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MEMORIAL CRÍTICO

Ricardo Dal Checo de Assumpção


RA: 002200800401

MASP - Museu de Arte de São Paulo

O MASP, Museu de Arte de São Paulo, é o mais frequentado da capital e,


recebe em média 50.000 visitantes/mês, que são encantados pela ousadia e beleza da
estrutura executada de forma pioneira. Além das exposições permanentes e
temporárias de obras de arte, a instituição é um centro cultural que proporciona
diversas atividades ao público, como escola de arte, ateliês, espetáculos de dança,
música e teatro, palestras e debates e cursos para professores. É o mais importante
museu de arte ocidental do Hemisfério Sul, além de integrar mundialmente o “Clube
dos 19”, do qual participam apenas as instituições que possuem os acervos de arte
européia mais representativos do século XIX.

Fundado em 1947, o MASP foi idealizado pelo empresário e Jornalista, Assis


Chateaubriand, e Pietro Maria Bardi, jornalista e crítico de arte italiano. A princípio,
instalou-se em quatro andares do prédio dos Diários Associados. E as primeiras obras
de arte do museu foram selecionadas pessoalmente por P. M. Bardi na Europa do
pós-guerra, em suas inúmeras viagens às principais capitais culturais com
Chateaubriand.

O desafio de então projetar a nova sede do MASP coube a arquiteta Lina Bo


Bardi, arquiteta ítalo-brasileira, esposa de Pietro. O local escolhido foi um belvedere na
Avenida Paulista, e assim Lina trabalhou sob uma condição imposta pelo doador do
terreno à prefeitura de São Paulo: a vista para o Centro da cidade e para a Serra da
Cantareira teria de ser preservada, através do vale da Avenida Nove de Julho.

Dessa forma o partido arquitetônico foi desenvolvido através da estrutura, o


prédio foi projetado suspenso por quatro colunas e duas gigantescas vigas de
concreto, a vista da Paulista para o centro da cidade foi preservada e concebeu
espaço para uma esplanada abaixo do edifício com 8 metros de altura. Conhecida
hoje como “vão livre”, foi conceituado por Lina como uma grande praça para crianças
e famílias, e atualmente pode ser considerado como um dos maiores vãos com carga
permanente do mundo. O MASP é o grande exemplo de diálogo entre lugar urbano e
intervenção, em que as sugestões do primeiro se incorporam à forma sem determiná-
la.

O edifício do museu possui 11.000m² divididos em cinco pavimentos. A


estrutura cria um vão livre de 74 metros e é sem dúvidas um marco da cidade de São
Paulo. Por isso, foi tombado em 1982 pelo CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado e em 2003 pelo
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Diversas implicações foram encontradas para a realização estrutural do projeto,


o desenho original demandava soluções inéditas. Ainda não existia uma fórmula
pronta que permitisse tornar realidade aquela idéia aparentemente utópica.
O primeiro problema foi a resistência da construtora vencedora para a
construção, em aceitar o método patenteado por Figueiredo Ferraz, engenheiro
escolhido por Lina Bo Bardi para realizar a obra.

A técnica, denominada "calda de injeção", tem destaque até hoje em livros de


engenharia e consiste, basicamente, num meio de obter aderência ao concreto para
realizar a protensão (ou esticamento) dos fios de aço especial que suportam
internamente uma viga. Além da "calda de injeção", a construção do Masp contou com
outras técnicas da intuição de Ferraz que foram consideradas geniais.

Sem materiais modernos e técnicas retrospectivas a inspirada solução de


Ferraz, nascida do problema representado pela gigantesca viga do vão livre do Masp,
foi utilizar bolsas de borracha dentro das quais era injetado óleo quente. As bolsas
funcionavam como um suporte ao mesmo tempo resistente e flexível, permitindo a
mobilidade necessária durante o processo de protensão.

O MASP possui como características estruturais uma Laje Nervurada com 50


cm de espessura, responsável pela sustentação de uma carga de 500 kgf/m2; esta é
suspensa por tirantes ligados à duas Vigas protendidas, com 74m de comprimento,
2,50m de largura e 3,50m de altura. A cobertura é composta por lajes calha apoiadas
em vigas de concreto armado que, por sua vez, descarregam em vigas protendidas de
2,5m de largura e 4,0m de altura, com 74m de vão. As vigas protendidas do piso e da
cobertura se apoiam em 4 pilares, situados nas extremidades das vigas. Estes pilares
são ocos próximos à cobertura, contendo um pendulo interno, de modo a evitar que os
efeitos de dilatação/contração das vigas acarretem na transferência de esforços para
os pilares e consequentemente acarretem em momentos fletores.

Para estudantes de arquitetura e engenharia, o modelo utilizado pelo


engenheiro Ferraz é um exemplo de superação e genialidade, onde em frente às
dificuldades pode encontrar a melhor solução com a tecnologia existente. Apesar do
rápido avanço de técnicas da construção civil, ainda hoje o MASP pode ser
considerado uma obra de incrível execução e sucesso.

Iniciado na segunda gestão de Adhemar de Barros, o museu ficou quase


parado no período de Prestes Maia e só foi terminado quando o prefeito Faria Lima
decidiu apoiá-lo a qualquer custo.

Prestes Maia chegou a embargar a obra já que o prédio foi irregularmente


colocado fora do alinhamento dos demais edifícios da Avenida Paulista, porém, logo o
prefeito foi convencido, pois o Museu poderia ser visto de qualquer ponto da avenida.

Na fase final da construção a obra chegou a ter 250 operários trabalhando das
sete da manhã até às oito da noite, num esforço para que se cumprisse a data prevista
para a inauguração, que se deu às onze horas da manhã do dia 11 de novembro de
1968.

A inauguração do novo prédio, contou com a presença da Rainha Elizabeth II


da Inglaterra, além das maiores autoridades brasileiras da época e uma grande
participação popular em frente ao edifício.

Apesar da inauguração e do grande destaque internacional, as colunas do


edifício foram pintadas de vermelho somente em 1990 na ocasião dos 40 anos do
museu, só então obedecendo ao projeto original de Lina Bo Bardi.
Entre março de 1996 e setembro de 2001 foi realizada uma importante reforma
para o Museu, aonde todo o seu sistema estrutural foi recuperado. O prédio recebeu
um terceiro andar subsolo, onde está hoje a reserva técnica, moderno espaço que
abriga as peças do acervo enquanto não estão em exposição. Além da retirada do
madeiramento totalmente tomado por cupins e remanescente na parte interna das
vigas mestras superiores, reforço estrutural e reprotensão das vigas mestras
superiores de sustentação do Edifício, introdução de controle tecnológico para
periódico monitoramento de eventual deformação nas vigas mestras superiores, e
abertura dos acessos, verificação e limpeza interna das vigas mestras do 1º andar.

Alguns acontecimentos nos últimos anos explicitam a fase de descaso pela


qual o museu passou. Sem investimentos e patrocínio de instituições privadas, já que
essas passaram a criar seus próprios espaços culturais, e sem receber verba pública,
a administração do Museu se viu obrigada a criar outras formas para a manutenção do
prédio e suas necessidades, como emprestar suas mais valiosas obras para
exposições no exterior, porém essa alternativa tem trazido danos irreversíveis nas
obras, o desgaste das peças durante o seu transporte acabam prejudicando a sua
integridade.

Até o ano de 2001, o conselho da instituição mantinha o seu capital fechado


em caráter privado, entretanto, em frente às dificuldades viram a necessidade de
aceitar investimentos vindos do governo, para que dessa forma um novo fôlego fosse
injetado.

A administração do espaço, feita com recursos escassos fez com que no final
de 2007 o Museu fosse invadido por ladrões que levaram três minutos para roubar
dois quadros de Portinari e Picasso. O MASP funcionou desde a sua fundação, em
1947, até 2001 sem nenhum equipamento de segurança, só com guardas.

Outro exemplo da falta de investimento foi quando o Ministério Público do


Estado de São Paulo chegou a protocolar no início de 2008 uma ação civil pública
pedindo a interdição do Museu de Arte de São Paulo. O pedido foi baseado em laudos
do Corpo de Bombeiros de São Paulo e do Departamento de Controle do Uso de
Imóveis (Contru) sobre a situação estrutural do museu em relação ao cumprimento da
legislação vigente. O museu chegou a correr o risco de ser fechado e as obras de arte
levadas para outro local. Entretanto com intervenção da Prefeitura de São Paulo as
irregularidades foram sanadas sem maiores prejuízos à população e ao MASP.

No final de 2010, o Museu recebeu a primeira intervenção artística de sua


história, Regina Silveira, artista plástica, criou uma trama em ponto cruz que em forma
de adesivo reveste todos os vidros da fachada do prédio com imagens de um céu azul.

Apesar do aparente descaso público e, da grande parte da população que


parece desconhecer ou pouco se importar com a existência da cultura e conhecimento
do local. O MASP consegue sobreviver e manter seu destaque internacional, elevando
o nome de Lina Bo Bardi e representando a arquitetura moderna brasileira entre os
grandes nomes mundiais.

BIBLIOGRAFIA
• http://www.vidrado.com/noticias-do-vidro/decoracao-e-design/masp-de-cara-
nova-apos-42-anos
(acessado em 12/02/2011)

• http://masp.art.br - (acessado em 12/02/2011)

• http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.016/847
(acessado em 12/02/2011)

• http://pitoresco.com/espelho/destaques/masp/masp.htm
(acessado em 12/02/2011)

• http://www.inep.gov.br/download/Enade2008_RNP/ARQUITETURA_URBANIS
MO.pdf
(acessado em 13/02/2011)

• Jornal Digital Laboratório do Curso de Jornalismo – Uninove


Edição número 73
CULTURA Por Lindinéia Lima
(acessado em 13/02/2011)

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