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NOTAS SOBRE OS AUTORES_

Leonardo Benevolo_História da Cidade

Leonardo Benevolo nasceu em Orta, Piemonte, em 1923. Arquiteto, urbanista e um dos


mais célebres estudiosos da história do ofício, Benevolo formou-se na Universidade de
Roma em 1946. Lecionou história da arquitetura nas universidades de Roma, Florença,
Veneza, Palermo e da Suíça italiana, e foi professor visitante em Yale, Columbia,
Caracas, Teerã, Rio de Janeiro e Hosei (Tóquio). É doutor honoris causa pela
Universidade de Zurique e pela Sorbonne. Entre suas principais obras constam: História
da arquitetura moderna, História da cidade e A cidade e o arquiteto (todas publicadas no
Brasil pela editora Perspectiva). Publicou ainda Storia dell’architettura del
Rinascimento (2002) e Le origini dell’urbanistica moderna (2005), entre outras.
Atualmente, Benevolo tem seu escritório de arquitetura em Brescia.

John Summerson_A Linguagem Clássica Da Arquitetura

Sir John Newenham Summerson CH CBE (25 de Novembro de 1904-1910 Novembro


de 1992) foi um dos principais britânico historiadores da arquitetura do século 20.
Ele nasceu em Coatham Munderville, perto de Darlington , no Hall Garth, que era a
casa do seu avô, que trabalhava para a Stockton e Darlington Railway e fundou a
fundição da família de Thomas Summerson e Filhos em Darlington em 1869. John
Summerson foi educado em Harrow e da University College de Londres , onde ganhou
um grau de bacharel em 1928. Ele escreveu principalmente sobre a arquitetura britânica,
especialmente a da era georgiana . Sua arquitetura na Grã-Bretanha: 1530-1830 (1 ª
edição 1953, muitas edições posteriores) manteve-se uma obra padrão sobre o assunto
para estudantes e leitores em geral, após a sua morte. A Linguagem Clássica da
Arquitectura (1963) é uma introdução aos elementos estilísticos do clássico arquitetura
e traços da sua utilização e variação em diferentes épocas.Ele também escreveu muitos
trabalhos mais especializados,incluindo livros sobre Inigo Jones e da Geórgia de
Londres,bem como a arquitetura do século XVIII(1986),no qual descreve Boullée de
forma positiva,afirmando que este foi claramente o ponto de partida para um dos mais
audaciosos inovadores do século – Claude Nicolas Ledoux.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA_
BENÉVOLO, Leonardo. História Da Cidade. São Paulo: Perspectiva, 1993.
SCOTT, Geoffrey. Arquitectura del humanismo. Barcelona: Barral, 1970.
SCRUTON, Roger. Estética da arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1983.
SILVA, Elvan. O Imaginário do ofício na arquitetura. Tese de Doutorado.
Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS.
Porto Alegre, 2005.
SUMMERSON, John. A linguagem clássica da arquitetura. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
WITTKOWER, Rudolf. Arquitectural principles in the age of humanism.
RENASCIMENTO ITALIANO_
Por muito tempo o Renascimento Italiano foi conhecido como um período sem
princípios arquitetônicos ou teoria própria, ainda hoje desvinculá-lo da imagem
extremante matemática, técnica e conceitual se torna difícil. Um pensamento errôneo
que se baseia no excessivo uso do tratado de Vitrúvio, único arquiteto da Antiguidade
cujo material sobreviveu os anos. Os dez livros do mesmo vieram a se tornar o manual
pratico do arquiteto romano do século I d.C graças aos conhecimentos tradicionais de
construção,os exemplos e as anotações históricas.

Um dos mais importantes legados de Vitrúvio é a forma como descreve as, até então,
três ordens (jônica, dórica e coríntia) além de mencionar uma quarta, a toscana. O
arquiteto conta a origem,a que deus ou deusa cada uma se refere e relaciona-as a
templos,não se explica a sequencia julgada correta das mesmas nem tão pouco a
presença de uma quinta(compósita),ficou a cargo dos teóricos da Renascença tomar a
magnitude dessas ordens e resumir nestas toda a virtude arquitetônica.

Posterior a Vitrúvio, dois nomes podem ser citados. Leon Battista Alberti, o primeiro a
apresentar a quinta ordem, uma combinação da ordem jônica e coríntia; e Sebastian
Serlio. Este ultimo é responsável por legar as ordens arquitetônicas uma autoridade
canônica,simbólica e quase lendária.A bíblia arquitetônica do mundo civilizado como
sua obra “Gramática Arquitetônica da Renascença” foi considerada trazia logo no
começo uma gravura apresentando as cinco ordens alinhadas e na sequencia ideal em
cima de pedestais como se assim estivesse apresentando a todos as cinco personagens
de seu tratado tornando estas categóricas para o arquiteto.

Ao primeiro ver as ordens soam como peças de um jogo de montar, porém a imensa
possibilidade e disciplina quanto ao uso carecem de uma sensibilidade pessoal. Cada
arquiteto se vale das melhores características de cada ordem e estabelece sua ordem
ideal.Dessa manipulação surgem resultados expressivos e chocantes.Cito aqui Boromini
e a ordem “francesa” de Philibert de I’Orme.Summerson em seu livro argumenta sobre
a origem da ordem dórica feita em madeira reforçando a ideia que templos antes em
carpintaria foram refeitos em pedra preservando e copiando elementos até que estes se
tornassem uma fórmula estável e aceita.

Quando Serlio apresentou suas personagens realmente falava sério. Vitrúvio fora o
primeiro a pregar a ideia de que cada ordem carrega uma personalidade.A
proporção,força e graça do corpo masculino estavam na ordem dórica,a esbelteza
feminina na jônica e a coríntia imitava a figura delgada de uma menina.De tal surgiram
consistentes recomendações.Igrejas dedicadas a virgens traziam a ordem coríntia,as
dedicadas a santos tranquilos,a jônica e a dórica se reservava para santos extrovertidos e
figuras combativas.A compósita não é apontada,até mesmo porque o único local onde se
sabe da presença desta é o Coliseu,já a toscana era usada para fortificações e
prisões.Apesar de todo esse discurso muitas vezes a escolha das ordens era feita em
função dos meios disponíveis ou as vezes em função de outros significados simbólicos
relacionados a ostentação e ao luxo.

As ordens são colunas sobre pedestais que suportam em seu topo vigas onde se apoia o
beiral de um telhado, portanto primeiramente a função das mesmas é estrutural. Os
romanos não concordavam tanto com essa afirmação e mesmo depois de adotarem arcos
e abobadas em edifícios públicos faziam questão de empregar as ordens de maneira
visível.Essa dificuldade de se desapegar destas renovou a linguagem arquitetônica as
mesmas não eram apenas decoração,mas instrumento de controle de novas estruturas e
de um arquitetura mais sofisticada.Estruturalmente inúteis porém ainda assim
controladoras da composição.

Na busca por um todo harmonioso a estrutura e a expressão arquitetônica devem está


integradas. Assim as colunas foram introduzidas de diversas maneiras.As colunas
isoladas que sustentavam algo,as colunas destacadas que acompanhavam uma parede na
qual não encostavam,as colunas-de-três-quartos com um quarto do diâmetro embutido
em uma parede,as meias-colunas embutidas pela metade e por fim as
pilastras,representações planas de colunas.

Aqui resalto que a coluna e entablamento são um só elemento, não se pode variar um
sem alterar o outro. É justamente nesse ponto que mora a grandiosidade e o controle das
ordens sobre a estrutura,com o uso dos arcos e das abobadas o calculo tinha de ser
preciso,as mesmas seguiam as próprias regras estéticas tradicionais fazendo com que o
arquiteto “martelasse” a cabeça em busca de soluções harmoniosas e que respeitassem
seus interesses.É a ditadura estética em equilíbrio com as necessidades praticas do uso
do edifício.Uma alteração ainda que pequena pode destruir o conjunto.

Além das colunas e nesse ponto destaco o Coliseu como obra que melhor permite esse
estudo e admiração, os arcos triunfais também representam a disciplina que a linguagem
clássica exige. A variedade de detalhes arquitetônicos e esculturais era imensa,o próprio
Serlo menciona onze deles.O arco era um volume retangular solido com
perfurações,dotado de razoes matemáticas,de linhas que tendiam a perfeição,de
entablamentos,pedestais e colunas numa composição compacta e equilibrada que exerce
muito bem sua função simbólica e imponente.As características desses “triunfais” foram
utilizadas posteriormente em todo tipo de edifício como expressões gramaticais de
controle da estrutura.Um exemplo é o Tempio Malatestiano de Leon Alberti baseado
num arco romano presente nos arredores da cidades.

Os romanos davam tanta importância ao espaçamento das colunas (intercolúnio) que


estabeleceram cinco tipos-padrão de intercolúnios. Medidos em diâmetros de colunas
que podem ser associados a espaçamentos e portanto gêneros musicais.Tudo isso parece
impessoal e intratável.O arquiteto era desafiado,suprimido na sua intuição e tinha uma
estreita margem de escolha.O trabalho árduo e muita reflexão sobre cada linha.Está ai o
grande feito da Renascença.Não na imitação estrita dos edifícios romanos,mas no
restabelecimento da gramática da Antiguidade como disciplina universal.Algo herdado
de um passado remoto,porém aplicável a todos os empreendimentos dignos de nota.
CONCLUSÃO_
INTRODUÇÃO_
SUMÁRIO_

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