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O que significa falar? Segundo a opinião corrente: a fala é uma atividade dos
órgãos que servem para a emissão de sons e para a escuta. Fala é expressão e
comunicação sonora de movimentos da alma humana. Esses movimentos são
acompanhados por pensamentos. De acordo com essa caracterização da linguagem
sustentam-se três posições: Fala é expressão, fala é uma atividade humana e que a
expressão do homem é uma representação e apresentação do real e irreal. Isso explica
por que há mais de dois milênios e meio a mesma representação da linguagem sustenta
a lógica e gramática, a filosofia da linguagem e a lingüística, não obstante o
conhecimento sobre a linguagem ter continuamente aumentado e se modificado. Elas
remetem, contudo a uma antiga tradição, deixando inteiramente inobservado o cunho
mais antigo da essência da linguagem.
A palavra “di-ferença” não significa, portanto, uma distinção entre dois objetos
estabelecida por nossos hábitos representacionais. A diferença tampouco é apenas uma
relação entre mundo e coisa, capaz de ser constatada por uma representação adequada.
A diferença não é distinção nem relação. A diferença é no máximo dimensão para
mundo e coisa.
A evocação e convocação da diferença é quietude no seu duplo sentido. O
chamar recolhedor, ou seja, o chamado, tal como a diferença evoca o mundo e coisa, é a
consonância do quieto. A linguagem fala quando o chamado da diferença evoca e
convoca mundo e coisa para a simplicidade da sua intimidade. A linguagem fala como
consonância do quieto.
Com o tempo, torna-se inevitável pensar e refletir sobre como a fala dos mortais
e seu emitir de sons acontecem propriamente no falar da linguagem entendido como a
consonância do quieto da diferença. Todo emitir sons, tanto na língua falada como na
escrita, rompe a quietude. Como se rompe a consonância do quieto? Como a quietude
consegue, ao se romper, soar em palavra? Como a quietude rompida configura a o
discurso dos mortais, no discurso que soa em versos e frases?
Os mortais falam à medida que escutam. Os mortais atentam mesmo sem saber à
evocação e ao chamado da quietude da diferença. A escuta extrai do chamado da
diferença o que é levado a soar em palavra. A fala que escuta e extrai é uma
correspondência. Extraindo mediante uma escuta, a correspondência é ao mesmo tempo
uma resposta e um reconhecimento. Correspondendo duplamente à linguagem, ou seja,
extraindo e respondendo, é que os mortais falam. A palavra dos mortais fala à medida
que corresponde, no múltiplo sentido do termo.
Bibliografia: