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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO PARÁ


CAPACITAÇÃO EM ASSOCIATIVISMO
INSTRUTORA: ANA ZAFFALON

NOÇÕES BÁSICAS
DE
ASSOCIATIVISMO

Instrutora
ANA ZAFFALON
2007

Criado por Ana Zaffalon. Não pode ser reproduzido sem autorização
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ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO PARÁ
CAPACITAÇÃO EM ASSOCIATIVISMO
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“PROJETO CONHECENDO E
MOBILIZANDO
O SOCIAL EM ALTAMIRA”

CAPACITAÇÃO EM ASSOCIATIVISMO-

FORMAÇÃO DE UMA ASSOCIAÇÃO

Instrutora
ANA ZAFFALON
2007

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CAPACITAÇÃO EM ASSOCIATIVISMO
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MÓDULO I
Segunda-Feira: 02/04/2007

Abertura

Apresentação do Grupo

Inscrições

Exposição do painel de expectativas;

Dinâmica: “Como você se sente hoje?” (carinhas)


a) Distribuição do material para resposta individual
b) Recolhimento e análise geral pela instrutora

Motivação para o Associativismo


a) Texto de Anderson de Andrade,
“A força do associativismo para um Brasil de resultados – O associativismo
surgiu já nos primórdios da humanidade, quando o homem percebeu a
necessidade de viver em grupos para caçar, se defender e cultivar. Na era
industrial foi obrigado a se organizar mais para enfrentar as condições precárias
de trabalho e na era atual, a era do conhecimento, é necessário buscar o
desenvolvimento econômico e social através de grupos estruturados e
preparados. Hoje, na era da globalização e da competição, precisamos em nosso
país de empreendedores que acreditem no associativismo, que percebam e
valorizem essa forma de representatividade e se tornem os agentes da
construção de uma sociedade de resultados. Empreendedorismo e associativismo
são aspectos fundamentais para transformar o Brasil num país de primeiro
mundo, estabelecendo o desenvolvimento econômico através de negócios que
possam crescer de forma sustentável. Somos um país de empreendedores
inteligentes e criativos, o sexto país mais empreendedor do mundo; os
empreendedores brasileiros são capazes de conhecerem-se a si mesmos, tem

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grande capacidade de comunicação e buscam constantemente conhecimento
para inovar (sua presença nesta capacitação é uma prova disto). O pacote
tributário insaciável do Governo está contribuindo para que os empreendedores
se juntem de maneira coletiva em defesa de seus direitos, para fiscalizar e
segurar a implantação de novos impostos pelo governo, através de uma
ferramenta de grande poder e alcance que é o associativismo. Para o Brasil se
tornar um país de resultados a saída está no empreendimento de micro e
pequenas empresas. São elas que conseguem realizar a melhor distribuição de
renda regionalizada. Mas são também as empresas que vivem todo um mar de
incertezas, atuam na informalidade, sofrem pela falta de ferramentas para divulgar
o seu negócio (marketing), pela falta de acesso a crédito facilitado, poucos canais
para exportação, pela total inexistência de reciclagem e atualização de
conhecimento, entre diversos aspectos relevantes. O empreendedorismo,
organizado através do associativismo é a mola propulsora para o
desenvolvimento econômico e social, contribuindo para condições iguais ou
similares entre nações pobres e ricas. Os empreendedores precisam atuar em
conjunto, em rede, unindo cada vez mais forças para a mudança e a conquista de
um Brasil de resultados. Temos que perceber isso, deixar as diferenças de lado e
lutar pelas semelhanças. O associativismo é a bandeira para um “Brasil de
resultados”. Associe-se já!

Dinâmica para conhecimento do grupo


a) “Este é meu amigo” – um minuto para cada membro do grupo
apresentar a pessoa ao seu lado – associação com algum tipo de equipamento ou
animal – com cinco defeitos e cinco qualidades.

Discussão sobre o Tema “Introdução ao Associativismo”


a) Para participar do desenvolvimento da sociedade de forma
consciente e organizada é necessário que discutamos em grupo como
entendemos a vida de nossa comunidade, definindo o futuro que desejamos.
Desde o início dos movimentos, a troca de idéias entre as pessoas, para
solucionarem problemas comuns, foi colocada como prática necessária e

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insubstituível. Ao se apropriarem do saber as pessoas se apropriam do poder de
modificar a realidade, provando ser possível conquistar pelas próprias mãos um
mundo melhor e mais digno. Esse hábito democrático acompanha o crescimento
do movimento associativista e torna possível a permanente articulação de seus
representantes, enfatizada em sucessivos congressos, desde o século passado.
É preciso debater constantemente, o papel do associativismo na era atual
para o fortalecimento da prática associativista, refletindo sobre os objetivos de
suas organizações e para que, atualizados e aperfeiçoados, sejam à base das
estratégias de desenvolvimento do sistema de associações existentes. A troca de
idéias e experiências independe do ramo e da área de atuação de cada
associação. As associações são organizações abertas à participação de todos,
independentemente de sexo, raça, classe social, opção política ou religiosa. Para
participar, a pessoa deve conhecer e decidir se têm condições de cumprir os
acordos estabelecidos pela maioria.

Formação de Grupos para avaliação do Tema

Tarefa extra-sala: fazer relato sobre expectativa de sua comunidade quanto à


associação e o produto principal de atuação;

Dinâmica de relaxamento e encerramento dos trabalhos do dia.

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MÓDULO II
Terça-Feira: 03/04/2007

Abertura dos trabalhos do dia

Tema: Importância da necessidade das associações comunitárias na zona urbana


e rural

Administração das associações e das reuniões de grupo


a) Os administradores de uma associação, não são executores
individualistas, mas os responsáveis pela agregação do trabalho de todos alem de
organizar e coordenar as reuniões do grupo. Para isso, deverá: - Ter
conhecimento e domínio sobre as informações sobre associativismo amplo e
variado; - Ter capacidade para lidar com os associados; - Ser um agente de
incentivo e direcionador de mudanças; - Ser um agente de repasse de
informações; - Ter a motivação necessária para incentivar o grupo; - Buscar
soluções para os problemas comuns; - Saber atrair o grupo para as reuniões
ordinárias e extraordinárias de discussões coletivas; - Tem que saber planejar,
organizar, coordenar, dirigir, controlar, comunicar e principalmente, tem que ter
liderança para agregar o grupo com habilidade. Não basta querer fundar e
comandar uma associação, é preciso ter persistência e empenho para vencer os
obstáculos e as primeiras dificuldades para que o grupo não seja desestimulado.
É preciso liderar sem ordenar. O verdadeiro líder, é seguido naturalmente por
seus liderados, com a confiança e credibilidade conquistadas ao longo da
convivência comunitária. A questão principal então, é alicerçar; nas comunidades,
ações que combatam os insucessos presentes nos pequenos empreendimentos
formados a partir da união de pessoas com objetivos comuns, para que elas
construam a história e façam a identidade local ser reconquistada, fornecendo a
formação necessária para que elas possam sentir o quanto pode contribuir para o
seu bem-estar e o de sua comunidade.

Respeito nas Relações Interpessoais

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a) Sucesso é fazer o que você não gosta...! Quando você começa a sentir-
se a pessoa mais importante do mundo, é o início do seu fim...! O homem tem
necessidade de relacionar-se com outras pessoas, sentir-se integrado, no
entanto, divergências pessoais costumam gerar desavenças e discussões alheias
ao grupo. É preciso que haja respeito e companheirismo para uma meta comum.
Antes de me dirigir ao companheiro, é preciso que me coloque em seu lugar para
avaliar como “eu” receberia a abordagem daquela forma. Ditado Bíblico diz: temos
dois ouvidos e uma boca, para ouvir mais e falar menos. Cuidado com
abordagens agressivas e desnecessárias, evitando-se conflitos no grupo. Cada
um possui seus simpatizantes...

Dinâmica do “Corpo de Boneco”


a) Formação de duas equipes. Uma forma o boneco integral, a outra, faz
por partes individuais. Fornecer cartolina e pincéis.

Avaliação do conceito de cooperação e entrosamento

Exercícios com música


a) Imitar gestos de animais durante execução da música.

Discussão sobre o tema “Comunicação e liderança nas comunidades”


a) Comunicação entre os seres humanos é uma das coisas mais
críticas que existe, especialmente na língua portuguesa, onde nem sempre o que
se pretende comunicar é o que acaba sendo escrito. Uma boa comunicação exige
clareza, discrição e uma linguagem no nível de quem recebe a comunicação.
Saber ouvir é importante. Quem recebe uma comunicação e não consegue
interpretá-la, não pode dizer que sabe se comunicar. A liderança pode ser
definida como a habilidade que uma pessoa tem de exercer influencia
interpessoal, utilizando os meios de comunicação que levem as outras pessoas a
se envolverem e participar do processo operacional de uma empresa ou num
projeto, empregando toda a sua criatividade para atingir determinado objetivo.
Existe uma diferença entre liderança encarada como um atributo pessoal,, onde o

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indivíduo influencia as pessoas por ter qualidades pessoais reconhecidas por
todos, e a liderança derivada de uma função na empresa ou grupo decorrente de
autoridade de uma cadeia de comando. Os comportamentos de um líder, voltado
para o planejamento, informação, avaliação de controle, alem do estímulo e
recompensa de vir auxiliar o grupo a atingir seus objetivos, é um dos indicativos
de direcionamento do grupo.

Extraclasse: “Você se acha um líder?”

Dinâmica com mensagem

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MÓDULO III
Quarta-Feira: 04/04/2007

Conceitos de Associativismo;
a) A reinvenção da organização solidária porta em si uma espécie de
ressurreição de valores que fazem parte da cultura do movimento operário:
solidariedade, autogestão, autonomia, mutualismo, economia moral e outros.
Nesse sentido, organização solidária e autogestão, se não são sinônimos, são
termos que caminham juntos.Apesar da diversidade de conceitos, pode-se
caracterizar a organização solidária como o “conjunto de iniciativas coletivas, com
um certo grau de democracia interna e que visam o trabalho comunitário de forma
privilegiada na organização social, em benefício de seus associados, seja no
campo ou na cidade”. Na atualidade, o desemprego estrutural e a busca de
direitos coletivos vêm fazendo ressurgir com força, a organização solidária,
reinventando um NOVO ASSOCIATIVISMO, com a volta aos princípios de
valorização à democracia e à igualdade dentro dos empreendimentos, a
insistência à AUTOGESTÃO, no entanto, a reinvenção e o avanço da organização
solidária não dependem apenas das pessoas envolvidas, ela não prescinde do
apoio do Estado e do fundo público. Cumpre afirmar que, para uma ampla faixa
da população, construir uma associação solidária depende primordialmente dela
mesma, de sua disposição de aprender e experimentar, de sua adesão aos
princípios da solidariedade, da igualdade e da democracia e de sua disposição de
seguir estes princípios na vida cotidiana. O associativismo representa para muitos
produtores, a possibilidade de agregar valores aos seus produtos e à garantia de
comercialização. Na maioria dos estados brasileiros, temos incontáveis iniciativas
de sucesso em vários setores econômicos. Na região de Santa Izabel, próximo a
Belém, os produtores rurais vêm mantendo há bastante tempo, a produtividade e
o comércio para pequenos criadores de frango de corte em sistema
associado/cooperado que iniciaram suas atividades financiadas por empresas
privadas que descobriram o filão da terceirização para criação dos frangos
beneficiados por eles, reduzindo custos principalmente no setor trabalhista, com a
terceirização, houve uma significativa redução dos encargos sociais já que na

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maioria das vezes, o pequeno produtor agia como prestador de serviços junto
com sua família, sem vínculos empregatícios, com isso, surgiram as primeiras
organizações associativistas, diante da necessidade de garantir direitos aos
produtores e um melhor preço final para seu produto. As empresas investiram na
ampliação da produção terceirizada enquanto reduziam o trabalho, concentrando
esforço no beneficiamento dos produtos ou para negociação junto às grandes
empresas, garantindo o melhor preço e a colocação de toda a produção no
mercado. Benefício vantajoso para todos os associados. É preciso que haja o
entendimento claro de que “Associação, é um grupo de pessoas em prol de
alguma coisa, grupo de pessoas que se associam para resolver alguns
problemas, grupo organizado para resolver os problemas da comunidade”.
Cooperativa, é um grupo organizado dirigido por seus associados visando
benefício coletivo. Para iniciar uma cooperativa, são necessárias 20 pessoas no
mínimo, sendo de grande importância, a participação ampla da comunidade. Para
criar uma associação, é de grande importância, reunir o maior número de pessoas
da comunidade que tenham interesses comuns e que queiram fazer parte das
discussões e decisões da coletividade, sem haver uma quantidade pré-
estabelecida. É preciso lembrar, que uma associação, não visa e não traz lucro, a
não ser; os trazidos automaticamente pela união da maioria em busca de
soluções coletivas. O primeiro passo, para constituição de uma associação, é a
reunião dos interessados, para discutir o principal ponto de atuação da
associação, quais diretrizes seguir, qual sua finalidade específica, o que
esperamos conquistar com a união da comunidade? Depois de levantados todos
esses pontos, é preciso discutir a elaboração do estatuto, obedecendo ao novo
Código Civil Brasileiro.
Deixando clara, a necessidade dos recursos para legalização da
associação, como o registro do estatuto, das atas de constituição e de posse da
diretoria e do CNPJ, apesar de ser um baixo custo, ele é real e tem que ser
rateado entre todos os associados.
b) O associado é parte integrante e decisiva, portanto, participa de
todas as decisões e da divisão dos custos, assim como, de ser beneficiado pelas
conquistas alcançadas pala associação. É importante frisar que a maioria das

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associações investe na união de grupo, para buscar vantagens coletivas, e para
agregação de valores aos produtos de fabricação local para comercialização e
para acesso a comércios que reduzam custos na aquisição de matéria prima,
defensivo, adubos e material de uso agrícola (em sua área de atuação, como ex:
tecidos, veículos, etc); muitas implantam parcerias com supermercados,
farmácias, etc, para beneficiar seus associados com descontos ou facilidades pré-
acordadas. O associativismo e o cooperativismo visam à união de grupos em
busca de um objetivo comum. As associações são grupos que se unem
basicamente em busca de seus direitos.

Valores e princípios
a) As associações trabalham para o bem estar de suas comunidades,
através da execução de programas sócio-culturais, realizados em parceria com o
governo e outras entidades civis. Todos contribuem igualmente para a
implantação de serviços ou aquisição de bens para uso comum, sendo controlada
toda a movimentação financeira, seja de contribuições dos associados ou de
convênios, pelos tesoureiros eleitos com a diretoria, pelas quais deverão prestar
contas em conformidade com o estatuto da entidade. É objetivo permanente da
associação, como princípio, destinar ações e recursos para formar seus
associados, capacitando-os para a prática associativista e para a participação
democrática nas assembléias da associação. Buscando ao mesmo tempo,
informar o público sobre as vantagens da associação organizada, estimulando a
expansão de técnicas associativista.

A participação do sócio – deveres e direitos do sócio;


a) As formas de associação, os direitos e deveres dos sócios, serão
discutidos e elaborados no estatuto de criação da associação.

Associativismo de Produtores Rurais ou Comunitárias – objetivos e vantagens;


a) O maior objetivo do associativismo é orientar grupos que buscam
organizar-se em associações, possibilitando o desenvolvimento em todas as suas
fases. Gerar associações aptas a enfrentar o contexto interno e externo ao

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ambiente associativista. Contribui para a credibilidade do sistema da organização
comunitária. Vemos muitas vantagens no associativismo, como saída para as
dificuldades enfrentadas pelo indivíduo e para os problemas comuns que
analisados por um grupo, junta idéias e acaba apresentando soluções para todos.

Diferenças entre o Sindicato de Produtores Rurais, as Associações e as


Cooperativas;
a) Apesar de a população brasileira ser taxada de esquecida, mesmo a
juventude, conhece a história de luta de muitos sindicatos de classe do país, entre
eles, o mais famoso, que plantou a semente para a chegada ao poder da classe
operária, que foi o sindicato dos metalúrgicos do ABC paulista. A hostilidade dos
empregadores diante dos radicalismos e sucessivas greves promovidas pelos
sindicatos previam que a grande aventura sindical estava chegando a um fim sem
glória. Este fato também é uma das origens da organização e da economia
solidária. Será justo chamar esta fase inicial de sua história de “cooperativismo
revolucionário”, o qual jamais se repetiu de forma tão nítida. Ela tornou evidente a
ligação essencial da economia solidária com a crítica operária e socialista do
capitalismo. Apesar de inúmeras derrotas, permaneceu viva a idéia de que
“trabalhadores associados poderiam organizar-se em empresas autenticamente
autogestionárias e desafiar assim, a prevalência das relações capitalistas de
produção. Com o enfraquecimento, os sindicatos perderam sua capacidade de
lutar pelos direitos dos trabalhadores”. Se analisarmos as funções dos Sindicatos
Rurais hoje, veremos que sua maior atuação está restrita à garantia de acesso ao
benefício de aposentadoria rural. Esses sindicatos pararam no tempo e sua
maioria, se acomodou na falta de expectativa de novas iniciativas que trouxessem
seus associados à militância. As associações rurais também restringiram seu
campo de atuação em busca de direitos sociais, abandonando a busca de
informações e de perspectivas de interesse econômico para a coletividade. Na
atualidade, vemos o enfraquecimento dos sindicatos como um alerta para o
surgimento de outro tipo de organização comunitária que invista no coletivo como
alternativa para superar e vencer a crise do desemprego nas cidades e no campo.

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O associativismo hoje é a organização comunitária que visa à proteção e defesa
do indivíduo através de ações coletivas, assim como, o cooperativismo.

As modalidades de associativismo – diferenças e semelhanças;


a) Nas cidades, vemos associações ou cooperativas de crédito, de
confecções, transporte, enfim um leque infinito de iniciativas vencedoras em sua
maioria. Na zona rural, também encontramos variados tipos de cooperativas, mas
as de plantadores de cana de açúcar e de derivados de leite se destoam pelo
grande número, estando presentes em quase todo o país, diferentemente
daquelas que trabalham com produtos regionais como as de confecções, comuns
no nordeste brasileiro. Todas elas, no entanto, têm em comum a dedicação e
esforço de seus fundadores que investiram no capital humano como patrimônio
principal dessas entidades. O caso da cooperativa da usina Abraham Lincoln de
Medicilândia, em nossa região, é um caso à parte, pois percebemos claramente
que um dos motivos de suas dificuldades, foi gerado pelo envolvimento político de
alguns de seus membros. Trazendo como conseqüência a falta de credibilidade
para seus cooperados diante do associativismo. É preciso manter os interesses e
vaidades pessoais longe da administração das cooperativas, jamais o indivíduo
deve sobressair-se ao coletivo.

Discussão sobre a expectativa dos grupos e do indivíduo

Compreensão dos pontos-chave da cultura associativista;

Importância da aceitação e difusão dessa cultura

Compreender a importância da educação associativista

Discussão sobre o conceito de gestão.


Encerramento dos trabalhos do dia com solicitação de sugestão para tipo de
associação ideal para a comunidade local.
Extra-sala.

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MÓDULO IV
Quinta-Feira: 05/04/2007

Reabertura dos trabalhos com exposição das sugestões.

Discussão sobre os procedimentos que inviabilizam uma organização coletiva;

Procedimentos para constituição de uma associação com anexos:

A - REUNIÃO INICIAL

1- Reunir as pessoas interessadas na fundação da Associação, que


tenham disponibilidade e interesse no desenvolvimento de trabalho comunitário

2- Discutir e aprovar o nome da Associação.

B - CRIAÇÃO DO ESTATUTO

3- Discutir e aprovar as regras básicas que serão seguidas pelos


integrantes da Associação, ou seja, o ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO.
4- Neste Estatuto, por força de lei (artigos 128 e 129 do decreto 4.857 de
9/11/1939 e artigo 19 do Código Civil), obrigatoriamente deverá conter:

a) Denominação (nome da Associação) - art. 1º;


b) Os fins (qual a finalidade da Associação) - art. 3º;
c) A sede (endereço, que pode ser provisório) - art. 2º;
d) Tempo de duração previsto (geralmente indeterminado) - art. 5º;
e) O modo que será administrada e representada a Associação (geralmente pelo
presidente, ativa e passivamente, e judicial e extra-judicialmente) - art. 39 letra K;
f) Meios que o Estatuto pode ser alterado (geralmente pela Assembléia Geral, por
maioria simples dos votos) - art. 57;
g) Se os sócios e a diretoria, respondem ou não subsidiariamente pelas
obrigações sociais e responsabilidades assumidas pela Associação (geralmente
não) - artigos 25, 60 e 63;

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h) As condições de extinção da Associação e o destino de seu patrimônio - artigos
5º e 28.

C - ELEIÇÃO DA 1ª DIRETORIA

6- Depois de aprovado o Estatuto, deverá ser eleita a 1ª Diretoria da Associação,


composta de 6 pessoas: Presidente, Vice-Presidente, 3 membros efetivos e 1
suplente do Conselho Fiscal, sendo que para estes 4 últimos existem restrições
quanto ao parentesco com o Presidente - art. 36.

D - ATA DE FUNDAÇÃO E ELEIÇÃO

7- Fazer o "relatório" desta reunião, ou seja, a ATA DE FUNDAÇÃO da


Associação, manuscrevendo-a para o LIVRO DE ATAS DA ASSEMBLÉIA
GERAL, com duas cópias digitadas ou datilografadas.
8- A ATA DE FUNDAÇÃO, manuscrita no Livro de Atas e digitadas ou
datilografadas em duas vias originais, deverá ser assinada ao final e suas paginas
rubricadas por todos os presentes, bem como por um advogado.

E - REUNIÃO DE DOCUMENTAÇÃO

9- O Estatuto em duas vias originais deverá ser datado e assinado pelo


presidente da Associação e por um advogado, devendo ainda, todas as páginas
serem rubricadas.
10- As duas cópias do Estatuto, deverá ser enviada à Federação relacionada ao
tipo de associação criada para aprovação (art. 58).
11- Fazer em duas vias originais, a RELAÇÃO DOS SÓCIOS FUNDADORES
presentes na reunião de fundação da Associação, com as respectivas
qualificações civis: Nome, Estado Civil e profissão. Esta relação deverá ser
datada e assinada pelo Presidente da Associação.
12- Fazer em duas vias originais, a RELAÇÃO DA 1ª DIRETORIA, com os cargos
eletivos (Presidente e Vice-Presidente) e os escolhidos pelo Presidente (Diretor
Técnico-Desportivo, Diretor Administrativo-Financeiro-Patrimonial e Diretor Social)
com a respectiva qualificação civil completa: Nome, estado civil, profissão, n° dos

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documentos de identidade e CIC, e endereço. Esta relação deverá ser datada e
assinada pelo Presidente da Associação.
13- Fazer em duas vias originais, a RELAÇÃO DO CONSELHO FISCAL eleito,
com a respectiva qualificação civil completa: Nome, estado civil, profissão, n° dos
documentos de identidade e CIC, e endereço. Esta relação deverá ser datada e
assinada pelo Presidente da Associação.

F - REGISTRO DA ASSOCIAÇÃO

14- Registrar a Associação no "Cartório do Registro Público de Títulos e


Documentos" ou "Cartório de Registro Especial" na cidade sede da Associação,
através dos seguintes procedimentos:

a) Fazer OFÍCIO ao Oficial do Cartório, requerendo o registro da Associação, bem


como de seu Estatuto, de seus Sócios Fundadores, de sua 1ª Diretoria e de seu
Conselho Fiscal eleito.
b) Anexar ao ofício os seguintes documentos:
· 2 vias originais da ATA DE FUNDAÇÃO digitada ou datilografada;
· 2 vias originais do ESTATUTO DA ASSOCIAÇÃO, aprovados pela FMC;
· 2 vias originais da RELAÇÃO DOS SÓCIOS FUNDADORES DA
ASSOCIAÇÃO;
· 2 vias originais da RELAÇÃO DA 1ª DIRETORIA;
· 2 vias originais da RELAÇÃO DO CONSELHO FISCAL eleito.

G - CNPJ

15- Com a Associação e seus documentos registrados, providenciar o CNPJ


(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) da Associação, através dos seguintes
procedimentos:

a) Tirar cópias autenticadas em um cartório, do Estatuto da Associação e da ata


de fundação e eleição da diretoria.
b) Dar entrada com a documentação na Junta Comercial de sua cidade.

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Discussão sobre as funções da associação
a) Pede-se a cada equipe que faça uma reflexão e diga o significado
das funções da associação, relembrando a importância de cada função:
1) Equipe I – Assembléia Geral – Existe dois tipos de assembléia geral.
A ORDINÁRIA que é aquela na qual se é tomada todas as decisões em relação à
associação, quem decide é a maioria. E a EXTRAORDINÁRIA quando acontecer
um fato novo em que não se possa esperar a assembléia ordinária.
2) Equipe II – Conselho de Administração ou Diretoria – “É aquele que
foi composto para dirigir a associação, dura no mínimo 02 e no máximo 04 anos,
nele é pensado o que foi decidido pela assembléia, toma as decisões e faz
cumprir o que foi decidido”.
3) Equipe III – Conselho Fiscal – “Tem dois cargos, um efetivo e
outro suplente. Tem a função de identificar possíveis injustiças ou erros por parte
da tesouraria. O que não quer dizer que não fiscalizem que não fiscalizem outras
instancias da organização, o conselho fiscaliza tudo observa e controla o que
acontece na associação”.
4) Equipe IV – Estatuto Social. “Ele é quem rege a associação, é
quem diz o que podemos ou não podemos fazer. Nele está o direito da
associação”.
5) Equipe V – Regimento Interno. “São as regras e as Leis que
regem a associação. É diferente do estatuto. Não é padronizada. É particular a
toda associação. Trata de organização”.
6) Equipe VI – Associado. “Membro participativo e atuante nas
deliberações das assembléias, normalmente, com poder de voz e voto.”.

Orientações para organização associações e roteiros para constituição e registro


à luz da Lei e do novo Código Civil (anexos)

Mensagem
Elaboração do projeto de uma associação
Encerramento dos trabalhos do dia com relaxamento

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MÓDULO V
Sexta-Feira: 06/04/2007

Avaliação geral

Dinâmica: “Como você se sente hoje?”

Encerramento.

Um grande abraço,

Palestrante

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ASSOCIATIVISMO

É bastante antiga a vontade de associar interesses e idéias para, a partir da


compreensão da realidade e com princípios deliberadamente articulados e a
constituição de forças aglutinadoras e iniciativas de cooperação, ir a busca de ações
para a concretização de interesses comuns.

Presente entre os seres vivos desde os primórdios dos tempos, a prática associativa
vem se perpetuando, sustentando a sobrevivência e a evolução das espécies. O
associativismo constitui-se numa exigência histórica e profunda de melhorar a
qualidade da existência humana. O social é a ambiência normal do humano. O homem
como um ser social se agrega. O associativismo é tido como uma das melhores
possibilidades, pois faz com que a troca de experiências e a convivência entre as
pessoas se constituam em oportunidades de crescimento e desenvolvimento.
Entretanto, ao referir-se ao assunto, LINHARES (apud Alvritzer, 1997, p.157) diz que
“a sociedade latino-americana, no momento da independência, é débil devido às
próprias concepções dos atores acerca das suas formas de ação, concepções essas,
marcadas pelas formas específicas de organização societária prevalecentes naquele
momento. Será apenas a partir da segunda metade do século XX que ocorrerão os
primeiros indícios de constituição de um associativismo civil débil, porém baseado em
modernas formas de ação.”

A enorme diversidade cultural sempre esteve presente na formação da sociedade


brasileira e culturas diferentes, podem dificultar o processo de associativismo,
iniciando pela própria comunicação a dificultar os relacionamentos. As especificidades
regionais consolidadas passam a ter forte influência sobre o associativismo, diante do
que; se torna fácil associar a lentidão da energia do associativismo.

Os fundamentos de uma sociedade solidária se inscrevem dentro de um movimento de


ampliação da democracia e ganham novas nuances com formas alternativas de
organizações sociais, passando a ser também revigorada pela prática empresarial
contemporânea num sentido reativo e defensivo da eficiência produtiva, a congregar
interesses diversificados, aparecendo em todo o tempo agrupamentos específicos em
forma de redes, clusters e outros que ora concorrentes, ora parceiros, melhor permitem
intervenção na sociedade e junto dos poderes, especialmente de situações bastante
complexas. Essa abordagem de estratégia do associativismo competitivo no contexto
do paradigma do desenvolvimento empresarial, não é aqui objeto de exploração.

O período de redemocratização no Brasil, que se iniciou na década de 80, trouxe


intrínseco ao seu bojo e com vasto potencial, a emergência de novas práticas
associativas. No Artigo 174, § 2º, da Constituição Federal Brasileira está consagrada a
liberdade de associação quando estabelece que “a lei apoiará e estimulará o
cooperativismo e outras formas de associativismo”. Ela determina ainda em seu Artigo
5º - Inciso XVIII que a “a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento.” Como se vê o momento é favorável para a participação, pois o texto

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Constitucional também ampliou a possibilidade de participação da sociedade civil na


gestão pública, presente nos Artigos 194, 198, 204, 206 e 227, além de leis que
regulamentam os diversos artigos, abrindo espaços efetivos de decisão política acerca
da gestão de determinada política pública.

Com efeito, na atualidade o desafio é a inserção social do cidadão e, como diz


Rodrigues (2004, p.1),

“os atores sociais mais importantes não são os cidadãos individualmente, mas as
corporações em que se envolvem e de cuja atuação passa a depender em grande
medida os interesses individuais”. Entretanto, o desejo de ser ator se pauta “no desejo
que todo indivíduo e/ou grupo social tem de resistir ao seu próprio desmembramento
num universo em movimento, sem ordem ou equilíbrio”. (UNIRCOOP, p.14)

A vida associativa é presença em muitas áreas de atividades humanas, mormente


traduzidas em condições que visam contribuir para o equilíbrio e estabilidade social e a
esse respeito cabe destaque ao que escreve Frantz (2002. p.1),

“O associativismo, com o sentido de co-operação, é um fenômeno que pode ser


detectado nos mais diferentes lugares sociais: no trabalho, na família, na escola etc. No
entanto, predominantemente, a co-operação é entendida com sentido econômico e
envolve a produção e a distribuição dos bens necessários à vida.”

A presente reflexão sobre associativismo e cooperação tem como denominador comum


o sentido humano, em que o espaço da participação, da decisão responsável e
sustentável representa novos paradigmas, formadores de uma nova consciência de
parceria e cidadania para a construção compartilhada. Dificuldades de se concretizar
este discurso? Com certeza, mas é manifesto que o associativismo apresenta-se, não
como uma panacéia, mas como possibilidade altamente valiosa aplicável em muitos
casos e que, felizmente, vai já merecendo o interesse de numerosos atores da sociedade
civil e mesmo da comunidade empresarial. A. sustentabilidade social tem a ver com a
relação que mantemos conosco mesmos e, fundamentalmente, com os outros. Para
Freire (1987), “a força do coletivo se faz com um sentimento social livre do
individualismo, em que cada um seja capaz de usar sua liberdade para ajudar os outros
a se libertarem, através da transformação global da sociedade.”

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O associativismo e sua relação com o desenvolvimento

Nesta discussão o associativismo se faz entendido como uma força estratégica para a
melhoria das condições locais de vida das pessoas e de uma população, sob todas as
suas dimensões, culminando com a idéia de desenvolvimento.

Sergio C. Buarque (2002, p. 25) conceitua desenvolvimento local “como um processo


endógeno de mudança, que leva ao dinamismo econômico e à melhoria da qualidade
de vida da população em pequenas unidades territoriais e agrupamentos humanos”. O
desenvolvimento posto como um modelo que contém uma perspectiva nascida,
fortalecida e sustentada na auto-organização social é o aqui acolhido.

Considera Frantz (2002) que “desenvolver-se não significa seguir um rumo


previamente inscrito na vida social, mas exige a construção das próprias condições
dessa vida social pela ação dos homens. No processo do desenvolvimento local é
imprescindível o reconhecimento da multiplicidade e diversidade das potencialidades
humanas.” A seu ver o nosso modo de ser e de fazer as coisas carrega marcas
profundas de uma cultura de competição e da lógica do mercado.

Não existe o econômico sem o social, o social é fundante, determinante, o econômico é


derivado, resultado, subordinado.

“Reconhecer a agência humana como propulsora do desenvolvimento abre espaço à


cultura, à educação, aos valores. Como decorrência, recoloca o problema do
desenvolvimento nos espaços locais, nas proximidades humanas, nas relações entre as
pessoas, nos espaços do associativismo e das práticas cooperativas.” (Frantz, 2002,
p.30).

As organizações associativas abrigam um complexo sistema de relações sociais que se


estruturam a partir das necessidades, das intenções e interesses das pessoas que
cooperam no sentido de fazer frente a naturais debilidades. Da dinâmica dessas
relações nascem ações no espaço da economia, da política, constituindo-se em
processos de aprendizagem e estruturas de poder.

Com certeza, essa aprendizagem os homens a estão fazendo, acima de tudo, a partir
das dificuldades, das contradições, inerentes a esse processo social de
desenvolvimento. “(...). A aprendizagem acontece como um produto da divergência,
pois na concordância pouco se aprende.” (Frantz, 2002).

Fica, pois, claro que o fomento do associativismo constitui a pedra angular do


desenvolvimento e cuja problemática está em captar as contradições e organizar as
pessoas, uni-las e engajá-las harmoniosamente em torno de interesses comuns, dando
atendimento às suas necessidades coletivas e até individuais. O associativismo cinge
necessidades, interesses e vontades, é o lugar dos debates, das iniciativas, dos acordos.
A organização associativa instrumentaliza os mecanismos que dão concretude às
demandas sociais e que fazem dos homens, com tempo e vagar, sujeitos de seu próprio

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destino, tornando-os mais próximos da busca de autonomia na promoção do


desenvolvimento local.

A cooperação passa a ser a força indutora que modifica comportamentos e abre


caminhos para incorporar novos conhecimentos, criando um tecido flexível mediante o
qual se enlaçam distintos atores, produzindo um todo harmônico culminando no
estabelecimento de uma comunidade de interesses em uma estrutura que deve ser
ajustada para refletir os padrões de comunicações, inter-relações e cooperação,
reforçando a identidade do associativismo e a dimensão humana.

Neste ponto cabe resgatar que “nada é mais precioso que o humano.

O quadro no Brasil, está representado por uma enorme evolução do surgimento de


novas organizações associativas tanto no meio rural como urbano e se dá de forma
dispersa caracterizando o resultado das ações de um conjunto de pessoas articuladas
com vistas a superar dificuldades, criando uma espécie de capital social sem mesmo
que elas queiram ou percebam, mas que já é um beneficio das relações estabelecidas.

A presença associativa representada é vigorosa, 19 %, mesmo incluindo a força do


associativismo de base religiosa. Por outro lado há de se considerar a marcante
presença do segmento não participante do associativismo e aí persiste a questão: a não
participação é de interesse dessas pessoas ou está vinculada às raízes históricas da
baixa propensão associativa do país relatadas na literatura?

Considerações finais

O ensaio apresentado tomou como princípio as diversas contribuições sobre


associativismo, sua obra em uma sociedade culturalmente capitalista para destacar,
num cenário mais amplo a realidade em que se inscreve o caso brasileiro. Os caminhos
percorridos permitem perceber que a adesão ao associativismo, embora consistente,
ainda se mostra insuficiente para conter desigualdades sociais e econômicas, e, em
maior instância, desigualdade política. Há necessidade de persistir nesse caminho
soerguendo uma cultura de jeitos próprios de solucionar problemas, de participação e
mediação no diálogo entre a comunidade e os poderes em todas as direções, ao
encontro de outras ações de enfrentamento às dificuldades, à apatia e exclusão, visto
ser na intensificação da resistência dos agentes humanos que está a possibilidade de
superar enfoques assistencialistas e construir-se o poder propositivo de ação,
estratégico da vida associativa para a melhoria da produtividade social.

A força social está na capacidade de, num processo de diálogo construtivo, ampliar o
conhecimento, daí a capacidade de ação do grupo se estabelece e as atividades
realizadas de forma comunitária e, em essência, coletiva determinam um processo de
cidadania emancipada, fortalecem e estendem as discussões, induzindo e assentando o
processo de desenvolvimento, originalmente local.

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