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Combustíveis: Fontes alternativas

ganham espaço
A escalada do preço do barril do petróleo é apenas uma das razões para a necessidade de utilização de
energias alternativas. Petróleo e seus derivados são grandes poluidores, as principais áreas produtoras
estão localizadas em países potencialmente conturbados e as jazidas do planeta são finitas, embora não se
saiba quando o óleo deixará de jorrar das profundezas da Terra.

"Não é possível pensar em desenvolvimento no futuro próximo sem considerar a idéia de fontes
alternativas", diz José Luz Silveira, diretor-científico do departamento de fomento à pesquisa da
Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

Um dos grandes desafios dos pesquisadores é desenvolver produtos capazes de substituir os combustíveis
atuais. O Brasil tem sua parcela de contribuição. Aqui surgiram os motores automobilísticos a álcool e o
biodiesel, que tem seduzido pesquisadores do mundo inteiro. O biodiesel é um combustível derivado da
reação entre um óleo vegetal (obtido da soja, do fruto do dendê, da mamoma, do babaçu, do amendoim e
do algodão, entre outros 40 produtos) com um álcool etílico (o metanol ou o etanol).

"Sua produção é relativamente simples e barata", diz Expedito Parente, que patentou o biodiesel no País
em 1977 (hoje o combustível já é de domínio público).

A principal vantagem do biodiesel é que ele reduz, em média, em até 15% a emissão de poluentes. No
Brasil, o governo criou uma política de incentivo ao produto, estimulando a criação de empresas como a
Brasil Ecodiesel, que deverá produzir este ano 100 milhões de litros do chamado combustível verde.

Por lei, todo o diesel consumido no Brasil deverá ter, em sua composição, 2% do biodiesel até 2008 e 5%
em 2013. Estima-se que, em 2010, o País esteja capacitado para produzir 7,5 bilhões de litros, o
equivalente a 20% do consumo nacional de diesel. Segundo projeções, isso representará, por ano,
economia de R$ 10 bilhões nas importações de combustível.

Além de estudar novas possibilidades de combustíveis, os pesquisadoress vêm investindo em tecnologias


capazes de proporcionar alternativas de geração elétrica. O mundo consome hoje algo como 320 bilhões
de quilowatts-dia por habitante - e esse número irá triplicar nos próximos 100 anos. Ou seja: se com o
consumo atual o homem destrói a natureza de forma implacável, o que será do planeta se nós utilizarmos
três vezes mais energia do que hoje?

A energia eólica, que consiste em gerar energia a partir da força do vento, tem um potencial colossal. Nos
Estados Unidos, país recordista em consumo de energia no mundo, a matriz eólica responde por apenas
2% do total utilizado pelos americanos. Estima-se que a participação chegará a 20% em 2020. Esse
mercado movimenta globalmente US$ 600 bilhões e cresce à impressionante média de 30% ao ano.

No Brasil, o maior parque eólico da América Latina foi parcialmente inaugurado na quarta-feira em
Osório, no Rio Grande do Sul. O empreendimento irá quadruplicar a energia eólica produzida atualmente
no País. A potência instalada será de 150 megawatts. O parque receberá investimentos de R$ 674 milhões,
com recursos do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de um consórcio
formado por bancos. "A energia eólica é ecologicamente correta, tem eficiência semelhante à de qualquer
outra forma de produção de energia e nunca termina", diz Telmo Magadan, diretor da CIP Brasil, uma das
empresas sócias do empreendimento.

Outra forma de energia verde é a biomassa. No Brasil, sua principal utilização é por indústrias de papel e
celulose, que aproveitam o resíduo da madeira para gerar energia. Usinas de açúcar também usam os
resíduos que sobram principalmente na produção do álcool. "O problema da biomassa é que a atual
tecnologia usada no Brasil é muito limitada", diz o professor Sérgio Valdir Bajay, do departamento de
Energia da Unicamp. "A contribuição desse método para a geração de energias alternativas ainda é muito
pequena."

Uma terceira opção para a geração elétrica é a energia solar. À primeira vista, a impressão que se tem é
que se trata da forma de captação de energia barata. Afinal, o sol é gratuito e está disponívlel para todos.
Não é bem assim. Para captar a energia solar, são necessários investimentos em equipamentos que quase
sempre inviabilizam os projetos.

A energia solar exige aportes de US$ 4 mil por quilowatt gerado, contra US$ 3 mil da energia eólica e
US$ 2 mil do modelo tradicional no Brasil, a energia hidrelétrica. "Por isso, existem pouquísssimos
projetos sérios de geração de energia a partir do Sol", afirma o professor Sérgio Valdir Bajay.

Outro projeto em andamento no Brasil, baseado na captação de energia tradicional, são as chamadas
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH). Semelhantes aos métodos utilizados nas grandes hidrelétricas,
diferenciam-se apenas por se tratar de sistemas pequenos, de baixa potência. Em geral, são instalados em
locais próximos a regiões ribeirinhas, aproveitando o fluxo natural de um rio ou riacho. No Brasil, as PCH
funcionam principalmente em Minas Gerais, por sua característica topográfica.

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