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Eleições Presidenciais

(1976)
INFORMAÇÃO IMPORTANTE

O texto que se segue é uma reprodução escrita, com


pequenas adaptações e esclarecimentos, do programa exibido
pela Rádio e Televisão de Portugal, “1976 – Eleições
Presidenciais” integrado na série “50 Anos 50 Notícias”, de 2007.

Como tal, cumpre-me esclarecer que toda a informação


constante deste documento foi apresentada pela citada estação
de televisão portuguesa, aquando da exibição do documentário
referido.

Resta-me recordar, em último lugar, que no ano de 2007 a


Rádio e Televisão de Portugal celebrou o seu quinquagésimo
aniversário.
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS (1976)

1976, 27 de Junho: domingo de eleições, com tempo de praia.


À reportagem da RTP, ninguém fala em abster-se.

Numa eleição muito participada, o General Ramalho Eanes


ganha logo a maioria absoluta e torna-se o 1.º Presidente da
República eleito em Democracia.

(General Ramalho Eanes, Presidente da República eleito em


1976) “Aquele resultado significava que havia a esperança de
que eu não frustrasse aquilo que eram as grandes expectativas
da população portuguesa.”

Eanes contou com o apoio dos dois maiores partidos


eleitorais: o Partido Socialista (PS) e o Partido Popular
Democrático (PPD). Contou, também, com o apoio de pequenos
partidos: o Centro Democrático Social (CDS) e o Movimento
Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP). Previa-se uma
votação apoteótica. Eanes ganha, de facto, à primeira volta, mas
nem tudo corre de acordo com as previsões. A candidatura do
Almirante Pinheiro de Azevedo dividiu a base de apoio do
vencedor. À esquerda, o candidato comunista, Octávio Pato,
apesar de uma campanha combativa, não encontra interlocutor
para as suas propostas.

A grande surpresa da campanha é a adesão de massas à


candidatura de Otelo Saraiva de Carvalho. O Terreiro do Paço
torna-se o principal cenário desse êxito. O discurso combativo do
candidato obtém um eco inesperado.
A luta, palmo a palmo, pelo favor do eleitorado, origina
confrontos durante uma visita de Ramalho Eanes a Évora.

(Ramalho Eanes) “Ou mostrava que, tendo medo, dominava e


seria coerente com aquilo que tinha dito durante um comício, ou
então o melhor seria, por razões de segurança, acabar a
campanha e voltar a casa. Entendi que não tinha outra saída que
não fosse vencer o medo que, porventura, também sentisse
naquela altura.”

Finalmente, Ramalho Eanes obtém a maioria esperada. O


reverso da medalha é uma forte votação em Otelo que, no
distrito de Setúbal, ultrapassa mesmo o vencedor. Os apoiantes
de Eanes mostram-se preocupados.

(Francisco Sá Carneiro, Secretário-Geral PPD em 1976) “Ainda


há uma grande ilusão à volta do Major Otelo, que considero
representante do 25 de Abril deturpado, do falso 25 de Abril.”

(Mário Soares, Secretário-Geral PS em 1976) “É um resultado,


sob certos aspectos, inesperado, que lhe dá o direito de
continuar uma campanha de agitação que o povo português
rejeitou, a meu ver, duma maneira clara.”

A três décadas de distância, a vaga “otelista” já é vista com


outro sentido das proporções.

(Ramalho Eanes) “Representava, também, um segmento


importante de portugueses e que era necessário considerar.
Entendiam estes que a Democracia Constitucional pluralista não
era a resposta conveniente e necessária à situação portuguesa.”

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