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INTRODUÇÃO

A Constituição concedeu aos municípios a competência para organizar e prestar os


serviços públicos de interesse local, aí inserindo-se as tarefas de limpeza urbana:
limpeza dos logradouros públicos, coleta, transporte, tratamento e disposição final do
lixo. No entanto, o que se verifica, na maioria dos municípios, é a incapacidade dos
gestores de promover estes serviços de forma adequada, repassando a terceiros, total ou
parcialmente, mediante realização de licitação, a incumbência de executar esta tarefa.
É bem verdade que o gerenciamento e a administração dos sistemas de limpeza urbana
não é tarefa das mais fáceis, uma vez que são muitos os fatores que influenciam seu
desenvolvimento e implementação. Entre eles podemos destacar a densidade
populacional, a topografia da zona urbana, as condições de trafegabilidade das vias e as
características sócio-econômicas e culturais da população.
Para promover a coleta, o tratamento e a destinação final de forma adequada, econômica
e ambientalmente segura do lixo, o administrador se depara com diversos problemas,
tais como: limitações de ordem financeira, como orçamentos inadequados, fluxo de
caixa desequilibrado, tarifas desatualizadas (quando existem) e arrecadação insuficiente,
deficiência na capacitação técnica e profissional, descontinuidade política e
administrativa e ausência de controle ambiental.
Diante destas limitações e problemas, muitas vezes aceitos passivamente, os prefeitos
são induzidos a eleger a coleta e o transporte do lixo como preocupação principal,
ignorando que o problema do lixo deve ser tratado como um sistema único. Desta
forma, os demais serviços que compõe a limpeza pública são postergados. O destino
final do lixo, elo importante deste sistema, é tratado sem qualquer controle ambiental ou
sanitário, utilizando-se o que comumente chamamos de “lixão” ou “vazadouro a céu
aberto”.
A análise do material obtido por ocasião permitiu chegar a algumas conclusões e/ou
índices/parâmetros que devem ser considerados e utilizados como referencial no
planejamento e na execução das auditorias de contratos de limpeza urbana. Estas
informações, que se resumem em números, são: preços unitários praticados dos
principais serviços, gasto total e per capita do sistema, produtividade da mão-de-obra e
geração total e per capita de resíduos. É importante destacar que, muitas das
irregularidades, desvios e/ou fraudes encontradas nas auditorias têm origem nestes
problemas.
OBJETIVO

Verificar falhas na implantação de um aterro sanitário.

NA POLÍTICA DE GESTÃO

Os municípios não possuem um ordenamento legal específico para a limpeza urbana.


Quando existe alguma menção à esta matéria, quase sempre são artigos isolados,
inseridos no Código de Posturas, Código de Obras ou na Lei Orgânica Municipal. Não
existe portanto, uma lei específica que discipline e regulamente as questões ligadas à
limpeza urbana; Os municípios não arrecadam recursos suficientes para custear seus
sistemas de limpeza urbana. A arrecadação com a taxa de lixo (normalmente cobrada
junto ao IPTU) representa menos de 4% dos gastos com os serviços de limpeza.
Algumas prefeituras sequer cobram este tipo de taxa. A inadimplência beira os 60%;
Na maioria dos municípios os programas de educação ambiental e coleta seletiva são
desconhecidos até na teoria, em outros onde existe o desejo de implantar ações deste
tipo os resultados ainda são muito tímidos.

NA CONTRATAÇÃO DE EMPRESAS

Utilização de regime de execução inadequado. A empreitada por preços unitários é o


regime mais adequado para os serviços de limpeza urbana. No entanto, foram
verificados casos em que o regime adotado foi o de empreitada por preço global;
Exigências de qualificação técnica incompatíveis com o tipo e o porte dos serviços
contratados; Ausência de critério de reajustamento e/ou utilização de índices
inadequados; Insuficiência nas especificações dos serviços; Ausência de critérios de
medição. Esta omissão pode acarretar muitas dúvidas quando da elaboração do boletim
de medição. Como exemplo, tem-se o caso da varrição de vias pavimentadas. A
quantidade total é calculada em função de eixo de via varrida ou de linha d’água/meio-
fio varrido? A adoção do segundo critério implica num quantitativo duas vezes maior
que o primeiro; Superestimativa dos quantitativos do projeto básico; Inexistência e/ou
deficiência de penalidades contratuais. Além das punições comuns a qualquer contrato
administrativo, tem-se aquelas específicas para contratação de serviços de limpeza
urbana, que visam o controle da qualidade da prestação do serviço. Entre elas podemos
destacar: descumprimento de freqüência e horário de coleta, “queima” de circuitos ou
roteiros de coleta, atraso no início dos serviços, transporte dos resíduos ao destino final
sem os devidos cuidados de proteção, recolhimento de resíduos não previstos no
contrato, descumprimento do plano de varrição, etc.;

NA EXECUÇÃO FÍSICO-FINANCEIRA DO CONTRATO

A fiscalização e o monitoramento dos serviços executados é feita de forma bastante


precária e ineficiente. Em geral, as Administrações municipais não contam com uma
estrutura adequada - profissionais com conhecimento na área, fiscais de campo e apoio
logístico – para planejar e executar de forma satisfatória as ações relacionadas a limpeza
urbana; Serviços sendo executados sem qualquer tipo de procedimento técnico-
metodológico; Sistema de medição incompatível com as unidades de medida dos
serviços contratados.
Como exemplo temos o pagamento dos serviços de coleta sendo efetuados tomando-se
como base o peso (R$/ton), quando não existem balanças na região; Irregularidades
relacionadas com a mão-de-obra: trabalhadores sem registro, não utilização de
fardamento e EPI e utilização de mão-de-obra cooperativada; Utilização de máquinas e
equipamentos em desacordo com as especificações do projeto básico (tipo, capacidade e
ano de fabricação); Quantitativos de equipamentos e mão-de-obra inferiores ao mínimo
exigido em edital; Boletins de medição com valores exatamente iguais, o que demonstra
a total falta de fiscalização e acompanhamento dos serviços por parte do contratante
(prefeitura), limitando se este, a pagar exatamente as quantidades previstas;
Descumprimento dos planos operacionais de coleta e varrição. Verificou-se em alguns
municípios que o horário, a freqüência e os dias da semana definidos nos planos não
estavam sendo obedecidos com regularidade. Vale salientar que, uma coleta realizada
de forma irregular deixa o serviço de limpeza urbana desacreditado, levando o munícipe
a depositar seu lixo em locais inapropriados.

IMPACTOS À SAÚDE, À SEGURANÇA E AO MEIO AMBIENTE (DESTINO


FINAL)

Disposição inadequada dos resíduos (lixões); Coleta, tratamento e disposição final dos
resíduos de serviços de saúde em desacordo com a legislação. Conforme citado
anteriormente, a Resolução do CONAMA n° 005/93 atualizada e complementada pela
Resolução n° 283/01 disciplina a matéria, indicando a forma correta de acondicionar,
coletar, tratar e destinar os resíduos oriundos dos estabelecimentos desta natureza;
Existência de moradias próximas (< 200 m) ao destino final; Proximidade de recursos
hídricos com a possível contaminação destes; Localização às margens de rodovias,
resultando em dois graves problemas. Um de ordem estética, com a degradação da
paisagem e outro de segurança, uma vez que a fumaça decorrente da queima do lixo
pode prejudicar a visibilidade na pista e ocasionar acidentes; Presença de catadores e
animais domésticos; Queima freqüente do lixo, ocasionando a emissão de gases tóxicos
para a atmosfera; Geração de odor e proliferação de vetores, causados principalmente
pela falta de cobertura diária do lixo com material inerte (barro); Falta de isolamento da
área, facilitando a entrada de catadores e animais; Proximidade de aeroportos.
Normalmente o lixo atrai urubus, que podem provocar acidentes aéreos.

CONCLUSÃO

Um aterro sanitário pode ser definido como um equipamento urbano de infra-estrutura,


integrante de um sistema de engenharia sanitária e ambiental, destinado à disposição
final e tratamento dos resíduos sólidos, de forma a permitir que os mesmos sejam
confinados sob o solo, e que os líquidos e gases resultantes das reações químicas que
resultem dos processos de decomposição sejam devolvidos ao meio ambiente com o
mínimo de impacto, seguindo normas estabelecidas pelos órgãos responsáveis.

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