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Almeida Garrett
Almeida Garrett
Romantismo
João Baptista da Silva Leitão [mais tarde de Almeida Garrett], nasceu no Porto, em
1799. Aí passou a primeira infância, num caloroso ambiente burguês que lhe deixaria
gratas recordações. Aos 10 anos parte com a família para os Açores, onde inicia a sua
formação literária, sob a tutela do tio Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Angra.
No período conturbado que se seguiu, o trajecto pessoal do escritor (já casado com uma
menina elegante, Luísa Midosi) entrelaça-se com a história política do Liberalismo. A
revolução foi um breve momento de entusiasmo liberal, logo desfeito pela chegada ao
poder da facção conservadora, que apoiava o Infante D. Miguel. Garrett foi obrigado a
deixar o País (entre 1823-26), situação que se repetiria pouco tempo depois (1828-
31), na sequência da abdicação de D. Pedro. No entanto, o escritor encontra na
circunstância penosa do exílio uma oportunidade intelectualmente vantajosa. A
permanência em França e Inglaterra permitiu-lhe conhecer o movimento cultural
europeu, na sua dimensão artística e ideológica. A publicação (ainda em Paris) dos
poemas Camões e Dona Branca – os primeiros textos românticos portugueses – constitui
o resultado mais simbólico e expressivo dessa experiência.
O regresso a Portugal, em 1832, integrando a expedição liberal comandada por D.
Pedro, constituiu um momento heróico para o «poeta-soldado», que se incorpora no
Batalhão Académico; Garrett foi chamado a participar nas reformas legislativas do
novo regime, mas pouco depois afastado do poder, sob pretexto de missões
diplomáticas no estrangeiro. Voltará à cena política em 1836, no contexto da
«revolução de Setembro», pela mão de Passos Manuel: faz parte das Cortes
Constituintes e ajuda a redigir a Constituição de 1838. Além de deputado,
desempenha também um papel relevante no programa de educação cultural
setembrista, designadamente na renovação da dramaturgia nacional: empenha-se na
criação da Inspecção Geral dos Teatros, do Conservatório de Arte Dramática e do
futuro Teatro Nacional; no mesmo espírito funda O Entreacto – Jornal de Teatros e
leva à cena, com grande êxito, a peça Um Auto de Gil Vicente. No ano de 1836,
separa-se de Luísa Midosi e conhece Adelaide Pastor.
Durante os anos 40, sob o regime autoritário de Costa Cabral, Garrett destaca-se na
oposição; no entanto, o entusiasmo e o fervor militante vão-se exaurindo, perante a
instabilidade política, o materialismo triunfante e o próprio desvirtuamento do ideal
liberal. Em 1841, nasce Maria Adelaide Pastor, sua filha e de Adelaide Pastor Deville
que morre tuberculosa nesse mesmo ano. Descontente com o devir da revolução,
afasta-se da vida pública em 1847. Desse desencanto patriótico dão significativo
testemunho algumas obras publicadas neste período, o mais fecundo da criação
literária garrettiana (O Alfageme de Santarém, Frei Luís de Sousa, Viagens na Minha
Terra e O Arco de Sant’Ana, por exemplo).
Em 1851 regressa ao Parlamento, já sob a acalmia política da Regeneração. Recebe
nesta derradeira fase da vida alguns gestos oficiais de consagração: é feito visconde
e nomeado Par do Reino, no ano seguinte; chega ainda a ocupar um cargo
ministerial (Negócios Estrangeiros), de que seria demitido pouco tempo depois.