Você está na página 1de 18

Vias de Comunicação I

Ana Bastos Silva


Departamento de Engenharia Civil da FCTUC
Traçado Geral
Universidade de Coimbra •Definição Geral da Geometria
1
Estrada/Rua: Definição Geral da Geometria
Definição da Estrada em Planta
Conceitos Curva circular R=0
0

- A DIRECTRIZ, elemento geométrico utilizado para definir


o Traçado em Planta, é a intersecção do Eixo da estrada
CT
com um Plano Horizontal
R=
R1
• É o centro da faixa de rodagem, em estradas com duas
Curva transição
vias;
CC

R=
•O centro do separador (quando de largura constante) em

R1
R=00
vias com faixas de rodagem unidireccionais; CT

•O centro de cada faixa de rodagem de faixas


unidireccionais quando o separador não tem largura
constante; Alinhamento recto

– A Directriz é formada por Alinhamentos ELEMENTOS GEOMÉTRICOS DA DIRECTRIZ:


Rectos concordados por Alinhamentos Curvos
de raio constante ou variável (curvas de ¾ Alinhamentos Rectos
transição). ¾ Curvas Circulares
– A POLIGONAL é a linha quebrada formada ¾ Curvas de Transição
pelos Alinhamentos Rectos da Directriz
(podem não existir)
2
Estrada/Rua: Definição Geral da Geometria
Alinhamentos Rectos
Determinam o traçado em planta, de onde
resulta a qualidade e segurança do traçado

Š uma visibilidade da estrada em maior extensão


+ Š em geral, maior segurança na condução e mais oportunidades de ultrapassagem

Š adaptam-se mal à topografia (maiores movimentos de terras)


Š tornam a condução monótona
- Š aumentam a duração de encandeamento
Š dificultam a avaliação das velocidades e das distâncias

Segundo as Normas de Traçado, JAE:

A.R. mín. & máx. Š variação da inclinação longitudinal;


Š 6 VB< L<20 VB
Exemplo: VB=60km/h >>>> 360m<AR<1200m
VB=50km/h >>>> 300m<AR<1000m 3
Traçado em planta – Estudo da directriz
Curvas Circulares
Geometria e implantação
Pontos que definem a curva circular

Š os pontos de tangência (T e T’);


Š o ponto bissectriz (B) situado a meio da curva;
o Š o centro da curva;

α
R Š o vértice entre alinhamentos.
T’

Os parâmetros da curva circular

B ⠊ Raio (R);
Š tangentes (VT e VT’);
V
T Š bissectriz (VB);
Š desenvolvimento da curva TT’;
Š o vértice entre alinhamentos.

4
Traçado em planta – Estudo da directriz

Relações entre os parâmetros da curva


o
R Š ver triângulo OVT’
α T’
Š tangente:
β R β
tan g = ⇔ t = R × cot ang
2 t 2
B β

Š bissectriz:
V ⎛ ⎞
T β ⎜ ⎟ β ⎞
R R 1 ⎛
sin = = ⇔ b = R×⎜ − 1⎟ = R × ⎜ cos ec − 1⎟
2 VB + BO b + R ⎜ sin β ⎟ ⎝ 2 ⎠
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠
com β em grados

Š desenvolvimento:
⎛ α ⎞ (200 − β )
d = R × α ( rad ) = R × ⎜ × 2π ⎟ = 2πR ×
⎝ 400 ⎠ 400

5
Traçado em planta – Estudo da directriz

Exemplo de aplicação

Š R=130m e β=153,4202º=170,4669gr

Š tangente:
β ⎛ 170,4669 ⎞
t = R × cot ang = 130 × cot ang ⎜ ⎟ = 30,706m
2 ⎝ 2 ⎠

Š bissectriz:

⎛ β ⎞ ⎡ ⎛ 170,4669 ⎞ ⎤
b = R × ⎜ cos ec − 1⎟ = 130 × ⎢cos ec⎜ ⎟ − 1⎥ = 3,577m
⎝ 2 ⎠ ⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎦

Š desenvolvimento:

(200 − β ) (200 − 170,4669)


d = 2πR × = 2π × 130 × = 60,308m
400 400
6
Estrada/Rua: Definição Geral da Geometria
Alinhamentos Rectos/curvas
Controlo do ângulo entre alinhamentos rectos

Š ângulos muito abertos resultam em desenvolvimentos de curvas muito pequenos

t1

R1

Šângulos muito fechados resultam em desenvolvimentos muito extensos

t2 Se R1=R2
t1<t2
R2

7
Traçado em planta – Estudo da directriz
V2

Forma de implantação das curvas V0 Vp1

V3
Š apoiada na poligonal de implantação
Vp0
Š implantam-se os pontos da directriz
(M,P) V1
P

pontos de caracterização da directriz Aj


Pj
Š os vértices da poligonal da directriz ρjj
Š os pontos de tangência; Pi
Vi_polig
Š pontos afastados de uma distância fixa .

(normalmente 25 metros)
Mi Mj M

(M j − M i )
cada ponto da directriz deve poder ser ρ ij = arctan g
( Pj − Pi )
visualizado pelo menos por dois vértices da
poligonal de implantação d ij = ( M j − M i ) 2 + ( Pj − Pi ) 2
8
Traçado em planta – Estudo da directriz
Curvas Circulares
Definição do Raio Mínimo

A definição das curvas circulares baseia-se na imposição das características mínimas.


Garantia que a circulação se faça
ao Deslizamento
em condições de segurança:
ao Derrubamento

Perfil transversal em curva, de raio R:

Extrad
o rso

Intrad
orso

Sobreelevação: SE = tg α α
(inclinação transversal, para “absorver”
parte da força centrífuga)
9
Traçado em planta – Estudo da directriz

Forças a que actuam sobre o veículo:

Fc G P - peso
Ft Fc - força centrífuga
P α Ft - força de atrito transversal
com:
m.v 2
Fc = P = m.g Ft = µ.N Onde N=.P. cos α
R

(coeficiente de atrito transversal pneu-pavimento)

Sobreelevação (i) = tang α

10
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.
Circulares Fc
Para que não ocorra deslizamento

Equilíbrio das forças segundo a direcção tangencial (direcção


faixa de rodagem):

Fc G
Ft = µ.N Fc.cos α
α
P.sin α
P α Fc
Fc.sin α
α
cosα<
FFc.c.cos sinαα++FFt t
α< PP. .sin P.cos α
P
cosα<
FFc.c.cos sinαα++µ.µ.PP. .cos
α< PP. .sin cosαα (...)

V2
RR〈〈
127.(SE + μ )
11
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.
Circulares
Para que não ocorra derrube
Equilíbrio de momentos em relação ao ponto A :
a
Fc.cos α
α
h Fc P.sin α
G Fc
Fc.sin α
A Ft α
P α P.cos α
P
c.cosαα.h
FFc.cos .cosαα.a
.h<<PP.cos .sinαα.h
.a/2/2++PP.sin c.sinαα.a
.h++FFc.sin .a/2/2

(...)
Em condições de instabilidade o veículo desliza
2
V (2.h − SE.a) antes de capotar, por isso, a situação mais crítica
RR〈〈
127.(2.h.SE + a ) relaciona-se com o deslize
12
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.
Circulares

Segurança em curvas
Uma vez que, para os valores de a e h dos veículos actuais, estes tenderão a
a derrubamento (capotar) então usa-se
deslizar (despiste) antes de sofrerem

2 h
V
RR〈〈 a 1,6
h . SE
127 (
0,8 + μ ) para estabelecer os Raios mínimos.

VB 40 50 60 70 80 90 100 110 120


Coef. atrito transv. 0,17 0,16 0,16 0,15 0,14 0,13 0,12 0,11 0,10
Deslizam. R > 52 86 123 175 240 319 414 529 667

Segundo as Normas
Derrubam. R > de11Traçado,
17 JAE:
25 34 44 55 68 83 99

Os valores mínimos absolutos são fixados admitindo o coeficiente de atrito


máximo para cada velocidade base e a sobreelevação máxima (7%).
Os valores mínimos normais são fixados impondo uma aceleração centrífuga
igual a metade do máximo admissível (0,22.g) e sobreelevação menor (5%). 13
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.
Circulares
Raios Mínimos Absolutos
fixados admitindo o coeficiente de atrito máximo para cada velocidade base e a sobreelevação máxima (7%).

Segundo as Normas de Traçado, JAE:

V2 *= V2
VB (km/h) μ SE R( m) ≥ R Normas (m) ac (× g)
127. (SE + μ ) 2
3,6 .R
40 0,17 0,07 52,5 55 0,229
50 0,16 0,07 85,6 85 0,232
60 0,16 0,07 123,2 130 0,218
70 0,15 0,07 175,4 180 0,214
80 0,14 0,07 240,0 240 0,210
90 0,13 0,07 318,9 320 0,199
100 0,12 0,07 414,4 420 0,187
110 0,11 0,07 529,3 560 0,170
120 0,10 0,07 667,0 700 0,162
130 0,09 0,07 831,7 900 0,148
140 0,08 0,07 1028,9 1200 0,129
* valor máximo admissível nas normas ≈ 0,22 g (ainda garante alguma segurança e comodidade) 14
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.
Raios Mínimos Normais
fixados impondo uma aceleração centrífuga igual a metade do máximo admissível (0,22.g) e sobreelevação
menor (5%).
Segundo as Normas de Traçado, JAE:

VB (km/h) SE R( m) ≥ 0,0715 x V 2 R Normas (m) a c*(× g)


40 0,05 114,4 110 0,11
50 0,05 178,8 180 0,11
60 0,05 257,4 250 0,11
70 0,05 350,4 350 0,11
80 0,05 457,6 450 0,11
90 0,05 579,2 550 0,11
100 0,05 715,0 700 0,11
110 0,05 865,2 850 0,11
120 0,05 1029,6 1000 0,11
130 0,05 1208,4 1200 0,11
140 0,05 1401,4 1400 0,11
* 50% do valor máximo admissível (50% x 0,22 g) 15
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.

Segundo as Normas de Traçado, JAE:


Exemplo: VB=50km/h

RMabs RMnor

VB (km/h) R Normas (m)


R Normas (m)
40 55 110
50 85 180
60 130 250
70 180 350
80 240 450 RMabs=85m;
90 320 550 RMnorm=180m
100 420 700
110 560 850
120 700 1000
130 900 1200
140 1200 1400

16
Homogeneidade de Traçado
Segundo as Normas de Traçado, JAE:

• Os raios de duas CURVAS CIRCULARES consecutivas não


devem diferir muito.

3 2
Relação a evitar

2
3

Relação a evitar
1 - Relação muito boa
2 - Relação boa
3 - Relação aceitável
17
Traçado em planta – Estudo da directriz
Circulação em Curvas Circulares.

MAS…

O estabelecimento de RAIOS MÍNIMOS não é a única recomendação feita nas


Normas de Traçado da JAE !!

É necessário que os raios confiram HOMOGENEIDADE ao traçado.

É necessário que os raios contribuam para que a directriz esteja bem


COORDENADA com o traçado em perfil longitudinal.

(aspectos a estudar posteriormente…)

18

Você também pode gostar