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SEMINÁRIO

CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS: QUESTÕES
ATUAIS

Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) e


Rolim, Godoi, Viotti & Leite Campos Advogados

- 14 de setembro de 2010 - 0
Majoração do RAT e Aplicação do FAP

Seminário – Contribuições Previdenciárias: Questões Atuais

- setembro de 2010

1
OS INSTITUTOS RAT E FAP

• RAT (Riscos de Ambiente de Trabalho) – Contribuição destinada ao


custeio da aposentadoria especial e dos benefícios por incapacidade
laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho, alíquota variável
entre 1, 2 e 3% (art. 22, II, da Lei nº 8.212/91)

• FAP (Fator Acidentário de Prevenção) – Índice aplicável ao RAT para


proporcionar a sua redução em até 50% ou a sua majoração em até
100% (art. 10 da Lei nº 10.666/03 e art. 202-A do RPS, com redação
determinada pelos decretos nº’s 6.042/07 e 6.957/09)

2
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO RAT E DO FAP

• Art. 195, I, da CF/88 – Financiamento da Seguridade Social com


contribuições pagas pelas empresas, incidentes sobre a folha de salários

• §9º do art. 195 da CF/88 – As contribuições sociais poderão ter


alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa
ou da condição estrutural do mercado de trabalho

• Art. 22, II, da Lei nº 8.212/91 – Contribuição para financiamento da


Aposentadoria Especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de
incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho

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A MAJORAÇÃO DO RAT

• Alíquotas de 1, 2 ou 3% fixadas de acordo com o grau de risco da


atividade preponderante da empresa

• Anexo V do RPS – Definição do grau de risco de acidentes de trabalho


atribuído à atividade preponderante da Empresa, de acordo com a
classificação CNAE adotada

• Decreto nº 6.957/09 – Alteração das classificações de risco adotadas


para os CNAE’s, em vigor desde 01.01.2010

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A MAJORAÇÃO DO RAT

• Levantamento efetuado pela CNI:

a)Reenqüadramento de 921 atividades econômicas em novos graus de


risco e manutenção de 379 atividades na mesma classificação de risco;

b)94% das atividades reenqüadradas tiveram alíquotas majoradas e 6%


tiveram alíquotas reduzidas;

c)Resultado: Elevado aumento da carga fiscal relacionada com o RAT, em


que pese a redução estatística de acidentes de trabalho no Brasil;

d)Inconsistências nos reenqüadramentos de grau de risco – Exemplo:


Fabricação de Bijuterias (1 para 3%) e Descontaminação de resíduos
(variação de 3 para 2%)

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FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP

• Critérios de definição do FAP (art. 202-A do RPS): desempenho da


empresa, dentro da sua atividade econômica, considerando-se os índices
de gravidade, freqüência e custo, relativos a eventos que produzam
impactos na esfera previdenciária

• Na composição do FAP, a gravidade tem importância de 50%, a


freqüência representa 35% e o custo tem um peso de 15%

• Os índices de gravidade, freqüência e custo serão calculados de acordo


com metodologia aprovada pelo Conselho Nacional da Previdência Social

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FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP
• Índice de freqüência: nº de acidentes e doenças de trabalho informados
em CAT’s e benefícios acidentários concedidos pelo INSS com base no nexo
técnico estabelecido em perícia

• Índice de gravidade: casos de auxílio-doença, auxílio acidente,


aposentadoria por invalidez e pensão por morte, relacionados a acidentes
laborais, de acordo com a sua gravidade (pensão por morte: peso de 50%;
aposentadoria por invalidez: 30% e auxílio-doença:10%)

• Índice de custo: valores dos benefícios de natureza acidentária,


reconhecidos pelo INSS a segurados vinculados ao contribuinte, calculados
com base no tempo de afastamento do trabalhador (auxílio-doença) ou
tempo de expectativa de sobrevida do segurado (pensão por morte ou por
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invalidez
FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP
• Fórmula para cálculo do FAP prevista nas Resoluções CNPS nº 1.308/09 e
1.316/2010:

IF = Nº de acidentes e benefícios acidentários concedidos para empregados


da empresa no período de apuração do FAP/número médio de empregados x
1.000

IG = (Nº de benefícios de auxílio doença por acidente e nº de auxílios


acidente x 0,1 + nº de benefícios por invalidez x 0,3 + nº de benefícios por
morte x 0,5)/número médio de empregados x 1.000

IC = valor total de benefícios vinculados à empresa/valor total de


remuneração paga pela empresa aos empregados x 1.000 8
FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP
• Ranking do MPS em relação às empresas da mesma subclasse do CNAE e
em relação a cada um dos índices obtidos (número de ordem)

• Com número de ordem, o MPS estabelece os percentiis das empresas em


relação a cada um dos critérios de avaliação, com aplicação da seguinte
fórmula: Percentil = 100 x (nº de ordem-1)/(numero de empresas
cadastradas na subclasse da CNAE-1)

• Definição do Índice Composto, com a adoção dos percentiis, conforme a


seguinte fórmula: IC = (0,35 x PF + 0,5 x PG + 0,15 x PC) x 0,02

• Em caso de ‘bonus’, o FAP 2009 fixou exposto à seguinte interpolação: FAP


= 0,5+0,5xIC

•Em caso de ‘malus’ o FAP recebe o seguinte ajuste: FAP = IC-(IC-1) x 0,25
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FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP
• Exemplo Numérico: Informações CNAE

Nº Empresas Subclasse 6

RAT 2%

BONUS MALUS

Quesito NºOrd. Percentiis Quesito NºOrd. Percentiis

Frquência 3 100x(3-1)/(6-1) 40 Frquência 4 100x(4-1)/(6-1) 60

Gravidade 2 100x(2-1)/(6-1) 20 Gravidade 5 100x(5-1)/(6-1) 80

Custo 3 100x(3-1)/(6-1) 40 Custo 4 100x(4-1)/(6-1) 60

Índice Composto Índice Composto

((0,35x40)+(0,5x20)+(0,15x40)) x 0,02 0,6000 ((0,35x60)+(0,5x80)+(0,15x60)) x 0,02 1,4000

Interpolação FAP

FAP=0,5+0,5x0,75 0,8000 1,75-(1,75-1)x0,25 1,3000

RAT Ajustado RAT Ajustado


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2%x0,800 1,60% 2%x1,3000 2,60%
FÓRMULA PARA CÁLCULO DO FAP
• Travas Aplicáveis ao Cálculo do FAP:

1)Caso a empresa apresente casos de morte ou invalidez permanente,


decorrentes de acidentes ou doenças de trabalho, seu FAP não poderá ser
inferior a 1, salvo se comprovar investimentos em recursos materiais,
humanos e tecnológicos em segurança do trabalho

2) Caso a empresa apresente casos de morte ou invalidez permanente e seu


IC seja superior a 1, o valor do FAP será igual o IC calculado, a não ser em
caso de acidentes de percurso

3) A aplicação do FAP fica prejudicada em relação a subclasses do CNAE que


tenham apenas 5 empresas enquadradas 11
IRREGULARIDADES DO FAP 2009

• Falta de padrões previstos em lei, com a sistemática de cálculo definida


discricionariamente pelo Executivo (correta interpretação do RE nº
343.446/SC)

•Divulgação a posteriori dos eventos considerados na apuração dos índices

• Inclusão de eventos que não se relacionam com as condições de trabalho


(por exemplo, acidentes de trajeto)

• Falta de divulgação de dados para verificação do nº de ordem

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IRREGULARIDADES DO FAP 2009

• Insegurança jurídica e irrazoabilidade no critério de comparação


(ranqueamento de empresas)

• Fixação de um único FAP para todos os estabelecimentos da empresa

• Ilegal utilização do FAP como penalidade para a subnotificação (Resolução


nº 1.316/10)

• Vedação ao pleno exercício do direito de contestação administrativa do FAP


vinculado ao contribuinte

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JURISPRUDÊNCIA – FAP

• Precedentes favoráveis e desfavoráveis na primeira instância e TRF´s

•A questão ainda não foi julgada pelo STF ou pelo STJ

• ADIN proposta pela CNC (argumentos deduzidos)

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Alterações das multas previdenciárias e

reclamatórias trabalhistas - Lei nº

11.941/09

Seminário – Contribuições Previdenciárias: Questões


Atuais

- setembro de 2010
15
Penalidades anteriores à Lei nº 11.941/09
Obrigação acessória ( falta de entrega da GFIP) Art. 32 da Lei nº 8.212/91

- Pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um


multiplicador sobre o valor mínimo fixado, em função do número de
segurados, variando de ½ valor mínimo (0 a 5 segurados) a 50 x valor
mínimo (acima de 5000 segurados)

“§ 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos


fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente
à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não
declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior.”

“§ 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados


não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena
administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92,
por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas”
aos valores previstos no § 4º.”

16
Obrigação principal (recolhimento) - Arts. 34 e 35 da Lei nº
8.212/91

“Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas


pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento,
pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas
aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia-SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº
9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e
multa de mora, todos de caráter irrelevável.”

“Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo


INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos
seguintes termos:
I - para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em
notificação fiscal de lançamento: (8%, 14% e 20%)
II - para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de
lançamento: (24%, 30%, 40% e 50%)
III - para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa:” (60%, 70%,
80% e 100%)
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Lei nº 11.941/09 (conversão da MP nº 449/08)

→ arts. 26 e 79, I da Lei nº 11.941/09

Dispositivos revogados (Lei nº 8.212/91):

- §§ 1º e 3º a 8º do art. 32;
- art. 34;
- §§ 1º a 4º do art. 35.

Alterações/inclusões (Lei nº 8.212/91):

- art. 32-A;
- nova redação do art. 35;
- art. 35-A

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Obrigação acessória (entrega de GFIP) - Art. 32-A da Lei nº
8.212/91

“Art. 32-A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que


trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a
apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentá-la
ou a prestar esclarecimentos e sujeitar-se-á às seguintes multas:
I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações
incorretas ou omitidas; e
II – de 2% (dois por cento) ao mês-calendário ou fração, incidentes sobre o
montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no
caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a
20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo.
§ 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste
artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do
prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da
efetiva entrega ou, no caso de não-apresentação, a data da lavratura do
auto de infração ou da notificação de lançamento.
§ 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas:
I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas
antes de qualquer procedimento de ofício; ou
II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da
declaração no prazo fixado em intimação.” 19
Penalidades previstas (após a Lei nº 11.941/09)

Obrigação principal (recolhimento) - Arts. 35 e 35-A da Lei


nº 8.212/91

“Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições


sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art.
11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de
substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim
entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos
previstos em legislação, serão acrescidos de multa de
mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº
9.430, de 27 de dezembro de 1996.”

“Art. 35-A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às


contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica-se o
disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de
1996.” 20
Lei nº 9.430/96

“Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e


contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos
fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos
nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de
multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento,
por dia de atraso.
§ 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia
subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do
tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento.
§ 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento.
§ 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora
calculados à taxa a que se refere o §3º do art. 5º, a partir do primeiro dia
do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do
pagamento e de um por cento no mês de pagamento”

“Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes


multas:
I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de
imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou
recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;” 21
Multa obrigação acessória – (comparação art. 32 )

Antes da Lei nº 11.941/09 Depois da Lei nº 11.941/09

- 100% do valor das contribuições - R$ 20,00 para cada grupo de 10


(limitações do §
informações incorretas ou
4º):“apresentação do documento
com dados não correspondentes omitidas: “apresentar a
aos fatos geradores” declaração com incorreções ou
omissões”
- 5% do valor da multa mínima
aplicada no caso de infrações
para a qual não há expressa
cominação de penalidade (art. 92
da Lei nº 8.212/91; R$ 1.329,18
{R$ 66,46}, em 2009):
“apresentação do documento com
erro de preenchimento nos dados
não relacionados aos fatos
geradores” (penalidade prevista
para cada campo com
informações inexatas,
incompletas ou omissas)
22
Multa obrig. principal – (comparação arts. 34/35 e 35-A
no caso de lançamento de ofício)

Antes da Lei nº 11.941/09 Depois da Lei nº 11.941/09

Art. 34: previsão de ”multa de Art. 35-A: remissão ao 44 da Lei


mora” para qualquer nº 9.430/96
pagamento em atraso,
“incluídas ou não em “Art. 44. Nos casos de
notificação fiscal de lançamento de ofício, serão
lançamento” aplicadas as seguintes multas:
I - de 75% (setenta e cinco por
Art. 35: “multa de mora” no cento) sobre a totalidade ou
percentual de 24% “para diferença de imposto ou
pagamento de créditos contribuição nos casos de falta
incluídos em notificação fiscal de pagamento ou
de lançamento” (entre o recolhimento, de falta de
lançamento e o 15º dia) declaração e nos de
declaração inexata;”

23
Objetivos e efeitos
● Alteração nas penalidades (busca pela uniformização das normas
pertinentes aos tributos administrados pela RFB)

● Mais benéficas?

● Art. 106 do CTN: A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: (...) c) quando
lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao
tempo da sua prática.”

● Lei 11.941/09:

“Art. 57. A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35-A da Lei nº 8.212, de


24 de julho de 1991, às prestações ainda não pagas de parcelamento e
aos demais débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrado por meio
de processo ainda não definitivamente julgado, ocorrerá:
I – mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade
administrativa competente, informando e comprovando que se subsume
à mencionada hipótese; ou
II – de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a
possibilidade de aplicação.
Parágrafo único. O procedimento de revisão de multas previsto neste
artigo será regulamentado em portaria conjunta da Procuradoria-Geral 24
da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita Federal do Brasil. ”
Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009

Art. 1º: regulamentação da forma de aplicação dos arts. 35 e 35-


A aos casos em andamento;

Art. 2º:
- análise e eventual retificação apenas no momento do
pagamento/parcelamento ou ajuizamento do débitos;
- por competência;
- mediante requerimento do sujeito passivo (comprovando ser o
caso) ou de ofício;
- DRJ deve constar na decisão que a análise será feita ao final

Arts. 3º e 4º: regras de comparação

Art. 4º - comparação contribuição a terceiros: 75% x 24% apenas

25
Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009

“Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta


Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores
das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de
obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em
sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de
obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº
8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº
11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art.
35-A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de
2009.”

“Multa de mora” de 24% + Multa de 100% com limites → Multa de ofício


de 75%

Art. 32-A?

“Regimes de multas”

Multa obrigação principal x Multa obrigação principal; Multa obrigação


acessória x multa obrigação acessória
“Multa de mora” (limitada a 20%) x multa de ofício (inexistente)
26
Art. 112 do CTN: Lei específica
Reclamatórias trabalhistas

Art. 26 da Lei nº 11.941/09 (alterações Lei nº 8.212/91)


Art. 43 da Lei nº 8.212/91 (reclamatórias trabalhistas – incidência
de contribuições sobre parcelas remuneratórias apuradas)

Ҥ 2o Considera-se ocorrido o fato gerador das


contribuições sociais na data da prestação do serviço.
§ 3o As contribuições sociais serão apuradas mês a mês,
com referência ao período da prestação de serviços,
mediante a aplicação de alíquotas, limites máximos do salário-
de-contribuição e acréscimos legais moratórios vigentes
relativamente a cada uma das competências abrangidas,
devendo o recolhimento ser efetuado no mesmo prazo em que
devam ser pagos os créditos encontrados em liquidação de
sentença ou em acordo homologado, sendo que nesse último caso
o recolhimento será feito em tantas parcelas quantas as previstas
no acordo, nas mesmas datas em que sejam exigíveis e
proporcionalmente a cada uma delas.” 27
Reclamatórias trabalhistas – Jurisprudência
anterior
Art. 276 do Decreto nº 3.048/99: “Nas ações trabalhistas de que resultar o
pagamento de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o
recolhimento das importâncias devidas à seguridade social será feito
no dia 2 (dois) do mês seguinte ao da liquidação da sentença.”

Fato gerador: pagamento do crédito trabalhista (entendimento controvertido


antes mesmo da Lei nº 11.941/09; art. 28, I da Lei nº 8.212/91:
“rendimentos devidos” x art. 195, I, “a” CF/88: “pagos ou creditados”)

“TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. FATO GERADOR.


(...)
4. Improvimento do recurso. Homenagem prestada ao acórdão recorrido que
entendeu materializar-se o fato gerador da contribuição do empregado com a
prestação do serviço decorrente da relação de emprego e o direito, no final do
período ajustado, a receber o salário devido.
5. Inconsistência da tese de que o fato gerador, na espécie, só ocorre com o
efetivo pagamento.
6. Recurso improvido na parte em que foi conhecido” (STJ, REsp nº 221.365,
Rel. Min. José Delgado, DJ 17.12.1999)
Reclamatórias trabalhistas – Jurisprudência
anterior
“AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. JUROS E MULTA. Define o caput do art.
276 do Decreto nº 3048/99 que, na existência de pagamentos sujeitos à
incidência de contribuição previdenciária, o recolhimento dos valores devidos
à seguridade social será feita no dia dois do mês seguinte ao da liquidação da
sentença e, portanto, não se há de falar que o devedor está em mora antes
dessa data. Precedentes desta Corte. Agravo de Instrumento a que se nega
provimento.” (TST – AIRR – 01556.2004.045.015.40.9 - 7ª Turma – Rel. Min.
Pedro Paulo Manus, DEJT 08.05.2009)

“RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR.


ACRÉSCIMOS LEGAIS. Apenas com a caracterização da natureza salarial e
com o pagamento do crédito devido ao empregado é que nasce o fato gerador
para o pagamento da penalidade pelo recolhimento em atraso. Destarte, é a
partir do pagamento do crédito trabalhista que nasce o direito ao
recolhimento e não pela prestação de serviços remunerada, cuja controversa
apenas foi solucionada por ocasião de decisão judicial. Recurso de Revista
conhecido e desprovido.” (TST – RR – 00471.2007.136.015.00.9 – 6ª Turma
– Rel. Min. Aloysio Correa da Veiga, DJET 08.05.2009)
Reclamatórias trabalhistas – Jurisprudência
posterior
“EXECUÇÃO DE CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS - JUROS DE MORA E MULTA -
FATO GERADOR - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - MEDIDA PROVISÓRIA
449/08 - A partir da edição da Medida Provisória n. 449, de 03.12.08,
publicada no DOU em 04.12.08 e 12.12.08 (retificações), o fato gerador das
contribuições previdenciárias é o trabalho prestado ao longo do contrato,
devendo os juros e a multa incidir a partir de quando os valores deveriam
ter sido recolhidos, inclusive a mora de 20% e os juros da taxa SELIC.
Agravo de petição a que se dá provimento.” (TRT 3ª Região, AP nº 00380-
2001-090-03-00-0, Rel. Des. Luiz Otávio Linhares Renault, DJ 23.03.2009)

“CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DEVIDAS EM FACE DE AÇÃO


TRABALHISTA. ÉPOCA DO RECOLHIMENTO. Segundo o § 3º do art. 43 da
Lei 8.212/91, introduzido pela MP 449, de 3.12.08, nas ações trabalhistas
de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de
contribuição previdenciária, esta será apurada mês a mês, com referência
ao período da prestação de serviços, mediante a aplicação de alíquotas,
limites máximos do salário-de-contribuição e acréscimos legais moratórios
vigentes, relativamente a cada uma das competências abrangidas, devendo
o recolhimento ser feito até o dia dez do mês seguinte ao da liquidação da
sentença.”( TRT 3ª Região, Processo nº 00521-2006-048-03-00-4, 5ª
Turma, 31.03.2009)
30
Reclamatórias trabalhistas – Jurisprudência
posterior (“retroatividade”)

“CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - PARCELAS TRABALHISTAS


RECONHECIDAS EM JUÍZO - FATO GERADOR DO TRIBUTO -
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - (...) Por outro lado, entende-se que a
alteração provocada pela referida Medida Provisória tem
aplicação imediata, abrangendo, inclusive, os fatos ocorridos
anteriormente. Não há que se falar em retroação ilegal,
porque o que ocorreu, na verdade foi mera regulamentação,
pela Medida Provisória em comento, da forma de apuração da
contribuição previdenciária. Assim, não há que se cogitar em
violação ao princípio da irretroatividade. Agravo a que se dá
provimento para determinar a retificação dos cálculos homologados
na origem, devendo ser adotada, como fato gerador, a data da
prestação de serviço pelo autor, com a incidência de juros de mora e
multa em conformidade com a legislação previdenciária (cf. art. 879,
§4º, da CLT).“ (TRT 3ª Região, AP nº 33200-98.2008-5.03.0069, 6ª
Turma, Rel. Des. Jorge Berg de Mendonça, DEJT 02.08.2010)

31
Reclamatórias trabalhistas – Jurisprudência
posterior (“retroatividade”)

A nova redação do art. 43 não pode alcançar situações jurídicas tratadas em


processo do trabalho anterior a sua vigência:

“CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA - FATO GERADOR - LEI N. 11.941/2009 -


PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI. A aplicação do disposto no parágrafo
2º., do art. 43, da Lei n. 8.212/91, com a redação dada pela Lei n. 11.941/2009, que
dispõe: "Considera-se ocorrido o fato gerador das contribuições sociais na data da
prestação do serviço.", está atada ao princípio da irretroatividade da lei. Assim, o
fato gerador da contribuição previdenciária será o pagamento ao Reclamante, não
havendo como incidir juros e multa desde a prestação dos serviços, época em que
sequer se cogitava da existência do direito reconhecido pelo Judiciário. Aplica-se ao
caso o disposto no art. 276, caput, do Decreto n. 3.048/99, que estabelece o prazo
para recolhimento da contribuição social como sendo o dia 02 do mês seguinte ao
do pagamento, sendo que as novas regras introduzidas só poderão incidir
considerando a data da prestação de serviços no curso do contrato do
trabalho, quando o labor ocorrer em data posterior à publicação da referida
norma legal.” (TRT 3ª Região, AP nº 40200-23.2008-5.03.0111, 9ª Turma, Rel. Juiz
Conv. João Bosco Pinto Lara, DEJT 03.02.2010)
Inconstitucionalidade art. 43, § 2º da Lei nº 8.212/91

Incompatibilidade com o art. 195, I, “a” da Constituição: contribuições


incidentes sobre “a folha de salários e demais rendimentos do trabalho
pagos ou creditados, a qualquer título (...)”

TST

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA. FATO GERADOR. JUROS DE MORA E MULTA. NÃO PROVIMENTO.
1. Nos termos da jurisprudência consolidada desta Corte Superior, o fato gerador da
contribuição previdenciária é o pagamento do crédito devido ao
empregado e não a data da efetiva prestação dos serviços. Precedentes
desta Corte Superior.
2. Incidência da Súmula nº 333.
3. Agravo de instrumento a que se nega provimento.” (AIRR nº 110440-
18.2001.5.03.0035, Rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, 2ª Turma, DJ:
03.09.2010)

33
Súmula Vinculante STF nº 8 – Decadência

Seminário – Contribuições Previdenciárias: Questões


Atuais

- setembro de 2010 - 34
Súmula e dispositivos inconstitucionais

“São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei


1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de
prescrição e decadência de crédito tributário.”

“Art. 45. O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos


extingue-se após 10 (dez) anos contados:
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia
ter sido constituído;
II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,
por vício formal, a constituição de crédito anteriormente efetuada.
(...)
Art. 46. O direito de cobrar os créditos da Seguridade Social, constituídos
na forma do artigo anterior, prescreve em 10 (dez) anos.”

Fundamento STF: matéria reservada à lei complementar (art. 146, III, b,


CF/88)
CTN (arts. 150, §4º e 173, I)
Revogação pela Lei Complementar nº 128/2008
Tributo sujeito ao lançamento por homologação (mesma discussão dos
35
demais)
Dispositivos CTN

“Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem
prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida
autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
(...)
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se
tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente
extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.”

“Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se


após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por
vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que
tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao
sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.”36
STJ – Aplicação cumulativa

“(...). DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO


TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO
CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, E 173,
DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC.
INOCORRÊNCIA. (RECURSO REPETITIVO - RESP 973.733-SC).
(....) A solução é deplorável do ponto de vista dos direitos do
cidadão porque mais que duplica o prazo decadencial de cinco
anos, arraigado na tradição jurídica brasileira como o limite
tolerável da insegurança jurídica. Ela é também juridicamente
insustentável, pois as normas dos artigos 150, § 4º e 173 não são
de aplicação cumulativa ou concorrente, antes são
reciprocamente excludentes, tendo em vista a diversidade dos
pressupostos da respectiva aplicação: o art. 150, § 4º aplica-se
exclusivamente aos tributos 'cuja legislação atribua ao sujeito
passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa'; o art. 173, ao revés, aplica-se aos
tributos em que o lançamento, em princípio, antecede o
pagamento. (...) (AgREsp nº 1.074.191, Luiz Fux, 1ª Turma,
16.03.2010)
37
STJ – Ausência total de recolhimento x recolhimento a
menor

TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TRIBUTO SUJEITO A


LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE
PAGAMENTO ANTECIPADO. INCIDÊNCIA DO ART. 173, INC. I, DO CTN.
PRECEDENTE DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO N. 973733/SC.
1. Conforme assentado na jurisprudência desta Corte, nos casos em que
não tiver havido o pagamento antecipado de tributo é de se aplicar o
art. 173, inc. I, do CTN. Isso porque a disciplina do art. 150, § 4º, do
CTN estabelece a necessidade de antecipação do pagamento para fins
de contagem do prazo decadencial (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Seção, DJe 18/09/2009, submetido ao regime do artigo
543-C do CPC e da
(AgRg nos EDcl no RMS 20.097/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/04/2010, DJe
05/05/2010)

38
Verbas não remuneratórias:
Jurisprudência atual do STJ e
Possibilidade de recuperação valores
indevidamente recolhidos

Seminário – Contribuições Previdenciárias: Questões


Atuais

- setembro de 2010 39
Salário de contribuição

Salário-de-contribuição (art. 28): a remuneração auferida em uma ou


mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos
pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês,
destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma,
inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os
adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços
efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador
ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de
convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.

Parâmetros relevantes:

Verbas remuneratórias x verbas indenizatórias


Habitualidade x eventualidade
Vinculação salário x desvinculação (liberalidade)
Parcelas recebidas para o trabalho, e não pelo trabalho

Exclusões previstas no §9º do art. 28 40


Discussões (observância formalidades legais)

-Previdência privada e assistência médica/afins (possibilidade


diferenciação / Acórdão CSRF nº 9202-00.295, em 22.09.2009)

-Auxílio alimentação in natura e inscrição PAT (desnecessidade /


Jurisprudência reiterada STJ, ainda não em sede de recurso
repetitivo; Ex: AgREsp nº 1.119.787, DJ 29.06.2010)

-Vale-transporte em pecúnia:
STF: RE nº 478.410 (Pleno, DJ 14.05.2010 – Inconstitucionalidade
do art. 5º do Decreto nº 95.247/87)
STJ: AgRg no Ag nº 1.232.771 (2ª Turma, DJ 22.06.2010 –
Aplicação do art. 5º do Decreto nº 95.247/87)

-Abono de férias (vinculação à assiduidade não altera natureza;


decisões administrativas e judiciais favoráveis)

41
Jurisprudência do STJ

- Terço Constitucional de Férias e Auxílio-doença

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO


NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO DOENÇA E TERÇO DE FÉRIAS. NÃO
INCIDÊNCIA.
1. O STJ pacificou entendimento de que não incide contribuição
previdenciária sobre a verba paga pelo empregador ao empregado
durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de
doença, porquanto não constitui salário.
2. A Primeira Seção, ao apreciar a Petição 7.296/PE (Rel. Min.
Eliana Calmon), acolheu o Incidente de Uniformização de Jurisprudência
para afastar a cobrança de Contribuição Previdenciária sobre o terço
constitucional de férias.
3. Agravo Regimental não provido.
(AgRg nos EDcl no AgRg no REsp 1156962/SP, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/08/2010, DJe
16/08/2010)
42
Jurisprudência do STJ

Auxílio acidente e Salário-Maternidade

“3. O auxílio-acidente ostenta natureza indenizatória, porquanto destina-


se a compensar o segurado quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas
que impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia, consoante o disposto no § 2º do art. 86 da Lei
n. 8.213/91, razão pela qual consubstancia verba infensa à incidência
da contribuição previdenciária. Precedentes.
4. O salário-maternidade possui natureza salarial e integra,
consequentemente, a base de cálculo da contribuição previdenciária. O
fato de ser custeado pelos cofres da autarquia previdenciária não
exime o empregador da obrigação tributária relativamente à
contribuição previdenciária incidente sobre a folha de salários,
incluindo, na respectiva base de cálculo, o salário-maternidade
auferido por suas empregadas gestantes (Lei 8.212/91, art. 28, § 2º).
Precedentes.” (REsp 1098102/SC, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/06/2009, DJe
17/06/2009)
43
Jurisprudência do STJ

- Seguro de Vida

“(...). CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA EM GRUPO. NÃO


INCIDÊNCIA. ART. 28, I, § 9º, DA LEI 8.212/91. REDAÇÃO ANTES DA
ALTERAÇÃO ENGENDRADA PELA LEI 9.528/97. NÃO CARACTERIZADA A
NATUREZA SALARIAL. ACÓRDÃO A QUO EM CONSONÂNCIA COM A
JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. (...). RECURSO NÃO PROVIDO. 1. A
jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de o seguro de vida em
grupo contratado pelo empregador em favor de um grupo de empregados,
sem que haja a individualização do montante que beneficia a cada um deles,
não se inclui no conceito de salário, afastando-se, assim, a incidência da
contribuição previdenciária sobre a referida verba. 2. Não obstante ulterior
mudança da redação do art. 28 da Lei 8.212/91, que após a edição da Lei
9.528/97, estabeleceu de forma explicita que o seguro em grupo não se
reveste de natureza salarial, o que afastaria a incidência da Contribuição
Social, esta Corte já firmara entendimento em sentido contrário, haja vista
que o empregado não usufrui do valor pago de forma individualizada. 3.
Recurso especial não provido.” (STJ, REsp nº 759.266, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, 2ª Turma, DJ 13.11.2009)
44
Seguro de vida (desnecessidade de previsão em CCT e
necessidade de prestação a todos os funcionários)

“(...). CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURO DE VIDA EM GRUPO.


NÃO-INCIDÊNCIA. NECESSIDADE DE PREVISÃO EM CONVENÇÃO OU
ACORDO COLETIVO (...). EXIGÊNCIA AFASTADA POR NÃO ESTAR
PREVISTA NA LEI N. 8.212/91.
(...) 5. Logo, irrelevante para esse raciocínio que a exigência para tal
pagamento esteja estabelecida em acordo ou convenção coletiva, desde
que o seguro seja em grupo e não individual. 6. A regulamentação da Lei n.
8.212/91 por meio do art. 214, § 9º, inc. XXV, do Decreto n. 3.048/99, com
a redação dada pelo Decreto n. 3.265/99, extrapolou os limites
estabelecidos na norma e acabou por inovar ao estabelecer a necessidade
de previsão em acordo ou convenção coletiva para fins de não-incidência da
contribuição previdenciária sobre o valor do prêmio de seguro de vida em
grupo pago pela pessoa jurídica aos seus empregados e dirigentes. (...)
8. Por certo, não se afasta a necessidade de que tais pagamentos abranjam a
totalidade dos empregados e dirigentes da empresa, por decorrer da
interpretação sistemática da Lei n. 8.212/91, que impõe a incidência nos
casos de seguro individual. 9. (...). 10. Recurso especial provido.” (STJ,
REsp nº 660.202, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, DJ
11.06.2010)
45
Discussões (natureza jurídica da verba)

Previdência privada

- Art. 202, § 2º, CF/88;


- Art. 458, § 2º, VI, CLT;
- Art. 28, § 9º, “p”, Lei nº 8.212/91;
- Art. 69, § 1º da Lei Complementar nº 109/01:

“Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência


complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de
natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de
imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei.
§ 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação
e contribuições de qualquer natureza.”

- Natureza instrumental (complemento de um dever Estatal


constitucional)

46
Discussões (natureza jurídica da verba)

Abono único

- Eventual e sem vinculação ao salário (previsão em CCT);


- Desvinculação não precisa decorrer de outra norma legal (como é o
caso do abono de férias);
- Art. 28, § 9º, “e”, item 7, Lei nº 8.212/91: “§ Não integram o salário-
de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as
importâncias: (...) 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os
abonos expressamente desvinculados do salário”

“PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO


PREVIDENCIÁRIA E FGTS. ABONO ÚNICO PREVISTO EM
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. ART. 28, § 9º, 'E', ITEM 7,
DA LEI 8.212/91. EVENTUALIDADE E DESVINCULAÇÃO DO
SALÁRIO, NO CASO. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS
AS TURMAS DA 1ª SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.” (STJ, Resp
nº 819.552, Rel. Min. Luiz Fux, Rel. p/ Acórdão Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, DJ 18.05.2009)
47
Discussões (natureza jurídica da verba)

Aviso prévio indenizado

- Exclusão expressa na redação original do art. 28, § 9º, “e” da Lei nº


8.212/91 e do art. 214, § 9º, V, “f” do Decreto nº 3.048/99;
- Revogação previsão legal pela Lei nº 9.258/97;
- Revogação previsão infralegal pelo Decreto nº 6.727/09 e início da
exigência pela RFB;
- Irrelevância das revogações para a natureza jurídica da verba;
- Jurisprudência pacificada antes (STF, STJ e TRF´s) e depois das
revogações (TRF´s)

“RECURSO DE REVISTA. ACORDO JUDICIAL. AVISO PRÉVIO INDENIZADO.


NATUREZA JURÍDICA INDENIZATÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
INDEVIDA. Embora o aviso prévio indenizado não mais conste da regra de
dispensa da incidência de contribuição previdenciária, tratada no § 9º do art. 28
da Lei 8.212/91, é certo que a satisfação em juízo de tal parcela não acarreta a
incidência de contribuição, uma vez que, nesse caso, não se trata de retribuição
pelo trabalho prestado, mas, sim, de indenização substitutiva. Decisão em
consonância com a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte, a atrair o
óbice do art. 896, § 4º, da CLT e da Súmula 333/TST. Recurso de revista não
48
conhecido.” (TST, RR nº 14000-71.2005.5.01.0003, DJ 10.10.2008)
Possibilidade de recuperação valores recolhidos

- Ação de repetição de indébito, ação declaratória ou mandado


de segurança;
- Possibilidade de compensação (contribuições previdenciárias –
Arts. 44 a 47 da IN RFB nº 900/08);
- Prazo prescricional (Lei Complementar nº 118/05)
Ações ajuizadas até 08.06.2010 (STJ x STF – RE nº 566.621)
Ações ajuizadas após 08.06.2010

- Produção de provas (legitimidade ativa);


- Apuração quantum (liquidação de sentença ou
administrativamente)
- Preenchimento da GFIP

49
Sonegação previdenciária e
responsabilização de grupo
econômico

Seminário – Contribuições Previdenciárias: Questões


Atuais

- setembro de 2010 50
Grupo econômico – Legislação

- Lei nº 8.212/91: “Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições


ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes
normas: (...)
IX – as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem
entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei.”

- Decreto nº 3.048/99: “Art. 222. As empresas que integram grupo


econômico de qualquer natureza, bem como os produtores rurais integrantes do
consórcio simplificado de que trata o art. 200-A, respondem entre si,
solidariamente, pelas obrigações decorrentes do disposto neste Regulamento.”

- Instrução Normativa RFB nº 971/09: “Art. 494. Caracteriza-se grupo


econômico quando 2 (duas) ou mais empresas estiverem sob a direção, o controle
ou a administração de uma delas, compondo grupo industrial, comercial ou de
qualquer outra atividade econômica.
Art. 495. Quando do lançamento de crédito previdenciário de responsabilidade de
empresa integrante de grupo econômico, as demais empresas do grupo,
responsáveis solidárias entre si pelo cumprimento das obrigações previdenciárias na
forma do inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212, de 1991, serão cientificadas da
ocorrência.”
51
Grupo econômico – Configuração no âmbito trabalhista e
previdenciário

-Previdenciário: Empresas que estão sob direção ou controle de uma


delas, compondo um grupo empresarial (existência de convergência de
políticas mercantis e padronização de procedimentos)

-Trabalhista: Relação de coordenação das atividades entre empresas, em


face da prestação do trabalho (compartilhamento dos benefícios direta ou
indiretamente decorrentes do mesmo contrato de trabalho)

-“GRUPO ECONÔMICO – RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA – Muito embora o art. 2o


da CLT, em seu § 2o, refira-se a uma empresa principal e suas subordinadas, é
necessário ultrapassar a interpretação apenas literal da norma para alcançar seu
verdadeiro sentido. No Direito do Trabalho, a concepção de grupo econômico
prescinde da relação de dominação entre as sociedades que integram o
grupo, bastando que as empresas estejam interligadas em alguma forma
de interdependência, em virtude da qual realizam as mesmas finalidades
pelo auxílio mútuo ou coadjuvação recíproca, o que se vislumbra na existência
da relação confessada e na exploração de atividade econômica comum, como no
caso dos autos.” (TRT3. 00900-2008-098-03-00-2 AP. Rel. Paulo Roberto de Castro.
DEJT 25/06/09, pág. 51).
52
JURISPRUDÊNCIA

“SOLIDARIEDADE PASSIVA - INEXISTÊNCIA DOS ELEMENTOS


CARACTERIZADORES - LANÇAMENTO CANCELADO - A solidariedade
tributária se caracteriza pela existência de interesse jurídico, e não
econômico, vinculado à atuação comum ou conjunta da situação que
constitui o fato imponível. Para que exista solidariedade, em matéria
tributária, deve haver, numa mesma relação jurídica, duas ou mais
pessoas caracterizadas como contribuintes, situação em que cada uma
delas estará obrigada pelo pagamento integral da dívida.

- O interesse comum na situação que constitua o fato gerador da


obrigação principal implica que as pessoas solidariamente obrigadas
sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato
imponível. Fere a lógica jurídico-tributária a integração, no pólo passivo
da relação jurídica, de alguém que não tenha tido qualquer participação
na ocorrência do fato gerador da obrigação. O procurador de pessoa
jurídica, por lhe faltar a condição de sujeito passivo nos atos em que
intervém, não pode ser caracterizado como responsável solidário.”
(Primeiro Conselho de Contribuintes, Acórdão 102-49.245 em 10/09/08
– grifamos)
53
JURISPRUDÊNCIA

“EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO.


INOCORRÊNCIA. GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. INCRA. SAT.
EXIGIBILIDADE.
O artigo 124, I, do CTN e o artigo 30, IX, da Lei n° 8.212/91, admitem a
responsabilidade solidária por dívida fiscal entre componentes do mesmo grupo
econômico. Havendo prova de que as empresas são integrantes do mesmo
grupo econômico e que possuem interesse comum na situação que
constituiu o fato gerador da obrigação principal, devem elas permanecerem
no pólo passivo da execução. O art. 30, IX, da Lei nº 8.212/91 não macula
nenhum preceito constitucional e encontra-se em perfeita consonância com os
princípios insculpidos na Magna Carta, pelo quê, rejeito a alegação de
inconstitucionalidade desse normativo legal. (...)” (AC 200672040030462,
ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA, TRF4 - PRIMEIRA TURMA, 07/07/2009)

- Entendimento do CARF

54
LEGISLAÇÃO

- Tipos penais “gerais” – Arts. 1º e 2º da Lei 8.137/90

- Tipo penal específico” (Art.168-A do Código Penal: “apropriação


indébita previdenciária”)

- Tipo penal “específico” (Art.337-A do Código Penal:


“sonegação de contribuição previdenciária”)

- Súmula Vinculante STF nº 24: “Não se tipifica crime material contra


a ordem tributária, previsto no art.1.º, incisos I a IV, da Lei
8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”

55
Tipo penal “específico” (Art.168-A do Código Penal:
“apropriação indébita previdenciária”)

Observações:
- Parcela do segurado retida na fonte;
- Extinção da punibilidade (§ 2º);

- Art. 34 da Lei nº 9.249/1995: recolhimento antes do recebimento da


denúncia

- Art. 9º da Lei nº 10.684/2003: suspensão da pretensão punitiva com o


parcelamento, extinção da punibilidade ao término do pagamento das
parcelas (mesmo após a ação fiscal e recebimento da denúncia);

- Arts. 68 e 69 da Lei nº 11.941/09 (idem);


- Apropriação? Crime formal? STF (Inq. 2537: “omissivo material”)
- Caput (bancários); § 1º, I (empregadores);
- Ilícito administrativo (mera ausência de repasse) x Tipo penal (dolo do
agente); 56
Tipo penal “específico” (Art.337-A do Código Penal:
“sonegação de contribuição previdenciária”)

Observações:
- Parcela do empregador (omissão de fatos geradores);
- Específica em relação à Lei nº 8.137/90;
- Extinção da punibilidade (§ 1º);

- Art. 34 da Lei nº 9.249/1995: recolhimento antes do recebimento da


denúncia

- Art. 9º da Lei nº 10.684/2003: suspensão da pretensão punitiva com o


parcelamento, extinção da punibilidade ao término do pagamento das
parcelas (mesmo após a ação fiscal e recebimento da denúncia);

- Arts. 68 e 69 da Lei nº 11.941/09 (idem);


-Crime material (necessária a supressão ou redução)
-Ilícito administrativo (mera ausência de recolhimento) x Tipo penal (dolo
do agente); 57
Tipos penais “específicos” – Observações comuns

- Ação penal incondicionada (Ministério Público Federal);

- Justiça Federal (art. 109, I da Constituição);

- Elaboração pela Fiscalização de representação fiscal para fins penais;

- Aplicabilidade art. 83 da Lei nº 9.430/96 (MP nº 497/2010):

“A representação fiscal para fins penais relativa aos crimes contra a


ordem tributária previstos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de
dezembro de 1990, e aos crimes contra a Previdência Social, previstos
nos arts. 168-A e 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 - Código Penal, será encaminhada ao Ministério Público
depois de proferida a decisão final, na esfera administrativa, sobre a
exigência fiscal do crédito tributário correspondente.”

- Suspensão do prazo prescricional (ADIn nº 1.571).

58
Jurisprudência correlata
Constituição definitiva do crédito tributário nos crimes de resultado como
requisito necessário à persecução criminal (STF, Pleno, HC nº 81.611, Rel.
Min. Sepúlveda Pertence, DJ 13.05.2005)

Ajuizamento pelo contribuinte de ação anulatória do crédito tributário e


possível trancamento da ação penal – jurisprudência ainda não formada

Crimes formais (art. 2º, I da Lei nº 8.137/90) – Desnecessidade da decisão


definitiva do processo administrativo (STF, Pleno, RHC nº 90.532, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, DJ 23.09.2009)

Permissão da instauração e prosseguimento do inquérito para viabilizar


investigação e produção de provas, como quebra de sigilo bancário, por
exemplo (STF, 2ª Turma, HC nº 95.443, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ
19.02.2010) 59
Inépcia formal da denúncia

““PROCESSO PENAL – HABEAS CORPUS – CRIME TRIBUTÁRIO –


ATRIBUIÇÃO DO DELITO AOS MEMBROS DA DIRETORIA, POR MERA
PRESUNÇÃO - AUSÊNCIA DE VÍNCULO ENTRE UM DETERMINADO ATO E O
RESULTADO CRIMINOSO. DENÚNCIA GENÉRICA E CONSAGRADORA DA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – RECURSO PROVIDO PARA DECLARAR A
INÉPCIA FORMAL DA DENÚNCIA E A CONSEQUENTE NULIDADE DOS ATOS
POSTERIORES. De nada adiantam os princípios constitucionais e processuais
do contraditório, da ampla defesa, em suma, do devido processo legal na face
substantiva e processual, das próprias regras do estado democrático de direito,
se permitido for à acusação oferecer denúncia genérica, vaga, se não se permitir
a individualização da conduta de cada réu, em crimes plurissubjetivos. O simples
fato de uma pessoa pertencer à diretoria de uma empresa, só por só, não
significa que ela deva ser responsabilizada pelo crime ali praticado, sob pena de
consagração da responsabilidade objetiva repudiada pelo nosso direito penal. É
possível atribuir aos denunciados a prática de um mesmo ato (denúncia geral),
porquanto todos dele participaram, mas não é possível narrar vários atos sem
dizer quem os praticou, atribuindo-os a todos, pois neste caso não se tem uma
denúncia geral, mas genérica. Recurso provido para declarar a inépcia da
denúncia e a nulidade dos atos que lhe sucederam.” (STJ, RHC nº 24.515, 6ª
Turma, Rel. Celso Limongi (Des. Convocado do TJ/SP), DJ 16.03.2009) 60
Jurisprudência correlata

Desnecessidade de dolo específico (finalidade especial)

“PENAL. HABEAS CORPUS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. DOLO


GENÉRICO. (...). ORDEM DENEGADA. 1. A jurisprudência da Egrégia 2ª Turma deste
Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que para a configuração do crime
de apropriação indébita previdenciária basta a demonstração do dolo genérico. 2.
Consoante restou consignado pela eminente relatora do REsp 1.084.072-AgR/PE,
Min. Laurita Vaz, "o acórdão recorrido, ao absolver os Réus pela falta de provas da
ocorrência do dolo específico, afastou implicitamente o dolo genérico, restando,
portanto, comprovado o requisito do prequestionamento." 3. Além disso, não houve
análise de matéria probatória no julgamento do Recurso Especial, eis que o acórdão
impugnado limitou-se a afirmar que não se exige dolo específico para a
configuração do crime de apropriação indébita previdenciária. (...). 5. Habeas
corpus denegado.” (STF, HC nº 98.272, Rel. Min. Ellen Gracie, 2ª Turma, DJe
15.10.2009)

“(...). 3. AÇÃO PENAL. Crime. Apropriação indébita de verba previdenciária.


Consumação. Não exigência de dolo específico. Inteligência do art. 168-A do CP. HC
denegado. Precedentes. Para a configuração do delito de apropriação indébita
previdenciária, basta a demonstração de dolo genérico.” (STF, HC nº 87.107, Rel.
Min. Cezar Peluso, 2ª Turma, DJe 25.06.2009)
Jurisprudência correlata

Dolo específico e excludente de culpabilidade

“AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE APROPRIAÇÃO INDÉBITA


DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TIPO PENAL (ART. 168-A DO CP). DOLO
ESPECÍFICO. NECESSIDADE DE A DENÚNCIA DESCREVER A INTENÇÃO DE SE
FURTAR AO RECOLHIMENTO TRIBUTÁRIO. O tipo do art. 168-A do Código Penal,
embora tratando de crime omissivo próprio, não se esgota somente no "deixar de
recolher", isto significando que, além da existência do débito, haverá a peça
acusatória de demonstrar a intenção específica ou vontade deliberada de
pretender algum benefício com a supressão ou redução, já que o agente "podia e
devia" realizar o recolhimento. Agravo provido para também prover o recurso
especial, de modo a reconduzir a sentença de rejeição da denúncia.” (STJ,
AgREsp nº 695.487, 6ª Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJ
30.11.2009)

“Dentro dessa vertente, tem-se que se a empresa está acometida de grave crise
financeira, bem assim, o empresário comprova a impossibilidade de agir, é
evidente que se encontra reconhecida a atipicidade, ante a incomprovação da
responsabilidade subjetiva, consoante comando constitucional.” (trecho voto
Relatora). Obs: reconhecimento expresso da Relatora de se tratar de
entendimento minoritário (dolo específico x genérico), porém acompanhada de
maneira unânime por seus pares 62

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