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Tomás Antônio Gonzaga
Tomás Antônio Gonzaga
I- Escola Literária
vocabulário simples
pastoralismo
bucolismo
fugere urbem
aurea mediocritas
convencionalismo amoroso
idealização amorosa
racionalismo
idéias iluministas
carpe diem
II- Cronologia
Era filho do brasileiro Dr. João Bernardo Gonzaga e de D. Tomásia Isabel Clark.
Passou alguns anos da infância no Recife e na Bahia onde o pai servia na
magistratura e, adolescente, retornou a Portugal a fim de completar os estudos,
matriculando-se na Universidade de Coimbra na qual concluiu o curso de Direito aos
24 anos.
Depois de formado exerceu Gonzaga alguns cargos de natureza jurídica, já tendo
advogado em várias causas na cidade do Porto. Candidatou-se a uma Cadeira na
Universidade de Coimbra, apresentando uma tese intitulada 'Tratado de Direito
Natural'. Em 1778 foi nomeado juiz-de-fora na cidade de Beja, com exercício até
1781. No ano seguinte é indicado para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca
de Vila Rica [Ouro Preto], na Capitania de Minas Gerais.
A permanência em Vila Rica estendeu-se até o ano de 1789, quando foi envolvido na
famosa Inconfidência Mineira. Em maio do referido ano, acusado de participação na
conspiração é detido e, sem maiores formalidades, remetido preso para o Rio de
Janeiro.
Nessa ocasião estava o poeta noivo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem
pertencente a uma das principais famílias da capital mineira, e a quem dedicava
poesias do mais requintado sabor clássico, que iriam fazer parte do livro intitulado
'Marília de Dirceu' cuja primeira parte foi publicada em Lisboa, pela Impressão Régia,
no ano de 1792.
A obra poética de Tomás Antônio Gonzaga é relativamente pequena mas suas liras
tiveram dezenas de edições.
Na Ilha de Moçambique, para onde foi levado Gonzaga, em virtude de sua condição
no processo da Conjuração mineira, casou-se o desventurado vate com Juliana de
Sousa Mascarenhas, de quem houve um casal de filhos, cujos descendentes remotos
ainda vivem na antiga colônia portuguesa.
IV- Obras:
Marília de Dirceu
O sujeito lírico é o pastor Dirceu, que confessa seu amor pela pastora Marília. Eis a
convenção neoclássica realizada, Mas é evidente que nos pastores se projeta o
drama amoroso vivido por Gonzaga e Maria Dorotéia.
As partes da obra
A obra se divide em duas partes [há uma terceira, cuja autenticidade é contestada
por alguns críticos]:
Grande entre todos eles, pelo sentido do ritmo e domínio artesanal, aparece Tomás
Antônio Gonzaga, autor popularizado através das “liras” que celebram os amores de
Marília e de Dirceu.
O tema do livro é amor. Amor cheio de pureza, em que se constrói um universo ideal,
o poeta encarnado em pegureiro, a sua amada em pastora, conforme o vocabulário
da escola. Os motivos são os tradicionais: da despedida, “Adeus, cabana, adeus;
adeus, ó gado”; o das excelências do tempo passado “então só inocente / era de luso
o reino. Oh! Bem perdido! / ditosa condição, ditosa gente!”; a indecisão do amante
de duas amadas, o mon coeur balance entre Alteia e Dircéia, o mesmo lema do muito
celebrado soneto de Alvarenga Peixoto: “Ou faz de dous semblantes um semblante /
ou divide o meu peito em dois pedaços.” Em Gonzaga é “Ou forma de Lavino dous
sujeitos / ou forma desses dous um só semblante”.
A versificação é pouco variada e, a par dos versos de quatro sílabas, melhor ditos,
células métricas, vêm a redondilha menor, com acentuação em 2a. e 5a. sílabas;
heróico quebrado, sempre em combinação; a redondilha maior; o decassílabo.
É possível começar com uma curiosidade, a das liras XXII e XXV [2a. parte] e II [3a.
parte], entre outras, em que a palavra final de cada estrofe é oxítona ou monossílabo
tônico, em ê de timbre fechado, salvo uma rima de timbre aberto. Na ordem, rimam:
ter, vê, tem, ofender, cruel, seu acolher, crer. Outra curiosidade é a rima interna,
posta sobre a cesura em final do soneto: “Pois quando só na idéia m’a retrata /
debuxa os dotes com que prende, vista / esconde as obras com que ofende, ingrata”.
Mas o Gonzaga não nos oferece apenas abundante material de retórica e arte
poética; oferece, e isso é mais importante, poesia para o gosto dos eruditos e poesia
que gera popularidade: sentimento e sentimental, intelecto e sensorial melancolia e
lamentação. E, porque se trata de um grande poeta, vem sendo incluído nas histórias
literárias de Portugal e do Brasil. Nasceu no Porto; fez-se voluntariamente luso, nos
depoimentos da devassa, procurando descomprometer-se com a Inconfidência. Amou
em Vila Rica, em verdade era pela liberdade do jugo português [um homem
amedrontado não é um homem], se bem que se desdissesse ante o inquisidor.
Mas o Brasil anda na sua poesia: saudoso, recompõe o itinerário que vai do Rio à
terra de sua bem : “Procura o Porto da Estrela / sobe a serra, e se cansares /
Descansa num tronco dela”. “Toma de Minas a estrada / Na igreja nova a que fica /
Ao direito lado, e segue / Sempre firme a Vila Rica”.