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PÓLO DE CAPACITAÇÃO, FORMAÇÃO E

EDUCAÇÃO PERMANENTE PARA O


PESSOAL DO SAÚDE DA FAMÍLIA
PARAÍBA - 2000

OFICINA SOBRE EDUCAÇÃO PERMANENTE

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DOCUMENTO PARA DISCUSSÃO


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PÓLO PSF – PB: POR UMA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL


RELATÁRIO DA OFICINA PARA ESTRUTURAR AGENDA DE TRABALHO
2000

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
 desafio dos serviços de saúde frente às necessidades da população

2. COMPROMISSOS PARA DESENCADEAR UM PROCESSO COLETIVO


 Educação permanente nos serviços de saúde – EPS como estratégia central para o
desenvolvimento de recursos humanos – DRH
 Recursos humanos como elemento-chave no processo de transformação
 Trabalho em equipe e avaliação de desempenho
 Processo de aprendizagem das equipes de saúde da família – ESF, para além da
competência profissional

3. DEPOIMENTO DOS ATORES SOCIAIS


 Propostas de educação para a saúde: marcos do processo de qualificação da
força de trabalho em saúde
 Experiências de educação para a saúde como forma de contribuição ao Pólo
PSF–PB
 Síntese das experiências de educação para a saúde como forma de contribuição
para a operacionalização do Pólo PSF - PB.

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS DOS


TRABALHOS DA OFICINA
 Os eixos de análise e resultado dos trabalhos de grupo

5. AGENDA ESTRATÉGICA PARA O ANO 2000


 Objetivos e metas
 Financiamento e responsabilidades
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1. INTRODUÇÃO

No atual contexto de redefinição das ações e serviços de saúde propostas


pelo governo federal1, experimentadas no interior do processo de reconfiguração do
Estado brasileiro e das políticas de estabilização da economia, coloca-se, mais uma vez,
o desafio dos serviços de saúde frente às necessidades da população.
Os problemas apenas remodelam-se, em face das conjunturas atuais, mas
já vêm sendo observados há muito tempo. Eles materializam-se, por exemplo, na
questão da inacessibilidade dos cidadãos aos serviços de saúde; na iniqüidade da
distribuição dos recursos para a saúde (o que nos remete ao ponto chave do
financiamento setorial e das prioridades da política econômica nacional); na baixa
qualidade do sistema de atenção à saúde; na falta de participação popular no projeto de
definição das prioridades e alternativas de ação em saúde, refletindo substancialmente
no baixo impacto das ações e serviços de saúde sobre as condições de vida das pessoas.
Considerando-se as práticas como aspecto central no movimento de
reestruturação dos sistema e serviços de saúde, o processo de trabalho ganha relevância
e importância vital na consecução dessa proposta de trabalho para implantar um sistema
de educação permanente, inicialmente para os profissionais de saúde envolvidos na
proposta do programa saúde da família. Significa que se deve considerar
prioritariamente o repensar dessas práticas a partir da compreensão dos seus elementos
constitutivos: o objeto, os meios e tecnologias e o trabalho propriamente dito.
Nesse sentido, o elemento central para o desenvolvimento da proposta de
EPS passa, concomitantemente, pela estruturação do sistema de avaliação do
desempenho das equipes do programa saúde da família, a partir da discussão sobre o
problema da qualidade da atenção e dos cuidados.
Dessa forma, a EPS contribuirá para a melhoria progressiva da qualidade
da atenção e dos cuidados em saúde, através de ações pedagógicas que visem às
transformações necessárias ao processo de trabalho das equipes do programa saúde da
família, a partir das necessidades da população. Nesse sentido, enfrentar os problemas

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Conforme o Plano de Ação do governo federal, propõe-se atualmente a estruturação do sistema de
atenção à saúde, baseado em dois subsistemas, a saber: o subsistema de entrada e triagem, conformado
pela estratégia dos distritos que tem o PSF como elemento estruturante e o subsistema de referência
ambulatorial e hospitalar.
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existentes para a realização dos serviços de saúde com qualidade, tendo em vista as
necessidades da população, é o grande desafio.
2. COMPROMISSOS PARA DESENCADEAR UM PROCESSO COLETIVO
Para desencadear-se a conformação do sistema de EPS no Estado da
Paraíba, torna-se necessária a pactuação de alguns compromissos, os quais vêm sendo
debatidos pelos atores sociais envolvidos na questão. A seguir, serão descritos aqueles
que configuram seus princípios básicos:
a) A educação permanente nos serviços de saúde – EPS deve ter como
estratégia central o próprio desenvolvimentos de recursos humanos, no contexto das
transformações dos serviços de saúde. Nesse sentido, destaca-se o compromisso dos
gestores das organizações de saúde envolvidas com o trabalho do PSF no Estado em
incorporar, na sua agenda, aspectos que contemplem a aprendizagem do trabalhador da
ESF, considerando-a como fator central para o desenvolvimento organizacional,
visando à qualidade da atenção e aos cuidados à população.
b) Os recursos humanos devem ser vistos como elemento chave no
processo de transformação do trabalho, visando à qualidade da atenção e dos cuidados.
Em virtude do sentido estratégico da EPS, a organização deve estar aberta para a
incorporação de novas práticas no seu cotidiano de trabalho. Deverá voltar-se também
para a aprendizagem - organização que aprende – através da flexibilização de seus
processos de trabalho e conseqüentemente de suas estruturas hierárquicas.
c) O trabalho em equipe e a avaliação de desempenho devem ser os
elementos principais nas estratégias de gestão do processo de trabalho a ser
desenvolvido nas USF. Com o foco da organização voltado para a qualidade da atenção
e dos cuidados ao usuário dos serviços prestados pela ESF, esse processo deverá ser
pautado por movimentos constantes de auto-avaliações de estrutura, de processo e de
resultados, visando à melhoria das condições de vida da população sob sua
responsabilidade.
d) O processo de aprendizagem das equipes do programa saúde da
família – ESF deve ser visto para além da competência profissional, incorporando
elementos gerais, tais como: tomada de decisão, comunicação, liderança, dentre outros.
Nessa perspectiva, a aprendizagem deve ser entendida como um processo social envolto
em um meio cultural, que nasce das relações de troca vivenciadas pelos trabalhadores,
comunidade e organização social.
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Portanto, o saber será considerado como o principal produto do processo


de aprendizagem. Neste sentido, deve ser dinâmico e evolutivo para a transformação das
estruturas cognitivas, as quais podem contribuir para o desenvolvimento das novas
práticas de trabalho. O significativo da aprendizagem diz respeito ao desejo, à
motivação, à necessidade expressa pelos indivíduos (trabalhadores e comunidade) em
querer modificar as práticas de trabalho. Esta deve assegurar a inclusão ativa da
população nas decisões que busquem sua melhoria de condições de vida e a garantia dos
princípios do SUS.

3. DEPOIMENTO DOS ATORES SOCIAIS2

 TEMA 1: Propostas de educação para a saúde: marcos do processo de


qualificação da força de trabalho em saúde

EXPOSITOR: José Paranaguá de Santana. Consultor de Recursos Humanos da


Organização Pan-Americana da Saúde, Representação do Brasil

A questão central da exposição abordou o trabalho e a formação das


equipes do programa saúde da família – ESF. O expositor fez uma referência inicial à
criação do Pólo – PB, como parte de um processo cujo nascedouro deu-se na própria
criação e experiência acumulada pelo Núcleo de Saúde Coletiva da Paraíba – NESC/
UFPB e sua relação com as Secretarias Estadual e Municipais de Saúde.
Apontou para um contexto de crise dos paradigmas em saúde,
considerando a realização dos serviços de saúde, destacando os seguintes aspectos:
crescimento de demandas sociais; transição epidemiológica; desempenho dos serviços
de saúde em termos de cobertura, impacto, satisfação, eficiência e eqüidade; baixa
capacidade na resolução de problemas. Fazendo referência à tradição chinesa, o
expositor considerou que toda crise gera, também, uma oportunidade de superação da
situação vigente. Por exemplo, no campo da saúde, isso se dá a partir da construção de
novas práticas assistenciais e gerenciais.
Nesse contexto, e considerando a opção de se organizarem ações
estratégicas numa articulação entre ensino e serviço, que possibilitem o
desenvolvimento de processos pedagógicos em torno do Pólo PSF-PB, enfatizou a
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Os depoimentos foram dados durante a primeira oficina para (re)pensar o processo educacional em
saúde do Estado da Paraíba, através da estratégia do programa saúde da família.
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necessidade de compreensão das práticas de educação, as quais, segundo ele, são


orientadas por três grandes concepções pedagógicas, a saber: da transmissão, do
condicionamento e da problematização.
Em linhas gerais, a pedagogia da transmissão privilegia o
conhecimento e o saber, trazendo como conseqüências, dentre outras, o caráter passivo
da aprendizagem (relação que se estabelece entre alguém que oferece e alguém que
recebe o conhecimento), a memorização enquanto atributo essencial, a dominação
enquanto expressão político-pedagógica (que se expressa em relações socioculturais de
cunho colonialista entre países e regiões, grupos intelectuais, instituições e pessoas).
A pedagogia do condicionamento proporciona um tipo de ensino
voltado para o desenvolvimento de comportamentos desejáveis nas pessoas. Sua
experiência fundamental é a resposta a estímulos, tendo a agilidade como seu principal
atributo e a disposição ou presteza para a ação como atitude elogiável, bem como a
pouca criatividade na relação sociocultural entre as pessoas.
A pedagogia da problematização tem como premissas a detecção e o
enfrentamento de problemas. Promove o interagir diante de situações concretas da
realidade, onde se ressaltam aspectos importantes do processo de aprendizagem:
habilidade para fazer perguntas relevantes, acuidade na observação e reflexão,
disposição para a participação, etc. Sua expressão social é o sentido de autonomia e
libertação. O “método do arco”, de Charles Maguerez, representa essa dinâmica
pedagógica:
Teorização

Hipótese de
solução
Ponto chave

Problema
(realidade observada) Aplicação à realidade
(prática)
Realidade

No entanto, o expositor ressaltou que “nenhuma destas opções é melhor


do que a outra, do ponto de vista de sua eficiência ou capacidade transformadora, elas
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simplesmente correspondem aos objetivos que se buscam”. Alertou para o entendimento


do conceito de competência, no contexto do processo de reforma do sistema
educacional brasileiro decorrente da nova LDB, enfatizando: “...muitas vezes estamos
trabalhando com a idéia de currículo voltado para competências com a intenção do
desenvolvimento de pessoas criativas, mas podemos cair na armadilha de trabalhar
com conceitos e instrumentos de uma pedagogia que não leva ao desenvolvimento da
criatividade”.
O terceiro eixo da apresentação abordou a experiência do trabalho com
processos educativos destinados especificamente ao pessoal dos serviços de saúde. Para
o expositor, o interesse maior no processo de capacitação é que os envolvidos possam
aprender algo de novo. “Quando se está trabalhando com pessoal dos serviços de
saúde, é preciso que essas pessoas passem a fazer o que estavam fazendo, só que de
outro modo”.
O programa de ensino deve estar voltado para a solução de problemas e
mudanças de práticas, pois toda aprendizagem se origina a partir de situações concretas
em serviço. No aspecto pedagógico, o aprendiz deve ser levado a identificar o ponto
chave do problema a ser enfrentado na realidade e, a partir daí, procurar compreender as
suas manifestações, apontando possíveis hipóteses para solução, verificadas na prática
de intervenção da própria realidade.
O expositor buscou sintetizar sua compreensão sobre a relação ensino-
serviço, com a seguinte observação: “Todo plano pedagógico pressupõe uma base
institucional, traz a idéia de uma escola, não necessariamente compreendida na forma
convencional; mas precisa de uma correspondente organização institucional que
articule dinamicamente trabalho e aprendizagem, ou seja, prática e teoria num
contexto sociocultural específico”. Significa que os cursos não podem ser fechados em
modelos, inclusive na formação do pessoal envolvido no programa saúde da família.
Nesse sentido, apontou algumas pistas para o desenvolvimento de um
projeto de capacitação com total integração entre ensino e serviço: a) elaboração clara e
precisa de um perfil profissional para o pessoal da saúde; b) agrupamento das
atribuições segundo as áreas de competência e conseqüentemente as áreas de
capacitação; c) definição das ações, elementos do conhecimento e de instrumentação
metodológica indispensáveis para o desempenho dessas competências; d) estruturação
do programa do curso com base na síntese e classificações desses conhecimentos
teóricos e metodológicos, compondo as atividades de ensino-aprendizagem.
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Para o expositor, pensar o perfil profissional é elemento básico e inicial,


quando se quer mudar a forma pela qual as pessoas atuam diante de problemas que
enfrentam no cotidiano, questionando o seguinte: Quais as áreas de atribuições ou
competência, exigidas no serviço, que devem ser articuladas com as unidades do
processo ensino-aprendizagem, a objetivos, conceitos-chave (ou assuntos) e
metodologias? Concluindo, o expositor deixou como ponto de reflexão a metáfora
contido na frase de Guimarães Rosa: “O real não está nem na chegada nem na saída.
Ele se dispõe pra gente no meio da travessia”. Na travessia (no fazer) é que se expressa
o real e, portanto, a possibilidade de transformação do processo de ensino-aprendizagem
para o trabalho.

DEBATEDOR 1: Maria Sônia Oliveira. Coordenadora do Curso de Graduação em


Enfermagem da UFPB.

Em sua intervenção, abordou a política de ação da enfermagem da UFPB,


para o curso de graduação, a qual se desenvolve no sentido de acompanhar as mudanças
atuais. “Os nossos conteúdos curriculares estão diretamente relacionados aos
problemas sociais e epidemiologicamente relevantes”.
Procurou deixar evidenciado o empenho da Coordenação do Curso de
Enfermagem para a consecução dos seguintes objetivos: a) atender ao mercado de
trabalho necessário ao PACS e PSF; b) redefinir conteúdos curriculares; c) promover
atividades práticas dos alunos junto aos serviços de saúde com PSF implantado; d)
participar ativamente do estágio rural integrado - ERI; e) ampliar, dentro das
possibilidades, a carga horária das disciplinas que tratem de questões preventivas. Em
seguida, expressou a preocupação em construir um projeto político-pedagógico, na
redefinição do currículo do curso de Enfermagem, que procure ”formar os alunos com
uma visão crítica, generalista e criativa nos aspectos ético, legal e assistencial,
considerando o contexto sócio-político, para torná-los agentes de transformação”.
Chamou também a atenção para o empenho da enfermagem na participação ativa de seu
corpo docente junto às ações do Pólo–PB.
Por fim, apresentou, para reflexão, os seguintes questionamentos: Como
são operacionalizados os conteúdos curriculares nas instituições de ensino? Que
concepções pedagógicas estão sendo utilizadas atualmente no ensino? Há uma
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integração entre ensino e serviço? Como os órgãos formadores estão trabalhando a


educação continuada, ou seja, a educação permanente em serviço?

DEBATEDOR 2: Eymard Mourão. Professor do Departamento de Promoção da Saúde


CCS/UFPB.

Desenvolveu sua intervenção a partir da visão da educação popular e de


sua inserção na rede de educação popular e saúde. Procurou resgatar o processo
histórico da educação em saúde, buscando, em seguida, contextualizar sua aproximação
com a questão da formação de recursos humanos. Acrescentou que o movimento
direcionado à educação popular em saúde antes concentrava sua atenção nos meandros
de sua relação com a população. Atualmente, vem deslocando sua prioridade para a
formação de recursos humanos na perspectiva da educação popular, como uma forma de
ampliar seu espaço de atuação. Nesse sentido, as demandas para a expansão de PSF
seriam um espaço importante.
Para ele, a educação em saúde tem, no contato com o movimento ligado à
educação popular, um momento importante no seu redirecionamento que ocorreu a
partir da década de 70. Nasceu com base em experiências de profissionais de saúde
insatisfeitos com o modelo institucional vigente, envolvendo-se com os movimentos
sociais. Através, principalmente, de movimentos ligados à igreja, nas comunidades de
base, esses profissionais procuraram desenvolver ações que possibilitaram a
(re)orientação de suas práticas de educação em saúde, a partir da metodologia voltada
para a educação popular que orientava a maioria desses trabalhos. Atualmente, os
profissionais de saúde começam a se envolver mais diretamente com a comunidade,
experienciando mudanças nas suas práticas de educação em saúde.
Em seu entendimento esse movimento, é uma resposta ao modelo
dominante de educação em saúde, esclarecendo: “O passado nosso, de educação em
saúde, é um passado de educação tradicional (...) Nós, técnicos, temos o saber, o bom
caminho e vamos guiar a população para esse bom caminho. Então vamos tocar a
boiada como boiadeiros, às vezes com ferrão, às vezes com medo, convencimento,
numa direção que nós queremos”. Muitas experiências no campo de educação popular
ocorreram em direção à ocupação de espaços institucionais e ampliação do processo que
articula trabalho-aprendizagem em saúde com participação, com conseqüentes
acumulações.
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Acrescentou que a possibilidade de transformar um modelo alternativo


numa proposta hegemônica poderá realizar-se através da mudança do eixo de ação em
educação popular em saúde, visando não só à intervenção dos educadores junto à
população, mas também se voltando para a formação do profissional de saúde. Nesse
sentido, destacou a relação estabelecida entre educação permanente e pedagogia
problematizadora de Paulo Freire: “Educação como eixo da reorientação dos serviços,
daí educação popular não ser uma atividade que se faz a mais dentro do serviço, mas
uma atividade que reorienta a globalidade da sua prática”.
Portanto, procurando entender uma aproximação dialética entre a
educação permanente, a pedagogia da problematização e a educação popular, o
professor Eymard assume uma idéia construtivista, através de olhares a possíveis
similitudes, visando à pedagogia da libertação e considerando um processo de
transformação que contemple não só o saber, mas também as dimensões afetivas do
sujeito:”O processo de transformação do sujeito se dá não só pela incorporação de
novos conhecimentos, mas por dinâmicas subjetivas complexas”.
Suas preocupações em socializar questões que dêem respostas no sentido
de que o processo educativo adote as dimensões pedagógicas referidas podem ser assim
sintetizadas:
a) Educação popular entendida como um modo de fazer educação,
possível de ser aplicada a públicos diferentes, não apenas às classes populares.
b) Educação permanente, como eixo do processo de trabalho,
valorizando a categoria trabalho como centro da reflexão: “O processo de trabalho é
um ponto orientador do processo educativo junto ao trabalhador de saúde”. Mas antes
é preciso indagar que questões são relevantes para compreender o processo de trabalho
em saúde e que interesses estão em jogo: “A abordagem educativa do processo de
trabalho deve centrar-se no eixo da demanda social da população. Ou seja, parte de
uma visão que priorize as aspirações, interesses coletivos e não somente de uma visão
do serviço e de seus interesses corporativos.
c) O processo educacional deve criar as condições para que a
população possa compreender e formular suas demandas;
d) Não se pode deixar de considerar o instrumental teórico da
antropologia.
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 TEMA 2: Experiências de educação para a saúde como forma de


contribuição ao Pólo-PB.

EXPOSITORA: Maria Caputo. Representante do Pólo – PSF da Bahia

A expositora apresentou inicialmente o desenho do projeto educativo


proposto para o desenvolvimento do Pólo–BA, cujo eixo estruturante visa à educação
no trabalho. A estratégia básica para a educação permanente se dá através da preparação
de instrutores e de coordenadores dos núcleos regionais. Tem o objetivo de identificar,
juntamente com as equipes locais do PSF, necessidades educacionais, a partir dos seus
problemas.
Essas necessidades são materializadas em ações e modalidades
pedagógicas: oficinas de trabalho, com três níveis de desenvolvimento e atividades
supervisionadas: a) estratégias complementares à educação no trabalho (sessões com
especialistas, palestras e seminários, estágios de curta duração em serviço, além de
pequenos cursos, capacitações e atualizações); b) desenvolvimento de mecanismos de
educação a distância, como listas de discussão e páginas na Internet, além de outros
recursos multimídia; c) capacitação e atualização em áreas prioritárias.
Nas universidades são realizados cursos de especialização em saúde
coletiva, para o gerenciamento de ação comunitária de saúde, sob a forma de residência
multidisciplinar. O processo de trabalho é o eixo central do processo pedagógico no
Pólo–BA. Para tanto, sua experiência, segundo a expositora, procura desvendar
questões-chave que passam pelas seguintes dimensões: a) compreensão dos saberes e
habilidades que os profissionais deverão obter, para que possam ser agentes de
transformação das práticas instituídas; b) compreensão da clientela que deve ser
formada; c) definição dos conhecimentos e conteúdos que devem ser programados,
objetivando desenvolver opções pedagógicas estratégicas para o processo de
transformação, na perspectiva da direcionalidade dos modelos e práticas de atenção.
Para a expositora, “a educação permanente não procura transformar os
problemas em problemas educacionais, mas buscar as lacunas de conhecimento frente
aos problemas identificados que são partes das estruturas nas situações concretas”.
Assim, as opções pedagógicas são estratégicas na definição do sujeito da nova prática
de saúde no âmbito da família.
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A capacitação dos instrutores/supervisores e coordenadores regionais do


PACS possibilitou o desenvolvimento de oficinas de trabalho, envolvendo as seguintes
atividades: análise das práticas e situação de saúde local; atividades de campo no
município; discussão de experiências, após atividades de campo; seleção de propostas
pedagógicas junto às comunidades, além de outras.
O processo de avaliação desse programa de educação permanente
procura analisar o impacto sobre a situação de saúde e organização do serviço, com eixo
na eqüidade, eficiência e eficácia. Atualmente, existem três núcleos regionais de EPS,
abrangendo quarenta equipes do programa saúde da família em dezessete municípios,
no Estado da Bahia.

EXPOSITORA: Estela Márcia Saraiva Campos. Coordenadora do Pólo – PSF de Juiz


de Fora/MG.

Iniciou sua intervenção situando o Pólo – JF no contexto do Estado de


Minas Gerais. Sua área de responsabilidade atinge a zona da mata e o sul do Estado,
abrangendo cerca de cento e noventa e seis municípios. Destes, cento e treze
desenvolvem a estratégia do PSF, com cento e setenta equipes implantadas. O Estado
conta com mais um Pólo–PSF, vinculado à UFMG.
Dentre as ações realizadas pelo Pólo-JF, para a consecução de sua
missão, destacou as seguintes: capacitações direcionadas aos profissionais de saúde
envolvidos com o PSF; ações realizadas junto aos cursos de graduação da área da saúde;
desenvolvimento de linhas de pesquisa e estudos em saúde da família; criação de
mecanismos de educação permanente; desenvolvimento de temas estratégicos em
gerência.
Na linha da capacitação profissional para o pessoal do programa saúde da
família, foram elencadas as seguintes ações: a) treinamento introdutório para as equipes
do PSF, com carga horária de quarenta horas, que é realizado continuamente para os
profissionais que ingressam no PSF; b) cursos de aperfeiçoamento para técnicos e
auxiliares de enfermagem, com carga horária de cento e vinte horas; c) treinamento de
instrutor-supervisor de ESF para as coordenações regionais, com carga horária de
oitenta horas; d) curso de instrutores para os ACS, com carga horária de setenta e duas
horas; e) curso de especialização; f) projeto de residência multiprofissional.
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No âmbito da atuação junto aos cursos de graduação, destacou as


seguintes ações: a) capacitações pedagógicas para docentes, com base na metodologia
do PBL e da problematização; b) oficinas de trabalho sobre adequação curricular; c)
curso de mestrado em educação para profissionais de saúde; treinamento introdutório
para alunos, entre outras o desenvolvimento de linhas de pesquisa se realiza,
atualmente, nas seguintes áreas de interesse: análise de custos em unidades básicas de
saúde; diagnóstico de saúde da população; avaliação de programas sociais.
Quanto ao desenvolvimento de mecanismos de educação permanente,
destacou as seguintes realizações: a) seminários de atualização em atenção primária à
saúde – APS e avaliação de ESF; b) oficinas de protocolos clínicos e epidemiológicos,
identificação de problemas e sistema de informação da atenção básica – SIAB/SIGAB;
c) cursos de pequena duração, além do ensino a distância, desenvolvendo a edição da
revista de APS.
Finalizou sua exposição, enfatizando os temas estratégicos para a saúde
da família: seminários de sensibilização para gestores, conselhos municipais e
coordenações regionais; oficinas de trabalho para elaboração de diagnóstico local;
sensibilização do programa avançado de gerência em atenção primária à saúde - PAG-
APS; sistema de informação; acompanhamento e avaliação de equipes; seminários para
troca de experiências entre sistemas locais de saúde - SILOS.

EXPOSITOR: José Inácio Jardim Mota. Coordenador Nacional dos Cursos


Descentralizados da ENSP/FIOCRUZ.

Situou o espaço da Escola Nacional de Saúde Pública –


ENSP/FIOCRUZ, a qual opera no nível da pós-graduação. Refletiu sobre os caminhos
que aquela Escola percorreu para o desenvolvimento de um processo educacional
descentralizado. Nesse aspecto, destacou os projetos surgidos a partir de necessidades
dos serviços e com eixo na saúde pública, numa relação entre educação e trabalho, e as
ações de educação permanente. Enfatizou como ponto central a perspectiva da
integração entre um campo temático pouco preciso - o da saúde da família - e o campo
da saúde pública/coletiva, no sentido da compreensão e proposição de novas práticas
profissionais em saúde.
A Escola visa à qualificação de quadros para o SUS, numa ótica
nacional. Uma de suas principais estratégias se dá na opção pela descentralização e
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parceria com universidades e centros formadores vinculados às Secretarias de Saúde,


para a qualificação do trabalhador da área de saúde, a partir da relação
educação/trabalho.
O campo da saúde pública possui limites pouco precisos, mas
essencialmente é interdisciplinar. Nessa perspectiva, pressupõe a necessária articulação
de diversas racionalidades de diferentes campos de conhecimento para pensar e operar
as práticas de saúde, inclusive as educacionais. Dentro dessa visão, destaca-se o PSF,
imerso na prática da interdisciplinaridade e seu processo de trabalho, devendo
considerar a organização e as relações decorrentes da interdependência entre seus
elementos constitutivos. Para o expositor, “as ações de saúde da família devem
necessariamente conter a perspectiva da saúde pública e, portanto, também levar em
consideração sua dimensão antropológica”.
Para ele, não existe neutralidade no fazer educação. Portanto, é preciso
compreender bem as transformações que ocorrem, principalmente, no mundo do
trabalho, devido às incorporações tecnológicas. Isso provoca alguns desafios, tais como:
a) o restabelecimento de perfis de competência profissional, tendo em vista a produção
menos hierarquizada e menos especializada; b) o modo de ver e agir sobre os
elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde, principalmente no que
concerne à compreensão do objeto e dos meios para o trabalho: “A representação que
os sujeitos do trabalho possuem sobre esse corpo, objeto do trabalho em saúde, define
limites e possibilidades de campos de conhecimento a serem gerados num processo de
educação permanente”.
Esclareceu que a Escola desenvolve esse programa educacional, através
de cursos descentralizados ou de proposta de ensino descentralizado, envolvendo
diversos atores e gerando diferentes projetos e diferentes possibilidades de
implementação. A partir das avaliações, passa a estimular a construção de modelos
específicos de formação em face das diferentes realidades regionais. Exemplo disso são
os cursos de especialização em saúde pública, que estimulam as potencialidades locais
na confecção de modelos curriculares, considerando padrões mínimos.
Alguns ensinamentos foram extraídos dessa experiência. O primeiro
indica que, mesmo havendo avanços significativos na concepção de novos modelos
pedagógicos, não foi possível uma reflexão clara sobre essas concepções, por parte dos
agentes envolvidos. O segundo destaca a percepção de transformações gerenciais
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burocráticas nos programas de ensino, impedindo o alcance das práticas pedagógicas


propostas nos projetos dos cursos.
O expositor apontou ainda outros projetos que confluem para a estratégia
de ensino descentralizado, visando à independência e autonomia dos centros regionais
de formação de recursos humanos em saúde, tais como: a) apoio bibliográfico de
reforço às bibliotecas regionais; b) apoio à qualificação docente, através da identificação
de fragilidades de conhecimentos no campo da saúde pública de docentes locais, para
aperfeiçoar e atualizar seus conhecimentos em cursos na Escola; c) apoio à
investigação, que consiste em cursos de metodologia para a elaboração de projeto de
pesquisa a ser desenvolvido nos centros de formação local; d) educação continuada para
os SILOS, consistindo num intenso debate sobre as bases da educação continuada e da
educação permanente.
Por fim, o expositor fez uma breve reflexão sobre teoria e prática, citando
Jamil Cury “o vivido sem conceito é um vivido cego”. Situou a principal questão a ser
enfrentada na estruturação do referido sistema de educação permanente, que é a
capacidade de geração de demandas a partir do processo de trabalho em saúde.
Destacou como fator de consenso, na experiência da Bahia, a questão de que era preciso
“ter na base agentes locais estimulando esse processo, daí a idéia de núcleos
regionais”.
Para o expositor, essa experiência permitiu à Escola uma nova leitura da
construção de seu modelo de qualificação: da tutoria às parcerias. Nesse sentido, e
considerando a diversidade de parceiros e de situações no país, assinalou que a
possibilidade de se construir processo de acreditação de ensino poderia vir a estabelecer
selos de qualidade em programas de qualificação. Este é mais um desafio que a Escola
está enfrentando, juntamente com seus parceiros.

 TEMA 3: Síntese das experiências de educação para a saúde como forma de


contribuição ao Pólo/PB.

EXPOSITOR: Milton Menezes da Costa Neto. Consultor da COAB/SAS/MS.


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O expositor desenvolveu sua intervenção nos marcos das diretrizes do


Ministério da Saúde, para o desenvolvimento da estratégia do programa saúde da
família. Inicialmente, apontou algumas premissas básicas para o entendimento da saúde
na família como fator estruturante do modelo de atenção à saúde. Segundo ele, o PSF
não é novo, apenas surge para dar mais impulso à organização do SUS, sendo uma
estratégia de ação reformuladora do modelo de atenção à saúde: “O que queremos
dentro de uma concepção estratégica, reformuladora, é uma atenção básica em que
possa não só ter uma relação assistencial, mas que possa vincular uma relação com os
demais níveis assistenciais, garantindo a continuidade da atenção, com resolutividade,
identificando junto com a comunidade problemas e além disso, sendo desenvolvida no
sistema como um todo”.
Enfatizou que a atenção básica está relacionada à garantia da
continuidade da atenção, através de mecanismos responsáveis de resolução de
problemas e a um sistema de referência bem estabelecido. Procurou vincular os serviços
à população, através de um trabalho contínuo. Segundo ele, para que possa desenvolver
ações de atenção básica, o profissional da equipe de saúde não pode ter mais aquele
perfil tradicional. Ele deve nortear-se por uma ação sistêmica através de abordagens
coletivas e abordagens individuais de forma integral, contextualizada e resolutiva.
O processo educacional deve dar conta da competência profissional, com
atribuições voltadas para a comunidade, o domicílio, a unidade, propiciando a
articulação com diversas áreas técnicas. Para o expositor, a formação profissional dos
recursos humanos é um grande desafio e um dos problemas mais graves para a
consecução dessa estratégia. Nesse aspecto, não vê um modelo pronto e acabado e sim
uma construção coletiva dessa nova prática, de acordo com a realidade local. “Por isso,
o Ministério buscou a via estratégica, não criando instituições, não definindo práticas
nacionais, mas pensou nas questões dos Pólos de capacitação permanente, não no
sentido de instituição. Pólo é um processo de construção, articulação, integração
institucional para reorganização e desenvolvimento de mudança de práticas
atualmente existentes”.
O Pólo tem o propósito de contribuir para a transformação da concepção
da atenção à saúde da população, através de mecanismos que propiciem processos de
aprendizagem visando à mudança de hábitos dos atuais profissionais e a uma nova
formação para os futuros. Sua idéia-força é trabalhar com a mudança do modelo atual e
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construir um modelo diferente. Que profissional formar? Qual a organização adequada?


Que conteúdo e metodologia adotar?
Para ele, os profissionais devem ser introduzidos nessa prática, de modo
que possam aprender a trabalhar em equipe. Para tanto, é necessário que se
desenvolvam as seguintes estratégias: realização de treinamento introdutório para as
novas equipes; capacitação dos trabalhadores atuais; educação e avaliação permanentes;
formação de novos profissionais, num processo permanente de educação e avaliação
que busque as inovações.
Em última instância, o Pólo não tem um fim em si mesmo, não deve estar
à margem do processo educacional, não deve ser visto como projeto-piloto, enfim, não é
uma proposta pontual limitada no tempo e no espaço. O modelo de atenção à saúde em
construção necessita de um profissional que construa permanentemente seu
conhecimento, apropriando-se de novas teorias e práticas. Esse profissional deve
permanentemente: estar aberto para enfrentar novas experiências; identificar problemas
críticos de sua realidade de trabalho; refletir sobre tais problemas e buscar soluções
apropriadas para eles; estar sempre disponível para o processo de aprendizagem.
Num segundo eixo de sua apresentação, o expositor teceu comentários
sobre sua visão do processo de educação permanente. Para ele, é um processo constante
de promoção e desenvolvimento integral do trabalhador, devendo ser entendido como a
educação no trabalho, pelo trabalho e para o trabalho. Deve estar centrado nas
circunstâncias e problemas do processo de trabalho, desempenhando sua função com
base numa prática de transformação, desenvolvendo a reflexão crítica sobre a prática em
saúde. Seu eixo se consolida quando há efetivamente a transformação da prática, que é o
desafio da mensuração da aprendizagem no tempo e no espaço.
Por fim, apontou as condições fundamentais para o desenvolvimento de
um processo de aprendizagem profissional. Para ele, esse processo deve partir do
resgate do conhecimento prévio durante a atividade de ensino; da similitude do contexto
no aprendizado com a realidade a ser posteriormente enfrentada e do estímulo à
construção do próprio conhecimento. Em sua dinâmica, o profissional deve procurar
responder a questionamentos, discutindo a matéria com companheiros de estudo,
reunindo informações apropriadas, formulando e criticando hipóteses já formuladas,
diante do problema enfrentado, etc.
No campo da metodologia, entende que esta deve ser adequada ao
processo e ao conteúdo, devendo ser construída no processo e na prática. Destacou a
18

necessidade de se contar com um elenco de metodologias para desenvolver o processo


educacional, enfatizando também a importância da problematização na construção desse
processo de educação permanente.

EXPOSITOR: José Inácio Jardim Mota. Coordenador Nacional dos Cursos


Descentralizados da ENSP/FIOCRUZ

O expositor desenvolveu sua comunicação extraindo aspectos centrais


das abordagens apresentadas nas mesas anteriores e procurou chamar a atenção para a
reflexão da educação permanente como um processo educacional. Considerou mais
adequado organizar um painel de questões, para subsidiar os trabalhos de grupo,
visando à construção de processos educacionais. Neste sentido, desenvolveu a noção de
processo, enquanto historicidade, movimento, transformação, mutação e
necessariamente conflito. Destacou também a noção de fazer educação buscando a
recuperação de uma dada visão de mundo, de sociedade em relações sociais, portanto,
uma educação que não é neutra.
Apontou para o perigo da desqualificação de algo não explicável, como
ocorreu com a saúde pública, em virtude de sua interdisciplinaridade e sua extrapolação
ao campo da saúde. Para ele, sob uma perspectiva cartesiana, concretamente passamos
por um processo de desconstrução de nossas práticas, o que já é um exercício complexo.
Observou que, do ponto de vista do discurso, a questão da centralidade do processo de
trabalho é consensual em relação à construção do processo de trabalho como forma de
educação. Tal processo ocorre, mesmo que na prática isto não seja observado, tendo em
vista a própria complexidade do processo de organização do trabalho e saúde e os
interesses em jogo.
Trouxe novamente à tona, para avançar na sua compreensão conceitual, o
debate sobre os elementos constitutivos do processo de trabalho em saúde. Nessa
direção, destacou a especificidade desse trabalho em relação às outras formas, no
contexto da reestruturação produtiva de flexibilização e de desemprego estrutural.
Chamou a atenção para as transformações organizacionais as quais se baseiam numa
forte separação entre os profissionais que definem “o que fazer” daqueles que “fazem”,
caracterizando hierarquia e especialização: “No processo de trabalho, a formação do
profissional, além de apontar para a competência, terá que incorporar outros níveis e
19

isso nos coloca em rota direta com o processo de educação permanente. É necessário
entender como isso se constitui, através do objeto, dos meios e do trabalho”.
Considerando como objeto o corpo humano, este pode sofrer diferentes
olhares. No modelo cartesiano, quanto mais dividido, melhor é explicado. Já na contra-
hegemonia da saúde pública/coletiva procurou-se construir a historicidade do corpo
humano no aspecto social, cujas formas de intervenção se expressam na articulação
individual e coletiva desse corpo social.
Para a educação permanente, a forma como esse corpo é visto refletirá
nas formas de intervenção em saúde, expressas na definição dos meios de trabalho ou
tecnologias materiais e não–materiais (equipamentos e saberes) e nas relações
estabelecidas entre os agentes da produção ou, na motivação do trabalhador para a
prática da vigilância à saúde. Para ele, cabe reconhecer “que o indivíduo tem uma
representação sobre seu próprio corpo. Se consideramos o corpo como apenas uma
instância anatômica, suas formas de resolução dos problemas serão sempre vistas no
campo da clínica. Se assim não for, o aprender estará para além do campo da
clínica”.
Outro aspecto levantado envolveu o próprio funcionamento das
instituições. Para o expositor, “somos sujeitos do processo, mas não estamos no
abstrato, estamos dentro de instituições de vida própria, quase sempre de forte base
taylorista, e que funcionam com um alto grau de hierarquização. Ora, a antropologia
diz que as instituições com essa construção geram um processo de sujeição daquele
que está na ponta do sistema”. Esclareceu que este é outro ponto chave para a educação
permanente: as formas de definição das demandas por capacitações, treinamentos, etc.
Como torná-las efetivamente emergentes dos problemas de desempenho do processo de
trabalho? Significa dizer da relação entre o profissional de saúde e a população, para
resolução dos problemas desta.
Para o expositor , esse problema tem de ser enfrentado com a devida
compreensão do contexto das instituições, a partir de muita negociação e clareza das
demandas políticas e do processo de trabalho: ”A prática de vocês [profissionais das
ESF], lá na ponta, não se limita ao que o outro diz o que vocês devem conhecer, mas
tem muito a ver com aquilo que vocês percebem que precisam conhecer e isso os
coloca numa situação de interlocutor privilegiado dos processos de educação
permanente. E a educação permanente sem o indivíduo enquanto sujeito, não existe”.
20

Como último ponto do conjunto de questões apontadas pelo expositor,


foi devidamente enfatizada a necessidade de vivência e prática efetiva em equipe, tendo
em vista o trabalho intersetorial e transdisciplinar, para garantir a integralidade das
ações. O modelo pedagógico é de grande importância para o sucesso da implementação
do sistema, mas a compreensão e a motivação dos atores em participar de sua
construção são elementos vitais.
Acrescentou que isso traz implícito, mas com o devido destaque, o
problema da avaliação. Avaliar o processo educacional e de aprendizagem não é algo
simples. Nesse aspecto, deve estar muito claro o que se quer avaliar, principalmente em
seu caráter processual, condicionante dos resultados esperados e determinados pelas
regras. Segundo o expositor, “se reconhecemos que no processo educativo estamos
lidando com sujeitos e vamos ter um ato relacional com outro que também tem um
dado conhecimento e informação [estrutura mental], se estivermos abertos a isso, então
estaremos no caminho da aprendizagem”.
Na conclusão de sua exposição, enfatizou que os profissionais da saúde
devem assumir os seguintes comportamentos: a) entender a complexidade da
organização do trabalho; b) compreender que a forma como se vê o corpo determina o
processo de aprendizagem no trabalho (objeto do trabalho em saúde); c) entender que
isso irá determinar as formas tecnológicas para intervir sobre o objeto do trabalho, no
processo de trabalho com eixo na EPS; d) compreender a representação do indivíduo
sobre o processo de trabalho, fato que determina as formas de conhecimento a serem
empregadas no enfrentamento dos problemas do corpo; e) reconhecer os vieses do
processo de trabalho, como elementos importantes para o sucesso e a maturidade de um
sistema de EPS.

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E RESULTADOS DOS


TRABALHOS DA OFICINA

Os trabalhos de grupo foram desenvolvidos no sentido de estabelecer uma


primeira aproximação com as questões-chave que constantemente estarão perpassando o
desenvolvimento do sistema de EPS no Estado, que são:

4.1 – Surgimento das necessidades:


21

a) Entendimento do projeto/programa de educação continuada/permanente: Conjunto de


alternativas visando ao desenvolvimento de ações voltadas para a aprendizagem no e
para o processo de trabalho. Este é entendido enquanto eixo para a transformação
das práticas, de forma participativa e contextualizada, objetivando a melhoria da
qualidade dos serviços de saúde.
b) Descrição da forma como se processa atualmente a definição de programas/projetos
educativos nos serviços de saúde:
 necessidade individual do profissional de saúde;
 resposta ao mercado de trabalho;
 necessidades advindas do processo de descentralização / municipalização
(novas responsabilidades da gestão);
 determinações do nível central ante a necessidade de descentralizar os
programas clássicos do Ministério da Saúde;
 nível central das instituições na organização dos treinamentos com
conteúdos e formas metodológicas descontextualizadas das práticas.

c) Entendimento de como deve ser a determinação das demandas educativas em saúde, a


partir do processo de trabalho:

 a partir do conjunto de problemas da população que necessitem de


acompanhamento contínuo, através de oferta organizada no serviço, e considerando
o imperativo do trabalho intersetorial e integral;
 na relação entre os profissionais de saúde e a comunidade (demanda da população);
 a partir dos problemas identificados pelos profissionais na comunidade, não
demandados pela população, mas de importância pública/coletiva;
 considerando as demandas emergentes da comunidade;
 considerando as dificuldades dos profissionais, no cotidiano do trabalho, em lidar
com situações desconhecidas e específicas da população sob sua responsabilidade;
 a partir do monitoramento de indicadores epidemiológicos, de serviço e de
processos pedagógicos.

4.2 - Construção do processo de EPS


22

Formulação de estratégias possíveis na direção da constituição de um


sistema de educação permanente:
IMPLANTAÇÃO MANUTENÇÃO
 Abrir campos de estágios • Envolver os estudantes do último ano dos cursos da área de saúde nas
em municípios com PSF. atividades do pólo - ex: SOS criança.
• Introduzir, na grade curricular nos cursos de graduação da área da
saúde, disciplinas/conteúdos que abordem temas / práticas sobre o
programa saúde da família.
• Promover a participação do Pólo nas discussões de coordenadores dos
cursos da área de saúde para inovação curricular.
• Promover as articulações entre as equipes e órgãos formadores de
recursos humanos para a saúde.

• Fortalecer as estruturas das • Disponibilizar para as equipes do PSF acesso a instrumentos de


coordenações locais e regionais do informática.
PSF através de processos de • Disponibilizar instrumentos de comunicação (TV, vídeo, rádio) para as
capacitação e organização de uma equipes do programa saúde da família.
rede de informação (L↔ R↔ C). • Criar espaços de discussões e/ou cursos a distância para equipes,
• Promover a articulação entre a produzindo material educativo como, por ex: “a rede escola”.
SMS e S. Promover educação local • Proporcionar, através da REIS - Pb, modalidade de ensino a distância
para organizar projetos voltados e criação das salas de discussões (lista de discussões).
para a estruturação ou videoteca • Utilizar, como instrumento de monitoramento dos trabalhos dos
em saúde. municípios de saúde da família, o pacto da atenção básica.
• Estruturar um sistema de • Selecionar profissionais a partir do perfil exigido pelo PSF.
informação que subsidie a prática • Valorizar financeiramente o profissional, motivando-o a permanecer
da vigilância à saúde. no local de trabalho.
• Organizar oficinas de trabalho para gestores e profissionais discutirem
formas de contratação, salário e critérios de seleção das equipes.
Capacitar recursos humanos através de seminários, oficinas, reuniões e
encontros, valorizando a problemática local, elaborando e adequando os
conteúdos programáticos às necessidades locais.

• Desenvolver, junto com os • Articular entre instrutores do IEC – SES e UFPB, no sentido de
gestores municipais, seminários de estruturar propostas de capacitação das ESF em educação/saúde para a
sensibilização para compreender a comunidade.
organização ao processo de • Criar um canal de comunicação com o COPASEMS e a FAMUP, no
trabalho das ESF sentido de esclarecer a importância da continuidade ao PSF no
(necessidades/oportunidades). município.
• Trabalhar junto ao CMS, • Criar, junto à mídia local, espaço da divulgação dos trabalhos de
apresentando as necessidades das saúde da família.
equipes e os resultados possíveis de
serem alcançados com as ações do
PSF.
• Promover encontros entre gestores
e SMS para discutir o compromisso
daqueles com o objetivo de
efetivação do Pólo – Sensibilização.

• Identificar pessoas-chave no • Criar um sistema de base de dados - desenvolvimento de recursos


âmbito local que estejam humanos.
estimulando as equipes para pensar • Estabelecer momentos de análise da situação de saúde, em conjunto
em educação permanente. (equipe e outros atores da comunidade).
Entretanto este ator também tem • Criar espaços permanentes de redefinição de atribuições dos
que estar capacitado. componentes das equipes, conforme especificidades locais.
• Constituir grupos de apoio • Instituir processo de acompanhamento permanente das práticas
profissional, no âmbito local e/ou pedagógicas e dos serviços, a partir da situação vivenciada no
regional, para contribuir na treinamento introdutório.
23

resolução de problemas inerentes a • Implementar mecanismos de integração ensino/serviço, através de:


determinadas áreas de investigações a partir de problemas locais; potencialização dos campos
conhecimento e/ou campos de de estágio da graduação e pós-graduação; resgate da
práticas. multiprofissionalidade na Residência em Medicina Preventiva e Social.
• Estruturar banco de informações • Definir protocolos de responsabilidade das instituições de ensino e dos
para monitorar e avaliar as serviços de saúde, visando à transformação de suas práticas.
repercussões das ações pedagógicas • Promover integração das equipes, através de encontros intermunicipais
sobre as práticas. com vistas à troca de experiências.
• Realizar capacitações para suprir as necessidades individuais da
formação (principalmente prática em serviço).

4.3 - Manutenção do sistema:


 Necessidade de garantir a qualidade do trabalho X contratos temporários e a
formação generalista X formação especializada. Como o Pólo poderia constituir
um sistema de educação permanente?
 sensibilizar os gestores no tocante à fragilidade dos contratos temporários (alta
rotatividade);
 procurar identificar instrumentos jurídicos que legalmente permitam a fixação de
equipes no município com maior segurança contratual;
 propiciar a introdução de conteúdos e práticas que digam respeito à saúde da
família nos cursos de graduação;
 propor a criação de uma rede interpolos, no sentido de estabelecer troca de
experiências;
 reorganizar os conteúdos ministrados nos cursos da área de saúde e articular as
disciplinas afins, visando a contribuir para as transformações das práticas;
 estimular a criação de uma rede nacional de acreditação pedagógica;
 incentivar a contratação de profissionais com perfil característico;
 articular com os gestores a equivalência salarial entre os municípios.

Com base na problemática levantada nos itens anteriores, optou-se por


organizar uma agenda para dar conta de aspectos iniciais, visando ao estabelecimento de
mecanismos de EPS no Estado. Essa agenda deverá desdobrar-se em
subprojetos/atividades específicas.

5. AGENDA ESTRATÉGICA PARA O ANO 2000


24

OBJETIVOS METAS PERÍODO/2000-2001


Criar grupos locais de gestão para Realizar seis oficinas de trabalho Julho de 2000 a maio de 2001
a qualidade, considerando a sobre análise de desempenho para
avaliação de desempenho e a qualidade.
educação permanente instituídos
nos municípios com programas
saúde da família implantados.
Conhecer os problemas locais Promover, para cada equipe, Julho de 2000 e fevereiro de 2001
(população e desempenho das análises da situação local pelo
equipes) para apontar necessidades menos duas vezes ao ano.
de capacitação da equipe.
Ampliar conhecimento sobre a Realizar duas oficinas sobre Outubro de 2000 e fevereiro de
metodologia do planejamento metodologia em planejamento 2001
estratégico situacional e gestão do estratégico e gestão do trabalho.
trabalho em saúde.
Ampliar conhecimento sobre o Realizar duas oficinas sobre Setembro e novembro de 2000.
sistema de informação local da análise de dados.
USF (base de dados).
Publicar editoriais na Revista da Elaborar dois editoriais. Julho de 2000 e janeiro de 2001
Família.
Realizar versão estadual da mostra Um vez ao ano. Março de 2001
em saúde da família, para estimular
a troca de experiências locais.
Constituir banco de recursos Banco de RH disponibilizado em Dezembro de 2000
humanos para alunos, instrutores e rede.
consultores do PÓLO-PB.
Instituir sistema remoto de Definir profissionais de referência; Março de 2001
comunicação entre as equipes do Desponibilizar sistema de
programa saúde da família e comunicação.
profissionais de referência para
contribuir com a resolução de
problemas focais.

O financiamento da proposta deverá ocorrer através das seguintes fontes:


recursos do Ministério da Saúde para o PÓLO PSF – PB; incentivos estaduais e
municipais. Cada subprojeto específico da agenda deverá contar com os recursos
orçamentários necessários, já previamente negociados nas fontes.
25

D E D
SA Ú A
E

FA
Ó LO D

M ÍL IA •
• P

PA
R A ÍB A

Relação dos Participantes da Oficina EPS/Paraíba

Nome Cargo/Função Vinculo Institucional


Almicelia de Alcântara César Médico-PSF Município
Ana Cláudia Cavalcanti Peixoto Docente Federal
de Vasconcelos
Ana Elisa P. Chaules Enfermeira Sanitária Serviço Prestado
Ana Fábia da Mota Rocha Farias Coordenadora do PSF Estado e Município
Ana Lígia Barbosa da Silva Psicóloga Federal
Ana Suerda Leonor Gomes Leal Técnica Pesquisadora Federal
André Luis Bonifácio de Docente Federal
Carvalho
Andréia Marcia Dantas Casado Enfermeira do PSF
Berenice Ferreira Ramos Médica de Saúde da Família Associação dos Moradores do
Mutirão
Cândida Fernandes Araujo de Médica, Residente em Medicina
Sousa Preventiva
Carlos Alberio de Alexandria Município
Leite
Claudia Luciana Sousa Mascena Coordenadora Est PACS/PSF Federal
Veras
Claudia Madalena machado Médica Residente em Medicina
Dantas Preventiva
Cristine Coeli Moreira da Silva Gerente P. Vigisus Estado
Djacyr Magna C. Freire Docente Federal
Eduardo Sérgio Soares Sousa Docente Federal
Eliete Silva Nunes I.S. Enf.-PSF Município
Elizangela Maria Basilio de I/S-PSF Município
Alencar
26

Estela Marcia Saraiva Campos Coordenação Pólo S.F. UFSF Federal

Nome Cargo/Função Vinculo Institucional


Eurípedes Sebastião Mendonça Chefe da Divisão de Documentação
de Souza Ensino
Maria AnuciadaF Agra de Médica Federal
Oliveira Salomão
Fátima de Jesus Ramos Reinaldo Coordenadora Regional PACS/PSF Estado
Fernando Antonio S. de Sousa J. Médico Município
Gilda Marciel Bringel Docente Federal
Iraece Lopes Andrade de Araújo Tecnica Estado
Izonilda Pintos de Melo Funcionaria Pública Federal
Jória Viana Guerreiro Docente Federal
José Inacio Jardim Motta Coordenador do CONCURD Federal
José Lavosie Gomes Dantas Médico PSF Município
José Medeiros Sobralho Secretário de Saúde Município
José Milton Fernandes Duarte Médico (PSF) Município
Junior
Josefa de Oliveira Alves Coordenadora Regional do PAES Estado
Josemar Fereira da Silva Coordenador-PSF Município
Joseneida Texeira Remigio Técnica de Planejamento Estado
Julia Freitas Sousa de Azevedo Chefe do NCT Estado
Juliana de Sousa Soares Estudante Federal
Julius César Formiga Mriz Melo Sanitarista Município
Juracema Gomes de Medeiros Coordenadora Regional PACS/PSF Estado
Rodrigues
Liana Maria Costa Gomes Lima Técnica Estado
Lindemberg Medeiros de Araujo Coordenador de Planejamento/SES Federal
Livônia Cristina Cavalcante Médica Federal
Soares de Sousa
Lúcia de Fátima C. de A . Sena Coordenadora Regional PACS/PSF Estado
Luciane de Fátima Fernandes Enfermeira Município
Lucienda Rodrigues de Araujo Médica de Familía Associação dos Moradores
Luzimere de Souza Ferraz Coordenadora Regional do PACS Estado
Manuel Marcos Filho Médico Federal
Marcia de Fátima Freitas de Técnica Estado
Oliveira
Marcia do Socorro Guedes de Professora-CORD-ERI Federal
Paiva
Márcia Rique Carício Técnica da CIB/CES-PB Município
Marciana de Figueredo Médica Município
Nogueira
Margarete Saraiva Correia Médica Outros(Não espacificado)
Nome Cargo/Função Vinculo Institucional
Maria Aparecida de Menezes Coordenadora PACS/PSF Estado
Maciel
Maria Artemisia Dias Campelo Assistente Social Federal
Maria Beatriz Pragana Dantas DocenteCus-Superior Federal
Maria Caputo Pesquisadora Estado
Maria Clemilde Mouta de Sousa Docente Federal
Maria Dalva de Sousa Onofre Estado e Minicípio
Maria das Mercedes Oliveira Docente Federal
Maria de Fatima de Oliveira Professora/Assessora/Extensão/CC Federal
Coutinho S
Maria do Socorro Batista de Coordenadora do PACS/PSF Estado
27

Lucena
Maria do Socorro Matias de Enfermeira de PSF Município
Oliveira Sousa
Maria do Socorro Morais Coordenadora do PACS/PSF Município
Maria Edilane Moura da Silva Técnica Estado e Município
Maria Iraponira de Sousa Coordenadora Regional PACS/PSF Estado
Estado
Maria Jaira Barros Abilio Enfermeira do PSF
Maria Janilce Oliveira Coordenadora do PSF Município
Magalhães
Maria José Leite de Freitas Assistente Social Federal
Maria Jurandy de Freitas Lola Docente Federal
Maria Mônica Alves Ferreira Município
Maria Nelange Palitot de Pediatra/Sanitarista
Oliveira Galdino
Maria Sonia de Oliveira Araújo Docente -Coordenedora de Curso Federal
Maria Vilany de Jesus Batista Coordenadora Regional PACS Estado
Gomes
Marilene Araújo do Nascimento Coordenadora do PACS/PSF município
Marinalda Vitorino dos Santos Enfermeira Município
Marta Rejane Monteiro Batista Técnico Planejamento Federal
Mauricé F. de Moraes Instrutora /Supervisora PACS/PSF Município
Miriam Ferreira da Silva Médica-PSF Município
Mônica Paz Barreto Trindade de Médica, Residente Medicina
Silva Preventiva
MuriloDa Cunha Wanzeler Economista Federal
Natércia da Costa de Miranda Fisioterapeuta Município
Núbia Benigna de F Queirós Coordenadora PSF Município
Nome Cargo/Função Vinculo Institucional
Rita Pereira de Brito Alves Diretora/CEFOR Estado
Roberto Texeira Lima Técnico/Pesquisador Federal
Rosa Dalva Correia da Silva Coordenação Reg. PACS/PSF Estado
Rosa Helena Soares Rodrigues Vice Diretora/CEFOR Estado
de Vasconcelos
Rosangela de Fátima d Araújo Coordenadora Mun. PACS/PSF Estado
Medeiros Dias
Roseana Meira Docente/UFPB Federal
Roseane de Nóbrega Wanderley Chefe S. Social Federal
Rosiani Palmeira Videres Técnica Estado
Sandra de Lourdes Serrano Enfermeira-PSF Município
Paiva
Sandra Maria Araújo de Sousa Coordenadora Regional Estado
Sildete Souto Cruz Médica Município
Sued Sheila Sarnento Enfermeira Município
Tereza R. de Carvalho V. Melo Médica Município
Vera Lúcia de Almeida Becerra Docente /Assessorade Federal
Pérez Graduacão/CCS/UFPB
Zoraide Margaret Bezera F Diretora de Centro Federal

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