Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
METODOLOGIA PARA
DESCRIÇÃO E
CARACTERIZAÇÃO DA
POLÍTICA SOCIAL
∗
Pesquisador da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA
∗∗
Consultores da Diretoria de Estudos Sociais do IPEA
SUMÁRIO
1 – Introdução ..........................................................................................................1
2 – Política Social ....................................................................................................1
2.1 – Áreas da política social pesquisada e o seu ordenamento ..............................4
2.2 – Etapas da Política Social.................................................................................4
3 – Elementos para caracterização da Política Social..............................................6
3.1 – Abrangência (beneficiários e benefícios)........................................................7
3.2 – Gestão e Organização .....................................................................................7
3.2.1 – A descentralização ou centralização ............................................................8
3.2.2 – Privatização (público X privado).................................................................8
3.2.3 – Critério de distribuição dos recursos (objetividade x particularismo).........9
3.2.4 – Coerência das ações/programas ...................................................................9
3.2.5 – Processos de Avaliação (com avaliação x sem avaliação)...........................9
3.3 - Financiamento da Política Social ....................................................................9
3.4 – Participação Social........................................................................................10
4 – Procedimentos metodológicos .........................................................................10
4.1 – Levantamento e análise documental .............................................................10
4.1.1 – Procedimentos básicos (O que buscar nos documentos?) .........................12
4.1.2 – Caracterização das ações/programas das áreas da Política Social .............16
4.2– Entrevistas......................................................................................................16
4.3 – Síntese...........................................................................................................17
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................18
Metodologia para descrição e caracterização da política social
1 – Introdução
2 – Política Social
1
Metodologia para descrição e caracterização da política social
fundamentais que afetam vários dos elementos que compõem as condições básicas
de vida da população, inclusive aquelas que dizem respeito à pobreza e à
desigualdade. Tais necessidades e direitos surgem a partir do processo histórico de
cada sociedade específica. Em sentido mais amplo, pode-se dizer que uma política
social busca atender as demandas por maior igualdade – seja de oportunidade ou
de resultados – entre os indivíduos. Além disso, também objetiva garantir
segurança ao indivíduo em determinadas situações de dependência, dentre as
quais pode-se citar: a incapacidade de ganhar a vida por conta própria devido a
fatores externos, que independem da vontade individual; posição vulnerável no
ciclo vital do ser humano (crianças e idosos, por exemplo); ou situações de risco,
como em caso de acidentes (invalidez por acidente).
As políticas públicas que buscam esses objetivos se circunscrevem no
interior de organismos Estatais que estão minimamente preparados para efetuar a
regulação, provisão, produção e transferência de dinheiro1 para a formulação e
implementação de programas e ações, principalmente de Educação; Saúde;
Alimentação e Nutrição; Saneamento básico; Previdência Social; Assistência
Social; Emprego e Defesa do Trabalhador; Organização Agrária; e Habitação.
As políticas sociais que envolvem gastos públicos são todas desses tipos.
As políticas sociais que envolvem a produção, provisão de bens e transferência
em dinheiro são aquelas que necessitam de gastos mais acentuados. As políticas
de regulação estão ganhando importância crescente no papel a ser desempenhado
pelo Estado, mas ainda constituem-se práticas recentes; por isso, os gastos desse
tipo de ação referem-se apenas à manutenção das atividades do órgão regulador.
O escopo e escala de cobertura dos bens e serviços sociais que podem ser
ofertados mediante Políticas Sociais pelo Estado está diretamente relacionado às
condições econômicas estruturais e conjunturais que determinam a
disponibilidade de recursos2 e ao arranjo político de uma sociedade, pois é
1
Essas formas de atuação do Estado são descritas por Flood (1994) da seguinte forma: (a)
Regulação: baseia-se na fixação de normas que regulem o comportamento dos agentes
econômicos. Um exemplo de mecanismo regulador é o controle de qualidade sobre a produção e
comercialização de medicamentos, alimentos, etc.; (b) Produção: implica na participação direta de
organismos estatais na fabricação de bens e oferta de serviços (exemplo: educação pública); (c)
Provisão de bens e serviços: implica, por parte do Estado, arbitrar os recursos financeiros para
viabilizar bens e serviços à comunidade. A provisão pública não requer necessariamente produção
pública. Por exemplo, o Estado pode garantir através do financiamento público, o atendimento a
um paciente que necessite de uma cirurgia que só pode ser realizada em um hospital particular.
Esta separação requer, contudo, adequada regulação e fiscalização da produção privada para que
esta não se afaste das metas fixadas pelas autoridades públicas; e (d) Transferências de dinheiro:
as transferências monetárias mais comuns são o seguro desemprego e aposentadorias. Consiste em
transferências em dinheiro que os beneficiários podem gastar segundo suas preferências sem
restrições. Essas, contudo, podem não ser transferências incondicionadas, já que os indivíduos
necessitam cumprir certos requisitos para se beneficiarem de alguns programas.
2
Para Schik (1978), as decisões de gasto dependem da escassez de recursos. Neste sentido,
distinguem quatro graus de escassez aos quais se associam diferentes processos decisórios: a)
escassez moderada, quando o governo possui recursos para manter e expandir novos programas.
Os decisores são induzidos a conceber programas de longo prazo e se despreocupar com os
projetos existentes, recaindo a ênfase na racionalização do futuro e desatenção com a utilidade da
aplicação dos recursos já comprometidos; b) escassez crônica, quando existem recursos para dar
continuidade aos programas existentes, mas com expansão limitada, não suficiente para dar início
a programas mais amplos. Ainda, pode ocorrer o negligenciamento da avaliação dos programas
existentes, desde que haja fundos para mantê-los, não cabendo a racionalização do futuro; c)
2
Metodologia para descrição e caracterização da política social
escassez aguda, quando os recursos disponíveis não cobrem o aumento incremental dos custos dos
programas. Os decisores, nesse caso, são induzidos a cortes nos programas, a evitar o início de
novos programas e avaliar com cuidado os programas existentes; e d) escassez total, quando o
governo não dispõe de recursos nem mesmo para executar alguns dos programas básicos que
deveria executar. Neste contexto produzem-se orçamentos e planejamentos escapistas, para
atender à estratégia política do governo.
3
Entende-se, que uma das principais linhas de conflitos, interação e alianças entre atores coletivos
é dada pela disputa de posições privilegiadas de acesso à distribuição dos recursos orçamentários e
financeiros do poder público.
4
Consideram-se como diretamente efetuados os gastos com a manutenção, conservação e
expansão dos serviços prestados (tais como escolas e hospitais públicos), mais as transferências de
numerário a pessoas/ famílias (aposentadorias, pensões, bolsas de estudo, auxílios previdenciários
e assistenciais).
5
As transferências negociadas ou voluntárias traduzem uma política governamental de
descentralização de ações, quer seja na direção de outros níveis de governo, quer sejam destinadas
ao setor privado; foram, assim, denominadas para diferenciá-las das transferências obrigatórias –
definidas constitucionalmente –, de recursos para Estados, Distrito Federal e Municípios, os quais
são entregues a outros níveis de governo, e que não foram consideradas como gasto da esfera
arrecadadora, como é o caso da Cota-Parte dos Estados e Distrito Federal no Salário Educação,
que não foi incluída como gasto da União.
3
Metodologia para descrição e caracterização da política social
4
Metodologia para descrição e caracterização da política social
5
Metodologia para descrição e caracterização da política social
6
Metodologia para descrição e caracterização da política social
7
Metodologia para descrição e caracterização da política social
6 A privatização procura deslocar a produção de bens e serviços para o setor privado lucrativo,
como resposta que alivia a crise fiscal, evita irracionalidade no uso de recursos induzida pela
irracionalidade no uso de recursos induzida pela gratuidade de certos serviços e aumenta a
progressividade do gasto público ao evitar que certos setores de maior poder se apropriem de
benefícios não proporcionais à contribuição que realizam para financiá-lo. Outra forma é o
deslocamento da produção e/ou da distribuição de bens e serviços públicos para o setor privado
não-lucrativo. As formas de privatização são: (i) Transferência (venda) para a propriedade
privada de estabelecimentos públicos; (ii) Privatização implícita – desenganjamento do governo
de responsabilidades específicas; (iii) Privatização por atribuição – redução de serviços públicos
8
Metodologia para descrição e caracterização da política social
produzidos, conduzindo a demanda para o setor privado; (iv) Financiamento público do consumo
de serviços privados – terceirização ticktes, vales; e (v) Desregulamentação que permite a entrada
de firmas privadas em setores antes monopolizados pelo Estado.
9
Metodologia para descrição e caracterização da política social
4 – Procedimentos metodológicos
10
Metodologia para descrição e caracterização da política social
7 Isso porque, no caso de análise de políticas públicas, geralmente a delimitação é feita levando-se
em consideração um determinado período - por exemplo, uma década -, durante o qual há a
sucessão entre diversas administrações, sob o comando de diferentes mandatários.
8 Não há, obviamente, uma “receita” para estabelecer o recorte temporal. No entanto, pela
especificidade e objetivos que geralmente norteiam a análise de políticas públicas, parece ser mais
adequado que, no mínimo, duas administrações diferentes (no nível federal, estadual ou municipal,
separadamente ou concomitantemente, conforme for o caso) sejam contemplados, o que, no caso
brasileiro, remeteria a um prazo de 8 anos.
11
Metodologia para descrição e caracterização da política social
i) Diagnóstico
ii) Proposições
9 Encontra-se no anexo um formulário contendo as principais questões que compõem cada um dos
procedimentos.
12
Metodologia para descrição e caracterização da política social
13
Metodologia para descrição e caracterização da política social
No que diz respeito aos marcos legais, a análise recai sobre a legislação em
vigor. A investigação devem remontar aos aspectos legais normativos, os quais
definem desde as prioridades a serem contempladas pelo poder público até como
devem ser os procedimentos operacionais, além do processo de gasto,
identificando as fontes de receitas e de financiamento para a política.
A análise de marcos legais mais abrangentes, como é o caso de
constituições, deve contemplar um duplo aspecto: de um lado, a averiguação dos
princípios gerais e fundamentais que estabelecem não apenas os parâmetros para a
ação estatal, mas também para a oferta do conjunto das políticas; de outro lado,
destaca-se a necessidade de recolher as informações referentes à normatização de
áreas específicas da política social, tais como saúde, educação, previdência, etc.
Sendo o Brasil uma república federativa, essa análise da legislação deve
contemplar as diversas instâncias e níveis que compõem o marco jurídico-
institucional brasileiro. Dessa maneira, é imprescindível a consulta,
primeiramente, à Constituição Federal, na qual estão estabelecidos os princípios
que regem o estado nacional, inclusive a forma de interação e cooperação entre os
diferentes níveis de governo (federal, estadual, municipal) e a atribuição de
responsabilidades com as correspondentes fontes de financiamento, em relação ao
suprimento de políticas públicas para a área social.
Complementarmente, deve-se examinar a Constituição Estadual, no intuito
de recuperar as especificidades presentes no arcabouço jurídico-institucional no
âmbito da unidade da federação. Isso porque a própria Constituição Federal abre a
possibilidade para que, em uma série de assuntos e temáticas, cada estado
estabeleça uma legislação própria, desde que, obviamente, não contrarie preceitos
inscritos naquela Carta Magna.
Por fim, destaca-se a necessidade de proceder a uma apreciação das Leis
Orgânicas dos municípios, sempre que a política envolver o poder público
municipal, seja como agente formulador e implementador, seja como mero
executor de programas e projetos oriundos da esfera estadual ou municipal.
Assim sendo, é fundamental a busca de elementos que possam tornar a
operacionalização das políticas públicas, diferenciadas em nível estadual, o que
pode ocorrer, por exemplo, em função de eventuais especificidades regionais.
Outro aspecto relevante para a análise do ambiente jurídico-institucional
remete à estrutura e ao arranjo institucional do nível de governo que for objeto da
pesquisa. Essa preocupação é pertinente em função da importância das questões
envolvendo a estrutura e cultura institucionais em todas as etapas da
operacionalização de políticas públicas. Assim, estruturas e culturas centralizadas
acarretam em formas diferenciadas de formular e implementar políticas públicas
em relação a arranjos institucionais mais descentralizados e flexíveis.
Sendo assim, uma das questões mais prementes diz respeito à necessidade
de verificação se houve iniciativas de implementar reformas administrativas. Se
for o caso, é mister que se investigue de que forma a reforma foi conduzida, quais
setoriais; regras e normas de elaboração e execução orçamentária. Estes elementos são mais
estáveis na dimensão temporal. Os procedimentos político/administrativos, foram processos
decisórios e rotinas burocráticas que ocorrem sob as restrições estabelecidas pelos elementos
estruturais. Incluem, também, aspectos de uma certa cultura burocrática e mecanismos informais de
articulação entre os diversos atores participantes, principalmente, da burocracia estatal com os
agentes privados. Estas variáveis podem sofrer alterações mais rapidamente
14
Metodologia para descrição e caracterização da política social
os objetivos que a nortearam, quais as áreas foram as mais afetadas, assim como
em que grau os objetivos foram alcançados.
Pode-se considerar a questão da estrutura e dinâmica institucional e fluxo
decisório. Aqui procura-se as condições institucionais, a partir da configuração
operacional e organizacional do sistema que dá suporte à atividade-fim. O
objetivo é examinar o fluxo decisório e a capacidade administrativa e gerencial
dos órgãos centrais e intermediários na condução do processo de gasto público.
Quais os entraves institucionais no programa, ou seja: estrutura organizacional,
fluxo decisório, recursos físicos e equipamentos, recursos humanos.
Com esta dimensão pretende-se identificar: as hierarquias, o grau de
autonomia ou dependência dos decisores e de seus órgãos; tempo, agilidade e
velocidade da tomada de decisão; os estrangulamentos internos, externos e legais
do processo. Alguns aspectos podem servir como um espécie de indicadores:
- identificação dos órgãos envolvidos e organograma;
- determinação do grau de complexidade da estrutura montada;
- formas de coordenação e controle;
- tipos de resistências e bloqueios;
- qualificação do staff;
- mecanismos de comunicação e divulgação;
- participação dos técnicos, diretores e consultores nas decisões;
- adequação técnico/burocrática para receber recursos e atender
demandas; e
- nível de experiência da equipe envolvida;
12 Para Schik (1978), as decisões sobre as distribuição dos recursos dependem da escassez de
recursos (captação). Neste sentido, distingue quatro graus de escassez aos quais se associam
diferentes processos decisórios: a) escassez moderada, quando o governo possui recursos para
manter e expandir novos programas. Os decisores são induzidos a conceber programas de longo
prazo e se despreocupar com os projetos existentes, a ênfase recai na racionalização do futuro e
desatenção com a utilidade da aplicação dos recursos já comprometidos; b) escassez crônica,
existem recursos para dar continuidade, com a expansão limitada, aos programas existentes, porém
não suficiente para dar início a programas mais amplos. Ainda, pode ocorrer o negligenciamento
da avaliação dos programas existentes, desde que haja fundos para mantê-los, não cabe a
racionalização do futuro; c) escassez aguda, quando os recursos disponíveis não cobrem o
aumento incremental dos custos dos programas. Os decisores são induzidos a cortes nos
programas, evitar início de novos programas e avaliar com cuidado os programas existentes; e d)
escassez total, quando o governo não dispõe de recursos nem mesmo para executar alguns dos
programas básicos que deveria executar. Neste contexto produzem-se orçamentos e planejamentos
escapistas, para atender à estratégia política do governo.
15
Metodologia para descrição e caracterização da política social
4.2– Entrevistas
16
Metodologia para descrição e caracterização da política social
4.3 – Síntese
17
Metodologia para descrição e caracterização da política social
BIBLIOGRAFIA
18
Metodologia para descrição e caracterização da política social
ANEXO 1
QUESTÕES RELEVANTES PARA A CARACTERIZAÇÃO DA
POLÍTICA SOCIAL
II – PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
1. Quais foram as proposições de políticas para enfrentar o problema – Interlocutor dos órgãos centrais de
social? planejamento do governo;
2. Qual o público alvo? – Interlocutor dos ministérios e
secretárias;
3. Qual a estratégia de implementação? – Plano de governo para gestão;
4. Qual o impacto das proposições para enfrentar o problema social? – PPA, LDO, Orçamento e Balanço
5. Como se financiou as proposições de políticas? Geral; e
6. Mudou as proposições de políticas sociais do começo para o final da – Órgãos de estatísticas
gestão?
III – ARCABOUÇO JURÍDICO/INSTITUCIONAL
19
Metodologia para descrição e caracterização da política social
ANEXO 2
DESCRIÇÃO DA AÇÃO/PROGRAMA
ÁREA SOCIAL: _____________________________________________
AÇÃO/PROGRAMA:__________________________________________
Órgão responsável: _____________________________________
Responsável:________________________________Tel: ________
QUESTÕES RESPOSTAS
1. DESCRIÇÃO DA AÇÃO/PROGRAMA
1. Objetivo: Identificar o objetivo geral, os objetivos
específicos e as atividades envolvidas no Programa.
2. ARCABOUÇO JURÍDICO
4. Marco Legal do Programa: Qual a legislação que
condiciona a ação/programa? Existe alguma
legislação específica que foi criada para a ação/
Programa.
20
Metodologia para descrição e caracterização da política social
6. CONTROLE SOCIAL
p) Participação social: Descrever os mecanismos e
critérios de participação. as regras de elegibilidade e
participação do grupo beneficiários no programa.
q) Visibilidade: Descrever os mecanismos de difusão
dos resultados do programa e os mecanismos de
auditoria externa.
7. AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO
r) Avaliação e Monitoramento: Descrever os
mecanismos de avaliação e os Indicadores Utilizados
para monitoramento do programa. Apresente se
possível os resultados alcançados. Indicar os
responsáveis pela avaliação e monitoramento.
8. COERÊNCIA
s) Coerência: A ação/programa sofreu ajustes no
decorrer do período que podem ter desviado da rota
inicial prevista.
9. PROBLEMAS ENFRENTADOS
t) Problemas enfrentados: Descrever os principais
problemas enfrentados na formulação e
implementação da ação/ programa.
21