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Ademais, em seu artigo 20, inciso III, a Constituição Federal de 1988, dispôs
sobre a dominialidade das águas, dizendo ser da União “os lagos, rios e quaisquer
correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado,
sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais” (Título III, Capítulo
II), sem mencionar, em momento algum, a existência de águas comuns ou particulares.
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Acadêmico de Direito na Faculdade Estácio de Alagoas
No artigo seguinte, a Constituição determina competir á União “instituir sistema
nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
de seu uso” (artigo 21, inciso XIX). Para tanto, foi legislado neste sentido, através da
Lei nº. 9.433, de 08 de janeiro de 1997 (Política Nacional de Recursos Hídricos) que,
em seu artigo 1º, ao discriminar os fundamentos da respectiva política nacional de
recursos hídricos, estabelece: “a água é um bem de domínio público”, tratando-a como
tal ao longo de todo o seu texto e excluindo a existência de águas dominicais, comuns e
particulares.
Contudo, ao ser editado o novo Código Civil (Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de
2002), este seguiu a linha de raciocínio adotada no artigo 565, do anterior Código Civil
de 1916. Assim, o atual Código Civil acabou por reproduzir em seu artigo 1.290 a
seguinte redação: “o proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais,
satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural
das águas remanescentes pelos prédios inferiores” (Capítulo V, Seção V, artigo 1.290)
(grifou-se).
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ASSUMPÇÃO, Fernanda Aparecida Mendes e Silva Garcia. A DOMINIALIDADE E GESTÃO DAS ÁGUAS:
Inconstitucionalidade do art. 1.290 do Código Civil.
condicionado à concessão ou autorização fundamentada pelo poder público. Pois, nas
palavras de Machado, um bem essencial à vida não pode ser alienável3.
Neste ponto vale salientar a possibilidade de o poder público, por sua vez, fazer
incidir sobre o uso da água a cobrança de tarifa pública, não de maneira comercial, mas
como instrumento de racionalização dos recursos hídricos.
3
Idem