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Artigos pessoais

Abaixo a mediocridade!
José Lourenço de Sousa Neto*

Há quem diga que apenas 5% das pessoas de um grupo, seja ele qual for, fará a diferença e
deixará uma marca para o futuro. Não sei sobre as bases desse percentual e ele pode ser
exagerado, mas tenho observado, ao longo da minha experiência, que sempre encontramos nas
equipes pessoas que nada agregam, no meio de outras que se empenham para apresentarem
resultados.
Quando há um processo efetivo de avaliação e acompanhamento de performance, aliado a um
programa de treinamento bem direcionado, com a substituição, quando isso se mostra
indispensável, dos elementos dissonantes, dá para aceitar a presença dos maus profissionais.
Afinal, trabalhando com grupos heterogêneos e com competências variadas, nunca vamos
encontrar uma equipe perfeita e acabada.
As equipes são organismos em constante evolução. Perdem partes que não aproveitam, mas
agregam outras, que deverão atender às suas necessidades. Um bom processo de seleção evitará a
entrada de funcionários inadequados. O acompanhamento identificará as necessidades de
treinamentos e orientações. Um programa de treinamentos e desenvolvimento acertará as arestas.
Essas três engrenagens, bem calibradas e lubrificadas, ajudam a assegurar um time de alto nível e
com baixo turn-over. Mas as incompatibilidades sempre existirão e indivíduos que destoam do
conjunto, mesmo com todo o esforço descrito acima, sempre surgirão.
O que não dá para entender é a razão para que tais pessoas sejam mantidas no grupo. A influência
delas sobre as demais é deletério. Para a empresa, trazem mais problemas e prejuízo do que
agregam. Por que permanecem? Por que não são demitidas, uma vez esgotados todos os meios
razoáveis de recuperação?
O funcionário incompetente pode por a perder todo o esforço de desenvolvimento da empresa.
Todo esforço apara alavancar a motivação e obter resultados vai por água abaixo, se a empresa
convive sistematicamente com funcionários ruins e sem recuperação. Por que os outros haveriam
de se esforçar, se não precisam apresentar resultados para continuarem trabalhando? Por que
trabalhariam bem, se vão ganhar o mesmo que o incompetente ao lado?
Na maioria das vezes as justificativas para a manutenção de maus operários são pouco inteligentes
e não convencem.
Pode-se alegar o custo da demissão – mas não é preciso ser um gênio das finanças para saber que
a perda que esses indivíduos acarretam é muito maior do que qualquer despesa rescisória. Perda
de imagem; influência negativa sobre o grupo; prejuízo direto por um trabalho mal executado;
receita perdida por um esforço não aplicado, etc.
Algumas vezes são evocados motivos humanistas – afinal de contas estamos lidando com seres
humanos, não com peças da máquina que se chama Empresa. As considerações humanistas só se
justificam se estamos tratando com profissionais usualmente competentes, que estejam passando
por uma fase particularmente difícil, provocados quase sempre por problemas pessoais. A esses
cabe o apoio da empresa e toda a ajuda possível, para que superem o momento mais complicado e
voltem ao padrão anterior. Mas o mesmo argumento não pode ser aplicado aos incompetentes
crônicos. Ter pena desses não é fazer justiça. Primeiro, porque aos lhes premiar a desídia,
perpetua-se o vício. Segundo, porque é uma injustiça flagrante contra os outros funcionários, que
são obrigados a se desdobrarem para darem conta do próprio trabalho e das atividades do
incompetente. Isso derruba o moral de qualquer time. E, por último, porque também comete-se

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injustiça contras outras pessoas, realmente preparadas e dispostas a contribuir, mas que amargam
o desemprego porque incompetentes roubam-lhes as vagas de trabalho.
Todo gestor tem por obrigação precípua a formação e manutenção de equipes de alto nível e boa
performance. E não conseguirão fazer isso convivendo com a mediocridade e deixando de fora
profissionais de valor. Além do mais, a permanência no time de um ou mais jogadores
despreparados e sem possibilidade de ajustamento, levará à derrota – não deles, mas de toda a
equipe.
*José Lourenço de Sousa Neto é Administrador, pós-graduado em
Planejamento Estratégico e Finanças Empresariais, Mestrado em
RH. Empresário, consultor, facilitador de treinamentos e professor
universitário (graduação e pós).
Contato: jlsneto@uai.com.br.

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