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A Transdisciplinaridade na Educação

Introdução

Para pensarmos em Educação e construirmos uma visão transdisciplinar sobre a


mesma faz-se necessário primeiramente notar que esta atividade é o resultado ou parte
de um processo histórico formado por diversos campos do conhecimento. Neste texto
iniciaremos pela reflexão acerca das contribuições que a prática educativa recebe ao
longo do tempo para que, no curso desta apostila, tenhamos possibilidade de nos
aprofundar em cada uma delas.
O trabalho com educação tem sido foco de vários estudos e questionamentos ao
longo dos anos. Isto faz com que esta área receba contribuições e também sofra
interferências das mais variadas ciências, vertentes e ideologias.
A palavra educar vem do latim educare, por sua vez ligado a educere, verbo
composto do prefixo ex (fora) + ducere (conduzir, levar), e significa literalmente
'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o mundo. Tendo como primeira
consideração a origem da palavra e levando em conta que há, desta forma, uma
intencionalidade de preparar a pessoa ou o aluno para o mundo, é mais do que saudável
que existam contribuições de todas ou muitas áreas neste processo tão complexo que é a
educação.
Neste sentido é relevante fazer duas observações sobre o que acabou de ser dito,
a primeira diz respeito à educação enquanto atividade de preparar um indivíduo para o
mundo e para a vida em sociedade, na antiguidade esta atividade era reservada aos mais
nobres ou aqueles poucos que tinham condições financeiras de bancar os serviços de um
preceptor, ou seja, uma pessoa incumbida de acompanhar ou direcionar a educação e
formação de uma criança ou adolescente.
A atividade educativa enquanto prática institucionalizada surge quando as
cidades começam a se expandir e há a necessidade de fazer com que todos
compreendam os códigos que organizam e ordenam as localidades. Em outras palavras,
a formação das pessoas atende primeiramente aos interesses dos estados que precisavam
expandir seus domínios. Esta expansão era feita por meio da força e outras formas,
entretanto a manutenção e a perpetuação deste mesmo domínio ocorrem através da
educação e, porque não dizer, da imposição de doutrinas e modos de agir das
comunidades.
A educação, portanto teve início a partir da urgência da expansão e solidificação
das idéias de determinadas classes da sociedade.
A segunda observação a ser feita diz respeito ao uso da palavra complexo
relacionada à educação. A palavra “complexo” tem em sua etimologia relacionada a
algo que é tecido junto, interligado ou mesmo interdependente, simbolizando um
emaranhado. Há então um sentido de realidade formada por diferentes caminhos que se
cruzam e entrelaçam, pintando um cenário de infinitas possibilidades. É importante
destacar que o ato educativo tem evidentemente suas peculiaridades e dificuldades,
entretanto, o uso do termo “complexo”, que será freqüente no curso deste trabalho não
significa complicação.
No pensamento de Edgar Morin (2001), ao levarmos em consideração as
interações que existem entre os componentes da realidade, não podemos conceber
certeza absoluta sobre o que se passa em um ponto qualquer dessa trama. Na
complexidade, o conceito de certeza é colocado a prova e discutido. Ainda com Morin,
a vida seria um arquipélago de certezas em meio a um oceano de incertezas.
Estas mesmas incertezas, desordens a eventualidades do cotidiano não impedem
a admissão de que há certezas, ordens e certos determinismos. Não há antagonismos
nestes termos ou situações, o que existe é uma complementaridade.
Retomando a introdução deste texto, várias áreas no conhecimento contribuem
para a educação, assim sendo, podemos citar a Filosofia. Esta ciência que antes de área
do conhecimento pode ser vista como atividade de investigação contribui com a
educação no sentido do questionamento da realidade e das condições em que a mesma
se dá.
Entendendo a Educação como atividade que parte da dúvida e que esta condição
é pressuposto para novas descobertas a postura filosófica torna-se essencial. Mas,
colocar uma postura ou linha de pensamento como exigência na educação não significa
que este movimento seja responsabilidade do professor ou do aluno apenas. É sim,
condição necessária no conhecimento e no aprendizado.

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