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Introdução ao Estudo do Direito

Prof. Adriane Haas

JUSTIÇA
 “A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como
a verdade o é dos sistemas de pensamento.” John Rawls

 “Teu dever é lutar pelo direito, mas no dia em que


encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela
justiça”. Rudolf Von Ihering
Fundamento da norma jurídica

Fim do homem na sociedade: norma

Ordem justa na vida social


Conceitos históricos
 Em Platão, a justiça é posta como virtude subjetiva: É a
saúde da alma, o caminho para o reto viver, para a
felicidade do indivíduo e do Estado. Para ele, a justiça
deriva da idéia do bem, de homens e Estado perfeitos.

 Pitágoras e sua escola formaram o conceito objetivo de


justiça: princípio de igualdade aritmética.

 Aristóteles, a partir desta idéia, propõe a justiça formal:


concebida como igualdade através da distribuição de bens e
retribuição do que se recebe: iguais devem ser tratados de
forma igual e desiguais, desigualmente: equidade.
Conceitos históricos

Romanos: contentaram-se na célebre frase de


Cícero reproduzida por Ulpiano: justiça é a
vontade constante e perpétua de dar a cada um o
seu direito.
Chaim Perelman identifica formas de manifestação
da justiça. Ei-los: a cada qual a mesma coisa; a
cada qual segundo seus méritos; a cada qual
segundo suas obras; cada qual segundo suas
necessidades; cada qual segundo sua posição; e a
cada qual segundo o que a lei lhe atribui.
Conceitos históricos

Para Kant: age como se a máxima da tua ação devesse se


tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza.

Hans Kelsen rejeita a idéia de uma justiça absoluta.


Afirma que a idéia de justiça é norma fixada pelo direito
positivo.

Jonh Rawls: parte da doutrina aristotélica de igualdade,


como eqüidade, mas também a considera uma virtude:
Todos os valores devem ser distribuídos igualmente,
salvo se a distribuição desigual redundar em benefícios
para todos.
Teoria Axiológica da Justiça

Justiça como valor que incide sobre setor humano:


deve ser vivenciada emocionalmente e realizada
normativamente.

Valores: ordem, segurança, paz, poder, cooperação,


solidariedade e justiça (Cossio).

Justiça: de acordo com Reale, é condição primeira de


identificação de quaisquer valores. Ela vale para que
todos os valores valham.
Justiça

A justiça exige que todos os esforços legais se


dirijam no sentido de atingir a mais perfeita
harmonia da vida social possível nas condições de
tempo e lugar.

Questão da época: qual valor é aplicável?


Justiça

Dar a cada um o que é seu?

Legislador: Fonte irradiadora de princípios

Direito Natural
Justiça

Justo por convenção

Justo pela natureza das coisas


Norma Injusta

Incompetência ou desídia do legislador

Leis irregulares

Lei injusta é a que nega ao homem o que lhe é


devido, ou que lhe confere o indevido, quer pela
simples condição de pessoa humana, por seu mérito,
capacidade ou necessidade.
Pontes de Miranda

No Brasil, Pontes de Miranda, entende que o direito


é regra de adaptação social, não sendo o Estado
quem cria o direito. Ele é descoberto, revelado, na
realidade social.
Partindo desta premissa, entende que uma ordem
jurídica é injusta pelo fato de a linguagem humana
ser imperfeita para reproduzir a realidade.
Entende, também, que haverá injustiça quando o
aplicador não aplica corretamente a regra jurídica.
Neste caso, o problema ocorre na fase da aplicação
Norma Injusta

Espécies:

Injusta por destinação

Casuais

Eventuais
Validade da lei injusta

Positivistas

Eclética

Jusnaturalista
Validade da lei injusta

Mauro Cappelletti, traduzindo São Tomás de Aquino:


se o texto da lei contém algo contrário ao Direito
natural, é injusto e não tem tampouco força
obrigatória. E por isso, tais textos não se chamam
leis, senão antes corrupções da lei. E por isso, não
cabe julgar segundo eles (apud Portanova,
1997:127).
Uma lei ruim pode ser melhor interpretada por um
bom juiz; este é um ponto fundamental: não há
razões para se preocupar com uma lei má se ela for
aplicada por um bom juiz.
Classificação da justiça

Santo Tomás De Aquino postulou que havia três


formas de manifestação da justiça:
Distributiva

Comutativa

Justiça Social
Classificação da Justiça

Estado
social distributiva

Particular Particular
comutativa
Justiça Distributiva

Saúde
Educação
Alimentação: EC 64/2010
Moradia
Segurança
Previdência social
Justiça Distributiva: Saúde

 Como devem ser aplicados os recursos relativos à saúde? Quem


merece receber o recurso: privilegiar um cidadão e preterir
dezenas de pacientes que também necessitam de tratamento e
auxílio por parte do Poder Público?
 No nível da decisão do profissional da saúde, como decidir
preterindo uns em desfavor de uma pessoa mais idosa por
exemplo? O critério a ser utilizado é o do merecimento,
necessidade ou efetividade?
 Como fazer a triagem nos casos de uma catástrofe, por exemplo?
Como ter certeza que o diagnóstico é o correto? Como saber se
aquela pessoa realmente precisa do tratamento e não possui
condições de arcar com os custos? O fornecimento de remédios e
tratamentos básicos deve ser privilegiado em detrimento às
cirurgias e tratamentos mais caros?
Solidariedade e Justiça

Deve considerar o valor constitucional da


solidariedade (art. 3º, I, CF), a fim de que sejam
selecionados somente aqueles que não dispõem de
condições econômicas para custear o produto ou o
serviço fora da rede pública. O valor da solidariedade
impõe a responsabilidade de todos pelas carências ou
necessidades de qualquer indivíduo ou grupo social,
porque o seu fundamento ético se encontra na idéia de
justiça social, compreendida como a necessária
compensação de bens e vantagens entre as classes
sociais, com a socialização dos riscos normais da
existência humana. (Eduardo Cambi)
Finalizando...

A justiça como um todo é composta pelo valor que


o fundamenta, a regra que a enuncia e o ato
que a realiza. (PERELMAN, Chaïm).

O ideal valorativo para corrigir as leis malfeitas,


aperfeiçoar a vida jurídica e realizar os valores do
direito só se consegue no recinto das faculdades de
direito. (Luiz Fernando Coelho)

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