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FRANKENSTEIN
2 – SOCIALIZAÇÃO E SOCIEDADE
MECATRONIA 2ª
PAULA ELISER
A criatura passa por inúmeras experiências sociais que moldariam sua personalidade
e caráter, assim como acontece com um humano que está descobrindo o mundo. Uma das
principais lições que ele toma, logo quando foge, é numa aldeia, perto de onde foi criado.
Ele chega à aldeia, desnorteado pela fuga de Victor, e quando as pessoas notam sua
presença, elas atiram pedras e pedaços de madeira nele. A criatura fica desnorteada e foge,
chega a um lago e vê sua face e descobre o motivo pelo qual ele foi hostilizado na aldeia.
Ele enxerga um rosto amarelado com olhos amarelados, totalmente diferente daquelas
pessoas que ele havia encontrado na aldeia. Esta primeira experiência seria o prólogo para o
que a criatura se transformaria.
O “monstro”, logo após sair da aldeia, procura um refugio, um lugar onde ninguém
o machucaria pela sua diferença e encontra uma cabana, afastada de tudo. Pouco tempo
vivendo lá, ele descobre que uma família vivia logo ali perto, e passa a observa-la e aprende
com seus costumes e valores. A família era composta por dois filhos e um pai. O pai era
velho e cego, assim, ambos os filhos viviam ajudando o pai. Ele – a criatura – aprende
muito sobre a sociedade e os valores bondosos presente nas pessoas. Então, aprendido isto,
passa a ajudar a família: passava a madrugada colhendo lenha e frutas, e no dia seguinte, as
pessoas da cabana ficavam maravilhadas com a ajuda ‘divina’. Após muito observar, ele
resolve um primeiro contato, com o pai cego. Ele chega, segura sua mão, e pede sua ajuda.
Diz que está amando alguns amigos, e que precisa de ajuda para que eles o aceitassem.
Feito isto, quando os filhos o vêem acabam o hostilizando e – mais uma vez – a criatura
foge. Este foi mais uma marca deixada pela sociedade em sua consciência. Sua ingenuidade
e bondade estavam começando a mudar por conta do homem.
A partir disso, sua desilusão aumenta, ele sai vagando pelo mundo e acaba
encontrando um menino. Ao encontra-lo ele pensa ter, enfim, achado alguém para fazer-te
companhia e amá-lo, já que o garoto era puro e ingênuo ainda, ele pensa. Mas, logo
descobre que o menino era irmão de Victor e frente a isto, sua raiva mistura-se a
incompreensão e acaba por matar o menino, mesmo que sem querer. Sua necessidade
primária era ser amado, e gostaria que seu criador o fizesse. Sua incompreensão residia no
repúdio do pai, e quando descobre que o garoto se tratava de um irmão de Victor ele sente
que deveria criá-lo mostrando assim a Victor que alguém o podia amar, além é claro de
fazê-lo sofrer, de maneira semelhante a seu sofrimento.
Em termos gerais a Criatura buscava tanto sua felicidade quanto a ruína de seu
criador. Ao passar por tudo que passou, ela se vê incumbida no papel de destruir aquele que
a fez principiar na maldade, seu criador. Podemos relacionar aqui esse fato com o bom
selvagem de Rousseau, onde o ser é bom por natureza, mas o meio em que vive o
transforma, de modo que como percebido a criatura se transforma, do mais inocente e
bondoso ser para a pior das feras – aos olhos de Victor- dotado de um ódio mortal por seu
pior inimigo e criador.
Outro conceito pregado pelo livro que deve ser analisado é a importância da
bondade sobre a aparência física do ser. A criatura é discriminada e maltratada apenas por
isto, pois os valores de bondade e inteligência não se sobressaem sob a aparência física do
ser. A luta incessante, presenciada nos dias de hoje, pela beleza é fruto de discussões e
conceitos antigos que desde aquela época já eram moldados e pregados.
O livro de Mary é, por fim, uma obra clássica, densa e muito rica em detalhes. Todo
conteúdo e tema abordado é passado por sutilezas e metáforas muito bem desenvolvidas,
tendo como personagem principal um ser sem nome e um homem comum. A análise aqui
feita é unilateral e observa os fatos como uma mensagem clara passada pela autora. Porém,
uma reflexão cabível quanto à personalidade de Victor Frankenstein é ver esta como sendo
boa e má ao mesmo tempo. Observa-se que o monstro pode ser um lado da personalidade de
Victor que transpõe todo o ódio e tristeza deste pela humanidade, enquanto que seu lado
bom é quase o natural. Mas, não cabe a este texto discutir melhor este assunto.
Frankenstein é uma obra clássica, de valore modernos que deve ser apreciada e
refletida por todos aqueles que a lêem, afinal, a consciência é algo que deve ser preservado
pelo bem de uma sociedade melhor.