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JORNALISMO

Jonatas Oliveira

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NA CULTURA:


A OUSADIA CRIATIVA E INOVADORA DO PRODUTOR
MUSICAL ALEMÃO FRANK PETERSON

SANTOS
2009
2

Jonatas Oliveira

CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NA CULTURA:


A OUSADIA CRIATIVA E INOVADORA DO PRODUTOR
MUSICAL ALEMÃO FRANK PETERSON

A Ousadia Criativa e Inovadora do


Produtor Musical Alemão Frank Peterson,
apresentado para obtenção de nota, na
disciplina Criatividade e Inovação II, no
curso de Jornalismo, da Universidade
Católica de Santos, sob orientação da
Professora Edna Gobetti.

SANTOS
2009
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SUMÁRIO

Biografia de Frank Peterson....................................................................................... 3

Introdução: Um pouco sobre a carreira de Frank Peterson........................................ 3

Os principais projetos....................................................................................... 4

Gregorian................................................................................................... 4

Sarah Brightman........................................................................................ 5

Análise: “Criatividade e Inovação” no trabalho de Frank Peterson............................ 6

As releituras..................................................................................................... 7

As criações multirreferenciadas...................................................................... 9

Conclusão................................................................................................................ 13

Referências.............................................................................................................. 13

Anexos..................................................................................................................... 14

Anexo 1 – Algumas obras de Frank Peterson............................................... 14


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1 BIOGRAFIA DE FRANK PETERSON

Frank Peterson é um músico e produtor alemão conhecido pelos seus


trabalhos com as bandas Enigma, Gregorian e artistas como Sarah Brightman,
Amelia Brightman, Princessa, Sinsual e com Andrea Bocelli, em seu primeiro álbum
internacional, Romanza, de 1997.

Peterson nasceu em 20 de dezembro de 1963, em Geesthacht, um subúrbio


de Hamburg. Quando criança, ele aprendeu a tocar piano e teclado sozinho,
passando a trabalhar em uma loja de música. Foi quando ele conheceu Michael
Cretu e tornou-se tecladista para conduzir Sandra, que figura com seu único hit:
Maria Magdalena.

Ele foi membro da banda da Sandra por mais alguns anos, depois mudou-se
com Cretu para Ibiza, Enquanto se envolvia com o novo projeto de Cretu, Enigma,
sob o pseudônimo de F. Gregorian. Peterson contribuiu com o primeiro álbum,
MCMXC a.D., escrevendo algumas faixas.

Após isto, Peterson começou a trabalhar com Sarah Brightman, sendo seu
produtor e idealizador de turnês, dando início a um grande relacionamento
profissional que se sustenta até hoje. Logo no primeiro álbum, Dive, o produtor já
cuidou para criar um estúdio de alta tecnologia na qual o seu nome Nemo Studio, foi
tirado do nome da música de Sarah, Captain Nemo1, que foi um single deste álbum.
A partir daí ele começa sua carreira de produtor independente, produzindo e
consagrando a carreira de produtor a partir de então com diversos artistas distintos
através do seu estúdio.

2 INTRODUÇÃO
2.1 UM POUCO SOBRE A CARREIRA DE FRANK PETERSON

Frank Peterson é um dos maiores artistas alemães quando a questão é


projetos eruditos e revolucionários. Já trabalhou com Michael Cretu no projeto
Enigma e depois criou o projeto Gregorian. Ele é bastante conhecido por seu
1
Capitain Nemo é o nome da segunda música do primeiro cd da cantora produzido por Peterson.
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trabalho com Sarah Brightman, Princessa e com Andrea Bocelli, em seu primeiro
álbum internacional, Romanza, além do grupo Gregorian.

O produtor é um caso interessante de criatividade e inovação, pois sempre


trabalhou com misturas ousadas e curiosas de sons. Além disso, é um dos
responsáveis pela criação do estilo musical denominado crossover que mistura o
clássico, o pop e o rock em suas criações, além de muitas vezes se recriar quando
utiliza a mesma música em vários projetos, sempre atento à exigência
mercadológica relativa ao público do artista produzido.

2.2 OS PRINCIPAIS PROJETOS

Uma característica do trabalho de Peterson é que ele chama cada um dos


artistas que produz de “projetos”. Isso porque ele não apenas produz as músicas,
mas trabalha em cima da criação da identidade do artista e também da obra que
desenvolve. Tudo isso leva em conta as características do público que já
conquistado pelo artista e suas exigências e, eventualmente, o público que se
deseja conquistar.

Nesse trabalho vamos analisar o ponto de vista de criatividade e inovação nos


dois principais projetos de Frank, a saber, e em ordem alfabética:

2.2.1 Gregorian

Gregorian é um projeto musical liderado por Peterson de muito sucesso na


Europa, apresentando cantos gregorianos inspirados em versões modernas das
músicas pop e rock dos anos 60, 70, 80, 90 e 2000. Pelas características, tanto de
vocais harmônicos quanto de instrumentos de acompanhamento, a música não pode
ser considerada realmente um canto gregoriano. O grupo tem fortes raízes no estilo
musical new age, misturado com pop e rock e canto gregoriano.

Os critérios para a seleção de música para o grupo são estritos: para ser
considerada, ela precisa ser traspassável em uma escala de sete tons. Depois, com
as músicas escolhidas, doze vocalistas, previamente escolhidos através de uma
sessão de testes de coro, gravam partes da música em uma igreja com a atmosfera
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de trêmulas luzes e velas, condizendo com o que Peterson havia dito em uma
entrevista em 2001 como uma fria e técnica atmosfera de um estúdio. O conceito
provou ser um sucesso, e o grupo já lançou inúmeros álbuns e compilações como a
saga Masters of Chant2.

Em 2004 lançaram The Dark Side, com um repertório de músicas no estilo


Dark e até rock pesado, coerente com o título. Em 2005 foi lançado The
Masterpieces. Depois veio Christmas Chants no final de 2006. O tempo para
lançamento entre um álbum e outro varia entre 1 e 3 anos.

2.2.2 Sarah Brightman

Sarah Brightman é uma soprano clássica. Possui a habilidade de cantar em


várias línguas incluindo inglês, espanhol, francês, latim, alemão, italiano, russo, hindi
e mandarin. Seu estilo musical é o crossover, uma mistura de pop, clássico, rock e o
rock sinfônico (rock com elementos da música sinfônica e clássica). Já vendeu mais
de 30 milhões de álbuns, mais de três milhões de DVDs e já conquistou 160 discos
de Ouro e Platina em 34 países.

Ela participou de inúmeros musicais e na adolescência fez parte de um grupo


de música pop britânico no estilo das brasileiras de As Frenéticas. Sua relação com
Peterson começou com o álbum Dive, de 1992. Três anos depois ela se tornou
mundialmente conhecida com o álbum Fly, mais especificamente com a música
Time to say Goodbye, dueto com Andrea Bocelli. Depois vieram Timeless (1997),
Eden (1999), La Luna (2000), Classics (2001), Harem (2003), The Harem World
Tour-Live from Las Vegas (2004), Symphony (2008), A Winter Symphony (2008) e
Symphony Live From Vienna (2009), todos produzidos por Peterson.

A parceria entre a artista e o produtor sempre rendeu ótimas obras e frutos


interessantes. Ela é reconhecida hoje como uma das maiores cantoras mundiais por
sempre buscar novidades, fazer criações ousadas e diferenciadas nos seus álbuns

2
A série Masters of Chant é dividida em "Capítulos", e cada álbum corresponde a um deles. Assim, o
nome do álbum é Masters of Chant Chapter I, II, e etc. Até hoje ao todo já são sete capítulos dessa
série e o último foi lançado neste ano.
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(tanto no repertório quanto no trabalho gráfico), e também em suas apresentações


ao vivo e turnês.

3 ANÁLISE
3.1 “CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO” NO TRABALHO DE FRANK PETERSON

A essência da arte é a criação e muitas vezes também a inovação. De acordo


com texto publicado no site da empresa MGBRAS (www.mgbras.com.br), acessado
às 15hs do dia 30 de novembro de 2009:

A arte é o campo que não precisa lidar com vários [...] limites
da criatividade. Por não ter um fim alheio de si mesmo, a obra
de arte “pode tudo”. O limite passa a ser aquele definido pelo
próprio autor. Justamente por isso a arte é onde ocorrem
desenvolvimentos tecnológicos e estéticos: não havendo o
compromisso com o fim, o artista se dedica a alcançar o
resultado desejado, e acaba desenvolvendo os meios.

O trabalho de Frank Peterson pode ser resumido com definição do


engenheiro Jairo Siqueira em seu blog (www.criatividadeaplicada.com), acessado às
17h10 do dia 25 de novembro de 2009:

[...] criatividade é pensar coisas novas, inovação é fazer coisas


novas e valiosas. Inovação é a implementação de um novo ou
significativamente melhorado produto (bem ou serviço),
processo de trabalho, ou prática de relacionamento entre
pessoas, grupos ou organizações. [...] O termo implementação
implica em ação: só há inovação quando a nova idéia é julgada
valiosa e colocada em prática.

De acordo com Aldo Bizzocchi (2002, p. 131) “é no âmbito da cultura que a


criatividade ganha particular importância: esta é a capacidade que o ser humano tem
de recombinar informações e conceitos preexistentes em sua mente, estruturados
na forma de linguagem”.
8

Analisando o texto do site da empresa MGBRAS e as citações de Bizzocchi e


de Jairo Siqueira, e depois observando o trabalho de Peterson, podemos perceber
que ele aplica esse conceito em seu trabalho. É comum vermos muitas releituras
musicais, entretanto elas mantêm o estilo e muitas das orientações de arranjo
presentes na obra original. Peterson vai de encontro a essa inclinação, além de usar
em suas criações muitas informações e referências. Para verificar essas
características, vamos estudar o seu trabalho em dois ângulos: as releituras e as
criações multirreferenciadas.

3.1.1 As releituras

De acordo com Heleny Galati no site http://teclec.psico.ufrgs.br/mec-


nte/Projetos/releitura/questoes.htm, acessado às 16h45 do dia 26 de novembro de
2009, releitura é o ato de “reproduzir aquilo que se entendeu da obra, sem
preocupações com semelhanças”.

De acordo como mesmo site,

[...] para Paulo Freire, leitura (alfabetização) não é somente o


ato de descodificar símbolos, mas a interpretação do mundo,
releitura de obra poderia ser uma reinterpretação da obra,
perpassando uma primeira análise de aspectos como: a
finalidade da obra; contexto cultural em que foi produzida;
movimento artístico a que pertence; composição de formas e
cores; etc.

No trabalho de Frank Peterson não são raras as releituras e esse viés criativo
e inovador de Peterson pode ser observado nas produções feitas em músicas
famosas como a recriação da canção What a Wonderful World3. Ela foi gravada
originalmente pelo cantor Louis Armstrong, o músico de jazz mais conhecido do
público em todo o mundo e chamado de "a personificação do jazz", dono de uma
voz inconfundível e extremamente característica, até para quem não é aficionado
pelo estilo. Foi lançada em 1967, sendo classificada como jazz e em 2003 no álbum

3
Presente no álbum Harem (2003), de Sarah Brightman.
9

Harem foi transformada em uma canção de levada rock-pop-sinfônico, mas sem o


uso de guitarras e usando apenas violão e bateria para esse objetivo.

Ainda no quesito releituras, pode-se apontar a música Canção do Mar.


Cantada por Amália Rodrigues em 1955, com o nome de Solidão, por Anamar em
1987 no álbum Almanave, quando ganhou o título definitivo de Canção do Mar e
uma nova letra, e por Dulce Pontes no seu álbum Lágrimas de 1993, o fado
português virou uma música árabe além de ganhar nova letra em inglês e um novo
nome: Harem, que também é o título do álbum da cantora lançado em 2003. Vale
ressaltar que essa é uma das canções portuguesas mais conhecidas fora daquele
país, interpretada até hoje pelo mundo afora por vários artistas.

Além dessas releituras, que podemos chamar de ousadas, o produtor também


é autor de releituras, que devemos chamar de radicais, principalmente quando
produz os álbuns do grupo Gregorian. Nesse sentido, podemos destacar a versão
que ele fez da canção pop Voyage, Voyage da cantora francesa Desireless. Voyage,
Voyage foi um dos maiores hits dos anos oitenta do século passado e ficou no topo
das paradas em praticamente todo o mundo.

No álbum Masters of Chant Chapter II, Peterson produziu uma nova versão
da música com arranjo inspirado no chamado new age e com um coro de canto
gregoriano. Além do coro, a música conta com a participação da soprano Sarah
Brightman no refrão, o que traz uma espécie de contrapeso para a obra deixando o
trabalho mais leve.

Ainda dentro do Gregorian, o Masters of Chant Chapter I traz a canção Tears


in Heaven de Eric Clapton. A canção, originalmente classificada como uma balada
blues, ganha a característica do projeto pelo qual foi regravada e também recebe
características de arranjo inspiradas no chamado new age e com um coro de canto
gregoriano.

Pode-se afirmar ainda que Peterson se recria e se renova pois ele faz
“versões” da sua própria obra. Um exemplo marcante e mais recente disso é a
canção Arrival do famoso quarteto sueco ABBA. A música, presente no álbum
homônimo da banda e originalmente lançada em 1976, possui apenas
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instrumentação e um coro fortemente influenciado pela tradicional música popular


sueca e é faixa instrumental do álbum homônimo da banda.

Em 2008, no álbum A Winther Symphony de Sarah Brightman, Peterson fez


uma versão da canção que rompeu com muitas das características da obra original,
preservando a essência da composição original, mas ganhando elementos que
ajudam a dar uma característica natalino-sinfônica para essa nova versão da
música.

No ano seguinte, Peterson recriou a música e fez uma nova versão da canção
para o grupo Gregorian. Essa nova obra agrega elementos sinfônicos, presentes na
versão do ano anterior, mas com uma execução completamente distinta, pois não há
a necessidade de se criar uma atmosfera natalina para ela, criando até uma ilusão
de medievalismo em certas partes. Além disso, Peterson utiliza o canto gregoriano
como base da música toda (uma das características do Gregorian) enquanto na
versão de 2008 ele usa o esquema tradicional de uma voz principal para a música
com presença de um coral nos refrões, influenciado pela música pop.

Podemos ainda citar como exemplo recente de recriação musical a canção A


Whiter Shade Of Pale. Ela é o primeiro sucesso da banda inglesa Procol Harum,
lançado em 1967 e que na versão original é dotada de influência em estilos como
rock psicodélico e rock progressivo. Nas mãos de Peterson ela ganhou duas
versões. Primeiro, no cd La Luna (2000) de Sarah Brightman, virou uma música com
fortes raízes no rock sinfônico e no pop. Nove anos mais tarde, no álbum Masters Of
Chant Chapoter VII de 2009, ele relança a canção com o grupo Gregorian, com
características em comum com a versão realizada pelo produtor em 2000, como a
ligação com o rock sinfônico. Entretanto, a combinação de sons diferenciada e o
estilo vocal baseado no canto gregoriano da segunda versão nos permitem afirmar
que Peterson recriou a canção.

3.1.2 As criações multirreferenciadas

Peterson sempre utiliza várias referências em seu trabalho. Os álbuns que


produz muitas vezes contêm dados e informações que foram frutos de pesquisas
aprofundadas, pois o objetivo muitas vezes não é apenas criar músicas, mas sim
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passar uma mensagem, um sentimento, o que muitos críticos chamam de “música


com atmosfera”.
Pode-se colocar como exemplo desse tipo de criação o cd Harem, produzido
junto com Sarah Brightman e lançado em 2003. Abaixo, o resumo do release do
álbum publicado para a imprensa e que destaca a capacidade inovadora e criativa
de Peterson:

[...]

Tudo começou como uma sensação para Sarah Brightman.


"Queria gravar um álbum com um quê do Oriente Médio. Senti
que estava no caminho certo; era só uma sensação a princípio,
mas é assim que começo todos os meus álbuns". "Harém
significa 'lugar proibido' em Árabe", ela continua, "Eu sempre
adorei toda aquela atmosfera das Mil e Uma Noites. Muito do
que crio vem das minhas leituras de infância. Eu era fã de
C.S.Lewis. Gosto da idéia de universos paralelos, terras
distantes, mistérios - viajei muito nos últimos anos, o que me
influenciou demais".

Além da influência das lendas e mitos, Brightman também


estava entusiasmada com a realidade aqui-e-agora da música
vibrante que transborda no Oriente Médio - os ritmos e danças
sensuais, o incomparável alcance dos sons instrumentais e as
melodias ousadas e marcantes. Harem dá continuidade a uma
colaboração criativa importante que deu forma aos álbuns
anteriores de Sarah Brightman, todos produzidos por Frank
Peterson. [...]

[...]A canção-título de Harem enfatiza a liberdade e a


imaginação do álbum. É uma adaptação da 'Canção do Mar'
um fado clássico da tradição portuguesa. Sarah Brightman e o
produtor Frank Peterson escreveram novas letras para a
melodia, na qual Sarah enxerga uma conexão entre a música
do Oriente Médio e as inspirações ancestrais do fado.[...] Com
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o produtor Peterson, Brightman criou para Harem um


hipnotizador repertório de música ao mesmo familiar e
incomum, antigo e novo, que combina com seus próprios
talentos de compositora. Jaz Coleman (ex- Killing Joke) criou
os arranjos em suntuosas camadas de sons instrumentais,
tanto orientais quanto ocidentais.

O álbum Harem é em si uma busca pela criação e inovação. Até então,


Peterson havia produzido para Sarah Brightman apenas álbuns com fortes
influências líricas, clássicas e sinfônicas. Com essa obra, Sarah entrou com mais
força no campo popular e começou a usar recursos como batidas pop e rock, mas
sem deixar de lado a veia operístico-clássica, presente com mais intensidade e ao
mesmo tempo misturada com a influência pop-árabe na canção It's a Beautiful Day.
Além disso, nessa canção ela dá margem a outro viés da multirreferência de
Peterson, pois mistura uma famosa ária de Puccini (Um Bel Di), adaptada por ele, a
uma outra adaptação da mesma música, anteriormente realizada por Christopher
von Deylen, presente no álbum Weltreise e cantada pela cantora de ópera Isgaard.
Podemos então dizer ainda que a obra de Peterson é uma releitura (ou
cover/regravação) da de Christopher von Deylen, entretanto adaptada. Esse tipo de
adaptação é recorrente no trabalho de Frank e ele usou esse artifício inúmeras
vezes como na canção Anytime Anywhere4, adaptada do Adágio de Albinoni, Lascia
Ch'Io Pianga5, adaptada da obra de G.F. Handel; e Attesa6, adaptada do intermezzo7
da ópera Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni.
Pode-se dizer que essas são obras multirreferenciadas, pois apesar de terem
uma inspiração e até utilização de obras clássicas em sua composição, elas são
orientadas para o público de hoje e são, digamos, “atualizadas” para atender uma
demanda estético-musical moderna e relacionada com o álbum em que ela está
inserida com o fim de ser fiel à mensagem e ao sentimento do trabalho, uma das
principais preocupações de Peterson como vimos anteriormente.

4
Presente no álbum Eden.
5
Presente no álbum Eden.
6
Presente no álbum Symphony.
7
Pequena representação dramática, ou, mais freqüentemente, peça musical executada no intervalo
entre dois atos de uma peça teatral ou ópera; entreato, intermédio (Dicionário UOL Houaiss,
acessado em 28 de novembro de 09 às 18h05)
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Mas é com a canção Figlio Perduto que a criação multirrefenciada de


Peterson se mostra mais intensa. A música une o intermezzo da sétima sinfonia de
Beethoven a uma adaptação do poema Erlkönig (1782) do autor alemão Johann
Wolfgang Goethe (1749-1832). Vale notar ainda que a música transformou os
instrumentos presentes na obra original em um jogo vocal, com a artista cantando
em diversos tons deixando a impressão que as suas vozes se intercalam e se
respondem simultaneamente e de maneira quase hipnotizadora e ao mesmo tempo
ameaçadora, assim como o poema de Goethe sugere, como no seguinte trecho,
livremente traduzido do italiano para esse trabalho:
[...]
Pai, oh pai
Você não viu
O Rei dos Elfos
Olha ele lá

Filho perdido,
Quer fazer um jogo?
Te darei joias
Venha comigo

Pai, oh pai
Você já ouviu
O que ele me diz
E o que quer fazer?

Filho perdido
Se você não vier
Eu usarei a força que tenho

Pai, oh pai
O Rei dos Elfos
Ele está me tocando
E me faz mal
[...]
14

4 CONCLUSÃO
Analisando o trabalho de Frank Peterson, e as teorias citadas ao longo do
texto e compreendendo ainda o exposto por Aldo Bizzocchi (2002), quando afirma
que: “todo profissional de cultura é um manipulador de linguagens dos mais diversos
tipos, e seu objetivo é sempre criar um novo discurso, uma nova mensagem, a partir
da combinação dos elementos básicos”, percebemos que Peterson é de fato um
profissional de cultura que cria e inova. Ao ordenar as notas e arranjos, transformar,
adaptar melodias e combinar obras distintas para criar uma nova, Peterson mostra
que sabe usar as ferramentas certas para construir sua obra e respeitar os
elementos combinantes de acordo com regras de estética musical, ditada pelo
público e por seu “faro pessoal” de artista, ou seja, a inspiração. Pode se notar ainda
que no seu impulso criativo, o produto se inspira em outras recriações e fazendo a
sua própria obra derivada, sempre respeitando as características de público e
focando o resultado final do trabalho.

5 REFERÊNCIAS

Sites:
• pt.wikipedia.org (acessado em 28/11/2009, às 15h19)
• en.wikipedia.org (acessado em 28/11/2009, às 17h19)
• www.emi.com.br (acessado em 29/11/2009, às 13h00)
• www.gregorian.de (acessado em 25/11/2009, às 16h35)
• www.mgbras.com.br (acessado em 30/11/2009, às 15h00)
• brazil.sarah-brightman.net (acessado em 26/11/2009, às 16h00)
• www.sarah-brightman.com (acessado em 25/11/2009, às 15h00)
• www.criatividadeaplicada.com (acessado dia 25/11/2009, às 17h10)
• http://home.global.co.za/~jvd/index.html (acessado em 25/11/2009, às 15h30)
• http://www.xs4all.nl/~josvg/cits/sarahbr.html (acessado em 25/11/2009, às
16h00)
• http://teclec.psico.ufrgs.br/mec-nte/Projetos/releitura/questoes.htm (acessado
em 26/11/2009, às 16h45)

Texto:
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A Criatividade na Cultura
In: BIZZOCCHI, Aldo. Anatomia da Cultura. Uma nova visão sobre ciência, arte,
religião, esporte e técnica. São Paulo: Palas Athena, 2002. Cap. 10, p. 131-9.

6 ANEXOS

6.1 ANEXO 1 – ALGUMAS OBRAS DE FRANK PETERSON

O CD abaixo contém a versão original e a versão retrabalhada das músicas


produzidas por Frank Peterson que foram citadas durante este trabalho.

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