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O que é política

A política é a atividade que diz respeito à vida pública. Etimologicamente, polis,


em grego, significa “cidade”. A política é portanto a arte de governar, de gerir
os destinos da cidade. O homem político é aquele que atua na vida pública e é
investido de poder para imprimir determinado rumo à sociedade, tendo em vista
o interesse comum.

A ação política não é exclusividade de alguns seres especiais. Cada indivíduo,


enquanto cidadão (filho da cidade), deveria ter espaço de participação efetiva
que em absoluto não se restringe apenas ao exercício do voto! Este é apenas
um dos instrumentos da cidadania na sociedade democrática. Portanto, todos
nós temos uma dimensão política que precisa ser atuante.

Embora não se confunda com as atividades comuns do homem (na família,


trabalho, lazer etc.), a política de certa forma permeia todas as atividades
humanas o tempo todo. Interfere na vida de cada um de múltiplas maneiras na
regulamentação legal das ações dos cidadãos. Já as leis são feitas pelos
representantes escolhidos pelo povo;[...]

A democracia: formal e substancial


[...]
O aspecto formal da democracia consiste no conjunto das instituições
características deste regime: o voto secreto e universal, a autonomia dos
poderes, pluripartidarismo, representatividade, ordem jurídica constituída,
liberdade de pensamento e expressão e assim por diante.

[...] A democracia substancial diz respeito não aos meios, mas aos fins que são
alcançados, aos resultados do processo.

Campos da democracia

a) Democracia econômica: há democracia econômica quando existe justa


distribuição de renda, iguais oportunidades de trabalho, contratos livres,
sindicatos fortes. Tais aspectos formais podem levar ou não à efetiva
democracia substancial.

b) Democracia social: [...] ninguém pode ser discriminado, e todos devem ter
possibilidades de acesso aos bens materiais como moradia, alimentação e
saúde, e educação, profissionalização, lazer e arte. [...] Numa sociedade
democrática o saber deve ser acessível a todos sem tornar-se privilégio de
alguns.

c) Democracia jurídica: [...] Para ser substancial, a democracia jurídica deve


se basear em leis que realmente atendam ao interesse da comunidade e
precisa contar com uma justiça e ágil e residente às pressões de grupos.
d) Democracia política: o coração da democracia está no reconhecimento do
valor da coisa pública, separada dos interesses particulares. Neste sentido,
há exigência da institucionalização do poder, ou seja, quem ocupa o poder
o faz enquanto representante do povo, e, como tal, não é proprietário do
poder, mas ocupa um “lugar vazio”, um espaço que será assumido também
por outras pessoas garantindo a rotatividade do poder.

Democracia: direta ou representativa

A mais antiga democracia de que se tem notícia é a ateniense. Trata-se da


democracia direta, em que todo cidadão tem não só o direito, como também o
dever de participar da assembléia pública a fim de decidir os destinos da polis.
A igualdade que daí resulta se caracteriza pela isonomia (igualdade perante a
lei) e pela isegoria (direito à palavra na assembléia).

O apogeu da democracia grega se deu no séc. V a.C., mas, a bem da verdade,


é preciso lembrar que na sociedade grega os escravos, mulheres e
estrangeiros não eram considerados cidadãos e portanto se achavam
excluídos da vida pública. O que importa, no entanto, é o surgimento do ideal
democrático como um valor novo que se contrapõe à concepção aristotélica de
poder.

Na idade Moderna, surgem as teorias políticas contratualistas e que começam


a ocupar-se com questões da legitimidade do poder.

Para um liberal como Locke, a legitimidade do poder se encontra na origem


parlamentar do poder político. Isso significa que a ocupação de um cargo
político não deve resultar de um privilégio aristocrático, mas do mandato
popular alcançado pelo voto: a representação política torna-se legítima porque
nasce da vontade popular.

Em outras palavras: na Idade Média transmitia-se por herança tanto a


propriedade como o poder político; o herdeiro do rei, do conde ou do marquês
recebia não só os bens como também o poder sobre os homens que viviam
nas terras herdadas. Já com o liberalismo, estabelece-se a distinção entre
sociedade política e sociedade civil, entre público e privado.

Na verdade, o liberalismo dos séculos XVII e XVIII não era igualitário, mais
fundamentalmente elitista. Por isso, é preciso entender que a representação
política se referia aos que possuíam propriedades e, com o voto censitário,
excluía-se do poder a grande maioria, apenas “proprietária do seu corpo”, ou
seja, da força de trabalho.

Ainda no século XVIII, em pleno período de valorização, Rousseau defende a


democracia direta. Para ele, com o contrato social, cada indivíduo aliena
incondicionalmente seu poder em favor da coletividade, mas a vontade geral
não pode ser alienada nem representada. Isto significa que para Rousseau os
deputados e governantes não são representantes do povo, mas apenas seus
oficiais, estando subordinados à soberania popular, a única que decide por
meio de assembléias, plebiscitos e referendos.

A vontade geral é um conceito fundamental para compreender a democracia


rousseauísta. Todo indivíduo é ao mesmo tempo uma pessoa privada e uma
pessoa pública (cidadão): enquanto pessoa privada trata de seus interesses
particulares, e enquanto pessoa pública é parte de um corpo coletivo que tem
interesses comuns. Nem sempre o interesse de um coincide com o de outro,
pois muitas vezes o que beneficia a pessoa particular pode ser prejudicial ao
coletivo. Aprender a ser cidadão é justamente saber qual é a vontade gral,
típica do interesse de todos enquanto componentes do corpo coletivo, mesmo
que à revelia dos seus próprios interesses, enquanto pessoa particular.

O próprio Rousseau reconhecia as dificuldades em implantar a democracia


direta, sobretudo em nações de território extenso e grande densidade
populacional.

Mas essa objeção não nos deve desanimar na busca pelo aperfeiçoamento do
jogo democrático. Ao contrário, o desafio está justamente em descobrir formas
para melhor aproximação dos ideais da democracia.

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