIVIDADES EMPRESARIAIS


Ao lado das pessoas incapazes de exercerem atividades empresariais, existem aquelas
que, embora capazes, estão juridicamente impedidas.

Em resumo, e sem esgotar todas as hipóteses, estão incursas nas proibições


constitucionais ou legais as seguintes pessoas:

a. os deputados e senadores, que não podem ser controladores ou diretores de empresas que gozam
de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público (União, Estados, DF e
Municípios) ou nela exerça atividade remunerada (art. 54, II, “a” da CF).

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:

II - desde a posse:

a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de


contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

b. os funcionários públicos civis da União, Estado, DF e Municípios, exceto, na maioria dos casos,
conforme legislação própria, como sócio-cotista ou acionista, desde que não exerçam funções de
administração.
c. os militares da ativa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, de acordo com o art. 204 do
CPM, não podem exercer atividades mercantis e ficam sujeitos à suspensão do exercício do
posto, além do fato ser considerado crime.

Exercício de comércio por oficial

Art. 204. Comerciar o oficial da ativa, ou tomar parte na administração ou gerência de sociedade
comercial, ou dela ser sócio ou participar, exceto como acionista ou cotista em sociedade anônima, ou
por cotas de responsabilidade limitada:

Pena - suspensão do exercício do pôsto, de seis meses a dois anos, ou reforma.

d. os corretores e leiloeiros, que, em verdade, exercem atividade empresarial, não podem exercer
outras atividades estranhas às suas funções.
e. os magistrados e membros do Ministério Público, assim como os funcionários públicos, podem
ser sócios ou acionistas de sociedades, desde que não exerçam qualquer função administrativa ou
de gerência (Leis Orgânicas da Magistratura e do MP).
f. os médicos, para exercício simultâneo da medicina, farmácia ou laboratório (Decreto
20.877/1931).
g. os falidos, exceto após a sentença declaratória da extinção das obrigações (art. 197 do Decreto-lei
7.661/1945 (revogado) e art. 158 e 181 da Lei 11.101/05).
h. os estrangeiros para as atividades previstas na CF, quais sejam:
I ) pesquisa e lavra de recursos minerais e o aproveitamento potencial de energia hidráulica
(art. 176, § 1º), que são atividades exclusivas de brasileiros natos e empresas constituídas
conforme as leis brasileiras.
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere
o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no
interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas
atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 6, de 1995)
II ) propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora de sons e imagens, que é
privativa de brasileiros natos ou naturalizados (art. 222). Nos termos da Lei 10.610/02,
pelo menos 70% do capital votante de tais empresas deverão pertencer a brasileiro nato
ou naturalizado há mais de 10 anos.
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de
2002)
i. as sociedades e empresários individuais devedores do INSS (Lei 8.212/91, art. 95, § 2º, “d”).

Muitos dos impedimentos citados dizem respeito especialmente ao empresário


individual, pois a maioria das pessoas referidas pode participar de sociedades, desde que não exerça
funções de direção.

As proibições legais, outrossim, são pessoais, não se estendendo, por exemplo, ao


cônjuge do falido. Mas os cônjuges, entre si ou com terceiros, não podem constituir sociedade se o regime
de bens do casamento for o da comunhão universal ou de separação obrigatória de bens (art. 977 do CC).

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não
tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

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