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Conferência Internacional em Saneamento Sustentável:

Segurança alimentar e hídrica para a América Latina

ESTUDO DA EVAPORAÇÃO DE ÁGUAS AMARELAS VISANDO REDUÇÃO


DE VOLUME E REUTILIZAÇÃO PARA FINS AGRÍCOLAS

(1)
Priscilla Garozi Zancheta
Farmacêutica e Bioquímica pela Faculdade Brasileira - UNIVIX (2004), Especialista em Farmacologia:
atualizações e novas perspectivas pela Universidade Federal de Lavras - UFLA (2005). Mestre em Engenharia
Ambiental pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (2007).
Caio Cardinali Rebouças
Graduando em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo - UFES. Pesquisador de Iniciação
Cientifica bolsista (IC-FCO) do LABSAN-DEA-CT-UFES do Programa de Engenharia Ambiental da UFES.
Érika Carolina dos Santos Vieira Rios
Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2003). Aluna de Mestrado do Programa
de Pós Graduação em Engenharia Ambiental da UFES.
Ricardo Franci Gonçalves
Engenheiro Civil e Sanitarista - UERJ (1984), pós-graduado em Enga de Saúde Pública - ENSP/RJ (1985),
DEA Ciências do Meio Ambiente - Universidade Paris XII, ENGREF, ENPC, Paris (1990), Doutor em
Engenharia do Tratamento e Depuração de Águas - INSA de Toulouse, França (1993), Prof. Adjunto do DEA
e do Programa de Pós Graduação em Engenharia Ambiental – UFES.
(1)
Endereço : Departamento de Engenharia Ambiental – Universidade Federal do Espírito Santo – Agência
FCAA – Vitória – ES – CEP: 29060-970 – Brasil – Tel: +55-(027) 3335-2069 - Fax: +55- (027) 3335-2165
e-mail: priscillagz@gmail.com

RESUMO
A maior parte dos nutrientes que são essenciais na agricultura (N, P, K) são encontrados na urina humana e, na
maioria dos casos, sua quantidade total de nutrientes é mais apropriada do que as encontradas nos fertilizantes
artificiais. Os principais processos de tratamento da urina, objetivando-se sua reciclagem na agricultura, são a
estocagem em reservatórios fechados por períodos de tempo pré-determinados, a evaporação para redução de
volume e a precipitação de cristais (hidroxiapatita e estruvita). O objetivo deste trabalho foi avaliar a
evaporação da urina como um processo de redução de volume e concentração de nutrientes, facilitando assim,
o transporte e armazenamento para sua utilização como fertilizante na agricultura. O processo de evaporação
consistiu na utilização da energia solar como fonte de calor para que a urina humana evapore, e assim,
houvesse a diminuição no volume e aumento na concentração dos nutrientes. Na evaporação da urina humana
foram testadas urina fresca e estocada, sendo a fresca coletada com a colaboração do próprio grupo de
pesquisa do Laboratório de Saneamento da UFES e a urina estocada de um reservatório de águas amarelas
(urina) com um volume de 250L. Depois de coletadas, 6,0L de urina fresca foram divididos em dois
recipientes plásticos de 3,0L e mais seis litros da urina estocada dividido em outros dois recipientes, sendo que
em um de cada tipo foi adicionado ácido sulfúrico concentrado para que o pH ficasse abaixo de 4,0, a fim de
minimizar a perda de amônia. Os resultados mostraram que através do processo de evaporação uma parte dos
nutrientes se perdem, mas que, no entanto, estes apresentam concentrações maiores ao final do processo se
comparados as concentrações encontradas inicialmente na urina fresca. A adição do ácido, tanto na urina fresca
quanto na estocada minimiza a perda de amônia por volatilização, produzindo um resíduo rico em nitrogênio.
Constatou-se que a utilização da evaporação como método de concentração de nutrientes e redução de volume
da urina estocada é muito significante do ponto de vista econômico e técnico. A redução no volume facilita a
manipulação, a higienização e o armazenamento da urina humana segregada para sua pronta utilização na
agricultura.

PALAVRAS-CHAVE: urina humana, reúso agrícola, nutrientes, evaporação, fertilizante

ABSTRACT
Conferência Internacional em Saneamento Sustentável:
Segurança alimentar e hídrica para a América Latina

The human urine contains the major part of nutrients for plant growth (N,P,K) which can be used in agriculture
instead of heavy artificial fertilizers. The main process of urine treatment for agricultural utilization includes
the storage in closed container for a period of time and evaporation for volume reduction. During the
evaporation process it is observed a crystal precipitation as hydroxyapatite and struvite that can be separate and
concentrate from the liquid phase.The main objective of this work is to assess the process of urine evaporation
by reducing the volume and collecting the solid pahse for agriculture use as main plant fertilizer. The
evaporation was processed by solarization of stored urine as heat source with consequent volume reduction.
Human urine evaporation was compared from fresh and stored urine samples, from the researchers from
Sanitation Group of UFES. The stored samples were kept in a 250 mL of volume. After collected samples, 6.0
L of fresh urine was shared in two plastics recipients of 3.0 L and, 6.0 L of storage urine divided in two other
plastics recipients. In each samples was added concentrated sulphuric to lower the pH values to < 4.0 in order
to prevent the ammonium loss through volatilization and thus increasing the nitrogen content. The results
showed that during the evaporation process some of the nutrients were lost, although it observed a great
concentration of them in the final process than founded in the initial concentration of fresh urine. This process
noted also significant technique and economic point of view. Reducing volume became easy to manufacture, to
hygienic and stockage of human urine for using in the agriculture area.

KEYWORDS: human urine, agriculture reuse, nutrients, evaporation, fertilizer

INTRODUÇÃO
A utilização de mictórios ou vasos compostadores secos são alternativas interessantes e viáveis na diminuição
do consumo de água em edificações. Além disso, a segregação da urina humana do esgoto doméstico
possibilita a recuperação e recirculação de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio contidos na urina,
tendo como vantagens a diminuição de impactos ambientais como a eutrofização de corpos receptores, a
redução na carga de nutrientes em ETE´s, além de destinar os nutrientes contidos na urina humana para áreas
agrícolas cultiváveis, permitindo assim, uma redução na utilização de fertilizantes artificiais.

Os principais processos de tratamento da urina humana, objetivando-se sua reciclagem na agricultura, são a
estocagem em reservatórios fechados por períodos de tempo pré-determinados, a evaporação para redução de
volume e a precipitação de cristais (hidroxiapatita e estruvita).

Segundo Wieland (1994), a evaporação da urina apresenta dois desafios principais: a perda de amônia e o
consumo de energia. A perda de amônia pode ser evitada utilizando a acidificação e o consumo de energia pela
utilização da energia solar.

O processo de evaporação da urina consiste na utilização da energia solar como única fonte de calor para que a
urina humana evapore, e assim, ocorra uma redução no volume e conseqüentemente um aumento na
concentração dos nutrientes.

Dentro desta perspectiva, este trabalho teve por objetivo estudar a evaporação da urina humana como método
de redução de volume e concentração de nutrientes, facilitando assim o transporte e o armazenamento da urina
humana para sua utilização na agricultura.

MATERIAL E MÉTODOS
O processo da evaporação da urina humana foi realizado através da coleta de urina humana. Foram utilizadas
urina fresca e urina estocada.

A urina fresca foi coletada com o apoio de colaboradores do próprio grupo de pesquisa do Laboratório de
Saneamento da UFES, onde a urina era coletada em pequenos frascos entregue a cada colaborador e após a
coleta toda a urina era colocada em um mesmo reservatório (no máximo dois dias após a coleta), já a urina
estocada foi coletada de um reservatório de 250L que contém uma urina que já se encontra estocada há 6
meses, e portanto se encontra estabilizada em virtude do tempo de estocagem. O reservatório possui uma
torneira na parte inferior, por onde é possível coletar a urina sem que seja necessário abrir o reservatório.
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Após a coleta foram dispostos 6,0 L de urina fresca em dois reservatórios, sendo 3,0 L em cada (Figura 1) e
mais seis litros da urina estocada dividido em mais dois reservatórios, sendo que em um recipiente de cada tipo
de urina foi adicionada quantidade suficiente de ácido sulfúrico concentrado para que o pH ficasse abaixo de
4,0, com o objetivo de minimizar a perda de amônia por volatilização. Também foi monitorado um recipiente
contendo 3,0 L de água para fins de comparação. Os cinco recipientes foram colocados em uma casa de
vegetação.

Água Urina Fresca UF com pH Urina Estocada UE com pH baixo

Figura 1: Disposição dos recipientes para evaporação

O monitoramento da evaporação foi através dos seguintes parâmetros: in-situ através das análises de pH,
densidade, temperatura, peso e volume. Estes eram avaliados diariamente até completa evaporação da urina.
Foi monitorado ainda a concentração de NTK, fósforo total e potássio. Após a evaporação também foram
avaliados nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, e magnésio, além do teor de matéria orgânica.

Através do método de Thornthwaite foi possível medir a evaporação potencial padrão por mm/mês e quanto
consegue se evaporar por dia, conforme a área (Equação 1).
a
 10Tn 
ETP = 16 
(1)

 I 
Em que:
ETP - evapotranspiração potencial padrão, mm/mês
Tn - temperatura média do mês, ºC
I = Índice mensal de calor, igual a soma de n índices i
a = (6,75 x10−7 I 3 ) − (7,71x10−5 I 2 ) + (1,79 x10−2 I ) + (0.49239)
1,514
12
 Tn 
I = ∑ i mensais , onde i =  
1  5 

RESULTADOS E DISCUSSÕES
As figuras 2 e 3, mostram os gráficos relativos as variações de peso das duas etapas e as figuras 4 e 5 as
variações de volume. O resultado foi o esperado durante todo o período. No recipiente com água colocado para
comparação, observou-se que o tempo utilizado para evaporação da urina foi semelhante o da água.

Água Fresca Água Fresca


Fresca com acido Estocada Fresca com acido Estocada
Estocada com acido Estocada com acido

3,5
3,5
3
3,0
2,5 2,5
Peso (kg)
Peso (kg )

2,0 2
1,5 1,5
1,0 1
0,5
0,5
0,0
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias)
Tempo (dias)

Figura 2 e 3: A perda de massa diária durante a evaporação em duas etapas


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Água Urina Fresca Água Fresca


UF com acido Urina Estocada
UE com acido Fresca com acido Estocada
Estocada com acido
3,5
3,0 3,5
3,0
2,5
Volume (L)

2,5

Volume (L)
2,0
2,0
1,5
1,5
1,0 1,0
0,5 0,5
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (Dias) Tem po (dias)

Figura 4 e 5: Diminuição diária do volume durante a evaporação em duas etapas.

O ETP do mês de outubro/2006, foi de 128,95mm/mês utilizando as temperaturas da casa de vegetação e de


89,38 mm/mês utilizando as temperaturas do município. Analisando o ETP teórico do município, e
considerando o recipiente utilizado nessa pesquisa (área: 0,09m²) em condições climáticas de até 70% dos
dias sem chuva, a taxa de evaporação seria de 2,1L/m².d. Supondo que essa pesquisa fosse realizada em área
aberta, a taxa de evaporação seria de 1,6 a 1,9L/m².d. A taxa de evaporação encontrada com o ETP teórico da
casa de vegetação seria de 4,2L/m².d e nessa pesquisa a taxa por dia ficou entre 2,3 e 2,8L/m².d.

As figuras 6, 7, 8 e 9 mostram as variações de volume e a linha tracejada mostra o resultado teórico utilizando
o ETP da casa de vegetação, em relação à área do recipiente de estocagem. O resultado foi o esperado durante
todo o período, houve redução de volume utilizando apenas a luz solar.

Fresca 1 Fresca 2 Fresca com ácido 1 Fresca com ácido 2


Teórica Linear (Fresca 2) Teórica Linear (Fresca com ácido 2)
Linear (Fresca 1) Linear (Fresca com ácido 1)
1,0
0,9 1,0
0,8 0,9
2
0,7 R = 0,9602 0,8
0,6 0,7
Vo lum e

0,6 R2 = 0,9753
Vo lu m e

0,5
0,4 0,5
0,3 0,4
R 2 = 0,9773 0,3
0,2 R 2 = 0,9778
0,1 0,2
0,0 0,1
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias) Tem po (dias)

Figura 6: Variação de volume na urina fresca Figura 7: Variação de volume na urina fresca
nos dois testes com a comparação teórica. com ácido nos dois testes com a comparação
teórica.
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Estocada 1 Estocada 2
Teórica Linear (Estocada 2) Estocada com ácido 1 Estocada com ácido 2
Teórica Linear (Estocada com ácido 2)
Linear (Estocada 1) Linear (Estocada com ácido 1)
1,0 1,0
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 R2 = 0,9738 R2 = 0,9849
0,7
0,6
V o lu m e

0,6

V o lu m e
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 R2 = 0,973 0,3
R2 = 0,9761
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tempo (dias) Tempo (dias)

Figura 8: Variação de volume na urina estocada Figura 9: Variação de volume na urina estocada
nos dois testes com a comparação teórica. com ácido nos dois testes com a comparação
teórica.

As taxas de evaporação em volume para todos os recipientes foram muito próximas, sendo de 271mL/dia em
média para os recipientes no primeiro teste e de 223mL/dia para o segundo, essa diferença é devido a
temperatura na casa de vegetação que foi maior durante o período do primeiro teste. A perda em massa foi de
267g/dia em média para os recipientes do primeiro teste e 221g/dia para os do segundo. A perda de massa em
porcentagem do inicio ao fim da evaporação foi 97% e 94% para o primeiro e segundo teste. Em porcentagem
a perda de volume ao final da evaporação foi de 95% no primeiro teste e 94% no segundo.

O pH (Figuras 10 e 11) teve aumento durante todo o processo e nos dois testes, onde não houve adição de
ácido, devido à conversão do nitrogênio orgânico a nitrogênio amoniacal, tendo um decréscimo nos últimos
dias o que indica a grande perda de amônia. Pode-se dizer ainda que a adição do ácido sulfúrico em dois dos
recipientes foi eficiente no sentido de que toda a amônia proveniente da hidrólise da uréia ter sido neutralizada,
não causando um aumento no pH.

Água Fresca
Fresca com acido Estocada Água Fresca
Estocada com acido Frseca com acido Estocada
Estocada com acido
9,0
8,0
9,0
8,0
7,0
7,0
6,0
6,0
pH

5,0
pH

5,0
4,0
4,0
3,0
3,0
2,0
2,0
1,0
1,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Tem po (dias) Tempo (dias)

Figura 10: Comportamento do pH durante a Figura 11: Comportamento do pH durante a


evaporação no primeiro teste. evaporação no segundo teste.

Quanto à concentração de nutrientes, a concentração de nitrogênio e fósforo e dos outros nutrientes (tabela
1)apresentaram quantidades apropriadas para serem utilizadas na agricultura como fertilizante. O teor de
matéria orgânica atingiu valores próximos de 50% no resíduo final.

Tabela 1: Concentração de nutrientes


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Concentração de Nutrientes
(g/Kg)
K Ca Mg N P
Fresca 42,8 5,0 1,5 44,0 13,2
Fresca com ácido 88,0 5,9 1,6 86,0 12,0
Estocada 90,0 6,0 1,3 63,0 12,8
Estocada com ácido 64,5 2,3 1,0 63,0 8,5

Na figura 12, encontram-se as massas iniciais na urina e as massas finais de material residual, onde se observa
que as massas da urina fresca acidificada e estocada acidificada foram mais eficientes. A adição de ácido
sulfúrico foi eficaz se comparar à perda de nitrogênio nas urinas sem e com adição de ácido.

Inicial K Final K Inicial N Final N Inicial P Final P


97,0
100 90,0
90
80 74,0 72,0
70
58,0
massa (g)

60
50
40
26,0 29,0
30
14,7 14,7 13,5 17,0
20 9,9 9,9 9,7
5,7 8,0 5,7 5,1 8,1 5,1
10 1,5 1,5 0,6 0,6
0
Fresca Fresca com ácido Estocada Estocada com ácido

Figura 12: Massas iniciais da urina e massas finais de potássio, nitrogênio e fósforo

Os resíduos finais obtidos tanto para urinas fresca e estocada, com e sem ácido, possuem concentrações
balanceadas de zinco, ferro, manganês, cobre e boro, que são micronutrientes indispensáveis para o
desenvolvimento do vegetal, que estão dispostas na tabela 2, que apresenta os valores médios obtidos para os
dois testes.

Tabela 2: Concentração de micronutrientes na urina após evaporação.

Concentração em mg/Kg
Amostras
Zn Fe Mn Cu B
Fresca 21,5 109 16,5 13 5,5
Fresca Ácida 24,5 76 8,5 11 5,0
Estocada 24,0 115 9,0 16 6,0
Estocada Ácida 31,5 54 6,0 8 6,5

O potencial de utilização da urina humana como fertilizante agrícola natural está expresso na tabela 3. Que
evidencia a quantidade de nutrientes em quilogramas excretada na urina por um adulto no período de um ano
(500L ou 500Kg). Na mesma tabela encontram-se os percentuais de nutrientes encontrados nos biossólidos e a
quantidade de fertilizante necessária para produzir 250 Kg de grãos – suficiente para as necessidades calóricas
e protéicas de uma pessoa adulta por ano (Wolgast et al, 1993). Dos 7,5 Kg de fertilizante industrial necessário
para o cultivo, apenas uma pessoa poderia contribuir com 6,8 Kg, ou seja, 91% da demanda.

Tabela 3: Nutrientes na urina humana e a quantidade de fertilizante necessária para produzir 250Kg de
grãos/ano.
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Wolgast, Biossólidos após 40 dias Quantidade de


Próprio
Nutrientes 1993 de calagem a 50% ST fertilizante
(20 Kg)
(500L) Pedroza, 2005 necessária
Nitrogênio 3,4 Kg 4,0 Kg 2,6 Kg 5,6 Kg

Fósforo 0,4 Kg 0,4 Kg 1,5 Kg 0,7 Kg

Potássio 3,0 Kg 0,9 Kg 0,3 Kg 1,2 Kg


6,8 Kg 5,3 Kg
N+P+K 4,4 Kg (58,67 %) 7,5 Kg
(91%) (71%)

A evaporação foi eficiente, com grande redução de volume, facilitando o transporte e o armazenamento. Após
a evaporação a média foi de 21Kg de material residual para 500Kg de urina líquida, e com alta concentração
de nutrientes.

CONCLUSÃ0
Conclui-se que a adição do ácido sulfúrico em dois dos recipientes foi eficiente no sentido de que toda a
amônia proveniente da hidrólise da uréia ter sido neutralizada, não causando um aumento no pH. Estes
apresentaram também teores mais elevados de nitrogênio em relação aos recipientes onde o pH não foi
ajustado.

Este método possibilita reduzir o volume da urina humana em aproximadamente 95%. Que equivale a dizer
que para cada litro de urina evaporada se obterá 50g de um resíduo com concentrações balanceadas de
nitrogênio, fósforo e potássio, e maiores que as concentrações desses nutrientes encontrada na urina fresca.

Utilizar a evaporação, partindo da energia solar como única fonte de calor, como método para concentrar
nutrientes e reduzir o volume de urina estocado é bastante interessante do ponto de vista econômico e técnico.
A redução no volume facilita a manipulação, a higienização e o armazenamento da urina humana segregada
para sua pronta utilização na agricultura.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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quantitativa da urina humana com vistas ao aproveitamento agrícola. In: Anais do 23° Congresso Brasileiro de
Engenharia Sanitária e Ambiental. Campo Grande - MS: ABES.
2. ESREY, S.A.; GOUGH, J.; RAPAPORT, D.; SAWYER, R.; SIMPSON-HÈBERT, M.; VARGAS, J. (1998)
Ecological Sanitatiton. Swedish International Development Cooperation Agency.
3. PEDROZA, J.P. et al. Doses crescentes de biossólidos e seus efeitos na produção e componentes do
algodoeiro herbáceo. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Vol.5, n°2. 2005.
4. RAUCH, W.; BROCKMANN, D.; PETERS, I.; LARSEN, T.A.; GUJER, W. (2002) Combining urine separation
with waste design: an analysis using a stochastic model for urine production. Water Research. V 37.
5. UDERT, K.M.; LARSEN, T.A.; GUJER, W. (2003) Estimating precipitation potential in urine-collecting system.
Water Reserch. v.37, n. 11.
6. WOLGAST, M. Rena vatten. Om tankar I kretslopp (Clean Waters.Thoughts about recirculation). Uppsala,
Creamon 1993. 186 p.
7. WIELAND, P.O., 1994. Designing for human presence in space—an introduction to environmental control and
life support systems. NASA RP-1324, Appendix E/F, 227-251. Disponível em: <
ttp://trs.nis.nasa.gov/archive/00000204/01/rp1324.pdf> Acesso em 17 out 2006.

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