Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Um dos mais importantes legados de Vitrúvio é a forma como descreve as, até então,
três ordens (jônica, dórica e coríntia) além de mencionar uma quarta, a toscana. O
arquiteto conta a origem,a que deus ou deusa cada uma se refere e relaciona-as a
templos,não se explica a sequencia julgada correta das mesmas nem tão pouco a
presença de uma quinta(compósita),ficou a cargo dos teóricos da Renascença tomar a
magnitude dessas ordens e resumir nestas toda a virtude arquitetônica.
Posterior a Vitrúvio, dois nomes podem ser citados. Leon Battista Alberti, o primeiro a
apresentar a quinta ordem, uma combinação da ordem jônica e coríntia; e Sebastian
Serlio. Este ultimo é responsável por legar as ordens arquitetônicas uma autoridade
canônica,simbólica e quase lendária.A bíblia arquitetônica do mundo civilizado como
sua obra “Gramática Arquitetônica da Renascença” foi considerada trazia logo no
começo uma gravura apresentando as cinco ordens alinhadas e na sequencia ideal em
cima de pedestais como se assim estivesse apresentando a todos as cinco personagens
de seu tratado tornando estas categóricas para o arquiteto.
Ao primeiro ver as ordens soam como peças de um jogo de montar, porém a imensa
possibilidade e disciplina quanto ao uso carecem de uma sensibilidade pessoal. Cada
arquiteto se vale das melhores características de cada ordem e estabelece sua ordem
ideal.Dessa manipulação surgem resultados expressivos e chocantes.Cito aqui Boromini
e a ordem “francesa” de Philibert de I’Orme.Summerson em seu livro argumenta sobre
a origem da ordem dórica feita em madeira reforçando a ideia que templos antes em
carpintaria foram refeitos em pedra preservando e copiando elementos até que estes se
tornassem uma fórmula estável e aceita.
Quando Serlio apresentou suas personagens realmente falava sério. Vitrúvio fora o
primeiro a pregar a ideia de que cada ordem carrega uma personalidade.A
proporção,força e graça do corpo masculino estavam na ordem dórica,a esbelteza
feminina na jônica e a coríntia imitava a figura delgada de uma menina.De tal surgiram
consistentes recomendações.Igrejas dedicadas a virgens traziam a ordem coríntia,as
dedicadas a santos tranquilos,a jônica e a dórica se reservava para santos extrovertidos e
figuras combativas.A compósita não é apontada,até mesmo porque o único local onde se
sabe da presença desta é o Coliseu,já a toscana era usada para fortificações e
prisões.Apesar de todo esse discurso muitas vezes a escolha das ordens era feita em
função dos meios disponíveis ou as vezes em função de outros significados simbólicos
relacionados a ostentação e ao luxo.
As ordens são colunas sobre pedestais que suportam em seu topo vigas onde se apoia o
beiral de um telhado, portanto primeiramente a função das mesmas é estrutural. Os
romanos não concordavam tanto com essa afirmação e mesmo depois de adotarem arcos
e abobadas em edifícios públicos faziam questão de empregar as ordens de maneira
visível.Essa dificuldade de se desapegar destas renovou a linguagem arquitetônica as
mesmas não eram apenas decoração,mas instrumento de controle de novas estruturas e
de um arquitetura mais sofisticada.Estruturalmente inúteis porém ainda assim
controladoras da composição.
Aqui resalto que a coluna e entablamento são um só elemento, não se pode variar um
sem alterar o outro. É justamente nesse ponto que mora a grandiosidade e o controle das
ordens sobre a estrutura,com o uso dos arcos e das abobadas o calculo tinha de ser
preciso,as mesmas seguiam as próprias regras estéticas tradicionais fazendo com que o
arquiteto “martelasse” a cabeça em busca de soluções harmoniosas e que respeitassem
seus interesses.É a ditadura estética em equilíbrio com as necessidades praticas do uso
do edifício.Uma alteração ainda que pequena pode destruir o conjunto.
Além das colunas e nesse ponto destaco o Coliseu como obra que melhor permite esse
estudo e admiração, os arcos triunfais também representam a disciplina que a linguagem
clássica exige. A variedade de detalhes arquitetônicos e esculturais era imensa,o próprio
Serlo menciona onze deles.O arco era um volume retangular solido com
perfurações,dotado de razoes matemáticas,de linhas que tendiam a perfeição,de
entablamentos,pedestais e colunas numa composição compacta e equilibrada que exerce
muito bem sua função simbólica e imponente.As características desses “triunfais” foram
utilizadas posteriormente em todo tipo de edifício como expressões gramaticais de
controle da estrutura.Um exemplo é o Tempio Malatestiano de Leon Alberti baseado
num arco romano presente nos arredores da cidades.