Você está na página 1de 3

6º Dia

Tinha chegado durante a noite um e-mail do meu trabalho que me obrigou a “trabalho” extra ao acordar. Era preciso dar
seguimento para que fosse tratado na China o assunto e como a conexão era muito pobre no local, demorou imensooooo a
passar o e-mail de volta o que me obrigou a aguardar no hotel com o carro pronto provocando um atraso de minha parte de
15m. Iriamos sair do centro de Alter do Chão para ir em direcção a Santarém para encontrar o resto do grupo ali hospedado.

Arranquei junto com o grupo que já me esperava na praça principal, e, ainda dentro da vila, 500mts depois, dou o alerta por
rádio, uma das correias novas estourou..  não eram as correias iguais às originais que tinham sido montadas no dia anterior
e rebentou a do Alternador.

Como o caminho de saida era Santarém, vou na frente sozinho e directo à oficina chegando sem problemas de corrente no
carro (sem correia, o alternador não trabalha e não recarrega as baterias, entrando em desgaste directo da carga das
mesmas) ficando de me encontrar com o grupo mais à frente, o Sérgio combinou comigo vir ter comigo para irmos juntos
depois. Mas, qual não é o meu espanto, passados uns minutos e quando o pessoal da oficina já havia ido em busca da correia
o mais perto do original possivel, chega o Sérgio e mais 2 viaturas com mais problemas eléctricos, para resolver. A coisa
estava mesmo feia.

Cerca de uma hora depois, descobre-se a correia parecida com a original, mas ainda assim diferente. Montou-se a nova
correia, e fico com a anterior usada e uma nova original como reserva no carro para alguma eventualidade mais.

Aguardamos que terminassem todos e saimos para ir no encalço dos demais.

Quando ia a passar perto do posto onde tinha abastecido no dia anterior, lembro-me do Sérgio ter dito 2 dias antes que
nesta etapa era dia de atestar os depósitos suplementares e pergunto por rádio se era mesmo necessário, porque, como
tinha abastecido sózinho no dia anterior ao sair da oficina, não me lembrei de tal. Ele afirma que sim e que haveria que
providenciar.

Já estava de certa forma nervoso por ter provocado o atraso e a separação do grupo no inicio da manhã e ainda mais esta,
fiquei possesso. Tal estado de ansiedade e de confusão iria dar os seus frutos negativos, pois nem eu, nem o rapaz do posto,
nos demos conta e abastecemos os Bidons com gasolina !!! 44lts de gasolina e o pior, faltavam cerca de 8lts no depósito do
carro e completou-se também com gasolina...Eles bem gritavam lá da frente que era Gasolina o que estava a abastecer, mas
não liguei muito, porque, como andavam sempre a brincar comigo, pensei que era mais uma brincadeira e, concentrado e
preocupado para me despachar, o erro veio fácil.

O Landry foi o unico que chegou (OBRIGADO AMIGO) perto para confirmar e voltou a repetir que eu estava a abastecer com
Gasolina em vez de Diesel, olhei para a bomba e disse, “não faz mal, é do Power” (era o que estava escrito na bomba). Na
Europa, tal como aqui, existe o Diesel normal e Diesel aditivado, que na Europa tem designação Power ou Energy e respondi
por instinto.

Ele então, deu-se mesmo conta de que eu estava a levar a coisa na brincadeira, fez-me parar e falou sério comigo
mostrando-me o erro e eu fiquei ainda mais fora de mim...

Bom, como existe sempre solução para os problemas, era preciso respirar fundo e tentar encontrar a calma necessária para
resolver o problema e, em conversa com o rapaz do posto rápidamente se retornou nos tanques do Posto a gasolina
erradamente colocada nos bidons e voltei a atestar os mesmos desta vez com Diesel, no carro, paciência, nada a fazer, ficou
“aditivado” o diesel. Nada de inovadora a situação, porque já tinha visto os mecânicos de corridas de Jipes também o
fazerem.

Adiante, que ainda faltava muita estrada para fazer até nos juntarmos ao resto do grupo, mas agora, os primeiros kms
seriam de asfalto até entrarmos de novo na diversão.
Rodamos a bom ritmo e sem precalços e alguns quilometros adiante, acaba o asfalto e tudo recomeça de novo,  pista
muito larga, em preparação para o asfalto, aqui e ali sinais de pequenas obras sem muita actividade e muita lama com sulcos
profundos, mas circulável. Longas rectas e a floresta sempre presente ali ao lado contrastando com as paisagens sinistras
resultado das queimadas forçadas para que assim possam existir os famigerados pastos destruindo a floresta de forma
“natural” a um ritmo de, segundo fontes oficiais, 20.000km2 por ano....em breve acaba.

Eram 17h e encontramos o restante do grupo que tinha acabado de chegar ao posto na entrada de Ruropolis, cidadezinha de
antigo garimpo, muito movimentada e cheia de gente jovem.

Era aqui que iriamos conhecer finalmente o Enrico, navegador do Heliomar que tinha chegado 2 dias antes a Santarém e que,
como tinha ficado em Santarém, todos os que estavam no meu grupo, ninguém o conhecia.
Decidimos pernoitar ali mesmo ainda com um sol radiante e encontramos um hotel com capacidade para todos e com patio
de garagem.

Ouve-se no Rádio o Coelho propôr aos seus companheiros de outras aventuras, a pernoita em camping, mas, acabam por se
decidir pelo Hotel, tão bem o decidiram como tão bem o fizeram, porque passado cerca de 1h começou a cair uma carga de
água medonha deixando tudo alagado por todo o lado, mas também, água essa que tão depressa veio, como depressa foi e
ficou a bonança durante toda a noite.

Já a chuva tinha parado, fomos à procura de local para comer, e encontrámos uma praça muito movimentada de juventude e
pasme-se, com internet publica e livre ali no centro da praça. Aproveitamos para actualizar o correio e as noticias uma vez
que o Hotel não tinha internet.

O Coelho e seus amigos, ficaram no Hotel e utilizando as suas instalações e os utensilios de cozinha transportados,
aproveitaram para dar um desbaste na imensa dispensa pejada de iguarias deliciosas e tipicamente brasileiras que
carregavam dentro do carro.

Tinhamos feito 260km no total desde Alter do Chão até Ruropolis.

Percurso do 6º Dia

Você também pode gostar