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Felipe Rey
Cia. de Arte Enviesada Tupinambás Urbanos
Personagens: O Mandrião
O transeunte anônimo
A Marafona bêbeda
Numa encruzilhada escura e deserta qualquer. Onde o silêncio
reina quase absoluto. Quando não há nada mais o que fazer.
Tudo é somente resto de lixo e concreto. Encontram-se duas
almas penadas, perdidas, desconhecidas à mercê do ócio, do
fastio e do sopro do destino. Será tudo uma ilusão claramente
embutida? Ou uma nociva realidade bem exposta? Eles não
sabem. Ninguém sabe a resposta.
Mandrião: tem que viver! Tem que morrer! Tem que matar! Tem
que comer! Tem que vencer! Gritar! Mudar! Mandar nas mentes
carentes e conduzi-las aos fundamentos, filamentos do prazer.
LONGA PAUSA
Em seguida: batuques tonitruantes e violões numa levada cigana.
Esconde o segredo
Da sua boca
Larga esse medo O Mandrião
Seja mais louca
Na farra ou na fossa
O cio na carne se infesta
Não há alarme nem tédio
Que impeça de armar a festa
Deixa cair
Aqui
tem lugar pra mais um
Deixa cair
Daqui não vou sair
Pra lugar algum.
LONGA PAUSA
A marafona: você já trabalhou? Sabe o que é dar duro? pagar
contas? Prestações... (pausa curta). Já roubou? Já roubou pelo
menos a galinha do seu vizinho? Vadiar, vadiar, vadiar... A vida é
isso?
A marafona: será que não tem nenhum bar aberto agora? (ela
mira o olhar para lua cheia). Madrugada. Lua cheia.
O mandrião: vamos!
A marafona: vamos!
FIM