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Gestão de Stocks
1 Introdução
As mudanças do mundo empresarial desde meados dos anos 70, despertados pela
concorrência global e inovações tecnológicas, levaram a inovações surpreendentes na
utilização da informação financeira e não financeira nas empresas. Esta nova realidade
exige uma informação mais precisa sobre os custos e a forma de se proceder na
actividade económica.
Os stocks constituem um investimento muito significativo nas empresas. Este
investimento corresponde a uma fasquia do seu capital considerável que afecta
significativamente a sua rentabilidade, porém necessário. O objectivo será reduzir ao
máximo o stock sem provocar roturas. Quem determina o que se deve produzir e quanto
produzir nos dias de hoje é o consumidor.
O ideal será criar stocks que permitam satisfazer, total ou parcialmente a procura
existente. Deste modo, a função básica de um stock é ajustar o abastecimento à procura
para que o processo de abastecimento possa funcionar quando a taxa de procura, é
superior à taxa do fornecimento e que a procura possa ser satisfatória quando o processo
de fornecimento está inactivo.
É a procura que oscila ao longo do tempo sempre em torno do mesmo valor médio.
Este modelo pode ainda ser subdividido em dois grupos:
1.1.2.Procura Dependente
Incluídos neste custo estão os custos monetários directos tais como os custos de
seguros, impostos, quebras, roubos, renda ou amortização do armazém e outros custos
de funcionamento do armazém tais como; climatização, electricidade, mão-de-obra,
segurança, e o custo de oportunidade que nunca aparecerá num balanço contabilístico,
este é o custo que resulta de ter o capital investido em stock em vez de o ter investido
numa outra aplicação. Com todos estes custos são difíceis de avaliar exactamente,
assumiremos, como é habitual que os custos de posse de stock são iguais a uma
percentagem fixa do investimento em stock. Inclui também nos custos de posse o
custo de obsolescência. Esta taxa de posse (I) anda entre os 8% -12%. Na prática o
Cs=Taxa de posse * custo unitário. Com o curto ciclo de vida que tem actualmente
alguns produtos, este custo pode assumir valores muito elevados.
Em que:
Q - quantidade encomendada
T - Intervalo de tempo entre encomendas (período de renovação de existências)
N- Procura por unidade de tempo de gestão(determinística)
θ – Período de Gestão (geralmente considera-se 1 ano, que corresponde a 365
dias ou a 52 semanas)
Stock máximo = Q
Q
Stock médio =
2
N
Número de encomendas =
Q
Estes custos são formados pelos custos fixos de uma encomenda vezes o número
de encomendas efectuadas no período de gestão.
Caso se tivesse em stock apenas uma unidade do artigo durante todo o ciclo, o
custo de posse correspondente seria CsxT, onde, Cs representa o custo de manter em
stock uma unidade do artigo durante uma unidade de tempo. Para obter o custo total de
posse basta multiplicar o custo de posse de uma unidade pelo número médio de
unidades em stock durante o ciclo. Como o nível de existências varia entre Q e 0, o
Q
nível médio de existências é dado por , vindo para o custo de posse por ciclo.
2
(2)
Q
Cs × ×T
2
De forma mais rigorosa podemos dizer que o custo de posse por ciclo é o produto
do custo unitário, Cs, pela área abaixo da curva de existências que, sendo um triângulo
Q
de base T e altura Q, é dada por T.
2
Note-se que, atendendo a que neste caso a penúria não é permitida, não há custo
de rotura. Deste modo, o custo total por ciclo, Kt, é dado por
(3)
Q
kT = Cl + C s × ×T
2
Nesta expressão não intervém o custo de aquisição do artigo (KA=NxCa), uma vez
que se admitiu nesta análise que o custo unitário de aquisição, Ca, é independente da
quantidade encomendada. Nestas condições, qualquer que seja a unidade de tempo
considerada, a quantidade a adquirir é sempre igual à procura nessa unidade de tempo
(N), e o custo correspondente será dado por NxCa. Daí a política de gestão de stocks
óptima ser insensível a este parâmetro. A situação será diversa, no entanto, se o custo
unitário depender da quantidade a encomendar ou variar com o fornecedor. Nesses
casos há que incluir a parcela do custo de aquisição quando se comparam soluções
alternativas.
Para que soluções alternativas possam ser comparadas é necessário reduzir o custo
total a uma mesma unidade de tempo. Para tal basta dividir a expressão anterior pela
duração do ciclo, obtendo-se o custo total por unidade de tempo,
(4)
Ct Cl Q
Kt = = + CS ×
T T 2
Q
Ou, atendendo a que T = ,
N
(5)
N Q
kT = × Cl + C S ×
Q 2
Esta expressão relaciona o custo total por unidade de tempo, K, com a variável
decisória Q. Se pretendermos determinar o valor desta que minimiza o custo, basta
calcular a derivada de K em ordem a Q e igualá-la a zero:
(6)
dKT NxC Cs
=− 2l + =0
dQ Q 2
(7)
2 × Cl × N
Q0 =
Cs
Exemplo Prático:
Resolução:
Custo por
unidade
de tempo K
Custo Total
K*
Custo de posse
Custo de encomenda
Q0 Quantidade a encomendar Q
Custo de encomenda: A
Custo de posse: este custo incide apenas sobre níveis de existências médio é
(Q − S ) . O custo de posse por ciclo baseia-se na área do triângulo de base T1 (de
2
acordo com o teorema de Talles) sendo dada por:
(9)
Cs ×
(Q − S ) × T
1
2
S
Cr × × T2
2
(11)
K T = Cl ×
N
+ Cs ×
(Q − S ) × T + C × S × T
1 r 2
Q 2 2
Da figura 3 que T1 é o período que demora a consumir (Q – S) unidades, e T2 é o
período de tempo que leva a acumular uma carteira de encomendas S, à taxa de
consumo N:
(12)
T1 =
(Q − S )
N
(13)
S
T2 =
N
N
K T = Cl × + C s ×
(Q − S ) + C × S 2
2
2× N 2× N
r
Q
K = Cl ×
N
+ Cs ×
(Q − S ) + C × S 2
2
2× N ×T 2 × N ×T
r
Q
Q
Ou, atendendo a que T = ,
N
(16)
N
K T = Cl × + C s ×
(Q − S)
2
+ Cr ×
S2
Q 2×Q 2×Q
∂K 2 × Cl × N C r × S 2
=0 Q2 = + + S2
∂Q Cs Cs
(18)
∂K C + Cr
=0 Q = s × S
∂S Cs
2 × Cl × N C
Q* = × 1+ s
Cs Cr
(20)
1
S * = 2 × Cl × N × C s ×
C r × (C s + C r )
(21)
Cr
K * = 2 × Cl × N × C s × 1 +
Cs
Note-se que comparando esta expressão do custo mínimo com a obtida para o
modelo em que a penúria não é permitida se pode concluir que nos casos de penúria
permitida o custo mínimo será sempre inferior. Os dois custos tendem a igualar-se
quando o custo de rotura Cr tende para ∞.
Na prática, quando o custo de rotura é elevado, o óptimo corresponde a um valor
de S muito baixo o que equivale, de facto, a não haver rotura.
Enquanto nos casos anteriores a reposição do stock era instantânea, para o caso
presente existe uma taxa de fornecimento finita, havendo, portanto, um período de
tempo significativo que decorre desde o início até à conclusão da entrega da
encomenda.
Esta situação ocorre frequentemente quando o stock é alimentado por produção
própria da empresa, e daí designar-se usualmente a taxa de fornecimento por taxa de
produção, que representamos por p.
Note-se que neste caso, e ao contrário dos anteriores, o nível das existências
máximo, M, não vem igual à quantidade encomendada. De facto, a quantidade
encomendada corresponde à produção total durante o período T1 (dada por pT1), mas
como durante este mesmo período, T1, há consumo (dado por rT1), o nível das
existências no final do período de produção é dado pela produção total menos o
consumo durante esse mesmo período.
(22)
M = Q – r T1
(23)
M = Q – r(Q/p)
(24)
M = Q 1 – r_
p
T2 = M = Q 1 – r_
r r p
Custo de encomenda : A
Note-se que neste caso o custo fixo de encomenda inclui, para além dos custos
administrativos, os custos de arranque de produção. Estes custos cobrem, entre outros,
as adaptações exigidas pelo processo produtivo, a preparação das máquinas e as peças
defeituosas produzidas de início;
Custo de posse:
O nível médio de existências é M/2, pelo que o custo de manter esta quantidade
durante um ciclo baseia-se na área do triângulo de base T.
(26)
C2 M T
2
Desta forma,
(27)
CT = A + C2 M T
2
K = CT = A + C2 M
T T 2
K = A2 + C2 1 – r Q
Q 2 p
2 Ar • p_
Q* =
C2 p-r
Quando a taxa de produção p tende para ∞ o segundo termo (30) tende para 1, e a
quantidade óptima a encomendar tende para a solução do caso da reposição instantânea,
como não podia deixar de ser.
Exemplo:
Uma empresa produz um dado artigo com uma taxa de 1050 unidades por semana.
As estimativas dos custos de posse do stock (por unidade e ano) e do custo fixo de
lançamento da produção são de 1200€ e 75000€ respectivamente. A procura semanal é,
em média, de 700 unidades, e a empresa desejaria evitar rotura para valores médios da
procura. À empresa foram propostas duas políticas de gestão alternativas, G1 e G2:
Pretende-se saber qual das duas políticas é mais favorável e se existirá uma
política preferível àquelas duas.
G1
G2
Política óptima
P1 0 < Q < Q1
Preço (P) = P2 Q1 ≤ Q < Q2
P3 Q ≥ Q2
Exemplo:
Consumo: 10000 unidades / ano
Custo unitário: 3100€ / unidade Q < 2000
3000€ / unidade 2000 ≤ Q < 5000
2900€ / unidade Q ≥ 5000
Custo fixo da encomenda: 15000€
Custo de posse: 20% do custo unitário ao ano (admita-se C2 = 600€ / unidade, ano).
1º Passo:
Determinar Q*:
2º Passo:
3º Passo:
Neste caso a solução óptima corresponderia a encomendar 5000 unidades de cada vez,
em vez das 707 recomendadas pela expressão do lote óptimo.
Veja-se agora os casos em que as variáveis são aleatórias que são afectadas por:
i) Flutuações (aleatórias) da procura;
ii) Flutuações (aleatórias) do tempo de reposição do stock, ou seja, do
tempo que decorre entre a colocação da encomenda, para abastecimento
do stock, e a entrada do material em armazém, pronto a ser consumido.
Uma encomenda é colocada sempre que o stock desce até um nível prefixado – M,
o ponto de encomenda. Conforme a procura é maior ou menor, assim este ponto se
atinge mais ou menos rapidamente.
Quer uma política quer a outra são normalmente criados stocks de segurança, que
servem para proteger o sistema contra o tempo de reposição ou procuras superiores ao
usual.
Existem ainda políticas mistas que incorporam elementos das duas acima
indicadas.
Note-se que a política do nível de encomendas requer um conhecimento contínuo
das existências, o que implica um controlo apertado de todos os movimentos. Na
política da revisão cíclica, pelo contrário, e uma vez que o stock é inspeccionado apenas
a intervalos regulares de tempo, não é necessário controlar o sistema entre estes
instantes.