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HISÓRICO DOS BOMBEIROS NO BRASIL

A prática de extinção de incêndio chegou ao Brasil com os primeiros


portugueses que traziam em suas embarcações marinheiros denominados
“vigias do fogo”, cuja missão era combater os focos de incêndios que
eventualmente ocorriam nessas embarcações – construídas de madeiras e
carregadas de materiais inflamáveis.

Na história brasileira, desde seu inicio encontramos registros de


ocorrências de incêndios, como o que foi causado em 10 de novembro de 1555
com a chegada do vice-almirante Frances Nicolau Durand de Villegagnon à
baía de Guanabara – cuja missão era a de fundar em terras “portuguesas” uma
França Antártica – estabelecendo sua frota nas ilhas de Laje e Serigipe. Em
1560 foram combatidos por Mem de Sá que incendiou o fortim que haviam
construído. Sete anos depois, em 1567, houve outra tentativa francesa e
novamente Mem de Sá destruiu com fogo as aldeias e fortins franceses.
Quando em 1615 houve outra incursão francesa e novamente os incêndios
foram usados como armas em operação de guerra pelos portugueses.

Houve no período colonial – segundo Herculano Gomes Mathias¹,


professor do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – grandes incêndios
florestais, incêndios ”medonhos”, conforme o historiador Vieira Fazenda,
bibliotecário do IHGB, em suas “antiqualhas”. Dessa época, há referencia de
um atentado contra a casa de um padre – Lourenço de Mendonça – onde
atearam fogo utilizando um barril de pólvora. Apesar da vida do padre e dos
vizinhos terem sido poupados, seus bens materiais não tiveram o mesmo fim.

Com a criação do Arsenal de Marinha da Bahia, no ano de 1651 –


iniciou-se o desenvolvimento da indústria naval no Brasil, tanto na construção
de novas embarcações, quanto na reforma das que já existiam – adotou-se o
sistema de vigilância contra incêndios. Em agosto de 1710 o Corsário Frances
Jean Duclerc², em missão de guerra, empreendeu um ataque que causou a
destruição total da alfândega do Rio de Janeiro, causando gigantesco incêndio.
O Palácio do Governador Francisco de Castro Morais, que por sua vez mandou
incendiar o trapiche da Ordem da Penitencia, a fim de impedir o desembarque
dos franceses na Capital.

1- Herculano Gomes da Silva – “Incêndios no Rio de Janeiro Colonial”, palestra proferida a 29 de junho de 1989, pela
passagem dos 133 anos do CBERJ.

2- Jean François Duclerc – Capitão de fragata Frances que comandou seis navios que desembarcou em Guaratuba e
marchou até o Largo do Carmo, atual Praça XV de Novembro.
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Tempos depois o corsário René Duguay-Trouin, atacou a fortaleza de


Villegagnon incendiando-lhe o paiol. Em reação o Almirante português Gaspar
Ataíde, para não perder os navios para os inimigos incendiou-os todos.

Apesar da implantação do Sistema de Vigilância contra incêndio, ainda


muitos sinistros continuavam ocorrendo por motivos diversificados, como o que
foi provocado por um descuido do padre Salvador da Trindade que deixou um
fumo de rolo aceso em um dos quartos de dormir dos religiosos, levando o
mosteiro de São Bento a ser incendiado, quase foi destruído completamente
em 1732.

Essa freqüência de incêndios, associados aos tumultos provocados


por eles para suas extinções, levou o vice-rei Luiz de Vasconcelos e Souza –
em ofício datado de 12 de julho de 1788 – determinar que todos os cidadãos
iluminassem a frente de suas casas, a fim de evitar os constantes
atropelamentos decorrentes da confusão em função da falta de iluminação.

Um ano depois dessa determinação, no dia 24 de agosto de 1789, o


Recolhimento de N. Senhora do Bom Parto¹, foi arrasado pelo fogo,
mobilizando inclusive o vice-rei.

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